COMPOSTAGEM ORGÂNICA SOLUÇÃO PARA LIXO DOMÉSTICO



Documentos relacionados
2) Aprendendo a fazer a compostagem. 4)Composteira: solução para em pequenos espaços.

Compostagem: a arte de transformar o lixo em adubo orgânico. 1 - Compostagem e Composto: definição e benefícios

Com este pequeno guia pode, finalmente, tirar partido do seu lixo... e sentir-se bem por isso!

O Caderno da Compostagem

COMPOSTAGEM DOMÉSTICA, O QUE É?

Informações básicas para fazer compostagem 1.

Compostagem doméstica: como fazer?

Projecto-Piloto. Doméstica. 25 moradias

PRODUTOS ELABORADOS MADEIRA PLÁSTICA

Compostagem doméstica

A Vida no Solo. A vegetação de um local é determinada pelo solo e o clima presentes naquele local;

ESCOLA EB 2,3 DE EIRÍZ. O caderno

HORTICULTURA EM MODO BIOLÓGICO

COMPOSTAGEM. Produção de adubo a partir de resíduos orgânicos

Crescimento, Renovação Celular e Reprodução: da teoria à prática. Coimbra, 2012/2014. Sandra Gamboa Andreia Quaresma Fernando Delgado

Aula 23.2 Conteúdo Compostagem, reciclagem.

Lixo é tudo aquilo que já não tem utilidade e é jogado fora, qualquer material de origem doméstica ou industrial.

Índice. O que é a Compostagem Caseira? Por que praticar a compostagem? O que vai precisar?

O QUE É A COMPOSTAGEM DOMÉSTICA?

Casas de Banho de Composto Orgânico

MANUAL DA PRÁTICA DA COMPOSTAGEM DOMÉSTICA

O SEU GUIA DA COMPOSTAGEM

Valorização Orgânica. Fórum Eco-Escolas 2009

O que é compostagem?

A Engenharia Civil e as Construções Sustentáveis

Amanda Aroucha de Carvalho. Reduzindo o seu resíduo

2. Resíduos sólidos: definição e características

"PANORAMA DA COLETA SELETIVA DE LIXO NO BRASIL"

EXERCÍCIOS DE CIÊNCIAS (6 ANO)

RESIDUOS ORGÂNICOS E INORGÂNICOS. De modo geral, podemos dizer que os resíduos domiciliares se dividem em orgânicos e inorgânicos.

Compostagem Paula Lazaro Pinto 17/06/2013

Minifúndio de varanda

Ideal Qualificação Profissional

COMPOSTAGEM: um terreno fértil para a consciência ambiental.

Este guia pertence a:

Comer o milho ou a galinha que comeu o milho?

ROTEIRO DE RECUPERAÇÃO II ETAPA LETIVA CIÊNCIAS 2. o ANO/EF

Manual básico para oficina de compostagem

IMPLANTAÇÃO DE HORTAS SUSPENSAS DE GARRAFAS PET COMO INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA MUNICIPAL ROBERTO SIMOSEN-PB

193 - TRABALHOS COM HORTAS ESCOLARES NO MUNICÍPIO DE DIONÍSIO CERQUEIRA, SC

Coleta seletiva de lixo e Reciclagem

o hectare Nesta edição, você vai descobrir o que é um biodigestor, como ele funciona e também O que é o biodigestor? 1 ha

O ENSINO DA GEOGRAFIA NA INTERFACE DA PEDAGOGIA DE PROJETOS SOCIOAMBIENTAIS E DO MACROCAMPO INTEGRAÇÃO CURRICULAR.

ROTEIRO DE ESTUDO I ETAPA LETIVA CIÊNCIAS 4.º ANO/EF 2015

PLANTIO DIRETO. Definição JFMELO / AGRUFBA 1

Conscientizando a Comunidade Escolar em Relação ao Lixo

SUSTENTABILIDADE? COMO ASSIM?

PROJETO DE REDUÇÃO DOS RESÍDUOS INFECTANTES NAS UTI S DO HOSPITAL ESTADUAL DE DIADEMA

Sistemas de manejo do solo

Agroecologia. Curso Agroecologia e Tecnologia Social um caminho para a sustentabilidade. Módulo 3 Aplicações da Agroecologia

Capitulo 3 Horta Orgânica

Implantação e manutenção de uma horta comunitária na APAE de Bambuí MG

ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM GONÇALVES LEDO

Uma solução sustentável e segura, para tratamento de dejetos humanos e de suínos, no meio rural!!

RESÍDUOS COMO ALTERNATIVA DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO SÓCIO-AMBIENTAL

CUIDADOS TÉCNICOS COM GRAMADOS

Sistema Laminar Alto. Ecotelhado

Programa Compromisso com o Ambiente

Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.

Matéria Orgânica do solo (m.o.s)

Os constituintes do solo

5ª SÉRIE/6º ANO - ENSINO FUNDAMENTAL UM MUNDO MELHOR PARA TODOS

CONCURSO SOCIOAMBIENTAL FENABB 2011/2012 RECURSOS SÓLIDOS LIXO VIVO ATITUDE LOCAL POR UMA AÅÇO GLOBAL

DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES

muito gás carbônico, gás de enxofre e monóxido de carbono. extremamente perigoso, pois ocupa o lugar do oxigênio no corpo. Conforme a concentração

Compostagem. Gersina N. da R. Carmo Junior

Responsabilidade e Sustentabilidade em Foco! Caio Gonzales Elaine Ascêncio Maria Angélica Faria Manuela Claro Thacilla Wemoto

BOAS PRÁTICAS. Fonte: Manual Boas Práticas Agrícolas para a Agricultura Familiar

Você sabia. As garrafas de PET são 100% recicláveis. Associação Brasileira da Indústria do PET

FORMAÇÃO DO SOLO E AS CONSEQÜÊNCIAS DA EROSÃO

PROJETO EDUCANDO COM A HORTA: CORES AROMAS E SABORES. NEI João Machado da Silva

Matéria e energia nos ecossistemas

Meio ambiente conforme o Dicionário Aurélio é aquilo que cerca ou envolve os seres vivos ou as coisas.

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DE CIÊNCIAS NATURAIS. Aluno (a): 6 ano Turma:

Plano de Educação Ambiental

Segurança, Meio Ambiente e Saúde QHSE

ESCOLA MUNICIPAL DE PERÍODO INTEGRAL IRMÃ MARIA TAMBOSI

Reconhecer as diferenças

O LIXO É UM LUXO! Atividade prática sobre reciclagem

INSTRUÇÕES PARA INSTALAÇÃO DE FOSSA SÉPTICA E SUMIDOURO EM SUA CASA

Como formar seu Gramado

ECOLOGIA GERAL FLUXO DE ENERGIA E MATÉRIA ATRAVÉS DE ECOSSISTEMAS

Parede de Garrafa Pet

Composição do solo. 3 partes: Física: granulometria, porosidade, textura, dadas principalmente pelos. Químico: nutrientes disponíveis e ph

INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO

Prova bimestral CIÊNCIAS. 3 o Bimestre 4 o ano

Reciclando e Sensibilizando

Ano: 8 Turma: 81 / 82

ENSINO DE QUÍMICA: VIVÊNCIA DOCENTE E ESTUDO DA RECICLAGEM COMO TEMA TRANSVERSAL

Prof. José Roberto e Raphaella. 6 anos.

Para se implantar totalmente um processo verde precisamos de produtos químicos verdes, e que tenham sustentabilidade, temas já discutidos

Por que os alimentos estragam? Introdução. Materiais Necessários

Cerrado e caatinga. Compare estas duas fotos:

Compostagem. Usina de compostagem. Horticultura orgânica utiliza-se dos produtos da compostagem

O MEIO TERRESTRE. Profa. Sueli Bettine

Abril Educação Água Aluno(a): Número: Ano: Professor(a): Data: Nota:

ALTERAÇÃO DAS ROCHAS

controlar para crescer NUTRIENTE IDEAL PARA FLORAÇÃO, FRUTIFICAÇÃO E FORMAÇÃO DE SEMENTES FLORAÇÃO

Compostagem como alternativa para minimizar impactos ambientais em pequenos empreendimentos. Leandro Kanamaru Franco de Lima

TESTE SELETIVO PARA CONTRATAÇÃO DE ESTAGIÁRIO Nº 001/2014 DEPARTAMENTO DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS MUNICÍPIO DE MARMELEIRO-PR

Transcrição:

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO EM PLANEJAMENTO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMPOSTAGEM ORGÂNICA SOLUÇÃO PARA LIXO DOMÉSTICO VANDILENE BARRETO DA SILVA RIO DE JANEIRO Junho/2003

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES - CENTRO PÓS GRADUAÇÃO EM PLANEJAMENTO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMPOSTAGEM ORGÂNICA SOLUÇÃO PARA LIXO DOMÉSTICO VANDILENE BARRETO DA SILVA Sob a Orientação de Maria Esther Monografia apresentada ao Curso de Pós Graduação como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Planejamento e Educação Ambiental RIO DE JANEIRO Junho/2003

A meus pais, por me terem dado a oportunidade de construir minha trajetória. A minha filha Jessica que é a razão pela qual prossigo em minha trajetória.

RESUMO DESCRITIVO Este trabalho apresenta uma proposta de implantação da metodologia de compostagem em uma comunidade da Baixada Fluminense, visando a conscientização da comunidade acerca da importância do tratamento dos resíduos domésticos, bem como promover uma mudança de comportamento das pessoas envolvidas no processo. A proposta pode ser desenvolvida através de palestras, seminários, vídeos e demonstração prática que devem ser realizados para toda a comunidade levando-a a adotarem as práticas de compostagem. O tema será abordado através de uma linguagem acessível, utilizando elementos da comunidade para demonstrações e, principalmente, evidenciando a simplicidade, eficiência do processo, benefícios sócio-econômicos e melhoria da qualidade de vida. Esta metodologia para tratamento do lixo doméstico é pouco utilizada nas comunidades da Baixada Fluminense, portanto pouco conhecida pelas pessoas, daí a importância de tratar este tema.

SUMÁRIO INTRODUÇÃO 06 1. Compostagem 08 1.1. O Composto 10 1.2. Cobertura de Palha 10 2. Aprendendo a fazer Compostagem 12 2.1. Materiais para fazer o Composto 13 2.2. Selecionando Resíduos para a Compostagem 13 2.3. Modo de Preparo das Pilhas de Composto 14 2.4. Verificando a Maturidade do Composto 16 3. Composteira: Solução para fazer Compostagem em Pequenos Espaços 17 4. Reciclagem e Compostagem Sistema de Baixo Custo para Tratamento do Lixo Urbano 19 5. Implantação do Método de Compostagem 21 5.1. Caracterização da Comunidade 21 5.2. Público-Alvo 22 5.3. Proposta e Projeto para 2004 22 5.4. Cronograma 23 CONCLUSÃO 24 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 25

INTRODUÇÃO Atualmente a destinação final de resíduos vem preocupando todo o mundo, não somente por não termos mais espaço físico para a implantação de novos aterros sanitários, mas também devido à grande preocupação mundial quanto a preservação do meio ambiente. Quando falamos em meio ambiente temos, também que pensar não somente na preservação da fauna e flora do nosso planeta, mas também nas inter-relações humanas envolvidas, pois o homem tem que interagir com o meio de maneira harmoniosa, para que possa haver um equilíbrio do meio em que vivemos, melhorando a nossa qualidade de vida. Este equilíbrio é necessário para que todos os seres vivos do nosso planeta tenham garantida a sua existência, de forma harmoniosa e equilibrada. Este trabalho tem como objetivo a conscientização das pessoas para a importância do tratamento dos resíduos domésticos, visando uma mudança de comportamento das mesmas. A escolha deste tema se deu através da observação dos hábitos diários dos membros de uma comunidade, bem como a destinação final dos resíduos orgânicos domésticos e os problemas advindos do não tratamento adequado dos mesmos, levando a esta comunidade uma técnica altamente eficiente e eficaz, que traz grandes benefícios para a destinação dos resíduos orgânicos domésticos. Durante a observação, torna-se evidente a falta de informação acerca deste tema e o quanto as pessoas não percebem que ao realizarem suas atividades diárias, jogam fora rejeitos orgânicos que podem ser aproveitados, trabalhados e transformados em fonte de matéria-prima para outra atividade e produção de alimentos totalmente saudáveis. Através de palestras, seminários, vídeos e demonstrações práticas este trabalho pretende levar a esta comunidade as técnicas utilizadas neste processo,

7 demonstrando de maneira simples, concisa e eficiente que durante as atividades de preparação e consumo diário de alimentos, é possível retirar grandes quantidades de rejeitos orgânicos que podem ser aproveitados de maneira a ser utilizado na transformação de adubo orgânico, que servirá para a produção de hortas sem agrotóxicos e, principalmente a destinação do lixo orgânico doméstico sem que haja danos ao meio ambiente. Levado para a comunidade através de pesquisa bibliográfica e observação, as técnicas básicas para o processo de compostagem, esclarecendo que muitos elementos que são jogados no lixo, podem ser aproveitados de maneira simples, trazendo grandes benefícios para este grupo. É necessário conscientizar as pessoas quanto a degradação do Meio Ambiente, pois para muitos este ainda é um assunto desconhecido, os métodos de regeneração do solo e bioalternativas ainda são pouco divulgados. O lixo é um tema altamente discutido nos últimos tempos, sua destinação é alvo de preocupação da sociedade; neste contexto, a compostagem é um tipo de tratamento de resíduos domésticos que diminui a quantidade de matéria orgânica encaminhada para os aterros sanitários. É uma técnica que deve ser melhorada e divulgada para que os índices de rejeito sejam diminuídos ao máximo.

8 1. COMPOSTAGEM A Compostagem é um processo tão antigo quanto o planeta. Ninguém aduba as florestas, no entanto, enormes árvores crescem nelas, que ocorre através de processo biológico da decomposição de matéria orgânica que pode estar contido em restos de origem animal ou vegetal. O produto final resultante pode ser considerado como um enriquecedor do solo, ou seja ele poderá ser aplicado ao solo para melhorar a suas características, sem que haja uma contaminação do meio ambiente (Grzybowwski, L. M., 1999). Entre as vantagens da compostagem podemos destacar, economia de espaço físico em aterro sanitário, reaproveitamento aproveitamento agrícola da matéria orgânica produzida, reciclagem dos nutrientes contidos no solo, eliminação de patogênicos e ambientalmente de seguro. Segundo Jahnel, M. (1998), destaca ainda que o processo de compostagem pode ocorrer de duas maneiras: a) Método natural - onde a fração orgânica do lixo é levada para um pátio e disposta em leiras. A aeração é feita por revolvimentos periódicos para o desenvolvimento do processo de decomposição e biológica, este processo tem um tempo estimado que pode variar de três a quatro meses; b) Método acelerado - a aeração é forçada por tubulações perfuradas, sobre as quais se colocam as leiras, ou em reatores dentro dos quais são colocados os resíduos, avançando no sentido contrário ao da corrente de ar. O ar é injetado sobre pressão, este processo pode variar de dois a três meses. O grau de decomposição ou de degradação do material submetido ao processo de compostagem é acompanhado levando-se em consideração três fatores: cor, umidade e odor. A cor inicial tem um tom marrom e a final é preta, no início do processo a umidade é elevada e o odor é ocre passando para o de terra mofada no final do processo.

Existem alguns fatores que devem ser observados durante o processo de compostagem da fração orgânica: 9 Aeração: é necessária para que a atividade biológica possa entrar em ação, possibilitando a decomposição da matéria orgânica de forma mais rápida. Temperatura: o processo se inicia à temperatura ambiente, mas com o passar do tempo e à medida que a ação microbiana se intensifica a temperatura se eleva, podendo atingir valores acima de 60 celsius, esta fase do processo é chamada de termófila e é importante para a eliminação dos micróbios patogênicos e sementes de ervas daninhas. Depois que a temperatura atinge este pico inicializa-se um processo de abaixamento da temperatura chegando à temperaturas próximas de 30 celsius, é nesta fase em que ocorre a bioestabilização da matéria orgânica. Umidade: ou teor de umidade dos resíduos depende da granulometria da fração orgânica, bem como da porosidade e grau de compactação da mesma. Para que haja uma compostagem satisfatória a umidade não deve exceder o máximo de 50% em peso, durante o processo. Se houver um aumento da umidade a atividade biológica será reduzida, por outro lado se for muito elevada a geração biológica será prejudicada, ocorrendo anerobiose. Sob estas condições forma-se o chorume, que é um líquido negro, de odor ocre. Se o local onde está sendo feita a compostagem for descoberto, o material estará sujeito às ações da chuva, o que aumentará em demasiado a produção de chorume. Granolometria: é um fator que deve ser levado em consideração para que se inicie o processo de compostagem da fração orgânica. As partículas podem atingir valores máximos por volta de 5,0 a 1, 2 cm de diâmetro. Para que a fração orgânica atingir esses valores, deverão ser utilizadas peneiras.

10 1.1. O Composto Dito de maneira científica, o composto é o resultado da degradação biológica da matéria orgânica, em presença de oxigênio do ar, sob condições controladas pelo homem. Os produtos do processo de decomposição são: gás carbônico, calor, água e a matéria orgânica "compostada" (Jahnel, M., 1998). O composto possui nutrientes minerais tais como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre que são assimilados em maior quantidade pelas raízes além de ferro, zinco, cobre, manganês, boro e outros que são absorvidos em quantidades menores e, por isto, denominados de micronutrientes. Quanto mais diversificados os materiais com os quais o composto é feito, maior será a variedade de nutrientes que poderá suprir. Os nutrientes do composto, ao contrário do que ocorre com os adubos sintéticos, são liberados lentamente, realizando a tão desejada "adubação de disponibilidade controlada". Em outras, palavras, fornecer composto às plantas é permitir que elas retirem os nutrientes de que precisam de acordo com as suas necessidades ao longo de um tempo maior do que teriam para aproveitar um adubo sintético e altamente solúvel, que é arrastado pelas águas das chuvas. Outra importante contribuição do composto é que ele melhora a "saúde" do solo. A matéria orgânica compostada se liga às partículas (areia, limo e argila), formando pequenos grânulos que ajudam na retenção e drenagem da água e melhoram a aeração. Além disso, a presença de matéria orgânica no solo aumenta o número de minhocas, insetos e microorganismos desejáveis, o que reduz a incidência de doenças de plantas. 1.2. Cobertura de Palha Na agricultura agroecológica a compostagem tem como objetivo transformar a matéria vegetal muito fibrosa como palhada de cereais, capim já "passado", sabugo de milho, cascas de café e arroz, em dois tipos de composto : um para ser incorporado nos primeiros centímetros de solo e outro para ser lançado sobre o solo, como uma cobertura. Esta cobertura se chama "mulche" e influencia positivamente as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.

Dentro os benefícios proporcionados pela existência dessa cobertura morta no solo, (Jahnel, M., 1998) apresenta como destaque: 11 - Estímulo ao desenvolvimento das raízes das plantas, que se tornam mais capazes de absorver água e nutrientes do solo; - Aumento da capacidade de infiltração de água, reduzindo a erosão; - Mantém estáveis a temperatura e os níveis de acidez do solo (ph); - Dificulta ou impede a germinação de sementes de plantas invasoras (daninhas); - Ativa a vida do solo, favorecendo a reprodução de microorganismos benéficos às culturas agrícolas. Preparar o composto de forma correta significa proporcionar aos organismos responsáveis pela degradação, condições favoráveis de desenvolvimento e reprodução, ou seja, a pilha de composto deve possuir resíduos orgânicos, umidade e oxigênio em condições adequadas.

12 2. APRENDENDO A FAZER COMPOSTAGEM Muitas pessoas acreditam que um bom composto é difícil de ser feito ou exige um grande espaço para ser produzido; outras acreditam que é sujo e atrai animais indesejáveis. Se for bem feito, nada disto será verdadeiro. Um composto pode ser produzido com pouco esforço e custos mínimos, trazendo grandes benefícios para o solo e as plantas. Mesmo em um pequeno quintal ou varanda, é possível preparar o composto e, desta forma, reduzir a produção de resíduos inclusive nas cidades. Por exemplo, com restos das podas de parques e jardins se produz um excelente composto para ser utilizado em hortas, na produção de mudas, ou para ser comercializado como adubo para plantas ornamentais. Desta forma, são obtidos dois ganhos ao mesmo tempo: com a produção do composto propriamente dita e um benefício indireto que é a redução de gastos de transporte e destinação do lixo orgânico produzido pela comunidade local. Outro engano muito comum é mandar para a lata do lixo partes dos alimentos que poderiam ir para o prato: folhas de muitas hortaliças (como as da cenoura e da beterraba), talos, cascas e sementes são ricas fontes de fibra e de vitaminas e minerais fundamentais para o bom funcionamento do organismo. O que comprova que a melhoria da saúde tanto de famílias ricas ou pobres pode ser conseguida como medidas simples como o reaproveitamento integral de alimentos, e o desenvolvimento de bons hábitos de vida e nutrição. Todos os restos de alimentos, estercos animais, aparas de grama, folhas, galhos, restos de culturas agrícolas, enfim, todo o material de origem animal ou vegetal pode entrar na produção do composto. Contudo, existem alguns materiais que não devem ser usados na compostagem, que são: - Madeira tratada com pesticidas contra cupins ou envernizadas; - Vidro, metal, óleo, tinta, couro, plástico e papel, que além de não serem facilmente degradados pelos microorganismos, podem ser transformados através da reciclagem industrial ou serem reaproveitados em peças de artesanato.

13 A fabricação do composto imita este processo natural, porém com resultado mais rápido e controlado. A seguir, em conformidade com (Jahnel, M., 1998), serão descritos os materiais e as etapas para a elaboração das pilhas de composto numa propriedade rural. 2.1. Materiais para fazer o Composto - Esterco de animais.; - Qualquer tipo de plantas, pastos, ervas, cascas, folhas verdes e secas; - Palhas; - Todas as sobras de cozinha que sejam de origem animal ou vegetal: sobras de comida, cascas de ovo, entre outros; - Qualquer substância que seja parte de animais ou plantas: pêlos, lãs, couros, algas. Observação: Quanto mais variados e mais picados (fragmentados) os componentes usados, melhor será a qualidade do composto e mais rápido o término do processo de compostagem. 2.2. Selecionando Resíduos para a Compostagem a) Resíduos que podem ir para o composto: restos de hortaliça, cascas de fruta, cascas de ovos (esmagadas), folhas e sacos de chá, restos de café, cascas de batatas, excrementos de pequenos animais (exceto de cães e gatos), aparas de relva, folhas e ervas, ramos de arbustos (em pedaços ou triturado), palha e feno cortados. b) Resíduos que podem ir para o composto, mas em pequenas quantidades: restos de pão, restos de comida cozinhada (tapar com terra, para não atrair moscas e ratos), cinzas de lenha, serradura, agulhas de pinho, papel e cartão (cortado e molhado).

14 c) Resíduos que não podem ir para o composto: restos de peixe e carne, ossos e espinhas, excrementos de cão e gato, cinzas de cigarros e beatas, cortiça. 2.3. Modo de Preparo das Pilhas de Composto Escolha do local: deve-se considerar a facilidade de acesso, a disponibilidade de água para molhar as pilhas, o solo deve possuir boa drenagem. Também é desejável montar as pilhas em locais sombreados e protegidos de ventos intensos, para evitar ressecamento. Iniciar a construção da pilha colocando uma camada de material vegetal seco de aproximadamente 15 a 20 centímetros, com folhas, palhadas, troncos ou galhos picados, para que absorva o excesso de água e permita a circulação de ar. Terminada a primeira camada, deve-se regá-la com água, evitando encharcamento e, a cada camada montada, deve-se umedecê-la para uma distribuição mais uniforme da água por toda a pilha. Na segunda camada, deve-se colocar restos de verduras, grama e esterco. Se o esterco for de boi, pode-se colocar 5 centímetros e, se for de galinha, mais concentrado em nitrogênio, um pouco menos. Novamente, deposita-se uma camada de 15 a 20 cm com material vegetal seco, seguida por outra camada de esterco e assim sucessivamente até que a pilha atinja a altura aproximada de 1,5 metros. A pilha deve ter a parte superior quase plana para evitar a perda de calor e umidade, tomando-se o cuidado para evitar a formação de "poços de acumulação" das águas das chuvas. Vale lembrar que durante a compostagem existe toda uma sequência de microorganismos que decompõem a matéria orgânica, até surgir o produto final, o húmus maduro. Todo este processo acontece em etapas, nas quais fungos, bactérias, protozoários, minhocas, besouros, lacraias, formigas e aranhas decompõem as fibras vegetais e tornam os nutrientes presentes na matéria orgânica disponíveis para as plantas.

15 Além disso, o processo da compostagem traz em si, outros resultados que favorecerão o posterior desenvolvimento das culturas agrícolas no campo, tais como: - Diminuição do teor de fibras do material, o que no caso do composto que será incorporado ao solo evitará o fenômeno da "fixação do nitrogênio", que provoca a falta deste nutriente para a planta; - Destruição do poder de germinação de sementes de plantas invasoras (daninhas) e de organismos causadores de doenças (patógenos); - Degradação de substâncias inibidoras do crescimento vegetal existente na palha in natura (não compostada). Durante os primeiros dias, em função da decomposição da matéria orgânica e do acamamento do material, a pilha pode ter seu volume reduzido até um terço do inicial, tornando as camadas inferiores mais densas. Para descompactar essa camada, recomenda-se fazer o revolvimento da pilha, usando pás e enxadas. Cabe lembrar que o revolvimento manual da pilha dá trabalho e deve ser feito de acordo com a disponibilidade de mão-de-obra do local. O ideal é que sejam feitos pelo menos três revolvimentos no primeiro mês de compostagem, aos 7, 17 e 30 dias, aproximadamente. Nessas datas, deve-se aproveitar para verificar a umidade da pilha e, caso seja necessário, irrigar o material para torná-lo úmido mas não encharcado. É importante manter sempre a umidade adequada, entre 40% e 60%, ou seja, de modo que quando aperte um punhado composto na mão pingue, mas não escorra água. No período sem chuvas, deve-se cuidar para que não seque, regando por cima, cada dia um pouco. Se ocorrerem chuvas fortes e por um longo período, é bom cobrir o composto enquanto chove com plásticos seguros por tijolos ou pedras. O reviramento da pilha faz perder o excesso de umidade. No verão, se o composto estiver a pleno sol, é bom cobri-lo com folhagens para evitar o excesso de evaporação de água. Uma vez que a pilha de composto foi montada, não se deve acrescentar novos materiais. Pode-se começar a juntá-los novamente no lugar destinado a fazer as próximas pilhas de composto.

16 Se o material colocado na pilha estiver dentro das proporções corretas, se as demais condições de umidade, temperatura e aeração forem atendidas e houver os revolvimentos periódicos da pilha, o composto estará pronto para uso em um prazo que varia de 60 a 90 dias. Uma vez pronto, ou seja, quando o composto estiver maduro, ele não deve ficar exposto à ação do tempo. Enquanto não for utilizado, deve permanecer umedecido e protegido do sol e da chuva. 2.4. Verificando a Maturidade do Composto Quando o composto for destinado para enchimento de covas de árvores, vasos de flores ou no preparo de canteiros para hortas, deve-se ter a certeza de que o material está realmente curtido, maduro, ou seja, pronto para o uso. O composto maduro tem um cheiro agradável de terra vegetal úmida (terra de floresta) e os materiais usados formam uma massa escura na qual não se diferencia um material do outro. Numa pilha, quando a temperatura no interior da mesma fica próxima ao da temperatura ambiente (composto "frio" por dentro, num período de 60 a 90 dias após o início do processo), pode-se considerar que o composto está maduro. Uma forma simples de se verificar a maturação do composto é misturando uma porção dele em um copo de água. Uma forma simples de se verificar a maturação do composto é misturando uma porção dele em um copo de água. Vai ocorrer um desses fenômenos: - O líquido, após revolvido, fica escuro como se fosse uma tinta preta e tem partículas em suspensão, mostrando que o composto está curado, pronto para uso; - A água não foi colorida pelo material colocado e ele se depositou no fundo do copo, indicando que o processo de compostagem ainda não terminou e devese esperar mais para se utilizar o composto.

17 3. COMPOSTEIRA: SOLUÇÃO PARA FAZER COMPOSTAGEM EM PEQUENOS ESPA- ÇOS Embora a compostagem em pilhas apresente a vantagem de não exigir equipamento especial, apenas algumas ferramentas como pás e enxadas, por exigir amplos espaços e volumes relativamente grandes de resíduos animais e vegetais, seu uso fica restrito às propriedades rurais, não podendo ser praticada por quem dispõe de um quintal na cidade, por exemplo. Contudo, essas limitações de espaço e de quantidade de resíduos não impedem quem deseja reciclar seus resíduos orgânicos de realizar a compostagem. O uso de composteiras é indicado para quintais, varandas de apartamentos ou mesmo garagens, pois ocupam uma superfície pequena quando comparadas à pilha de composto aberta. A composteira mais conhecida atualmente é uma caixa de madeira sem fundo nem tampa, tem um tamanho padrão: 1 metro por 1 metro na base e também 1 metro de altura, permitindo a circulação de ar pelas laterais. Quando cheia, ela pode ser desmontada e montada novamente ao lado da posição anterior, porque suas paredes laterais são removíveis. Ao transferir a matéria orgânica de uma posição para outra, a pessoa estará fazendo o revolvimento do material. Pode-se também construir duas ou três caixas simultaneamente, para que a matéria orgânica seja transferida de uma caixa para outra. Em hortas domésticas ou jardins, o tempo para o enchimento da caixa pode ser de um mês ou mais (Jahnel, M., 1998). Uma outra opção interessante para quem possui um quintal ou espaços de até 1 ha, é a composteira feita com cesto telado, que nada mais é do que um cilindro formado com tela plástica ou de galinheiro, dessas que se encontram em casas de material para horticultura e jardinagem. As vantagens do cesto telado é ser leve, resistente e não enferrujar. "O mais importante em uma composteira, independentemente do tamanho e forma, é que ela permita a circulação de ar e comporte cerca de 1 metro cúbico de resíduos"; afirma o professor Marcelo Jahnel, da Escola Superior de

Agricultura "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo. Essas regras limitam as dimensões da composteira de cesto telado: 18 - Se for muito alta (mais de 1,5 m), o peso do material deixará a base compactada demais, dificultando o revolvimento e impedindo uma aeração adequada; - Se tiver menos de 1 metro de altura ou de largura, perderá calor e umidade; - Se a largura ultrapassar 1,5 metro, o ar não penetrará no interior do composto. De acordo com as disponibilidades de materiais e a criatividade de cada um, podem ser construídos outros tipos de recipientes para compostagem, desde que se respeitem as regras anteriormente citadas. As vantagens de se construir a própria composteira são a economia de dinheiro e o aproveitamento de materiais disponíveis ou de fácil acesso na região. O importante é começar, pois uma vez experimentados os benefícios da compostagem, quem a realiza não deseja mais parar. Fazer compostagem não vicia, é apenas uma atividade apaixonante como todo aprendizado com a natureza que a Agroecologia nos proporciona.

19 4. RECICLAGEM E COMPOSTAGEM SISTEMA DE BAIXO CUSTO PARA TRATAMENTO DO LIXO URBANO A grande maioria dos municípios dos países em desenvolvimento é formada por comunidades carentes. Os resíduos sólidos (lixo) produzidos nessas comunidades caracterizam-se por apresentarem alto teor de matéria orgânica e considerável percentual de material reciclável. Parece existir uma regra, determinando que, para os países em desenvolvimento, a solução mais apropriada deve ser o enterramento. Esta filosofia tem levado à prática generalizada do uso de aterros, sem o mínimo controle sanitário, o que, juntamente com os despejos a céu aberto (prática mais encontrada), tem gerado sérios problemas ambientais, muitas vezes irreversíveis. Nessas localidades, é geralmente encontrado o seguinte quadro: - altos índices de enfermidades e mortes causadas por doenças de veiculação hídrica; - baixo grau de nutrição da população, o que aumenta a suscetibilidade às moléstias; - crescente redução da fertilidade do solo, por causa do plantio contínuo (a agricultura é a base da economia); - característica climática peculiar (tropical ou subtropical), que gera uma demanda constante de húmus pelo solo; e - aumento populacional constante, em outras palavras, há cada vez mais pessoas para alimentar, maior necessidade de produção agrícola e, consequentemente, maior acúmulo de resíduos (lixo). Essa é uma condição bastante paradoxal: por um lado, a disposição inadequada dos resíduos polui o meio ambiente e cria focos transmissores de doenças infecciosas; por outro, o lixo produzido é rico em matéria orgânica. É aqui, então, que se justifica a compostagem, mediante a qual haverá produção de

20 húmus (o composto orgânico) e, consequentemente, fixação de nutrientes no solo e aumento da produtividade agrícola, isto é, a geração de alimentos. Torna-se necessário enfatizar que a compostagem, além de ser um processo de reciclagem, é, antes de tudo, um processo sanitariamente seguro de tratamento de resíduos orgânicos. Os conceitos modernos de gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos preconizam a adoção de sistemas descentralizados e de ações que visem à minimização dos resíduos como forma de equacionar os problemas. A reciclagem e o reaproveitamento são opções concretas usadas para atingir tais objetivos. Mostra-se que é possível construir, em localidades carentes, sistemas simplificados para a reciclagem dos resíduos inertes e orgânicos (compostagem) dentro da concepção moderna de gerenciamento, incentivando o uso de sistemas mais compatíveis com a nova ordem de proteção ambiental. A compostagem tem uma função de grande relevância, que é absorver grande parcela dos resíduos produzidos, realizando, além da reciclagem da matéria orgânica, um tratamento seguro, que propicia uma série de benefícios para as comunidades carentes.

21 5. IMPLANTAÇÃO DO MÉTODO DE COMPOSTAGEM O sucesso de implantação deste método, depende de um planejamento das atividades e de um cronograma definido de todas as fases das atividades envolvidas no processo. A conscientização acerca da importância de um trabalho de Educação Ambiental é a primeira fase, pois através dela os membros da comunidade terão conhecimento das técnicas existentes; a seguir, será demonstrado o método a ser utilizado na mesma que é a compostagem, todas as suas fases, a praticidade e simplicidade do processo bem como os benefícios advindos da mesma. O método será demonstrado através de painéis, vídeos e seminários acerca da problemática do lixo no contexto atual das cidades. A partir da plena conscientização dos participantes, inicia-se a fase prática com a definição de um local para disposição dos rejeitos ou a utilização da composteira que é utilizada em locais pequenos. Definido a forma de disposição de rejeitos, partir para a separação do lixo doméstico, separando os rejeitos orgânicos e dispondo-os na composteira. 5.1. Caracterização da Comunidade A grande maioria dos municípios dos países em desenvolvimento é formada por comunidades carentes. O lixo produzido nessas comunidades caracterizam-se por apresentarem alto teor de matéria orgânica e a solução mais apropriada para o destino dos mesmos é sempre o enterramento; o que leva à prática generalizada do uso de aterros sem o mínimo controle sanitário, o que, juntamente com os despejos a céu aberto, tem gerado sérios problemas ambientais, muitas vezes irreversíveis. A disposição inadequada dos resíduos polui o meio ambiente e cria focos transmissores de doenças infecciosas; por outro lado, o lixo produzido é rico em matéria orgânica o que justifica a compostagem, mediante a qual haverá produção de húmus (o composto orgânico) e, consequentemente, fixação de

22 nutrientes no solo e aumento da produtividade agrícola, isto é, a geração de alimentos. É necessário enfatizar que a compostagem, além de ser um processo de reciclagem, é, antes de tudo, um processo sanitariamente seguro de tratamento de resíduos orgânicos É possível construir, nessas localidades carentes, sistemas simplificados para a reciclagem dos resíduos inertes e orgânicos (compostagem) dentro da concepção moderna de gerenciamento, incentivando o uso de sistemas mais compatíveis com a nova ordem de proteção ambiental. A compostagem tem uma função de grande relevância, que é absorver grande parcela dos resíduos produzidos, realizando, além da reciclagem da matéria orgânica, um tratamento seguro, que propicia uma série de benefícios para as comunidades pobres. A comunidade a ser envolvida neste processo, não possui nenhum tipo de informação acerca deste tema. As condições de precariedade que vivem não facilita a preocupação com os temas do meio ambiente e, as escolas no entorno da comunidade não realizaram até o momento nenhum tipo de projeto em Educação Ambiental. 5.2. Público-Alvo Inicialmente este trabalho será aplicado em um público específico, são as pessoas que pertencem a uma igreja da comunidade. A escolha deste público é importante pois, a grande maioria do público desta igreja é de senhoras, donas de casa, portanto, estão diariamente envolvidas no processo de preparo de alimentos e afazeres domésticos que são as grandes fontes de rejeitos orgânicos domésticos. 5.3. Proposta e Projeto para 2004 a) Como fazer Inicialmente será apresentado ao responsável pelas atividades da igreja, a fim de obter a autorização para iniciar as atividades. Será

abordado a importância para o grupo tanto em termos sócio-econômicos como para o melhoramento da qualidade de vida da comunidade. 23 b) Fazer As atividades terão início em janeiro de 2004, obedecendo o cronograma abaixo: 5.4. Cronograma 1º Momento Levantamento bibliográfico da área e comunidade a ser contemplada com o Projeto, preservando a cultura local e as condições sócioeconômicas da mesma; 2º Momento - Pesquisa de campo com moradores do local, a fim de levantar mais detalhadamente seus hábitos diários, tipo de alimentação, forma de tratamento do lixo produzido diariamente, bem como que tipo de informação possui acerca do assunto; 3º Momento Treinamento em Educação Ambiental, partindo das informações que a comunidade possui e as técnicas que melhor se adequam a mesma, tendo como foco os assuntos sobre lixo, aterros sanitários, reciclagem e compostagem; 4º Momento - Elaboração dos programas comunitários em Educação Ambiental com os moradores, levando em conta as condições de cada membro e, caso necessário, estabelecer um local para preparo do composto e produção da horta comunitária e/ou caso disponha de espaço preparar em casa; 5º Momento - Aplicação dos Programas Comunitários, obedecendo critérios estabelecidos; 6º Momento - Avaliação dos Programas, tendo como prioridade o nível de conscientização das pessoas envolvidas no processo e se os rejeitos orgânicos estão sendo reaproveitados e utilizados em horta comunitária.

24 CONCLUSÃO Este trabalho nos leva a reflexões acerca do grande descaso das autoridades sobre Educação Ambiental e destinação do lixo doméstico. Através do mesmo, percebemos que é possível fazer um bom trabalho com resultados eficazes para uma comunidade sem utilização de grandes recursos financeiros, sendo necessário apenas boa vontade e disposição para colocar em prática os projetos. A Educação Ambiental pode ser levada às comunidades carentes por um baixo custo. Observa-se que o presente projeto está voltado para a reciclagem de matéria orgânica, devolvendo-as ao Meio Ambiente de forma natural e sem causar danos a este, caracterizando uma responsabilidade ambiental por parte das comunidades carentes e uma conscientização da destinação do lixo. Promove também o desenvolvimento sustentável e sócio-econômico da comunidade. Conforme apresentado, a compostagem é um processo simples, barato e fácil de colocar em prática, trazendo grandes benefícios para a comunidade envolvida tanto em termos sócio-econômicos como a melhoria da qualidade de vida. É importantíssimo que se avance o mais rapidamente possível com o desenvolvimento de projetos de compostagem doméstica (fornecimento de compostores, apoio técnico, etc.), para se reduzir o volume de resíduos a depositar nos aterros sanitários.

25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GRZYBOWWSKI, L. M. (AS-PTA) (1999). A Horta Intensiva Familiar; JAHNEL, M. (Cempre) (1998). Cadernos de Reciclagem 06: Compostagem a outra metade da Reciclagem; NETO, J. F. (1995). Manual de Horticultura Ecológica. Editora Nobel; PEDRINI, A. de G. (org.) (2002). Educação Ambiental: Reflexões e Práticas Contemporâneas. Petrópolis: Vozes. PEDRINI, A. de G. (org.) (2002). O Contrato Social da Ciência: Unindo Saberes na Educação Ambiental. Petrópolis: Vozes. Compostagem doméstica de Resíduos Sólidos Urbanos. <http://www.quercus.pt>; Disponível em Educação Ambiental: Cidades e Qualidade de Vida: um dos grandes desafios da humanidade. SENAI-RJ/SESI-RJ. Rio de Janeiro, 1999; Horta da Formiga. Disponível em <http:// wwwgeocities.com/ reciclagem2000/ compostagem.htm>; Plano Estratégico dos Resíduos Sólidos Urbanos. Ministério do Ambiente, 1997.