Lista de Espécies e Citogenética de peixes da região de Tangará da Serra, Bacia do Alto Paraguai, Mato Grosso, Brasil

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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE Lista de Espécies e Citogenética de peixes da região de Tangará da Serra, Bacia do Alto Paraguai, Mato Grosso, Brasil DIONES KRINSKI Cuiabá-MT -2008-

ii UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE Lista de Espécies e Citogenética de peixes da região de Tangará da Serra, Bacia do Alto Paraguai, Mato Grosso, Brasil DIONES KRINSKI Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas, do Instituto de Biociências, para obtenção do título de Mestre em Ecologia e Conservação da Biodiversidade. Fonte Financiadora Cuiabá-MT -2008-

iii Orientador Professor Doctor Science Carlos Suetoshi Miyazawa Universidade Federal de Mato Grosso/Instituto de Biociências Programa de Pós Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade

iv Banca Examinadora Professor Doctor Science Carlos Suetoshi Miyazawa Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Programa de Pós Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade Professor Doctor Science Orlando Moreira Filho Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Programa de Pós Graduação em Genética e Evolução Professora Doctor Science Liano Centofante Universidade Federal de Mato Grosso/Instituto de Biociências Departamento de Biologia e Zoologia Professora Doctor Science Jeane Marlene Fogaça de Assis-Barreto Universidade Federal de Mato Grosso/Instituto de Biociências Departamento de Biologia e Zoologia

v Agradecimentos Pensar em agradecimento, é pensar em pessoas que em algum momento de suas vidas estiveram e compartilharam comigo a realização deste trabalho. É pensar inclusive nas que não estiveram e que, por isso, também contribuíram para que eu seja a pessoa que sou hoje. Mas neste momento, agradeço especialmente as pessoas que me estimularam a prosseguir neste percurso, contribuindo com críticas e palavras de acolhimento, de maneira ativa ou silenciosa, mas sempre muito significativas para mim. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT) pela concessão da bolsa de estudo; À Universidade Federal de Mato Grosso, através do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas na pessoa da Coordenadora Cátia Nunes. Ao Professor Carlos Suetoshi Miyazawa, que apesar de alguns desentendimentos que ocorreram no início do mestrado, conseguimos nos acertar ao longo do caminho e estamos dando a volta por cima, muito obrigado professor, você colaborou para o meu amadurecimento científico. Aos colegas do Laboratório de Citogenética: Elisângela Oliveria Santana Dantas, Ademil Domingos do Nascimento, Oesley Caetano do Nascimento Lomas, Edson Junior do Carmo, Edson Lourenço da Silva, Rodrigo Correa Miguéis Jacob, Luis Henrique Boccchi, Bélin Poletto Mezzomo, Caroline Barros de Castro, Juliana Boyanoski do Nascimento, Thalyta Pimenta Jara, Raquel Evelyn Garcia Martins, Felipe França Gomes e em especial à Sandra Mariotto pelas conversas e discussões enriquecedoras sobre citogenética e outros assuntos em geral e também por emprestar sua máquina fotográfica digital!!!! Se não fosse ela este trabalho, e o trabalho de muitos no laboratório não seriam possíveis, muito obrigado mesmo. À todos os colegas da turma de Mestrado de 2006/2008, em especial à Tú (Tamaris Gimenez Pinheiro), Edson Lourenço da Silva, Fabiana Aparecida da Silva, Luiz Solino e Maitê Tambeline que também me emprestou sua máquina fotográfica em alguns momentos. Obrigado a todos pelos momentos que passamos neste período. Agradeço todo dia por ter conhecido vocês. Agradeço também aos professores, Liano Centofante, Jeane Marlene Fogaça de Assis-Barreto e Adelina Ferreira, que participaram da minha aula de qualificação e que muito contribuiram para o enriquecimento deste trabalho.

vi Não poderia me esquecer de agradecer em especial a um colega que me ajudou bastante, muito obrigado mesmo Mahmoud Nagib Mehanna, valeu por todas as dicas, aprendi muito contigo rapaz!. À Universidade do Estado de Mato Grosso - Campus Universitário de Tangará da Serra em nome do Professor Anderson Fernandes por disponibilizar a utilização do Laboratório de Biologia Geral para a realização de algumas técnicas citogenéticas; Aos amigos de Tangará da Serra, que me auxiliaram na coletas e aplicação de algumas técnicas, Joelma Teixeira Soares, Gesivânia Pires dos Reis e Bruna Magda Favetti (Te amo guria! Uiii delícia!!!). Agradeço muito ao colegas e amigos da CIA Art Expressão, em nome da nossa mestra Elka Victorino, pois compreenderam minha ausência nos momentos que estava mais puxado o trabalho no laboratório. Nunca me esquecerei de vocês; Róbson Oliveira, Rafael Cerigatto, Gisele Moreno, Danieli Ito, Camila Antunes, Marina Thommen, Letícia Motta, Ádrian D Agostino, Thiago Passos, Roberta Ferreira, Kenne Heuser, Iverson Escudero, Elídio Corrêa, Natália Lins, enfim, a todos que passaram pela CIA no momento que eu participei. Sucesso moçada!!!! Finalmente agradeço à minha família. Deixei-a por último porque não estava encontrando as palavras certas para expressar a gratidão e o afeto que sinto por eles. Ainda não encontrei, mas vou tentar assim mesmo. Sou eternamente grato aos meus pais Claúdio Krinski (se cuida pai... te AMO MUITO) e Marlete Florentino (essa sim é guerreira!), aos meus irmãos Anderson Krinski e Rodrigo Dilmar Krinski (juízo gurizada!!!) e aos meus tios Marcia Neitzke Florentino e Vilson Florentino e primos Luiz Rangel e Jéssica Florentino pelo apoio incondicional em todos os momentos, sem o qual eu não teria chegado até aqui. AMO VOCÊS! Por fim, agradeço àqueles que contribuíram direta ou indiretamente para a minha formação, MUITO OBRIGADO!!!!

vii O Fracasso O fracasso não significa que sou uma pessoa sem rumos; significa que tive suficiente fé para experimentar. O fracasso não significa que sou um sujeito sem sorte; significa que tive a coragem de tentar. O fracasso não significa a ausência de métodos; significa que os tenho de uma maneira diferente. O fracasso não significa que sou inferior; significa que não sou perfeito. O fracasso não significa que desperdicei meu tempo; significa que tenho uma desculpa para recomeçar. O fracasso não significa que devo dar-me por vencido; significa que devo agir com maior perseverança. O fracasso não significa que nunca atingirei meus objetivos; significa que necessito maior paciência. O fracasso não significa que Deus me abandonou; significa que Ele deve ter um Projeto melhor para mim. (Jonh Maxwell)

viii -Sumário- Lista de Figuras... X Lista de Tabelas... XV Resumo... 1 Abstract... 2 Introdução Geral... 3 Objetivos...17 Material e Métodos...17 Indução de Metáfase...20 Obtenção de cromossomos mitóticos em peixes...20 Detecção da Heterocromatina Constitutiva...21 Impregnação por nitrato de prata...22 Análises Cromossômicas...22 Nomenclatura dos Cromossomos...23 Resultados e Discussão...23 CAPÍTULO I...24 Lista de peixes de riachos de cabeceiras da Bacia do Alto Paraguai, município de Tangará da serra, estado de Mato Grosso, Brasil...24 CAPÍTULO II...38 Estudo cariotípico em lambaris Brachychalcinus restrospina (Characidae: Stethaprioninae) da Bacia do Alto Paraguai, Mato Grosso, Brasil....38 CAPÍTULO III...46 Estudos citogenéticos de quatro espécies de lambaris do gênero Astyanax (Pisces, Characidae, Incertae sedis) de riachos da Bacia do Alto Paraguai, Mato Grosso, Brasil...46

ix CAPÍTULO IV...68 NORs múltiplas em lambari Knodus chapadae (Characidae: Incertae sedis) de um riacho de cabeceira da Bacia do Alto Paraguai, Tangará da serra, mato grosso, brasil (Submetido para a Revista Neotropical Ichthyology)...68 CAPÍTULO V...80 Análises cariotípicas em duas espécies de Anostomidae (Characirformes, Characidae) da Bacia do Alto Paraguai, Mato Grosso, Brasil....80 Considerações Finais...92 Referência Bibliográfica Geral...93

x Lista de Figuras Figura 1. Região Neotropical, uma das seis grandes regiões zoogeográficas, limitada pela linha vermelha. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0) com adaptações.. Figura 2. Principais Bacias Hidrográficas que ocorrem no Estado de Mato Grosso. Esta região é considerada o grande dispersor de águas. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0) com adaptações. Figura 3. Bacia do Alto Paraguai: ocupa dois estados brasileiros (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) e também a Bolívia. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0) com adaptações. Figura 4. Área de abrangência do Pantanal Matogrossense Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0) com adaptações. Figura 5. Biomas encontrados no Estado de Mato Grosso. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0) com adaptações. Figura 6. Município de Tangará da Serra mostrando a divisão entre a Bacia Amazônica e a Bacia do Alto Paraguai. No detalhe (círculo), a região deste estudo. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo i³geo Versão 4.0) com adaptações. Figura 7. Município de Tangará da Serra em relação à capital Cuiabá. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo i³geo Versão 4.0) com adaptações. Figura 8. Biomas encontrados no município de Tangará da Serra. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0) com adaptações. Figura 9. Áreas de Terras indígenas no município de Tangará da Serra. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0) com adaptações. Figura 10. Tipos de solos encontrados no município de Tangará da Serra e região. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0) com adaptações.

xi Figura 11. Riachos na região de Tangará da Serra onde foram realizadas as coletas dos peixes: Córrego Porco Morto (14 39' 46.86"S - 57 44' 35.82"W), Córrego Formiga (14 30' 58.05"S - 57 35' 23.80"W), Córrego BURITI (14 37' 23.01"S - 57 28' 46.80"W) Córrego do Ermindo (14 36' 34.12"S - 57 27'19.28"W), Corrego São Jose (14 33' 48.89"S - 57 24' 32.51"W). Córrego Vilá Olímpica (14 36' 14.64"S- 57 30' 02.34" W), Córrego Santa Fé (14 33'59.01"S - 57 34'43.82"W), Corrego Seco (14 37'42.76"S- 57 33'52.19"W), Córrego Anél Viário (14 39'35.46" S - 57 30'37.14"W) e Córrego Estaca (14 39'17.86"S - 52 27'19.89"S). Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0) com adaptações. Figura 12. Outras áreas de coleta para fins citogenéticos: Rio Sepotuba, na região da cachoeira conhecida como Salto Maciel (14º41 34.92 S 57º48 13.81 W), município de Tangará da Serra; Rio Angelim (14 44 9.58 S 57 17 5.69 W), munícipío de Nova Olímpia; e Rio Paraguai (15 04 36 S 57 10 54 W), município de Barra do Bugres. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0) com adaptações. Figura 13. Riachos na região de Tangará da Serra onde foram realizadas as coletas dos peixes: Córrego Porco Morto (14 39' 46.86"S - 57 44' 35.82"W), Córrego Formiga (14 30' 58.05"S - 57 35' 23.80"W), Córrego BURITI (14 37' 23.01"S - 57 28' 46.80"W) Córrego do Ermindo (14 36' 34.12"S - 57 27'19.28"W), Corrego São Jose (14 33' 48.89"S - 57 24' 32.51"W). Córrego Vilá Olímpica (14 36' 14.64"S- 57 30' 02.34" W), Córrego Santa Fé (14 33'59.01"S - 57 34'43.82"W), Corrego Seco (14 37'42.76"S- 57 33'52.19"W), Córrego Anél Viário (14 39'35.46" S - 57 30'37.14"W) e Córrego Estaca (14 39'17.86"S - 52 27'19.89"S). Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0) com adaptações. Figura 14.1. Algumas espécies fotografadas: (a) Parodon nasus; (b) Leporellus vittatus; (c) Leporinus striatus; (d) Characidium cf. fasciatus; (e) Characidium cf. zebra; (f) Steindachnerina brevipinna e (g) Serrapinus microdon. Barras: 1 cm. Figura 14.2. Algumas espécies fotografadas: (h) Astyanax cf. abramis; (i) Astyanax asuncionensis; (j) Astyanax lineatus; (k) Astyanax marionae; (l) Astyanax cf. scabripinnis; (m) Jupiaba acanthogaster; (n) Bryconops melanurus; (o) Knodus chapadae; e Moenkhausia dichoura. Barras: 1 cm.

xii Figura 14.3. Algumas espécies fotografadas: (q) Moenkhausia sanctaefilomenae; (r) Moenkhausia aff. intermedia.; (s) Hoplias malabaricus; (t) Corydoras cf. aeneus; (u) Hypostomus gr. cochliodon; (v) Hypostomus sp.; (x) Ancistrus sp. e (w) Rineloricaria parva.. Barras: 1 cm. Figura 14.4. Algumas espécies fotografadas: (y) Rhamdia cf. quelen; (z) Cichlasoma cf. dimerus; (aa) Crenicichla cf. lepidota. Barras: 1 cm. Figura 15. (a) Exemplar de Brachychalcinus restrospina, coletado no Rio Angelim (b) (14 44 9.58 S 57 17 5.69 W), muninípio de Nova Olímpia/MT. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0) com adaptações. Barra: 1cm. Figura 16. Cariótipo de Brachychalcinus restrospina, evidenciando os pares de cromossomos metacêntricos, submetacêntricos, subtelocêntricos e acrocêntricos (2n=50-16m+24sm+6st+4a). Figura 17. Metáfase de Brachychalcinus restrospina, mostrando as Regiões Organizadoras de Nucléolos em um par de cromossomos subtelocêntricos (setas), evidenciadas pela técnica impregnação por Nitrato de Prata (AgNO 3). Figura 18. (a) Astyanax cf. abramis; (b) Astyanax cf. asuncionensis; (c) Astyanax marionae; (d) Astyanax cf. scabripinnis. (e) Locais de coleta na região de Tangará da Serra onde foram realizadas as capturas dos peixes estudados. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0) com adaptações. Barras: 1cm. Figura 19. (a) Cariótipo de Astyanax cf. abramis, evidenciando os pares de cromossomos metacêntricos, submetacêntricos, subtelocêntricos e acrocêntricos (2n=50), distribuídos em 8m+32sm+4st+6a e com número fundamental=94. (b) Metáfase de Astyanax cf. abramis, mostrando as regiões heterocromáticas (setas), evidenciadas pela técnica de Banda C, em várias regiões dos cromossomos. (c) Metáfase de Astyanax cf. abramis, mostrando as regiões organizadoras de nucléolos (setas), em um par de cromossomos subtelocêntricos, evidenciadas pela técnica impregnação por nitrato de prata (AgNO 3). Figura 20. (a) Cariótipo de Astyanax cf. asunscionensis, evidenciando os pares de cromossomos metacêntricos, submetacêntricos, subtelocêntricos e acrocêntricos (2n=50), distribuídos em 20m+12sm+12st+6a e com número fundamental=94. (b) Metáfase de Astyanax cf. asunscionensis, mostrando as regiões heterocromáticas

xiii (setas), evidenciadas pela técnica de Banda C, em várias regiões dos cromossomos; (c) Metáfase de Astyanax cf. asunscionensis, mostrando as regiões organizadoras de nucléolos (setas), evidenciadas pela técnica impregnação por nitrato de prata (AgNO 3) em um par de cromossomos subtelocêntrico. Figura 21. (a) Cariótipo de Astyanax marionae (2n=48), evidenciando os cromossomos distribuídos em 12m+10sm+12st+14a e com número fundamental igual à 72. (b) Metáfase de Astyanax marionae, mostrando as regiões heterocromáticas (setas), e (c) metáfase de Astyanax marionae, mostrando as regiões organizadoras de nucléolos (setas) em um par de cromossomos submetacêntrico. Figura 22. (a) Cariótipo de Astyanax cf. scabripinnis, evidenciando os cromossomos (2n=50), distribuídos em 12m+10sm+10st+18a e com número fundamental=82. (b) Metáfase de Astyanax cf. scabripinnis, mostrando as regiões heterocromáticas (setas), e (c) Metáfase de Astyanax cf. scabripinnis, mostrando as regiões organizadoras de nucléolos em um par de cromossômico (setas). Fig. 23. (a) Exemplar de Knodus chapadae e (b) local de coleta na região de Tangará da Serra onde foram realizadas as capturas dos peixes estudados. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0 com adaptações. Barra: 1cm. Figura 24. Cariótipo de Knodus chapadae, evidenciando os pares de cromossomos metacêntricos, submetacêntricos, subtelocêntricos e acrocêntricos (2n=52-14m+14sm+14st+10a). Figura 25. Metáfase de Knodus chapadae, mostrando as regiões heterocromáticas (setas), evidenciadas pela técnica de Banda C, em várias regiões dos cromossomos. Figura 26. Metáfase de Knodus chapadae, mostrando as regiões organizadoras de nucléolos (setas) do tipo múltiplas, com duas (a), três (b) e quatro (c) marcações evidenciadas pela técnica impregnação por Nitrato de Prata (AgNO 3). Figura 27. Núcleos interfásicos mostrando (a) dois, (b) três, (c) quatro e (d) cinco nucléolos. Figura 28. (a) Leporinus striatus e (b) Leporellus vitattus. Locais de coleta das espécies (c) Salto Maciel-Tangará da Serra/MT-14º41 34.92 S 57º48 13.81 W e (d) Rio Paraguai-

xiv Barra do Bugres/MT-15 04 36 S 57 10 54 W. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0) com adaptações. Barras: 1 cm. Figura 29. Cariótipo de Leporellus vittatus, evidenciando os pares de cromossomos metacêntricos e submetacêntricos (2n=54), com número fundamental igual à 108. Figura 30. (a) Metáfase de Leporellus vittatus, mostrando as regiões heterocromáticas (setas), em várias regiões dos cromossomos; e (b) as regiões organizadoras de nucléolos (setas). Figura 30. Cariótipo de Leporinus striatus, evidenciando os cromossomos metacêntricos e/ou submetacêntricos (2n=54) e número fundamental igual à 108. Figura 31. Coloração sequencial: (a) metáfase de Leporinus striatus corada com Giemsa; (b) metáfase mostrando as regiões heterocromáticas (setas), evidenciadas pela técnica de Banda C, em várias regiões dos cromossomos; e (c) as regiões organizadoras de nucléolos (setas), evidenciadas pela técnica impregnação por nitrato de prata (AgNO 3).

xv Lista de tabelas Tabela 1. Espécies de peixes já estudadas citogenéticamente na Bacia do Alto Paraguai, Mato Grosso. Tabela 2. Lista de espécies de peixes de riachos de cabeceiras afluentes da margem esquerda do rio Sepotuba, município de Tangará da Serra, Mato Grosso. Tabela 3. Informações cromossômicas das espécies de Astyanax já estudadas na Bacia do Alto Paraguai.

1 Resumo O rio Sepotuba é um importante afluente da Bacia do Alto Paraguai sendo um dos seus principais tributários. Sua nascente, como o seu leito e riachos constituem um divisor de águas entre esta bacia e a Bacia Amazônica. Assim, estudos ictiofaunísticos, enfocando a diversidade de espécies e dados citogenéticos foram realizados com os peixes de 10 riachos afluentes da margem esquerda do rio Sepotuba, na região de Tangará da Serra-MT. Para a coleta de levantamento da ictiofauna utilizou-se peneira nas margens dos riachos, tarrafa e 3 redes de arrasto em um transecto fechado de 30 metros ao longo de cada corpo d água. Para os estudos citógenéticos, as espécies foram coletas apenas com tarrafa e encaminhadas ao laboratório para a realização de técnicas citogenéticas clássicas. O levantamento ictionfaunístico dos córregos estudados revelou 31 espécies pertencentes a 4 ordens, 11 famílias e 22 gêneros. Os estudos citogenéticos mostraram os seguintes resultados: Astyanax marionae (2n=48-12m+10sm+12st+14a), Astyanax cf. abramis (2n=50-8m+32sm+4st+6a), Astyanax cf. asuncionensis (2n=50-20m+12sm+12st+6a), Astyanax cf. scabripinnis (2n=50-12m+10sm+10st+18a), Brachychalcinus restrospina (2n=50 16m+24sm+6st+4a), Knodus chapadae (2n=52-14m+14sm+14st+10a), Leporellus vittatus e Leporinus striatus (2n=54) mostrando que algumas espécies tem a macroestrutura cariotípica semelhante. No que diz respeito à microestrutura cromossômica das espécies estudadas temos o seguinte: as regiões heterocromáticas foram evidenciadas na maioria das espécies, sendo encontrada espécies com várias regiões ricas em heterocromatina e outras com poucas regiões heterocromáticas. As regiões organizadoras de nucléos (Ag-NOR) foram de dois tipos entre as espécies, tanto simples quando múltipla. Os resultados encontrados são inétidos para a região estudada e ainda há muito mais para se estudar. Uma vez que trabalhos em riachos de cabeceira são escassoz e uma série de lacunas ainda existe em várias áreas da ictiologia nestes ambientes. Palavras-chave: cromossomos, biodiversidade, Pantanal.

2 Abstract List of species and Cytogenetics of fish in freshwaters from Tangará da Serra region, Alto Paraguai Basin, Mato Grosso, Brazil. The Sepotuba river is an important tributary of the Upper Paraguay Basin being one of its main tributaries. His nascent, such as your botton (river bed)and streams constitute a landmark of waters, between this basin and the Amazon Basin. Thus, studies of ichthyofauna focusing the diversity of species and cytogenetic data with fish were taken in 10 streams tributaries of the left border of Sepotuba river in the region of Tangará da Serra-MT. To capture of listing ichthyofauna use sieve on the border of streams, tarrafa and 3 the trawl in a closed transect of 30 meters along each body of water. For cytogenetic studies, the species were collected with only tarrafa and brought to the laboratory for the application of classical cytogenetic techniques. The study of ictionfauna the streams surveyed revealed 31 species distributed on 4 orders, 11 families and 22 genus. The cytogenetic studies showed the following results: Astyanax marionae (2n=48-12m+10sm+12st+14a), Astyanax cf. abramis (2n=50-8m+32sm+4st+6a), Astyanax cf. asuncionensis (2n=50-20m+12sm+12st+6a), Astyanax cf. scabripinnis (2n=50-12m+10sm+10st+18a), Brachychalcinus restrospina (2n=50 16m+24sm+6st+4a), Knodus chapadae (2n=52-14m+14sm+14st+10a), Leporellus vittatus and Leporinus striatus (2n=54) showing that some species have a similar macrostructure karyotype. Regarding chromosomic microstructure of the species studied have the following: heterochromatic regions were evidenced in the majority of species, and species found with various regions rich in heterochromatin and others with few heterochromatic regions. The Nucleolus Organizers Regions were of two types among the species, both simple when multiple. The results are unpublished for the region studied and there is still much more to learn. Since work in the headwaters streams are scarce and numerous gaps still exists in various areas of ichthyogy these environments. Key-words: chromosome, biodiversity, Pantanal.

3 Introdução Geral Os padrões de distribuição dos animais no planeta conduziram a divisão dos continentes em oito grandes regiões zoogeográficas: Australiana, Antártica, Etiópica; Neotropical, Neártica, Oceânica, Oriental e Paleártica (DARLINGTON, 1957). Os limites de cada região e sua fauna refletem a história dos grupos animais e também das modificações da superfície da terra que permitiram ou impediram a migração dos animais (STORER & USINGER, 1979). Estas regiões podem ainda ser subdividas, para efeitos de estudo, em unidades menores. Segundo Nichio & Oliveira (2006) a região Neotropical corresponde quase que exatamente com o que conhecemos como Latinoamérica, extendendo-se desde o Deserto de Sonora, no limite entre os Estados Unidos e México, até o limite sul do continente americano (Figura 1). Figura 1. Região Neotropical, uma das seis grandes regiões zoogeográficas, limitada pela linha vermelha. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0) com adaptações. A distribuição de um organismo não pode ser considerada estática, de forma que o mesmo pode ampliar ou reduzir os seus limites geográficos (MAYR, 1977). Assim, definir

4 com exatidão a amplitude de distribuição de uma espécie, ou grupo de espécies não é uma tarefa trivial 1. A presença ou ausência de uma ou mais espécies em determinados ambientes não depende somente das condições especificas de um habitat particular, mais também da disponibilidade de outras áreas apropriadas para alimentação, reprodução e refúgio adjacentes a esse habitat (LOWE-McCONNELL, 1999). Segundo Reis et al. (2003) a ictiofauna Neotropical de água doce é bastante rica, no entanto, Ribeiro (2006) relata que apesar do muito que se sabe atualmente sobre as relações evolutivas e história dos diversos grupos de peixes neotropicais, o conhecimento da taxonomia de grande número de peixes neotropicais de água doce necessita de maiores informações para permitir uma inferência segura das relações filogenéticas. A ictiofauna da região Neotropical é a mais diversificada no mundo, com aproximadamente 5.000 espécies descritas e distribuídas em 71 famílias (REIS et al., 2003; BUCKUP et al., 2007). Entretanto, as estimativas atuais para esse número de espécies tendem a aumentar pela ampla diversidade de ambientes presentes e razões que envolvem fatores históricos e ecológicos na América do Sul (SCHAEFER, 1998; VARI & MALABARBA, 1998). Na região Neotropical, os grupos de peixes encontrados são em sua maioria Characiformes e Siluriformes, que evidenciam uma notável radiação adaptativa iniciada durante o isolamento da América do Sul no Terciário (LOWE-McCONNELL, 1987). Schaefer (1998), em uma avaliação das tendências históricas de descrição de espécies entre as Famílias Characidae e Loricariidae, calculou que poderiam existir cerca de 8.000 espécies de peixes de água doce neotropicais correspondendo a 25% de todas as espécies de peixes do mundo. A Superordem Ostariophysi, composta pelas ordens Gonorynchiformes, Cypriniformes (carpas), Characiformes (curimbas, lambaris, piaus), Gymnotiformes (poraquês, sarapós, tuviras) e Siluriformes (bagres, cascudos, jundiás), constitui o mais diversificado grupo de peixes de água doce no planeta (ROSEN & GREENWOOD, 1970; FINK & FINK, 1981, 1996; NELSON, 2006). Nota-se então, que em relação à ictiofauna Neotropical, muito ainda se tem a descobrir em número de espécies (BÖHLKE et al., 1978), principalmente quando se diz respeito a riachos 2 de cabeceiras, onde diversas localidades foram pouco ou nada exploradas. Böhlke et al., (1978) fazem uma comparação sobre a exploração de vários sistemas e colocam que: O conhecimento dos peixes do grande sistema Paraná-Paraguai é muito limitado em relação ao tamanho e a complexidade de sua fauna. 1 trivial: sabido de todos; notório; comum, vulgar, corriqueiro (FERREIRA, 2004). 2 riachos: curso de água estreito pouco volumoso e de pequena extensão (FERREIRA, 2004).

5 Castro (1999) relata que os riachos de cabeceiras apresentam ictiofauna pouco conhecida e extremamente ameaçada por ações antrópicas 3, de forma que é urgente o estudo de sua composição taxonômica, uma vez que o registro de espécies desconhecidas de peixes ainda é mais comum nestas regiões de cabeceiras (VARI & MALABARBA, 1998), por serem geralmente menos exploradas e estudadas. Além disso, estas regiões são caracterizadas pelo alto grau de endemismo 4, que possivelmente pode estar relacionado ao isolamento dos grupos ali presentes (BUCKUP, 1999). Os estudos aplicados a riachos de cabeceiras têm enfocado primordialmente os efeitos de distúrbios ambientais e sua relação com a dinâmica das populações de peixes (SCHLOSSER, 1995). Os riachos Neotropicais são compostos principalmente pelas ordens Characiformes e Siluriformes. A primeira apresentando predomínio da família Characidae, representadas principalmente pelos gêneros Astyanax, Hyphessobrycon, Bryconamericus, e a segunda, é a mais especiosa de todas as ordens, representada principalmente pela família Pimelodidae e Loricariidae, pelos gêneros Hypostomus e Pimelodus (BUCKUP, 1999). Segundo o mesmo autor, não há dados suficientes analisando as relações da ictiofauna com os diversos tipos de riachos. Da região Centro-Oeste do Brasil partem rios para quase todas as principais Bacias Hidrográficas 5 brasileiras (Figura 2). Por esse motivo, esta região é considerada como o grande dispersor de águas, tanto para o norte quanto para o sul do País (SOUZA, 1984). De uma maneira privilegiada, o estado do Mato Grosso sozinho, possui representantes de peixes de praticamente todos os grupos presentes na região Neotropical (BRITSKI et al., 1999), no entanto, uma série de lacunas ainda existe em várias áreas da ictiologia, e os trabalhos com levantamentos de espécies de peixes ainda são restritos no estado (MELO et al., 2003; MARQUES & RESENDE 2005; MELO et al., 2005; VERÍSSIMO et al., 2005; MELO, T. et al., 2007; MACHADO 2007; FERNANDES 2007). Dentre todas as bacias que ocorrem no Mato Grosso, a de grande importância para a região, é a bacia do Paraná-Paraguai (Figura 3). Ela é formada por rios de planície, sendo os principais: Paraná, Uruguai e Paraguai (SOUZA, 1984). Juntos, eles drenam uma área correspondente a 10,5% do território brasileiro. Conforme Lowe-McConnell (1999), o sistema Paraná-Paraguai compreende o 2º maior sistema de drenagem da América do Sul, com 3,2 milhões de km². 3 ação antrópica: (poluição) qualquer alteração direta ou indireta das propriedades físicas, térmicas, biológicas ou radioativas de qualquer parte do ambiente (BRIGANTE & ESPÍNDOLA, 2003). 4 endemismo: em relação a uma espécies, significa que essa espécie está restrita a uma região ou localidade espedífica (BORGES-OSÓRIO & ROBINSON, 2002; FERREIRA, 2004). 5 bacia hidrográfica: área total de drenagem das águas que alimentam determinada rede de rios e tributários (BRIGANTE & ESPÍNDOLA, 2003).

6 Figura 2. Principais Bacias Hidrográficas que ocorrem no Estado de Mato Grosso. (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0) com adaptações. Figura 3. Bacia do Alto Paraguai: ocupa dois estados brasileiros (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) e também a Bolívia. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0) com adaptações.

7 Segundo Allem & Valls (1987), dos rios que compõem esse sistema hidrográfico, o que mais se destaca, com relação as suas influências sobre a região do Pantanal 6 (Figura 4), é o rio Paraguai, podendo ser considerado o mais importante, perante os inúmeros rios que percorrem a região, principalmente por atravessar toda a área, possuindo 2.730Km de extensão. Também é importante mencionar, que possui diversos afluentes 7 com zonas de influência na área do Pantanal Mato-grossense, como os rios Miranda, Aquidauana, Bento Gomes, Taquari, Nabileque, Cuiabá, entre outros. Parece possível que algumas das feições atuais desse sistema hidrográfico, ao longo dos tempos geológicos, colaboraram e ainda colaboram no estabelecimento e manutenção de uma ictiofauna tão diversa e, para alguns grupos, surpreendentemente tão similar, quanto aquela das bacias Amazônica e do Paraná-Paraguai (VENERE, 1998). Essa grande riqueza refletida na complexidade de ambientes, diversidades de espécies e suas inter-relações, tem despertado inúmeras indagações aos olhos de diferentes pesquisadores e áreas. A região da Bacia do Alto Paraguai, desta forma, vem aguçando interesses tanto nacionais como internacionais, devido a sua dinâmica de funcionamento e biodiversidade que abriga (ALLEM & VALLS, 1987). Pois, além da presença de três bacias hidrográficas o Mato Grosso possui também três biomas distintos (Figura 5), sendo a Floresta Amazônica, o Cerrado, e o Pantanal, que são caracterizados principalmente pelos fatores climáticos (temperatura e umidade) e formações vegetais relacionados à latitude. Segundo Mittermeier et al., (2005) o Cerrado, segundo maior bioma do Brasil (depois da Amazônia), considerado um dos 34 hotspots - áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade - constitui a mais extensa região de savana da América do Sul. O bioma compreende um mosaico de diferentes tipos de vegetação, determinados principalmente pelas condições do solo. A única formação florestal é o cerradão, uma floresta seca de cobertura fechada que alcança 7m de altura nos solos mais férteis. O Cerrado stricto sensu é uma savana com uma camada herbácea bem desenvolvida, árvores pequenas, arbustos e palmeiras sem tronco. Outras formações são o campo sujo e o campo limpo. Matas de galeria não são formações típicas do Cerrado, mas são comuns na paisagem, abrangendo uma rede interconectada de habitats ao longo de rios de três das maiores bacias hidrográficas brasileiras. Klink e Machado (2005) ainda relatam que das aproximadas 1200 espécies de peixes de água doce encontradas nas regiões de Cerrado, não é sabido a quantidade de espécies endêmicas para este bioma, enquanto Mittermeier et al., (2005) fazem uma estimativa de que cerca de 25% das espécies de peixes encontradas no Cerrado são 6 pantanal: lagos de água doce ( baías ) que periodicamente (durante as cheias) se conectam com os rios e lagos de água salobra ( salinas ) (ESTEVES, 1998). 7 afluentes: curso de água que flui para um rio de maior grandeza, lago ou reservatório (BRIGANTE & ESPÍNDOLA, 2003).

8 endêmicas e que apesar de sua extensão e relevância para a conservação da biodiversidade, o Cerrado é pouco representado no sistema brasileiro de áreas protegidas. Figura 4. Área de abrangência do Pantanal Matogrossense Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0) com adaptações. Figura 5. Biomas encontrados no Estado de Mato Grosso. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0) com adaptações.

9 Estes ambientes propiciam diferentes habitats e possivelmente interferem para uma maior diversidade de espécies, bem como na diferenciação do número e das espécies presentes em cada bioma. Neste contexto, estudos sobre a ictiofauna Neotropical têm sido realizados com o intuito de verificar a situação real da biodiversidade desta região. Böhlke et al.(1978), relatam que até o final da década de 1970 a América do Sul era uma das regiões de menor conhecimento sobre a sua ictiofauna. Fatores como a riqueza e a complexidade da fauna de peixes, o tamanho dos sistemas fluviais, a dificuldade de amostragem em muitos ambientes de difícil acesso, aliados ao elevado custo das expedições para a coleta de peixes, limitavam o conhecimento sobre a ictiofauna desta região. Até a década de 60, sistematas e taxonomistas baseavam-se principalmente, ou quase que exclusivamente, em dados morfométricos ou comportamentais para definir relações de parentesco ou limites taxonômicos. Contudo, outras variáveis foram assumindo papel de relevância nos estudos evolutivos e taxonômicos. Dentre o elenco de ferramentas atualmente empregado nestes estudos, destaca-se a citogenética. Com o renascimento das leis de Mendel, surgiu a teoria da herança cromossômica, sugerindo que os cromossomos seriam os portadores da informação genética. Desde o início do século XX, a citologia e a genética passaram a sobrepor os conhecimentos em uma área comum, conhecida então como citogenética (GUERRA, 1988). Desde seu surgimento como ciência, muitos autores procuram descrever as dimensões pretendidas com os estudos citogenéticos. Alguns deles como Guerra (1988) relata que essa ciência compreende todos os estudos referentes aos cromossomos, como: sua morfologia, organização, função, replicação. Outros, como Freire-Maia (1988) e Brum (1995), complementam a idéia dizendo que os estudos citogenéticos são uma ferramenta a mais na compreensão dos mecanismos evolutivos, onde se analisam as variações cromossômicas. Tal estudo pode ainda auxiliar a responder questões de biogeografia, conservação, genética de populações, sistemática filogenética e também da taxonomia dos organismos. Os dados citogenéticos tornaram-se um eficiente complemento nos estudos taxonômicos e sistemáticos, cada vez mais necessário para a descrição de espécies animais e vegetais (NOMURA, 1978); revelando informações importantes para uma melhor caracterização das mesmas (BERTOLLO et al., 1986). Os mesmos autores acrescentam que os estudos citogenéticos se fazem importantes principalmente para aqueles grupos que estejam apresentando problemas de classificação, como pode ser exemplificado, particularmente, em complexos de espécies como Astyanax scabripinnis (MOREIRA-FILHO & BERTOLLO, 1991; SOUZA et al., 1995b).

10 Grande parte dos dados obtidos com estudos citogenéticos ainda se refere à aplicação de técnicas relativamente simples como: estudos cariotípicos básicos através da coloração convencional com Giemsa (azul de metileno + eosina diluídos em tampão Sörensen), detecção de regiões organizadoras de nucléolos através do Nitrato de Prata (AgNO 3) e detecção de heterocromatina constitutiva através de Hidróxido de Bário (BaOH). Estas técnicas consideram principalmente três características cromossômicas: tamanho, forma e diferenciação linear. Assim, para que a diferenciação seja precisa é necessária a aplicação de tais técnicas de bandamentos, pois elas permitem analisar, com uso de corantes ou outras substâncias, mudanças químicas e físicas ao longo dos cromossomos, que aparecem como bandas transversais (MACGREGOT, 1993). Os peixes constituem um grupo extremamente favorável para estudo citogenético e evolutivo, uma vez que ocupam uma posição basal na filogenia dos vertebrados (NELSON, 1994). Os estudos citogenéticos em peixes neotropicais iniciaram na década de 60 por pesquisadores europeus e no início da década de 70 por pesquisadores brasileiros (ARTONI, 1996). Estes estudos baseavam-se inicialmente em cortes de tecidos ou esmagamento de embriões, testículos ou tecidos hematopoiéticos tiveram um notável avanço a partir da década de 70, com a utilização da técnica de suspensão de células e secagem ao ar (BERTOLLO et al, 1978). Nos últimos anos, devido à utilização de novas técnicas para análise cromossômica, esses estudos apresentaram um razoável desenvolvimento, o que tem possibilitado a citogenética contribuir mais efetivamente não só para análises filogenéticas e taxonômicas, como para uma maior compreensão da estrutura cromossômica (ANDREATA, 1991). Contudo, embora informações detalhadas acerca da citogenética de peixes estejam cada vez mais disponíveis como ressaltado por Nirchio & Oliveira (2006), o conhecimento do cariótipo destes organismos é ainda bastante reduzido e muito inferior aos de mamíferos e de outros grupos de seres vivos (BRUM, 1994). Como pode-se notar, muito da biodiversidade de peixes neotropicais está por ser conhecida e estudos de sistemática, taxonomia, filogenia e evolução ainda são fatores importantes a serem pesquisados pelos ictiólogos. Em relação aos estudos sobre a citogenética, uma série de trabalhos já foi realizada em alguns rios do Pantanal e no rio Araguaia. No entanto, pela grande diversidade de espécies existentes, muitas ainda desconhecidas da ciência, pode-se dizer que os dados disponíveis são ainda incipientes 8. Dessa forma, a caracterização citogenética de peixes no estado de Mato Grosso, deverá auxiliar a identificação de espécies e consequentemente a quantificação da biodiversidade de nossa região. 8 incipientes: que está no começo, principiante (FERREIRA, 2004).

11 Nos últimos anos, o número de publicações sobre citogenética evolutiva de peixes tem aumentado consideravelmente, principalmente no que se refere às espécies que habitam calha de rios 9 e ambientes lênticos 10. No entanto, trabalhos relativos a ambientes de cabeceiras são escassos (CENTOFANTE, 2003). Muitos trabalhos conhecidos restringemse a levantamentos faunísticos, abordagens taxonômicas ou distribuição longitudinal de espécies (CARAMASCHI, 1986; GARUTTI, 1988; LANGEANI-NETO, 1989) A importância de se estudar os ambientes de cabeceiras dos rios é ressaltada por Lowe-McConnel (1969), quando este afirma que sistemas dos rios tropicais de grande porte permitem que algumas espécies de peixes se isolem geograficamente nas cabeceiras de seus tributários 11, através de barreiras físicas, químicas ou bióticas. Por sua vez, movimentos tectônicos alteram os leitos 12 e os percursos dos rios, causando um rejuvenescimento e fazendo com que trechos de corredeiras não fiquem limitados às cabeceiras, alterando-se com trechos do tipo remanso. Tais alterações nas condições ecológicas permitem um isolamento micro geográfico, com várias espécies de alguns grupos de peixes ficando limitadas a diferentes trechos de um mesmo rio (RIBEIRO, 2006). Centofante (2003) ainda ressalta que os estudos ecológicos e levantamento faunístico em riachos têm aumentado significativamente devido á grande importância deste ecossistema na manutenção da biodiversidade, pois existem diversas espécies que ficam restritas a estes ambientes, portanto não sendo encontradas nos grandes rios. Uma vez que os riachos apresentam condições peculiares, bem como a sua ictiofauna, assim situações climáticas interferem muito mais rapidamente nestes ambientes, quando comparados com os grandes rios. No Estado de Mato Grosso, estudos citogenéticos com peixes são recentes, principalmente quando comparados com o início desta atividade no Brasil, e ocorrem quase que exclusivamente em instituições públicas de ensino superior, como por exemplo, nos laboratórios da Universidade Federal de Mato Grosso, nos Campus Universitários de Cuiabá e Barra do Garças, e nos laboratórios da Universidade do Estado de Mato Grosso, nos Campus Universitários de Cáceres e Tangará da Serra. Vários trabalhos com citogenética de peixes da Bacia do Alto Paraguai já foram e continuam sendo realizados (Tabela 1), no entanto, quando comparamos o número de espécies descritas na região (BRITSKI et al., 1999) com o número de espécies estudadas a nível citogenético, percebemos que nesta região ainda há muito a ser estudado nesta área do conhecimento. 9 calha de rios: sulco por onde passa a vazão principal de um rio (BRIGANTE &ESPÍNDOLA, 2003). 10 ambientes lênticos: ambiente que se refere a água parada, com movimento lento ou estagnado. Antônimo: lótico (BRASIL, 2005). 11 tributário: (ou curso de água afluente) corpo de água que flui para um rio maior ou para um lago ou reservatório (BRASIL, 2005). 12 leito: extensão de terreno mais ou menos profunda, sobre a aqual corre um curso de água (FERREIRA, 2004).

12 Tabela 1. Espécies de peixes já estudadas citogeneticamente na Bacia do Alto Paraguai, Mato Grosso. Espécies 2n Fórmula Cariotípica Número Fundamental Referência Aequidens plagiozonatus 48 ** 66 Reis & Troy, 2007; Soares et al., 2006 Acestrorhynchus pantaneiro 50 22m+14sm+8st+6a 94 Miyazawa, 1995 Ancistrus cf. dubius 44 18m+10sm+8st+8a 72 Ancistrus cf. dubius 42 24m+10sm+8st 84 Ancistrus cf. piriformes*** 56 ** ** Astyanax cf. abramis 50 6m+30sm+8st+6a Astyanax cf. abramis 50 22m+10sm+6st+12a 88 Astyanax cf. abramis 50 12m+14sm+12st+12a?? 94 Marioto, 2003; Mariotto-Dolina et al., 2004; Marioto, 2003; Mariotto & Miyazawa, 2006. Mariotto & Moreira-Filho 2007 Bueno et al., 2006; Miyazawa, 1995 Presente estudo Astyanax bimaculatus 48 6m+10sm+16st+16a 80 Giongo et al., 2006 Astyanax asuncionensis 50 14m+18sm+12st+6a 94 Troy, 2004; Astyanax asuncionensis 50 20m+12sm+12st+6a 94 Presente estudo Astyanax cf. asuncionensis 50 12m+20sm+12st+6a ** Dantas et al., 2006 Astyanax lineatus 50 12m+14sm+12st+12a 88 Troy, 2004 Astyanax lineatus 50 8m+22sm+4st+16a 84 Nascimento, 2006; Astyanax marionae 48 8m+24sm+10st+6a 90 Nascimento, 2007 Astyanax marionae 48 8m+24sm+8st+8a 88 Nascimento 2006; Astyanax marionae 48 12m+10sm+12st+14a 82 Presente estudo Brachychalcinus retrospina 50 16m+24sm+6st+4a 96* Presente estudo Brycon microleps 50 20m+24sm+6a ** Margarido & Galetti 1996 Bryconamericus stramineus 52 14m+4sm+2st+32a ** Troy, 2004 Bryconops melanurus 48 4m+4sm+10st+30a ** Dantas et al., 2006 Charax leticiae 52 16m+10sm+10st+16a 88 Mondin-Freitas, 2004 Charax leticiae 52 12m+12sm+8st+20a 84 Mondin-Freitas, 2004 Charax leticiae 52 10m+16sm+10st+16a 88 Mondin-Freitas, 2004 Charax leticiae 52 8m+14sm+8st+22a 82 Mondin-Freitas 2004 Crenicichla sp. 48 4m+4sm+40a 56 Lima et al., 2006 Ctenobrycon alleni 38 18m+12sm+4st+4a 72 Carmo, 2007 Cynopotamus argenteus 52 14m+16sm+18st+4a 98 Galeocharax humeralis 52 14m+16sm+18st+4a 100 Mondin-Freitas 2004; Mondin-Freitas & Miyazawa, 2006 Mondin-Freitas 2004; Mondin-Freitas & Miyazawa, 2006 Gymnocorymbus ternetzi 52 12m+14sm+12st+12a 86 Miyazawa, 1995 Gymnocorymbus ternetzi 50 12m+20sm+18a 82 Jacob et al. 2008a Hyphessobrucon sp. 50 22m+26sm+2a ** Troy, 2004 Hypoptopoma cf. guentheri 54 10m+14sm+6st+24a 84 Jacob et al., 2008b Jupiaba acanthogaster 50 28m+22sm ** Jupiaba acanthogaster 50 28m+18sm+4st ** Troy, 2004 Lomas et al.; 2006; Lomas, 2006

13 Jupiaba acanthogaster 50 20m+30sm ** Jupiaba acanthogaster 50 22m+20sm+8st ** continuação... Lomas et al.; 2006; Lomas, 2006 Lomas et al.; 2006; Lomas, 2006 Knodus breviceps 52 16m+12sm+12st+12a ** Troy, 2004 Knodus chapadae 52 14m+14sm+14st+10a 94 Presente estudo Leporellus vitattus 54 54m/sm 108 Presente estudo Leporinus friderici 54 32m+20sm+2st 108 Sampaio et al., 2007 Leporinus striatus 54 34m+20sm 108 Mezzomo, 2007 Leporinus striatus 54 54m/sm 108 Presente estudo Markiana nigripinnis 52 24m+8sm+4st+16a 88 Miyazawa 1995 Mylossoma orbignianum 54 ** ** Jesus, 1988 Metynnis maculatus 62 36m+12sm+12st+2a 122 Miyazawa, 1995 Myloplus levis 58 18m+10sm+30a 86 Miyazawa, 1995 Moenkhausia dichoura 50 32+14sm+4st 100 Miyazawa, 1995 Moenkhausia sanctaefilonemae 50+1 12m+30+sm+8st+(b) ** Jara et al., 2007; Jara, 2007 Poptella paraguaiensis 50 10m+26sm14st/a ** Miyazawa, 1995 Psectrogaster curviventris 54 44m+10sm 108 Santos et al., 2006 Roeboides spp. 52 20m+8sm+6st+18a 86 Miyazawa, 1995 Roeboides bonariensis 52 12m+18sm+10st+12a 92 Mondin-Freitas, 2004 Roeboides paranensis 52 10m+14sm+10st+18a 86 Mondin-Freitas, 2004 Roeboides prognatus 52 14m+16sm+10st+12a 92 Mondin-Freitas, 2004 Roeboides prognatus 52 12m+16sm+12st+12a 92 Mondin-Freitas, 2004 Serrasalmus rhombeus 60 18m+sn22+6st+14a 106 Silva et at., 2007 Tetragonopterus argenteus 50 14m+4sm+4st+28a 72 Miyazawa, 1995 Thoracocharax stellatus 54 10m+4sm+2st+38a 70 Miyazawa, 1995 Thoracocharax cf. stellatus 54 6m+2sm+2st+40a ** Silva, 2008 Triportheus sp. 52 34m+12sm+6st 104 Miyazawa, 1995 **informação não fornecida nos trabalhos pesquisados. ***Espécie confirmada como Ancistrus cf. claro (informação pessoal de Mariotto, 2008) Aréa de Estudo O Mato Grosso se destaca pela quantidade de rios e riachos que ocorrem no estado por possuir três bacias hidrográficas distintas. A região de Tangará da Serra ocupa duas bacias hidrográficas, a Bacia do Alto Paraguai e a Bacia Amazônica (Figura 6) tornando-se assim um local de interesse para estudos de peixes, principalmente pelo fato de não existir nenhum trabalho sobre a ictiofauna local. Tangará da Serra, localiza-se na região sudoeste de Mato Grosso, a 230 quilômetros da capital Cuiabá ficando na Latitude 14º 04' 38'' S, e Longitude 57º 03' 45'' W (Figura 7).

14 Figura 6. Divisão entre a Bacia Amazônica e a Bacia do Alto Paraguai. No detalhe (em amarelo), a região deste estudo. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo i³geo Versão 4.0) com adaptações. Figura 7. Município de Tangará da Serra (em verde) em relação à capital Cuiabá (em laranja). Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo i³geo Versão 4.0) com adaptações.

15 A altitude média é de 423 metros acima do nível do mar. Quanto à vegetação, Tangará da Serra dispõe de matas densas nas encostas e no alto da Serra de Tapirapuã e cerrado 13 no alto da Serra dos Parecis, sendo toda a área composta de 55% de matas de transição (ecótono) 14 e o restante de cerrados e campos (PEREIRA, 1999), ocorrendo no município dois biomas, o cerrado e a amazônia 17 (Figura 8). Sua extensão territorial é de 11.423,04 Km2, sendo 53% do território (5.843 Km2), como mostra a figura 9, ocupado por reservas indígenas (OLIVEIRA, 2004). Segundo Miranda e Amorim (2000) os solos do município são representados pela classe dos latossolos vermelhos e vermelho amarelo em sua maioria, ocorrendo também latossolos escuros, terra roxa estruturada e arenosos (Figura 10). As características do relevo do município são marcadas pela topografia plana (95%). Topografias suavemente ondulada e montanhosa respondem por 5%. Figura 8. Biomas encontrados no município de Tangará da Serra. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0) com adaptações. 13 cerrado: tipo de vegetação caracterizado por árvores baixas, retorcidas, em geral dotadas de casca grossa e suberosa, espaçadas e que leva por baixo um tapete de gramíneas (FERREIRA, 2004). 14 ecótono: encontro de dois ecossistemas diferentes; zona de transição florística (ODUM, 1988)

16 Figura 9. Áreas de Terras indígenas no município de Tangará da Serra. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0) com adaptações. Figura 10. Tipos de solos encontrados no município de Tangará da Serra e região. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0) com adaptações.

17 A região compreendida pelo município de Tangará da Serra possui rios e afluentes diversos (nascentes, córregos, riachos, etc) que compõe sua hidrografia. Estes cursos de água estão distribuídos entre a Bacias Amazônica e a Bacia do Alto Paraguai. A sub-bacia hidrográfica do rio Sepotuba ocupa uma área de 984.450 ha representando (1%) da área do estado de Mato Grosso. Está localizada entre as coordenadas do sistema de projeção cartográfica UTM 8.458,830m a 8.217,240m na direção Norte-Sul e 315.608m a 515.708m na direção Leste-Oeste (SERIGATTO et al., 2006). Com o intuito de realizar um levantamento das espécies de peixes de riachos na região de Tangará da Serra, bem como obter através de estudos citogenéticos mais informações sobre as espécies encontradas nesta região da Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai, realizou-se este trabalho. Objetivos Foram objetivos deste trabalho: 1- Realizar um primeiro levantamento da ictiofauna de riachos da região de Tangará da Serra. 2- Caracterizar cromossomicamente distintas espécies de peixes da região de Tangará da Serra. 3- Contribuir para o estudo da evolução cariotípica das espécies de peixes estudadas. Material e Métodos As coletas de peixes foram realizadas em 10 riachos (Figura 11) na região de Tangará da Serra, sendo estes afluentes diretos ou indiretos da margem esquerda do rio Sepotuba, bem como no próprio rio Sepotuba, na região da cachoeira conhecida como Salto Maciel, no rio Angelim no município de Nova Olímpia e também no rio Paraguai, município de Barra do Bugres (Figura 12).

18 Figura 11. Riachos na região de Tangará da Serra onde foram realizadas as coletas dos peixes: Córrego Porco Morto (14 39' 46.86"S - 57 44' 35.82"W), Córrego Formiga (14 30' 58.05"S - 57 35' 23.80"W), Córrego Buriti (14 37' 23.01"S - 57 28' 46.80"W) Córrego do Ermindo (14 36' 34.12"S - 57 27'19.28"W), Córrego São Jose (14 33' 48.89"S - 57 24' 32.51"W). Córrego Vila Olímpica (14 36' 14.64"S- 57 30' 02.34" W), Córrego Santa Fé (14 33'59.01"S - 57 34'43.82"W), Córrego Seco (14 37'42.76"S- 57 33'52.19"W), Córrego Anel Viário (14 39'35.46" S - 57 30'37.14"W) e Córrego Estaca (14 39'17.86"S - 52 27'19.89"S). Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0) com adaptações. Figura 12. Outras áreas de coleta para fins citogenéticos: Rio Sepotuba, na região da cachoeira conhecida como Salto Maciel (14º41 34.92 S 57º48 13.81 W), município de Tangará da Serra; Rio Angelim (14 44 9.58 S 57 17 5.69 W), munícípio de Nova Olímpia; e Rio Paraguai (15 04 36 S 57 10 54 W), município de Barra do Bugres. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Mapa Interativo I 3 Geo Versão 4.0) com adaptações.