PARECER Nº 07/13 DEPARTAMENTO DE ASSISTÊNCIA SINDICAL

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Transcrição:

PARECER Nº 07/13 DEPARTAMENTO DE ASSISTÊNCIA SINDICAL I. DA CONSULTA 12.619/2012. Solicitação de análise acerca das inovações trazidas pela Lei do Motorista Profissional II. ABORDAGEM DOS PONTOS MAIS RELEVANTES DA CITADA LEI 1) Objetivo Da Lei Regular e disciplinar a jornada de trabalho e o tempo de direção do motorista profissional empregado. 2) Quem é considerado Motorista Profissional? São os motoristas de veículos automotores de transporte rodoviário de passageiros e/ou de cargas, que possuam formação profissional e que exerçam essa função mediante vínculo de emprego. Com relação à formação profissional, a lei não está clara e, portanto, até que haja regulamentação acerca desse tema, o entendimento da Fetropar é de considerar como motorista profissional aquele que possuir carteira de motorista vigente. Indispensável também que a carteira esteja de acordo com a categoria do veículo conduzido. 3) A jornada de Trabalho 3.1) A jornada de trabalho do motorista é a mesma determinada pela Constituição Federal, ou seja, de até 44 (quarenta e quatro) horas semanais, podendo a jornada diária ser prorrogada em até duas horas extraordinárias, que serão remuneradas com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) do valor pago para a hora normal ou conforme determinado em Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho. 3.2) A lei permite ainda, em caso de força maior, DEVIDAMENTE COMPROVADA, que a jornada do motorista seja elevada pelo tempo necessário para sair da situação extraordinária e chegar a um local seguro ou ao seu destino. Ressaltamos que é necessária a comprovação de que esse aumento na jornada era indispensável para garantir a segurança do motorista, do veículo, bem como da carga. 3.3) O trabalho noturno seguirá as mesmas normas estabelecidas para os demais trabalhadores urbanos. 1

3.4) Jornada 12x36 (doze horas de trabalho por trinta e seis horas de descanso) pode ser prevista para os motoristas por meio de Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho. 3.5) A lei deixa claro que jornada de trabalho e tempo de direção não consistem na mesma situação. De acordo com o artigo 67-A, parágrafo 4º, do Código de Transito Brasileiro Entende-se como tempo de direção ou de condução de veículo apenas o período em que o condutor estiver efetivamente ao volante de um veículo em curso entre a origem e o seu destino. 3.6) Além da jornada de trabalho exercida na condução do veículo, a lei criou os institutos da hora de espera e tempo de reserva, as quais serão remuneradas de forma distinta da primeira. 3.6.1) Hora/tempo de espera: A lei explica que as horas de espera são aquelas que excederem à jornada normal de trabalho do motorista de transporte rodoviário de cargas que ficar aguardando para carga ou descarga do veículo no embarcador ou destinatário ou para fiscalização da mercadoria transportada em barreiras fiscais ou alfandegárias, não sendo computadas como horas extraordinárias. Ou seja, por mais que ultrapasse as oito horas normais da jornada, esse tempo não será considerado como hora extra e consequentemente não ensejará o acréscimo de 50% (cinquenta por cento). Todavia, a lei determina que tais horas sejam remuneradas com base no salário-hora normal, acrescidas de 30% (trinta por cento) sob este valor. 3.6.2.) Tempo de Reserva: Consiste no tempo que exceder a jornada normal de trabalho, estando o motorista em repouso dentro do veículo em movimento e em situações em que o empregador adotar o revezamento de motoristas que trabalhem em dupla no mesmo veículo. Este período será remunerado na razão de 30% (trinta por cento) da hora normal. Ao motorista que trabalha nesse regime é assegurado também o repouso diário mínimo de 6 (seis) horas consecutivas fora do veículo, em alojamento externo, ou na cabine leito com o veículo estacionado. 3.7) O motorista fora da base que ficar com o veículo parado por tempo superior à jornada normal de trabalho fica dispensado do serviço, exceto se for exigida a permanência junto ao veículo, sendo que nesse caso terá direito a receber o adicional de 30% (trinta por cento). 4) Intervalos 4.1) Regra geral: 4.1.1) Mínimo de 1 (uma) hora para refeição; 4.1.2) 11 (onze) horas para repouso dentre de cada período de 24 horas sob o título de intervalo interjornada. Este intervalo de 11 (onze) horas de descanso pode ser fracionado, desde que no mesmo dia, em 9 (nove) horas mais 2 (duas) horas. O repouso diário do motorista, quando o caminhão possuir cabine leito, deve obrigatoriamente se dar com o veículo estacionado; e 2

4.1.3) 35 (trinta e cinco) horas destinados ao descanso semanal remunerado. 4.2) No caso de viagens com duração superior a uma semana, o descanso semanal será de 36 (trinta e seis) horas por semana trabalhada ou fração semanal trabalhada e seu gozo ocorrerá no retorno do motorista à base ou domicílio, salvo se a empresa oferecer condições adequadas para o efetivo gozo do referido descanso. (art. 235-E, parágrafo 1º) Esse descanso de 36 (trinta e seis) horas pode ser fracionado dentro do período de uma semana da seguinte forma: - 30 (trinta) devem ser usufruídas de uma vez só e as demais 6 (seis) horas restantes podem ser gozadas em outro dia dentro da mesma semana, em continuidade de um período de descanso diário. 4.3) É vedada a condução por mais de 4 (quatro) horas ininterruptas, sendo obrigatório um descanso mínimo de 30 minutos após esse período. 4.4) É responsabilidade do motorista controlar o tempo de condução e observar o cumprimento dos descansos, estando sujeito às pena de multa sendo que tal infração é considerada gravíssima. Ademais, o veículo será retido para cumprimento do tempo de descanso aplicável. É possível, excepcionalmente, justificadamente e desde que não comprometa a segurança rodoviária, que o tempo de direção seja prorrogado por até 5 (cinco horas), de modo a garantir a segurança do condutor, veículo e carga. (art. 67-A, parágrafo 2º do CTB) Nos causa preocupação a efetiva segurança dos motoristas para observarem o determinado neste item, uma vez que não existem necessariamente locais seguros nas estradas para repouso. Frise-se, contundo que o inciso IV do artigo 2º da lei menciona que é um direito do motorista receber proteção do Estado contra ações criminosas que lhes sejam dirigidas no efetivo exercício da profissão. Então, caso ele não esteja no efetivo exercício da profissão ele não terá direito à proteção do Estado contra ações criminosas? 4.5) Tanto o intervalo, quanto o tempo de direção podem ser fracionados, desde que não completadas as 4 (quatro) horas ininterruptas de direção. 4.6) É permitido também que o referido intervalo seja gozado juntamente com o intervalo obrigatório de uma hora intrajornada. 4.7) No caso do motorista ou do ajudante, por livre e espontânea vontade, permanecerem no veículo durante os períodos destinados à repouso, não terão direito a qualquer tipo de remuneração adicional. 3

5) Reboque de Veículo Se o veículo for transportado por qualquer meio e o motorista tiver de segui-lo embarcado, possuindo a embarcação alojamento, este período deverá ser utilizado para usufruir o repouso diário e não será considerado como jornada de trabalho. O tempo que exceder o período que seria considerado jornada normal de trabalho, bem como de repouso, será considerado como hora de espera, ensejando pagamento do adicional de 30% (trinta por cento) (Art. 235-E, parágrafo 11º). 6) Do controle da Jornada de Trabalho pelo Empregador A jornada de trabalho e o tempo de direção deverão obrigatoriamente ser controlados de forma fidedigna pelo empregador, que poderá valer-se de anotação em diário de bordo, papeleta ou ficha de trabalho externo, bem como de outros meios eletrônicos idôneos instalados no veículo (art. 2º, V). 7) Viagens de Longa distância São consideradas viagens de longa distância aquelas em que o motorista passa mais de 24 horas fora da sua base ou residência. 8) Banco de Horas A lei permite a criação de Banco de horas, desde que previsto em Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho (art. 225-B, parágrafo 6º e art. 235-H) 9) Seguro Obrigatório Os empregadores estão obrigados a custear seguro destinado à cobertura dos riscos pessoais inerentes às atividades dos condutores, no valor mínimo correspondente a 10 (dez) vezes o piso salarial de sua categoria. 10) Prejuízos causados É garantido ao motorista o direito de não responder perante o empregador por prejuízo patrimonial decorrente da ação de terceiro, salvo os casos em que restarem comprovados dolo (intenção) ou desídia (descaso). 11) Uso de Álcool e Drogas Autorização para submeter o motorista a testes e penalizá-lo pela recusa De acordo com o novo artigo 235-B, VII da CLT, é dever do motorista submeter-se a teste e a programa de controle de uso de droga e de bebida alcóolica, instituído pelo empregador, com ampla 4

ciência do empregado. Ou seja, é permitido fiscalizar e submeter o empregado a testes de drogas e álcool, porém, para evitar qualquer passivo é recomendado esclarecer a todos os motoristas que a empresa poderá exercer tal prática em qualquer momento que achar conveniente, sem demais avisos prévios. A recusa do empregado em realizar tal exame será considerado infração disciplinar, passível de penalização nos termos do ordenamento jurídico existente. 12) Proibições É vedada qualquer tipo de remuneração, prêmio ou comissão vinculados à redução do tempo de viagem, da distância percorrida e/ou da natureza e quantidade de produtos transportados em razão destas práticas estimularem a pressa na condução do veículo, possibilitar o descumprimento da lei e consequentemente reduzirem a segurança. Registramos que este parecer tem o objetivo meramente de analisar os principais pontos expostos na Lei em comento. Em 28 de fevereiro de 2013. PRISCILLA FÁTIMA CAETANO DE LIMA JULIANA RASCHKE DIAS BACARIN OAB/PR 27.636 OAB/PR 56.047 DEPARTAMENTO DE ASSISTÊNCIA SINDICAL FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO PARANÁ 5