ESTUDO DOS NOMES DE LUGARES (ACIDENTES HUMANOS) E SUA RELAÇÃO COM O ENSINO DE HISTÓRIA EM LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

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Transcrição:

ESTUDO DOS NOMES DE LUGARES (ACIDENTES HUMANOS) E SUA RELAÇÃO COM O ENSINO DE HISTÓRIA EM LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL Anna Inez Alexandre Reis 1 ; Karylleila dos Santos Andrade 2 ; RESUMO O estudo toponímico não poder ser pensado desvinculado de outras ciências: é uma disciplina que se volta para a História, a Geografia, a Linguística, a Antropologia, a Psicologia Social e, até mesmo, à Zoologia, à Botânica, à Arqueologia, de acordo com a formação intelectual do pesquisador (DICK, 1992: II). Deve ser pensada como um complexo línguo-cultural: um fato do sistema das línguas humanas. Faz parte de uma ciência maior que se subdivide em toponímia, estudo do nome de lugar, e antroponímia, estudo do nome de pessoas. É fundamental compreender os topônimos a partir dos diferentes significados, olhares e áreas de atuação, pois, por se organizarem de maneira dinâmica, constantemente (re)inventam-se no tempo e no espaço, sobrepondo-se valores socioculturais, econômicos, políticos e religiosos. O estudo toponímico apenas pode ser compreendido e apreendido a partir dos fios tecidos sob os olhares de diversos saberes. A proposta deste trabalho vincula-se ao estudo dos nomes de lugares (acidentes humanos) e sua relação com o ensino de História no Ensino Fundamental a partir dos livros didáticos tendo em vista o foco da interdisciplinaridade. Os objetivos do projeto são: identificar de que forma os nomes de lugares estão dispostos nos livros didáticos de História e descrever o estudo dos nomes de lugares e sua relação com o ensino de História no Ensino Fundamental, e discutir, ainda que de forma preliminar, uma proposta pedagógica utilizando os topônimos numa perspectiva interdisciplinar para o ensino fundamental. Palavras-chave: toponímia; ensino de história; interdisciplinaridade. 1 Aluna do Curso de Letras; Campus de Porto Nacional; e-mail: annainezalexandre@hotmail.com PIBIC/CNPq 2 Professora do Curso de Artes e do Programa de Pós-Graduação; Campus de Palmas; e-mail: karylleila@gmail.com

INTRODUÇÃO A Onomástica está vinculada à lexicologia por apresentar-se como estudo dos nomes próprios, subdividindo-se em Toponímia (estudo dos nomes de lugares) e Antropotoponímia (estudo dos nomes de pessoas). A Toponímia investiga a etimologia, o significado e as transformações linguísticas dos nomes de lugares (topônimos). Essa disciplina não pode ser pensada desvinculada de outras ciências: deve ser pensada como um complexo línguo-cultural: um fato do sistema das línguas humanas (ANDRADE e DICK, 2012, p. 4), visto que a toponímia contribui para preservação da cultura e memória de determinado lugar. A proposta deste trabalho vincula-se ao estudo dos nomes de lugares (acidentes humanos) e sua relação com o ensino de História no Ensino Fundamental a partir dos livros didáticos, tendo em vista o foco da interdisciplinaridade. A Toponímia que é por natureza uma disciplina interdisciplinar é capaz de evidenciar marcas na história social (formação étnica, processos migratórios, sistema de povoamento de uma região administrativa), perpetua características do ambiente físico (vegetação, hidrografia, geomorfologia, fauna...) de uma região (ISQUERDO; SEABRA, 2010, p. 79). A toponímia de um lugar manifesta os aspectos e a própria história do local. Dessa forma, o estudo toponímico não pode dissociarse desta disciplina, pois para compreender a relação dos nomes com o lugar que denominam deve se levar em conta também a história do local e do próprio nome. MATERIAL E MÉTODOS Os instrumentos metodológicos utilizados para o desenvolvimento deste estudo são a pesquisa documental e revisão bibliográfica. A característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias (LAKATOS; MARCONI, 2003, p.174). Os materiais que constituem as fontes de pesquisa documental deste estudo são os livros didáticos História e vida integrada e os Parâmetros Curriculares Nacionais de História do Ensino Fundamental. Os materiais que constituem as fontes de análise bibliográfica são os trabalhos de Dick (1990), Andrade e Dick (2012), Andrade (2012), Carvalhinhos (2007), Isquerdo e Seabra (2010) no campo da Toponímia; Fazenda, (2001), (2009) e Morin (1990) serão referências no campo da interdisciplinaridade.

Foram selecionados como fonte de pesquisa documental dois livros didáticos de história do 8º e 9º do ensino fundamental, História e vida integrada de Nelson Piletti, Cláudio Piletti e Thiago Tremonte. São livros aprovados pelo Programa Nacional do Livro de Didático (PNLD) e utilizados na rede pública de ensino. Para consubstanciar o procedimento metodológico da pesquisa foi elaborada uma ficha lexicográfico-toponímica, adaptada a partir de DICK (2004) e ANDRADE (2010). Nesta ficha foram registrados todos os aspectos verificados durante a análise. Ela é parte integrante do processo de investigação e análise dos dados. RESULTADOS E DISCUSSÃO No levantamento dos topônimos realizado no livro do 9º ano, verificou-se a presença de acidentes humanos em sua maioria de origem estrangeira. Quanto à presença da etimologia e do histórico, não foram observados dados consideráveis. Quanto à presença de mapas e imagens, apresentam-se em pequena quantidade. Os livros mostram os acontecimentos históricos ocorridos nesses locais. Na segunda fase do estudo, foi analisado o segundo livro didático do 8º ano. Foram selecionados três capítulos para que a análise fosse mais detalha. O primeiro capítulo do livro trata de como se deu início a expansão da América Portuguesa. Como exemplificação, apresentamos um mapa em que explicita o primeiro nome dado a diversas cidades e capitais do país, bem como, a mudança do nome. Podemos observar a atividade de nomeação ocorrida durante o período Figura 1 - (PILETTI;PILETTI, 2009)

de ocupação holandesa. Como se pode observar, a capital do Rio Grande do Norte, Natal, já foi chamada de Nova Amsterdã, a de Recife já teve o nome de Maurícia, Paraíba foi chamada de Fabrícia, e Fortaleza já teve o nome de Forte Nossa Senhora de Assunção. Em um outro capítulo, que fala sobre a atividade de pecuária e sua relação com a ocupação e povoamento de um território, identificamos que na região da Amazônia, explorada a partir do século XVII, o processo de ocupação se deu através da ação de missionários católicos que reuniam indígenas em missões 3. Nas margens dos rios amazônicos, estabeleceram-se vários núcleos de povoamento que, mais tarde, deram origem a algumas cidades da região. No mapa a seguir, observam-se os nomes das missões das quais se originaram cidades. Os nomes de lugares são motivados por línguas indígenas. Duas das cidades apresentadas no mapa ainda têm o mesmo nome: Tefé e Coari. As demais alteraram os nomes. Figura 2- (PILETTI;PILETTI, 2009) Se um lugar tem uma identidade, algo que o identifique e singularize, é porque há uma história, uma memória dos acontecimentos que a levaram a construir o que é. Os nomes de lugares podem evidencias essas marcas, pois são um recorte no plano das significações, um registro do momento em que se deu a nomeação (ANDRADE, 2010, p. 106). Os topônimos, como são apresentados nestes três capítulos analisados, nos permitem compreender a ligação entre eles e a sua motivação: resgate de uma memória que se inscreve neles. Ao resgatar essa 3 Local onde os padres reuniam os indígenas com o propósito de ensinar-lhes a cultura europeia.

memória é possível compreender o surgimento e a formação desses lugares. Da forma como aparecem os nomes de lugares nos livros é possível explorá-los a partir dos elementos toponímicos (história, memória, identidade, etimologia/origem), trabalhando de uma forma mais interativa. Introduzir, apresentar ou acrescentar aos conteúdos, por exemplo, informações complementares acerca da etimologia/origem do nome e da formação geo-histórica do lugar podem proporcionar uma leitura mais ampla sobre os nomes de lugares (mais especificadamente, os acidentes humanos). Uma possibilidade didática que pode ser inserida no livro é a utilização de boxes e janelas a fim de apresentar informações relevantes para a compreensão do tema estudado em cada capítulo. LITERATURA CITADA ANDRADE, Karylleila dos Santos; DICK, Maria Vicentina de Paula do Amaral. Os nomes de lugares em rede: um estudo com foco na interdisciplinaridade. Domínios de Linguagem, v. 6, n. 1, 1 Semestre 2012. Disponível em: <http://www.seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem>. Acesso em: 25 mar. 2013. ANDRADE, Karylleila dos Santos. Atlas toponímico de origem indígena do estado do Tocantins: Atito. Goiânia: Ed. da PUC de Goiás, 2010. ISQUERDO, Maria Aparecida Negri; SEABRA, Maria Cândida Trindade Costa de. A trilha dos buritis no vocabulário onomástico-toponímico: um estudo na toponímia de Minas Gerais e de Mato Grosso do Sul. In: BARROS, Lidia Almeida; ISQUERDO, Maria Aparecida Negri (Orgs.). O léxico em foco. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Fundamentos de metodologia científica, 5. ed. São Paulo : Atlas 2003. PILETTI, Nelson; PILETTI, Claudino; TREMONTE, Thiago. História e vida integrada, 9º ano, 4 ed. São Paulo: Ática, 2009.. História e vida integrada, 8º ano, 4 ed. São Paulo: Ática, 2009. AGRADECIMENTOS "O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq Brasil"