Introdução ao Ciclo hidrológico

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p γ Se imaginarmos um tubo piezométrico inserido no ponto em questão, a água subirá verticalmente numa altura igual à altura piezométrica.

p γ Se imaginarmos um tubo piezométrico inserido no ponto em questão, a água subirá verticalmente numa altura igual à altura piezométrica.

1. PERMEABILIDADE Definição

Transcrição:

Introdução ao Ciclo hidrológico

Água Uma realidade com várias dimensões

Ciclo hidrológico Movimento permanente Sol evaporação + Gravidade precipitação escoamento superficial escoamento subterrâneo O conceito de ciclo hidrológico está ligado ao movimento e à troca de água nos seus diferentes estados físicos, que ocorre na Hidrosfera, entre os oceanos, as calotes de gelo, as águas superficiais, as águas subterrâneas e a atmosfera.

Conhecer melhor os diversos componentes do ciclo hidrológico e a sua dinâmica permite optimizar a utilização da água e minimizar alguns riscos associados

A água que se infiltra no solo é sujeita a evaporação directa para a atmosfera e é retida pela vegetação, que através da transpiração, a devolve à atmosfera. Este processo chamado evapotranspiração ocorre no topo da zona não saturada, ou seja, na zona onde os espaços entre as partículas de solo contêm tanto ar como água.

A água infiltra-se e atinge a ZONA SATURADA das rochas, entrando na circulação subterrânea e contribuindo para um aumento da água armazenada (RECARGA DOS AQUÍFEROS). Na zona saturada (aquífero) os poros ou fracturas das formações rochosas estão completamente preenchidos por água (saturados). O topo da zona saturada corresponde ao NÍVEL FREÁTICO.

A água subterrânea pode ressurgir à superfície (nascentes) e alimentar as linhas de água ou ser descarregada directamente no oceano. A quantidade de água e a velocidade a que esta circula nas diferentes etapas do ciclo hidrológico são influenciadas por diversos factores: coberto vegetal, altitude, topografia, temperatura, tipo de solo e características geológicas.

A água infiltra-se nos solos e nas rochas, através dos seus poros, fissuras e fracturas Permeabilidade vs. Tipo de rocha

Valores de permeabilidade em algumas formações geológicas Descrição darcy cm/s Xisto argiloso ou rocha densa com fracturas finas considerados como impermeáveis na maior parte das escavações Rocha densa; algumas fracturas finas, aprox. no limite da produção do petróleo Argila, silte, areia fina Poucas nascentes em terrenos pouco permeáveis 0.0001 9.7 x 10-8 0.001 9.7 x 10-7 1 9.4 x 10-4 Rocha densa com elevada permeabilidade de fractura 2 19.4 x 10-4 Areia limpa, média e grosseira (0.25 e 1 mm) 500 0.48 Gravilhas limpas (70% com mais de 2 mm) 1250 1.2

Valores de porosidade e permeabilidade de algumas rochas Tipo de rocha Porosidade (%) Permeabilidade (m/dia) Cascalheira 30 > 1000 Areia 35 10 a 5 Argila 45 < 0.001

Um reservatório de água subterrânea, também designado por aquífero, pode ser definido como toda a formação geológica com capacidade de armazenar e transmitir a água e cuja exploração seja economicamente rentável. Existem essencialmente 3 tipos de aquíferos: Aquífero livre Formação geológica permeável e parcialmente saturada de água. É limitado na base por uma camada impermeável. O nível da água no aquífero está à pressão atmosférica. Aquífero Confinado Formação geológica permeável e completamente saturada de água. É limitado no topo e na base por camadas impermeáveis. A pressão da água no aquífero é superior à pressão atmosférica. Aquífero semi-confinado Formação geológica com características intermédias dos anteriores

Formações geológicas não são aquíferas Aquitardo Formação geológica que pode armazenar água mas que a transmite lentamente não sendo rentável o seu aproveitamento a partir de poços. Aquicludo - Formação geológica que pode armazenar água mas não a transmite (a água não circula). Aquífugo - Formação geológica impermeável que não armazena nem transmite água.

Representação de um aquífero confinado e um livre. O aquífero confinado, camada B, é limitado no topo e na base por camadas impermeáveis C e A, respectivamente. O aquífero livre é formado pela camada D e limitado na base pela camada impermeável C.

Na natureza as camadas impermeáveis nem sempre apresentam continuidade. Elas podem ser descontínuas e irregulares e do mesmo modo confinarem os aquíferos.

Aquífero livre - o nível da água não sobe e corresponde ao nível da água no aquífero pois a água está à mesma pressão que a pressão atmosférica. O nível da água designa-se por nível freático.

Aquífero confinado - a água sobe acima do tecto do aquífero devido à pressão exercida pelo peso das camadas confinantes sobrejacentes. A altura a que a água sobe chama-se nível piezométrico e o furo é artesiano. Se a água atingir a superfície do terreno sob a forma de repuxo então o furo artesiano é repuxante.

Muitas vezes os aquíferos são simultaneamente de mais de um tipo Aquíferos em diferentes formações Porosos - onde a água circula através de poros. As formações geológicas são areias limpas, areias consolidadas por um cimento também chamadas arenitos, conglomerados, etc; Fracturados e/ou fissurados - onde a água circula através de fracturas ou pequenas fissuras. As formações são granitos, gabros, filões de quartzo, etc; Cársicos - onde a água circula em condutas que resultaram do alargamento de diaclases por dissolução. As formações são os calcários e dolomitos.

Contaminação das águas subterrâneas Existe uma interdependência entre as águas subterrâneas e as superficiais.

Contaminação induzida por bombeamento A intrusão salina é um fenómeno que ocorre em regiões costeiras onde os aquíferos estão em contacto com a água do mar. Na verdade enquanto a água doce se escoa para o mar, a água salgada, mais densa, tende a penetrar no aquífero, formando uma cunha sob a água doce.

Sistemas aquíferos

O quimismo das águas depende do percurso de circulação

Termalismo e aproveitamento geotérmico

Águas de nascente