AVALIAÇÃO DA PRECIPITAÇÃO SOBRE A REGIÃO DE ABRANGÊNCIA DO LBA USANDO O MODELO CLIMÁTICO DE CIRCULAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA CSIRO MK3.

Documentos relacionados
BOLETIM DE INFORMAÇÕES CLIMÁTICAS

PROGNÓSTICO CLIMÁTICO DE VERÃO. Características do Verão

TENDÊNCIA DE CHUVAS VARIANDO DE NORMAL A LIGEIRAMENTE ABAIXO DA MÉDIA EM GRANDE PARTE DA REGIÃO SUL DO BRASIL

AVALIAÇÃO DO MODELO REGIONAL ETA UTILIZANDO AS ANÁLISES DO CPTEC E NCEP

INFOCLIMA, Ano 12, Número 01 INFOCLIMA. BOLETIM DE INFORMAÇÕES CLIMÁTICAS Ano de janeiro de 2005 Número 01

AVALIAÇÃO DA PRECIPITAÇÃO DO MODELO REGIONAL ETA UTILIZANDO AS ANÁLISES DO CPTEC E NCEP

BOLETIM DE INFORMAÇÕES CLIMÁTICAS

BOLETIM DE INFORMAÇÕES CLIMÁTICAS Ano de dezembro de 2006 Número 11

INFOCLIMA BOLETIM DE INFORMAÇÕES CLIMÁTICAS. Previsão de Consenso 1 CPTEC/INPE e INMET para o trimestre Dezembro/04 a fevereiro/05

PRECIPITAÇÃO CLIMATOLÓGICA NO GCM DO CPTEC/COLA RESOLUÇÃO T42 L18. Iracema F. A. Cavalcanti CPTEC/INPE ABSTRACT

CARACTERÍSTICAS DA PRECIPITAÇÃO SOBRE O BRASIL NO VERÃO E OUTONO DE 1998.

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

INFOCLIMA. BOLETIM DE INFORMAÇÕES CLIMÁTICAS Ano 9 13 de janeiro de 2003 Número 01. Sumário Executivo

INFOCLIMA BOLETIM DE INFORMAÇÕES CLIMÁTICAS

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

Informações Climáticas para Estudos Hidrológicos no Distrito Federal. Pablo Borges de Amorim

SALA DE SITUAÇÃO PCJ. Boletim Mensal. Abril/2019

INFORMATIVO CLIMÁTICO

AVALIAÇÃO DA DESTREZA DOS MODELOS DE PREVISÃO DE TEMPO - GLOBAL CPTEC/COLA E REGIONAL ETA - PARA A AMÉRICA DO SUL

INFOCLIMA. Sumário Executivo

Alice Grimm Departamento de Física Universidade do Paraná. Vicente Barros Departamento de Ciencias de la Atmosfera Universidad de Buenos Aires

AVALIAÇÃO DOS DADOS DE PRECIPITAÇÃO SOBRE O BRASIL PROVENIENTES DE DIFERENTES FONTES DE DADOS RESUMO

INFOCLIMA BOLETIM DE INFORMAÇÕES CLIMÁTICAS

Análise da ocorrência de um evento de precipitação extrema em São Paulo com o Modelo Operacional WRF em três grades aninhadas.

SIPAM Sistema de Proteção da Amazônia

Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos CPTEC Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INPE Rodovia Presidente Dutra, km 40 - CEP

VARIABILIDADE SAZONAL DA PRECIPITAÇÃO NA REGIÃO SUL DO BRASIL

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA NO MUNICÍPIO DE PÃO DE AÇÚCAR DURANTE 1977 A 2012

INFOCLIMA BOLETIM DE INFORMAÇÕES CLIMÁTICAS. Ano de agosto de 2004 Número 8. Sumário Executivo

VARIABILIDADE DA PRECIPITAÇÃO EM CAMPO GRANDE, MATO GROSSO DO SUL

PREVISÃO DE CHUVAS ACIMA DA MÉDIA SOBRE O NORDESTE DO BRASIL. Sumário Executivo

MONITORAMENTO HIDROLÓGICO

Aline Bilhalva da Silva 1 2, Manoel Alonso Gan 1. 2

BOLETIM DE INFORMAÇÕES CLIMÁTICAS

Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/INPE) Cachoeira Paulista, São Paulo - Brasil ABSTRACT

INFOCLIMA, Ano 12, Número 06 INFOCLIMA

COMO UM MODELO CLIMÁTICO REPRODUZ A CLIMATOLOGIA DA PRECIPITAÇÃO E O IMPACTO DE EL NIÑO E LA NIÑA NO SUL DA AMÉRICA DO SUL?

Extremos de precipitação mensal sobre a Bacia La Plata e Bacia Amazônica

MONITORAMENTO HIDROLÓGICO

INFORMATIVO CLIMÁTICO

Palavras chave: assimilação de precipitação, inicialização física, modelo global

Análise do aquecimento anômalo sobre a América do sul no verão 2009/2010

INFORMATIVO CLIMÁTICO

INFORMATIVO CLIMÁTICO

BOLETIM CLIMÁTICO - NOVEMBRO 2015

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

ATUAÇÃO DO PAR ANTICICLONE DA BOLÍVIA - CAVADO DO NORDESTE NAS CHUVAS EXTREMAS DO NORDESTE DO BRASIL EM 1985 E 1986

INFOCLIMA, Ano 12, Número 04 INFOCLIMA

DESTREZA DO MODELO GLOBAL DE PREVISÃO DO TEMPO CPTEC/INPE NA DETERMINAÇÃO DA POSIÇÃO DA ZCIT

CHUVAS LIGEIRAMENTE ACIMA DO NORMAL NO NORTE E INTERIOR DO NORDESTE. Sumário Executivo

1. (UNIPAM) Nas últimas décadas, diversos fenômenos climáticos têm sido foco de discussões na academia e na mídia, devido às implicações sociais,

Dados ambientais. Previsão do tempo. Imagem de satélite GOES

INFORMATIVO CLIMÁTICO

INVERNO AMENO NAS REGIÕES SUL E SUDESTE DO BRASIL. Sumário Executivo

O INÍCIO DA ESTAÇÃO CHUVOSA NO SUDESTE DO BRASIL PELO MCGA CPTEC/COLA

INFOCLIMA. BOLETIM DE INFORMAÇÕES CLIMÁTICAS Ano de outubro de 2005 Número 10

INFORMATIVO CLIMÁTICO

VARIABILIDADE DA PRECIPITAÇÃO SOBRE O SUL DO NORDESTE BRASILEIRO ( ) PARTE 1 ANÁLISE ESPACIAL RESUMO

Previsão de Consenso 1 CPTEC/INPE e INMET

DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA DE EVENTOS INTENSOS DE PRECIPITAÇÃO SOBRE A REGIÃO NORDESTE DO BRASIL.

COMPARAÇÃO ENTRE OS CAMPOS DE PRECIPITAÇÃO DE REANÁLISE DO CPTEC E NCEP/NCAR PARA A AMÉRICA DO SUL

MONITORAMENTO HIDROLÓGICO

Variabilidade da Precipitação Pluviométrica no Estado do Amapá

VARIABILIDADE CLIMÁTICA INTERDECADAL DA PRECIPITAÇÃO NA AMÉRICA DO SUL EM SIMULAÇÕES DO PROJETO CMIP5

BOLETIM PROJETO CHUVA 24 DE JUNHO DE 2011

PROGNÓSTICO TRIMESTRAL (Setembro Outubro e Novembro de- 2002).

Comparação de Variáveis Meteorológicas Entre Duas Cidades Litorâneas

RELAÇÃO DA TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE DOS OCEANOS PACÍFICO E ATLANTICO TROPICAIS E A PRECIPITAÇÃO NA MICRORREGIÃO DE PETROLINA (SERTÃO PERNAMBUCANO)

VARIABILIDADE INTERANUAL E SAZONAL DA ATIVIDADE CONVECTIVA SOBRE A AMÉRICA DO SUL UTILIZANDO DADOS DIGITAIS DE IMAGENS DE SATÉLITE

MONITORAMENTO HIDROLÓGICO

INFORMATIVO CLIMÁTICO

Prognóstico Climático

ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DA FREQUÊNCIA DE PRECIPITAÇÃO EM DIFERENTES INTERVALOS DE CLASSES PARA ITUPORANGA SC

INTEGRATED AND SUSTAINABLE MANAGEMENT OF TRANSBOUNDARY WATER RESOURCES IN THE AMAZON RIVER BASIN CONSIDERING CLIMATE VARIABILITY AND CHANGE

Variabilidade mensal e sazonal da temperatura e umidade do solo no Projeto ESECAFLOR / LBA

BOLETIM CLIMÁTICO INVERNO (Início: 20/06/2016 às 19 h e 34 min; Término: 22/09/ h e 21 min)

EXTREMOS DE PRECIPITAÇÃO SOBRE A LA PLATA BASIN EM SIMULAÇÕES DO CLIMA PRESENTE E DE PROJEÇÕES PARA O FUTURO Kellen Lima 1 & Iracema Cavalcanti 2 1

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA PROGNÓSTICO DE PRECIPITAÇÃO

ESTIMATIVA DE RENDIMENTO E COMPORTAMENTO DA LA NIÑA 1998/99 PARA A REGIÃO SUL DO BRASIL

O FENÔMENO ENOS E A TEMPERATURA NO BRASIL

ANÁLISE DA VARIABILIDADE PLUVIOMÉTRICA DO MUNICÍPIO DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO-PE

Comparação de perfis verticais observados e simulados obtidos com o modelo WRF

PREVISÃO CLIMÁTICA SAZONAL. Ana Maria H. de Avila Cepagri/unicamp

INFORMATIVO CLIMÁTICO

Eliana Lopes Ferreira Bolsista CNPq de Iniciação Científica, Grupo de Meteorologia, Departamento de Física, UFPR ABSTRACT

COMPARAÇÃO ENTRE A PRECIPITAÇÃO SIMULADA PELO MCGA DO CPTEC/COLA E A RENÁLISE DO NCEP/NCAR E OBSERVAÇÕES

VARIABILIDADE NO REGIME PLUVIAL NA ZONA DA MATA E AGRESTE PARAIBANO NA ESTIAGEM DE

ARTIGO COM APRESENTAÇÃO BANNER - CLIMATOLOGIA, UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

INFORMATIVO CLIMÁTICO

RELAÇÃO DA TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE DOS OCEANOS PACÍFICO E ATLANTICO TROPICAIS E A PRECIPITAÇÃO NA MICRORREGIÃO DE ARARIPINA (SERTÃO PERNAMBUCANO)

EVENTOS EXTREMOS DE PRECIPITAÇÃO SOBRE O SUL DO NORDESTE

INFOCLIMA BOLETIM DE INFORMAÇÕES CLIMÁTICAS Ano 9 12 de setembro de 2002 Número 9 Divisão de Operações

Monica Cristina Damião Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos CPTEC

ESTUDO DO CICLO ANUAL E DIURNO DA PRECIPITAÇÃO TROPICAL E SUBTROPICAL USANDO DADOS DE TRMM

MONITORAMENTO HIDROLÓGICO

INFOCLIMA TENDÊNCIA DE CHUVAS VARIANDO DE NORMAL A LIGEIRAMENTE ABAIXO DA NORMAL NO SUL DO PAÍS. Sumário Executivo

Variabilidade Intrasazonal da Precipitação da América do sul

Transcrição:

AVALIAÇÃO DA PRECIPITAÇÃO SOBRE A REGIÃO DE ABRANGÊNCIA DO LBA USANDO O MODELO CLIMÁTICO DE CIRCULAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA CSIRO MK3.5 Rildo Gonçalves de Moura 1, David Mendes 1, Monica Cristina Damião 1 1 Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - CPTEC/INPE - SP, Brasil. rildo.moura@cptec.inpe.br RESUMO: Este trabalho tem por finalidade avaliar a precipitação na região de abrangência do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), utilizando as rodadas do modelo climático de Circulação Geral da Atmosfera CSIRO MK3.5 e do MERGE (Rozante et al, 2010). Através de escores estatísticos é analisada a destreza do modelo em simular episódios de precipitação, durante o período compreendido entre 1998 a 2000. A região Amazônica por se tratar de uma das mais importantes áreas do globo terrestre, considerada o pulmão do mundo, faz por merecer abordagens que levem em consideração as condições simuladas pelos modelos e sua comparação com outras fontes de informações. Alguns autores utilizaram avaliações dinâmicas da atmosfera para validar condições simuladas pelos modelos (e.g. Aldrian et al., 2007), outros autores utilizam avaliações estatísticas na avaliação das condições de chuva em algumas regiões do globo (Cai et al., 2003). Neste trabalho pretende-se obter uma avaliação estatística da precipitação simulada pelo CSIRO MK3.5 utilizando o erro médio (EM) e a raiz do erro médio quadrático (REMQ) sazonal. A análise dos resultados das avaliações apresentadas neste trabalho, mostrou que o modelo climático CSIRO MK3.5, simulou valores em média negativos para o EM, ou seja, indicando subestimativa dos valores de precipitação sobre grande parte da região de atuação do LBA. Palavras-Chave: Região Amazônica, Precipitação, Modelos Climático de Circulação Geral ABSTRACT: This work aims to assess rainfall in the region program Large-Scale Biosphere- Atmosphere in Amazon (LBA) using atmosphere circulation model CSIRO MK3.5 and MERGE (Rozante et al, 2009). Through statistical scores of the model simulate precipitation episodes during the period 1998 to 2000. The Amazon region is one of the most important areas of the globe, does deserve approaches which take into account the conditions simulated by the models and their comparison with other sources of information. Some authors have used dynamic assessments of atmosphere to validate conditions simulated by the models (e.g. Aldrian et al, 2007), other authors use reviews statistics in assessing wet conditions in some regions of the globe (Cai et al. 2003). This work obtains a statistical evaluation of simulated rainfall by CSIRO MK3.5 using the average error (AE) and the root mean square error (RMSE) for seasonal. The analysis of the results of evaluations presented in this work, showed that the CSIRO-MK3.5, simulated negative average values for AE, i.e. indicating underestimation of precipitation values over the region of activity of the programmer LBA. Key words: Amazon Region, Precipitation, MCGA 1

1.INTRODUÇÃO O clima é determinante nas características da biodiversidade de cada região, suas variações podem levar a ocorrências extremas de precipitação, causando danos pela saturação hídrica e também pelas secas prolongadas. Períodos prolongados de estiagem com altas temperaturas causam ondas de calor, enquanto que as baixas temperaturas podem ocasionar ocorrências de geadas. Os aspectos da variabilidade no comportamento climático e suas tendências, em algumas circunstâncias, acarretam para um desequilíbrio natural. Essas variações podem ou não ser periódicas, isto porque na natureza, todas as variações atmosféricas em qualquer escala espacial são de ordem dinâmica e não se deve atribuir às ocorrências extremas, ou seja, ao termo tão especulado Mudanças Climáticas. Os resultados divulgados pelo quarto relatório de avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, chamado de IPCC-AR4, alertam para um aumento médio global das temperaturas entre 1,8 C e 4,0 C até 2100. Esse aumento pode ser ainda maior (6,4 C) se a população e a economia continuarem crescendo rapidamente e se for mantido o consumo intenso dos combustíveis fósseis. Entretanto, a estimativa mais confiável fala em um aumento médio de 3 C, assumindo que os níveis de dióxido de carbono se estabilizem em 45% acima da taxa atual. Aponta também, com mais de 90% de confiabilidade, que a maior parte do aumento de temperatura observado nos últimos 50 anos foi provocada por atividades humanas (Alley et al., 2007). Análises das características dos oceanos têm comprovado as mudanças no clima ao longo dos anos. Entre elas destacam-se mudanças na temperatura do gelo do Ártico, mudanças na distribuição das precipitações, salinidade dos oceanos, mudanças nos padrões de ventos e eventos extremos do clima, tais como secas, intensas precipitações, ondas de calor e intensidade dos ciclones tropicais. Em 2007, foi apresentada uma nova versão do modelo acoplado CSIRO MK3.5, como um pacote unificado que contém um modelo atmosférico, um modelo de superfície da terra e um modelo do gelo. A finalidade deste estudo é avaliar a capacidade do modelo acoplado CSIRO MK3.5 em simular a precipitação extraídas do MERGE, sobre a região de abrangência do Programa de Grande Escala da Biosfera- Atmosfera na Amazônia (LBA). 2. DADOS E METODOLOGIA Os dados de precipitação sobre a Região Amazônica provieram de campos de precipitação gerados a partir da composição de dados do Surface Synoptic Observations (SYNOP) obtidos do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), da Plataforma automática de Coleta de Dados (PCD), do Sistema Brasileiro de Coleta de dados via Satélite do INPE e de pluviômetros convencionais fornecidos pelo Programa de Monitoramento de Tempo Clima e Recursos Hídricos (PMTCRH) do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), combinados com os dados de precipitação estimados por satélite do Tropical Rainfall Measuring Mission (TRMM). A composição desses dados corresponde a uma nova técnica denominada de MERGE (Rozante et al., 2010), cujos dados compreendem um período variando entre 1998 e 2000. Para o mesmo período, temos as rodadas do modelo acoplado de circulação geral da atmosfera CSIRO MK3.5. O desempenho do modelo foi avaliado utilizando-se as diferenças entre os pontos extraídos do modelo e os dados de precipitação do MERGE. O cálculo do ERRO MÉDIO (equação 1.0) é definido como sendo a diferença entre a previsão do modelo e o dado observado de precipitação pela razão do número de meses estudados. Estes dados foram 2

agrupados em meses de verão para os três anos estudados: Janeiro, Fevereiro e Março [JFM] e inverno: Junho, Julho e Agosto [JJA]. A magnitude do erro das estimativas foi estimada através do cálculo do ERRO MÉDIO (EM) e da RAIZ DO ERRO MÉDIO QUADRÁTICO (REMQ), conforme apresentados abaixo. No cálculo do REMQ (equação 2.0), o limiar de precipitação adotado foi de 20 mm. Ambos os índices foram estimados para cada uma das configurações dos modelos estudados. EM = (E-O)/N 1.0 REMQ = (( E - O)² /N) 2.0 Onde: E são as estimativas, O as observações e N o número de dias estudados. 3. RESULTADOS Como intuito do trabalho foi identificar as regiões da Região Amazônica cujas precipitações mensais foram melhor estimativas pelo modelo climático, os resultados serão apresentados na forma de compostos para cada um dos meses de estudo. A figura 1 mostra o composto da precipitação gerada pelo Modelo CSIRO MK3.5 [coluna 1], observado pelo MERGE [coluna 2] e a diferença entre o modelo e a observação [coluna 3], para os três meses representativos da estação de verão [JFM] dos anos de estudo [1998 a 2000]. Nesta figura, podemos perceber que a precipitação observada média (coluna 2), com exceção do Estado de Roraima e arredores, extremo sul e sudeste da região, nos meses de verão foi inferior 200 mm, com mínimos médios inferiores a 50 mm localizados a leste de Roraima. Nas demais áreas a precipitação ficou acima de 200 mm, atingindo valores médios máximos acima de 500 mm, sobre a parte nordeste do Estado do Pará e na divisa entre os Estados do Pará e Amazonas, verificado principalmente no mês de março cuja precipitação ficou na ordem de 600 mm sobre a Ilha do Marajó e áreas adjacentes. Ainda na figura 1, é possível notar que as simulações do modelo (coluna1) apresentaram valores médios de precipitação inferiores a 150 mm, com mínimos médios inferiores a 25 mm localizados no extremo noroeste dos Estado do Pará e norte de Roraima. Para o mês de janeiro na maior parte da região a precipitação variou entre 200 e 350 mm, com exceção da parte sudoeste do Estado do Acre. No mês de fevereiro, em grande parte da região, as chuvas ficaram entre 150 a 300 mm, este último valor observado próximo o extremo sudeste do Estado do Pará. Por outro lado, a parte sudoeste do Estado do Acre experimentou os menores valores médios de precipitação com valores inferiores a 50 mm. No mês de março a precipitação simulada pelo modelo variou entre 50 a 200 mm em grande parte da região, sendo o primeiro valor verificado sobre o centro leste do Estado do Mato Grosso e sul de Tocantins. Na coluna 3, observou-se que, para os três meses do verão, as chuvas simuladas pelo modelo foram subestimadas. As análises mostraram que os meses de janeiro e fevereiro apresentaram um comportamento semelhante entre si, ou seja, com o valores de erro médio (EM) variando em média entre 2.5 a 7.5 mm de subestimativa, sendo mais pronunciada na faixa norte e centro-oeste da região. Diferente dos meses anteriores, a subestimativa apresentada no mês de março foi estendida para toda a região, com exceção do Estado de Roraima e noroeste da Amazônia. Por outro lado, os valores médios do REMQ mostraram-se semelhantes tanto em magnitude [intensidade] quanto em localização em grande parte da região, com valores médios variando entre 60 mm e 80 mm. 3

A figura 2 mostra o composto para os três meses representativos da estação de inverno [JJA] da precipitação gerada pelo Modelo CSIRO MK3.5 [coluna 1], observado pelo MERGE [coluna 2] e a diferença entre o modelo e a observação [coluna 3]. Na coluna 2 (dados observados) observou-se que a precipitação média acumulada apresentou valores máximos em torno de 400 mm localizados na faixa mais a norte da região, principalmente para o mês de janeiro. Na faixa de latitude entre 4 S e o Equador, o valor observado da precipitação foi, em média, inferior a 200 mm. Na porção mais a sul da região Amazônica as chuvas foram menos intensas, atingindo valores na ordem de 50 mm em todos os meses da estação. Na coluna 1 (modelo) os resultados mostraram que o modelo não conseguiu simular as chuvas observadas, cujos valores de precipitação média acima de 250 mm ficaram concentradas apenas na faixa norte da região. Nas demais áreas da região o modelo simulou chuvas com intensidades inferiores a 10, com exceção do Estado de Roraima e adjacências em junho, cujas as chuvas ficaram em torno de 200 mm. Na coluna 3 observou-se que, para os três meses referentes ao inverno, as chuvas simuladas pelo modelo foram subestimadas para os três meses. Em janeiro, a área de subestimativa do modelo tem uma extensão maior do que aquela apresentada no composto de fevereiro, que por sua vez, foi maior que em março. O valor do EM de subestimativa ficou na faixa entre 2.5 e 15 mm, sendo este último localizado sobre o Estado de Roraima. Já o valor médio do REMQ não ultrapassou 60 mm para os meses de junho e julho e 40 mm para o mês de agosto. 4. CONCLUSÕES A análise do EM mostrou que o modelo climático CSIRO MK3.5 tende a subestimar os valores de precipitação em grande parte da região de atuação do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), sendo que os valores médios máximos de subestimativa mais elevados, foram observados nos meses de verão. O mesmo ocorreu para a REMQ, cujos valores mostraram extremos médios superiores 100 mm, para a estação de verão, na porção nordeste da região de estudo, enquanto que no inverno estes valores não ultrapassaram 60 mm. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Aldrian, E., L. Dïumenil Gates, and F. H. Widodo, 2007: Seasonal variability of Indonesian rainfall in ECHAM4 simulations and in the reanalyses: The role of ENSO. Theorical and Applied Climatolology, 87:41 59. Alley, R. et al. Contribuição do Grupo de Trabalho I para o Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima : Sumário para os Formuladores de Políticas. 26/04/2007. http://www.cptec.inpe.br/mudancas_climaticas/ Cai, W.J., Collier, M.A., and Gordon, H.B., 2003: Strong ENSO variability and a super- ENSO pair in the CSIRO Mark 3 coupled climate model. MWR, 131, 1189-1210. Rozante, J. R. et al. (2010) Combining TRMM and Surface Observation Precipitation: Technique and Validation Over South America. Weather and Forecasting: In Press 4

Figura 1 - Composto da precipitação do Modelo CSIRO MK3.5 [coluna 1], Observado [coluna 2] e a Diferença [coluna 3], para a estação de verão. Figura 2 - Composto da precipitação do Modelo CSIRO MK3.5 [coluna 1], Observado [coluna 2] e a Diferença [coluna 3], para a estação de inverno. 5