CCs na Procempa - uma história de irregularidades que deve acabar. Concurso público já! A Procempa, Companhia de Processamento de Dados do Município de Porto Alegre, fundada no dia 9 de setembro de 1977 como órgão de processamento de dados, transformou-se numa moderna empresa de tecnologia da informação e comunicação. Ao longo de seus 33 anos, a companhia desenvolveu sistemas para a administração pública municipal nas áreas da saúde, tributos e finanças, educação, trânsito, transporte, saneamento, limpeza urbana, planejamento, obras e gerenciamento administrativo. Mas, infelizmente, não estamos aqui para falar de coisas bonitas, pois nem tudo são flores. Hoje estamos aqui para falar de irregularidades que ocorrem nesta empresa. Irregularidades que clamamos que acabem, pois não é possível mais suportar tantos descalabros. Levantamento feito pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos) mostra que, de 2004 a 2009, a despesa da Procempa com pessoal cresceu assustadoramente. O aumento ocorreu sem qualquer tipo de concurso público ou de promoção - os trabalhadores não são promovidos há 16 anos. Como isso foi possível? A resposta é encontrada no Relatório de Gestão - Prêmio Qualidade RS 2010, divulgado recentemente pela própria direção da empresa. Segundo o levantamento, dos 613 trabalhadores da Procempa, 52 são CCs (Cargos em Comissão Externos), 144 são terceirizados e 134 são estagiários. Trabalhadores efetivos, são apenas 256!
Ou seja: menos da metade dos trabalhadores da Procempa, 44%, são funcionários de carreira da empresa. Esta política de CCs e alto número de estagiários já era questionada nas gestões anteriores, mas aumentou muito na última gestão da Prefeitura de Porto Alegre. O resultado desta política os trabalhadores sentem no dia-a-dia. Os CCs têm salários bem mais altos do que os demais funcionários. A empresa não tem realizado concurso público (o último foi há 11 anos) e nem investe em cursos de qualificação e tecnologia. Em 2009, alguns órgãos da Prefeitura ficaram 1 semana sem provedor de Internet (serviço disponibilizado pela Procempa) devido a falhas no sistema. Os CCs, terceirizações e vagas de estágio têm servido de moeda de barganha política. A maior prova disto foi a notícia, recente, de que José Carlos Elmer Brack, ex-presidente do PTB de Porto Alegre e CC da Procempa, é réu no caso do assassinato do ex-secretário Eliseu Santos. Além dele, já passaram como CCs da empresa Garipô Selistre, indiciado em 2008 pela Polícia Civil por tentativa de fraudar licitação pública no DMLU e Pipa Germano, ex-prefeito de Cachoeira do Sul, alvo de ação do MP por improbidade administrativa. Ainda é CC da Procempa Virgílio Costa, ex-secretário-adjunto da Secretaria de Gestão, que estaria envolvido em irregularidades no Pisa (Projeto Integrado Socioambiental).
A Procempa, infelizmente, está se tornando um lugar de refúgio para apaniguados políticos e amigos da atual gestão, envolvidos em irregularidades. Quem mais perde com isso são os trabalhadores e a população de Porto Alegre. Outras questões importantes para os trabalhadores não são assumidas pela empresa e, ainda, podem beneficiar os Ccs. Desde 2005, a direção da Procempa se comprometeu em implantar um novo Plano de Cargos e Salários (PCCS) aos funcionários. Além de o assunto estar emperrado, o plano é muito questionado pela categoria, porque inclui os 52 CCs que estão na empresa. Ou seja, ao invés de beneficiar os trabalhadores de carreira, o projeto de PCCS regulamenta a situação dos CCs, que não fizeram concurso público como os outros: foram indicados politicamente. O concurso público já virou uma lenda na empresa. Desde 2006, a Procempa diz que irá realizar concurso público e, até agora, nada. A empresa está com seu quadro funcional bastante deficitário, aquém da sua real necessidade. Para 2011, a situação tende a piorar, já que muitos colegas irão pedir suas aposentadorias. Sem concurso público, a Procempa definha com poucos funcionários e ainda antigos, muitos prestes a saírem da empresa. O que a Prefeitura Municipal e a direção da Procempa irão fazer? Contratar mais terceiros e Ccs?
Parece que é isso o que eles realmente querem, pois assim podem indicar quem quiserem e agradar seus colegas políticos e de partido. O dinheiro que a Procempa diz não ter para investir com os trabalhadores e com tecnologia de TI (Tecnologia da Informação), a empresa tem gasto com eventos. Nos últimos 5 anos e meio, a empresa tem gasto em atividades que não tem relação com a sua atividade principal, que é apoio de TI para a cidade de Porto Alegre. Entre os eventos, destacamos a participação ativa na Expointer, feira de agronegócio do estado, em que a Procempa monta estandes e coloca os trabalhadores para estarem no evento. Lembramos que a Expointer é promovida pela Secretaria Estadual da Agricultura e realizada na cidade de Esteio, não tendo nenhuma relação com o governo municipal e muito menos com a área de TI. Além disso, o próprio governo do RS tem a sua empresa de TI, que é a Procergs. Também com utilização de recursos públicos, dos contribuintes porto-alegrenses, a Procempa participa em eventos como a Feira de Produtos Náuticos, a Copa Davis de Tênis, eventos do sindicato dos contadores, etc. A empresa também paga vultosas verbas para a MPM a título de publicidade. Só que este tipo de despesa é de responsabilidade da Prefeitura, que simplesmente repassa os pagamentos à empresa. O resultado disso é que o orçamento da Procempa está cada vez mais alto, mas é irreal, já que parte do dinheiro não é gasto com os trabalhadores e nem com tecnologia, mas sim com
publicidade, eventos e demais atividades que não são da empresa. Ainda nos gastos, estão as caríssimas viagens de CCs ao exterior, das quais não temos retorno de seus reais resultados. Um CC irá a Shangai, representando a Procempa, na delegação da Prefeitura de Porto Alegre. Qual é o retorno técnico e político que a participação deste e de outros CCs externos no exterior promovem para os negócios e o crescimento da Procempa? O Sindppd/RS denuncia há tempos o aumento de CCs, terceirizações e estagiários na empresa. Exigimos que a direção da empresa e a Prefeitura Municipal revejam esta política imediatamente e voltem a fazer concurso público para contratar novos empregados.