APLICAÇÃO DO ÍNDICE DE VEGETAÇÃO POR DIFERENÇA NORMALIZADA (NDVI) PARA ANÁLISE DA COBERTURA VEGETAL NO MUNICÍPIO DE FRANCISCO BELTRÃO-PR

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Transcrição:

APLICAÇÃO DO ÍNDICE DE VEGETAÇÃO POR DIFERENÇA NORMALIZADA (NDVI) PARA ANÁLISE DA COBERTURA VEGETAL NO MUNICÍPIO DE FRANCISCO BELTRÃO-PR Tatiana Cristina Schneider Ghisi (1) ; Karina Cozer de Campos (2) ; Ticiane Sauer Pokrywiecki (3) (1) Discente do curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, PPGEC - Departamento de Engenharia Civil; UTFPR; Rua Nossa Senhora da Glória, 155 Francisco Beltrão/PR; arq.tatianaghisi@gmail.com; (2) Discente do curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, PPGEC - Departamento de Engenharia Civil; UTFPR; Rua Ponta (3) Grossa, 2707 - Francisco Beltrão/PR; karinacozer@gmail.com; Docente do curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, PPGEC - Departamento de Engenharia Civil; UTFPR; Linha Santa Bárbara s/n Caixa postal 135 Francisco Beltrão; ticiane@utfpr.edu.br. Eixo temático: Saúde, Segurança e Meio-Ambiente RESUMO O presente artigo constitui um estudo sobre qualidade ambiental aplicado na cidade de Francisco Beltrão, localizada no sudoeste do estado do Paraná. A escala de trabalho contempla os limites urbanos do município através da análise da cobertura da vegetação gerada pelo Sistema de Informação Geográfica SIG. O objetivo do presente artigo é apresentar uma metodologia de análise da cobertura vegetal através do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI). E dessa forma, avaliar o estado geral da degradação ambiental, que por meio da análise dos índices de cobertura vegetal, classificam os níveis de proteção do solo através da densidade da vegetação. Este trabalho resultou na elaboração dos mapas de índice de cobertura vegetal da malha urbana do município de Francisco Beltrão-PR, que se constitui em uma ferramenta para a avaliação do uso do solo em termos de preservação ao meio ambiente. Palavras-chave: Geoinformação. Cobertura vegetal. Qualidade ambiental urbana. ABSTRACT This paper is a study on environmental quality applied in the city of Francisco Beltrão, located in the southwestern OF THE state of Paraná. The working range includes the city limits of the municipality through the vegetation cover analysis generated BY the Geographic Information System - GIS. The aim of this paper is to present an analysis methodology of vegetation cover through Vegetation Index (NDVI). And so, assess the overall state of environmental degradation, BY the analysis of vegetation index, classify soil protection levels by vegetation density. This work resulted in the development of vegetation index maps the urban area of the municipality of Francisco Beltrao-PR, which constitutes a tool for the assessment of land use in terms of preserving the environment. Key words: Geoinformation; vegetal cover; urban environmental quality. 1

Introdução A qualidade de vida nas áreas urbanas tem sido objeto de estudo diante da grande concentração da população morando nessas áreas e devido a desigualdade das condições fornecidas a população numa mesma região. Esses estudos são importantes, cabendo principalmente as políticas públicas conhecê-los e aplicá-los no planejamento urbano. Com o processo da urbanização e a sua concentração nas cidades observam-se grandes problemas como a falta de infraestrutura, acesso a serviços, habitação, transporte e a degradação ambiental. Estas condições impulsionam para um conjunto de interesses e preocupações que formam o conceito de qualidade de vida urbana. Segundo Nahas et al (2005) o conceito de qualidade de vida urbana vem se construindo, historicamente, a partir dos conceitos de bem-estar social, qualidade de vida e ambiental, pobreza, desigualdades sociais, exclusão e vulnerabilidade social, desenvolvimento sustentável e sustentabilidade. Desta maneira, sua história encontra-se estreitamente vinculada à história dos indicadores formulados com base nestes enfoques. O termo qualidade de vida urbana se remete a junção da qualidade de vida e a qualidade ambiental, consolidando-se e formando indicativos sociais que a dimensionam considerando as condições materiais, físicas, ofertas de serviço, facilidade ou dificuldade de deslocamento da população e suas condições ambientais. Machado (1997) afirma que a qualidade ambiental está intimamente ligada à qualidade de vida, pois vida e meio ambiente são inseparáveis, o que não significa que o meio ambiente determina as várias formas e atividades de vida ou que a vida determina o meio ambiente. Na verdade, o que há é uma interação e um equilíbrio entre ambos que variam em escala, tempo e lugar. A qualidade de vida urbana se consolida unindo a qualidade de vida e a qualidade ambiental, através dos dois indicadores e a sua mensuração entre um e outro, conforme a relação esplanada por Nahas (2002). Nesse sentido a autora afirma que quando se trata de mensurar qualidade ambiental enquanto conceituação ampla, a qualidade de vida urbana torna-se elemento desta qualidade ambiental. Entretanto, quando se trata da formulação de indicadores para instrumentalizar o planejamento urbano particularmente no nível municipal a qualidade ambiental no sentido estrito, se torna um dos elementos no dimensionamento da qualidade de vida urbana. Os indicadores representam importantes alternativas para a gestão urbana e políticas públicas, fatores como a comparação dos impactos das medidas aplicadas e a eficiência da gestão podem contribuir para melhores soluções ao desenvolvimento da cidade e bem-estar a população em geral. Muitas vezes a falta de investimento e até mesmo a falta de conhecimento por parte da gestão pública, resultam na deficiência ou até mesmo a inexistência de 2

um planejamento urbano adequado, cuja responsabilidade deveria ser dos administradores públicos. Neste sentido, o município de Francisco Beltrão também enfrenta problemas urbanos relacionados com a preservação do meio ambiente devido a falta de adequado planejamento urbano e ao rápido crescimento populacional ocorrido nos ultimos anos. A proposta deste trabalho vem ao encontro dessa necessidade, cujo objetivo é avaliar a qualidade ambiental no município de Francisco Beltrão-PR, através da ferramenta NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada) identificando índices de cobertura vegetal, na qual influencia diretamente na qualidade de vida da população. Dessa forma, este trabalho servirá de subsídio aos administradores públicos de cidades com tais peculiaridades, além de poder subsidiar a elaboração de mapas temáticos que poderão servir de base na gestão territorial do município. Material e Métodos Para a composição da base de dados cartográficos desse estudo foram coletados dados censitários, informações cartográficas e de sensoriamento remoto. Martins (2011) afirma que nesse tipo de decisão (selecionar os dados para a base dos estudos) o critério de acessibilidade à informação é, em regra, o que mais pesa. O autor ressalta que com o desenvolvimento dos Sistemas de Informação Geográfica surgiram novas facilidades de georreferenciar muita informação, nomeadamente, sobre a dotação de equipamentos, redes de infraestrutura, localização e serviços, etc. Com relação aos dados obtidos do IBGE, foram utilizados as informações disponíveis nos agregados por setores censitários e o respectivo mapa. Quanto a atualização dos dados, priorizou-se por selecionar o material que compõe o banco de dados mais atualizado possível. Foram utilizados dados censitários referente ao Censo 2010 produzidos pelo IBGE, dados do último Censo realizado e disponível para a consulta pública. Os planos de informações gerados e necessários para a elaboração dos mapas foram transformados em formato raster e incorporados a base dos dados, para que resultassem em expressões cartográficas e mapas temáticos. O software utilizado para o processamento digital foi o ArcGIS 9.3 desenvolvido pela empresa americana Environmental Systes Research Institute (ESRI). O sistema é utilizado para criação e utilização de mapas, compilação de dados geográficos, análise de informações mapeadas e gestão de informações geográficas em bancos de dados. Para a base de dados foram selecionadas imagens do Satélite do Programa Landsat 8 (Land Remote Sensing Satellite) desenvolvido pela NASA (National /aeronautics an Space Administration). As imagens são disponibilizadas através de 11 Bandas de resolução espectral, que possibilitam composições conforme a necessidade dos alvos de imagens. Para a realização da pesquisa, foram realizadas imagens orbitais captadas 3

na data de 02/11/2015, devido ao fato de serem as mais atuais a não apresentar nuvens sobre a região. Além destas imagens, foram utilizados também arquivos vetoriais dos limites dos limites municipais para elaboração da área de estudo. O primeiro procedimento foi o registro dos arquivos matriciais (cartas) disponibilizadas pelo IBGE do município de Francisco Beltrão (mi_2861_2_utm_z22) na projeção UTM WGS84, Zona 22 Sul e depois georrefenciados. Esse procedimento permite comparar o registro das imagens Landsat 8. Quanto a metodologia utilizada para extração das informações e composição das imagens, foi utilizado processos conforme Novo (2010), Manual Técnico de Uso da Terra do IBGE (2013) e Druck (2004). Foi realizado a correção atmosféricas de todas as bandas referentes a imagem selecionada do Satélite Landsat 8. A correção atmosférica tem a função de tirar o efeito de dispersão da energia eletromagnética nas partículas de água suspensas na atmosfera, fazendo com que alvos invariáveis temporalmente sejam interpretados. Após a etapa da correção atmosférica as imagens foram processadas para a composição RGB (4R, 3G e 2B) para visualização da cor natural e para obter o os índices de vegetação as bandas 4R e 5NIR. Após esse procedimento a imagem geoprocessada foi recortada conforme o limite da malha urbana. Quanto ao indicador de cobertura vegetal, Nucci (2001, p.31) comenta que um atributo muito importante, porém negligenciado, no desenvolvimento das cidades é o da cobertura vegetal. A vegetação, diferentemente da terra, do ar e da água, não é uma necessidade óbvia na cena urbana. A cobertura vegetal, ao contrário de muitos outros recursos físicos da cidade, é relacionada pela maioria dos cidadãos mais como uma função de satisfação psicológica e cultural do que com funções físicas. Através do sensoriamento remoto não é possível qualificar as áreas de acordo com sua função ou finalidade nas áreas urbanas, isto é, não se pode distinguir quais os espaços são destinados a áreas verdes, parque urbano, praça ou arborização urbana. A análise realizada é através da quantificação em termos da biomassa e de sua distribuição espacial. Com esses dados é possível realizar uma provisão da distribuição da vegetação no município. O NDVI é representado pela expressão: Onde NIR é o infravermelho próximo representada pelo Banda 05 e o R é o vermelho representado pela Banda 04 das imagens obtidas do Satélite Landsat 8. Os resultados dessa composição compõem em um raster com índices que variam de -1 (onde não se tem a presença de vegetação) a +1 (melhor condição de vegetação existente do local analisado). 4

Por meio de uma operação classificada como média zonal, foi calculado o NDVI médio para cada unidade censitária, conforme CÂMARA et al (2002), compondo assim todas as informações para gerar o Índice da qualidade ambiental. Resultados e Discussão Ressaltamos que não existe atualmente, um consenso em torno de uma metodologia para avaliação da qualidade ambiental, devido a isso, grande parte dos autores se baseiam nos indicadores disponíveis conforme a escala de análise. Para o estudo de análise do meio ambiente e evolução urbana, os processos metodológicos do SIG podem ser considerados como ferramentas indispensáveis para a monitoração do espaço geográfico. Os espaços verdes constituem um importante indicador na qualidade de vida urbana, pois além do bem estar proporcionado de forma psicológica em cada cidadão, estas áreas proporcionam enormes benefícios em termos de saúde humana. A presença de vegetação na malha urbana proporciona também um aumento no tempo dedicado ao lazer e a prática de esportes. Segundo Bispo et al. (2009) apesar de críticas com relação aos resultados do NDVI devido ao seu poder limitado de informação sob a vegetação da cobertura completa, o índice é considerado como bom para o monitoramento da cobertura vegetal uma vez que distingue as áreas florestadas com as urbanas. Para a análise da quantidade de Cobertura Vegetal, o método escolhido foi o NDVI e tem por objetivo quantificar a presença de vegetação em uma determinada região. A partir do levantamento realizado com o auxílio das imagens de satélite foram elaborados mapas temáticos da cobertura vegetal, permitindo assim, o cálculo das áreas de vegetação. A Figura 01 (a) representa o resultado do mapa gerado, indicando através de cores os índices gerados. A figura 01 (b), indica a porcentagem das áreas classificadas eplo índice de cobertua vegetal: 5

Figura 01 (a) Mapa do Índice de Cobertura Vegetal; (b) Representação percentual das áresa classificadas pelo índice de cobertura vegetal. Fonte: os autores (2016). Foram obtidos os valores médios, máximo e mínimo do Índice de Vegetação NDVI. Ao realizar a análise dos resultados, podemos quantificar que os altos valores registrados pelo NDVI indicam alta atividade fotossintética, ou seja, presença de vegetação abundante. Da mesma forma, que os valores mais baixos, indicam baixa atividade fotossintética e consequente pouca presença de vegetação, que podemos mensionar locais urbanos densamente ocupados e/ou regiçoes de solo exposto. As regiões com a presença da cor vermelha não possuem vegetação (o índice mínimo gerado foi de 0,11), enquanto que, nas regiões com coloração verde indicam a presença de vegetação (o índice máximo gerado foi de 0,49), as cores intermediárias, amarelas e laranjas, indicam alguma presença de vegetação. Os índices gerados representam valores bem abaixo da máxima considerada na análise, indicando que os valores máximos resultados da avaliação não compreendem a máxima cobertura de vegetação possível, isto é, a quantidade da vegetação poderia ser 20% maior do que foi encontrada. 6

O valor mínimo -0,11, se aproxima do valor mínimo considerado -1,00, indicando regiões que apresentam pouquíssima cobertura vegetal. Os melhores resultados estão localizados na região noroeste da cidade, onde ainda é possível encontrar vegetação nativa. Os índices mais baixos apresentados estão localizados na área central da cidade e na região sul. A área central corresponde ao início da cidade, local que sofreu um maior impacto da ação humana. A região Sul atualmente encontra-se em expansão pois se conecta a área urbana do município de Marmeleiro, região onde houve um crescimento considerável na área industrial e no surgimento de novos loteamentos O setor que corresponde ao índice de cobertura vegetal médio constitui cerca de 21km² da malha urbana, representando 46% da área total, denotando o maior quantitativo de cobertura vegetal da área estudada. Os dois resultados menos favoráveis, baixo e moderadamente baixo representam 13 km² e os dois maiores resultados, alto e moderadamente alto representam 11 km². O resultado preliminar sugere que a malha urbana do município de Francisco Beltrão possui pouca cobertura vegetal ao longo de seu território. Este indicador resulta da expansão e ocupação do solo de forma desordenada e que gera diversos problemas relacionados com o meio ambiente: grande área impermeabilizada do solo, aumento da temperatura na cidade, poucos locais de lazer e falta de arborização nas vias, reduzindo, desta forma a qualidade de vida urbana da população. Outro fator relevante a ser considerado, é o fato de que, caso não haja uma política de planejamento de novos espaços, o destino é que ao longo da expansão urbana se transformaram em locais com a mesma ausência de vegetação. Conclusões Ao levantar o tema da qualidade de vida e qualidade ambiental foi possível identificar que existem condições básicas para a vida humana e que elas são pmensuráveis através de indicadores que estabelecem índices em nível de comparação entre diferentes regiões. O uso de ferramentas que constituem o sistema de informação geográfica, como o NDVI, mostrou-se bastante eficiente e preciso para a análise da cobertura vegetal do município de Francisco Beltrão-PR. Dessa forma, foi possível elaborar um mapa que fornecesse diretrizes e informações indispensáveis para análise ambiental do município, onde os índices de cobertura vegetal representam as reais condições de preservação e de degradação ambiental. O uso deste material pode servir de subsídio para os procedimentos de preservação, conservação e recuperação das áreas degradadas, assim como para a elaboração de um planejamento ambiental em nível de município. Referências 7

BISPO, P. C.; VALERIANO, M. M.; OLIVEIRA, C. H. Gradiente da qualidade ambiental entre oito áreas urbanas do nordeste do estado de São Paulo com o uso do NDVI. In: anais XIV Simpósio Brasileiro de Sensoramento Remoto, Natal, Brasil, 25-30 abril 2009, INPE, p. 601-608. CÂMARA, G.; MEDEIROS, J. S. Princípios básicos em geoprocessamento (cap. 1). In: ASSAD, E. D., SANO, E. E. Sistemas de Informações Geográficas Aplicações na Agricultura. Embrapa, 2. ed. Brasília, 1998. 434 p. (p. 3-11). DRUCK, S.; CARVALHO, M. S.; CÂMARA, G.; MONTEIRO, A. V. M. (eds). "Análise Espacial de Dados Geográficos". Brasília, EMBRAPA, 2004 (ISBN: 85-7383-260-6). IBGE. Setores Censitários. Agregados por Setores Censitários dos resultados de Universo 2 Edição. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/defaulttab_agregado>. Acesso em: 16 fev. 2016 às 10:06h. Manual Técnico de Uso da Terra. IBGE. 2013. 3. ed. Edição. Rio de Janeiro. 171 p. MACHADO, L. M. C. P. Qualidade Ambiental: indicadores quantitativos e perceptivos. In: MARTOS, H. L.; MAIA, N. B. Indicadores ambientais. Sorocaba: Bandeirante Ind. Gráfica S.A, 1997, p. 15-21. MARTINS, I. C. G. Os territórios da qualidade de vida no Porto: Uma avaliação das disparidades intra-urbanas. 2011. 406 f. Dissertação (Doutorado em Geografia Humana) Universidade do Porto, Porto, 2011. NAHAS, M. I. P; PEREIRA, M. A. M.; ESTEVES, O. A; GONÇALVES, É. Metodologia de construção do índice de qualidade de vida urbana dos municípios brasileiros (IQVU-BR). 2005. NAHAS, M. I. P. Bases teóricas, metolodogia de elaboração e aplicabilidade de indicadores intra-urbanos na gestão municipal da qualidade de vida urbana em grandes cidades: o caso de Belo Horizonte. Dissertação (Doutorado em Ecologia e Recursos Naturais) Universidade Federal de São Carlos, São Carlos-SP, 2002. 8