A BIOELETRICIDADE DA CANA EM NÚMEROS DEZEMBRO DE 2015 CAPACIDADE DE GERAÇÃO DA BIOELETRICIDADE Em 2014, de acordo com a International Renewable Energy Agency (IRENA), a fonte biomassa apresentou 80.227 MW de capacidade instalada no mundo. 1 O Brasil foi o país com maior capacidade instalada por meio da fonte biomassa, com 15,3% do total mundial. Em segundo lugar ficaram os EUA, com 13,6%, sendo seguidos pela China (11,8%), Índia (6,2%) e Japão (5%). Atualmente, no Brasil, a fonte biomassa já representa quase 10% da potência outorgada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) na matriz elétrica do país, conforme tabela na sequência. Fontes utilizadas no Brasil - Unidades em Operação Origem Potência Outorgada (kw) % Potência Outorgada Hídrica 94.735.000 65,34 Fóssil 27.366.202 18,88 Biomassa 13.854.129 9,56 Nuclear 1.990.000 1,37 Eólica 7.006.413 4,83 Solar 25.283 0,02 Total 144.977.027 100 Fonte: ANEEL (2015). Elaboração: UNICA (2015). Somente a bioeletricidade da cana detém hoje 7,5% da potência outorgada no Brasil e quase 79% da fonte biomassa, sendo a terceira fonte de geração mais importante da nossa matriz elétrica, atrás somente das fontes hídrica e fóssil. Fontes de biomassa utilizadas no Brasil - Unidades em Operação Origem Potência Outorgada(kW) % Potência Outorgada Biomassa de Cana de Açúcar 10.883.141 78,56 Floresta 2.779.647 20,06 Resíduos sólidos urbanos 78.231 0,56 Resíduos animais 1.804 0,01 Biocombustíveis líquidos 4.350 0,03 Casca de Arroz 39.533 0,29 Biogás-Agroindustrial 1.722 0,01 Capim Elefante 65.700 0,47 Total 13.854.128 100 Fonte: ANEEL (2015). Elaboração: UNICA (2015). Em termos de evolução anual de capacidade instalada, a fonte biomassa teve seu recorde no ano de 2010, com 1.750 MW (equivalente a 12,5% de uma Usina Itaipu), resultado de decisões de investimentos antes de 2008, quando o cenário era estimulante à expansão do setor sucroenergético. 1 International Renewable Energy Agency (IRENA). Solid biomass and renewable waste - Renewable energy capacity statistics 2015. Disponível em: <http://www.irena.org/publications>. Acesso em: 30 agosto 2015.
A fonte biomassa, que já chegou a representar 32% do crescimento da capacidade instalada no país, tem previsão de participar em 2016 com apenas 6% da expansão anual da capacidade instalada no Brasil, como se pode observar a seguir. Acréscimo anual de capacidade instalada pela biomassa, 2002-2020, Brasil (MW) Fonte: ANEEL (2015). *Previsão, incluindo projetos com restrição para entrada em operação. Elaboração: UNICA (2015). Representatividade do acréscimo anual de capacidade instalada pela biomassa em relação ao total de acréscimo na matriz de energia elétrica, 2002-2020, Brasil (%) Fonte: ANEEL (2015). *Previsão, incluindo projetos com restrição para entrada em operação. Elaboração: UNICA (2015). A GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA PELA FONTE BIOMASSA Em 2014, a fonte biomassa em geral (incluindo todas as biomassas) ofertou para a rede elétrica 20.815 GWh, representando 4% do consumo total no Brasil naquele ano, conforme tabela a seguir. Quando observamos dados de geração mensal, a oferta pela bioeletricidade se concentra no chamado período seco, com o maior volume de geração acontecendo em meses como agosto de 2014 (2.765 GWh) quando essa fonte chegou a representar 7% do consumo de energia no país inteiro.
A geração pela biomassa continua crescendo em 2015. De janeiro a novembro de 2015, a bioeletricidade já gerou para o Sistema Interligado 20.856 GWh, um valor superior à geração total em 2014. 2 De janeiro a novembro de 2015, a biomassa já gerou o equivalente a abastecer mais de dez milhões de residências durante um ano inteiro. De acordo com a CCEE, em agosto de 2015 a fonte biomassa bateu seu recorde histórico de geração mensal para a rede, chegando a representar 8% do consumo nacional de eletricidade. Consumo de energia na rede e geração para a rede pela biomassa, Brasil, 2014 e 2015 (GWh) Mês Consumo eletricidade Brasil Geração pela biomassa % Biomassa jan/14 40.280 281 1% fev/14 41.653 280 1% mar/14 40.269 498 1% abr/14 39.592 1.212 3% mai/14 39.100 2.197 6% jun/14 37.726 2.503 7% jul/14 37.867 2.352 6% ago/14 38.551 2.765 7% set/14 38.895 2.429 6% out/14 40.100 2.661 7% nov/14 40.950 2.112 5% dez/14 40.351 1.524 4% Total 2014 475.335 20.815 4% jan/15 40.662 496 1% fev/15 40.572 392 1% mar/15 39.779 530 1% abr/15 39.560 1.535 4% mai/15 38.196 2.353 6% jun/15 37.152 2.663 7% jul/15 36.782 2.745 7% ago/15 37.690 3.027 8% set/15 37.701 2.623 7% out/15* 2.356 nov/15* 2.137 Total 2015 20.856 Fonte: CCEE e EPE. Sistema Simples (2015). *Provisório. Out/15: de 1 a 27/10/2015 e Nov/15: de 1 a 30/11/2015. Elaboração: UNICA (2015). Especificamente o setor sucroenergético tem apresentado um crescimento significativo na oferta de eletricidade para o Sistema Interligado. Entre 2013 e 2014, o crescimento na oferta de excedentes para a rede foi de 21%, conforme gráfico abaixo. Desde 2013, o setor sucroenergético vem gerando mais energia elétrica para o Sistema Interligado do que para o consumo próprio das unidades fabris, ficando numa relação 60% de energia para a rede e 40% para consumo próprio em 2014. 2 Comparando com um período de apenas 27 dias de geração no mês de outubro de 2015, pois o dado mensal daquele mês ainda não foi totalizado e divulgado pela CCEE. Valor da geração de bioeletricidade de novembro também é provisório.
Geração de bioeletricidade sucroenergética, 2005-2014, Brasil (TWh) Fonte: MME (2015). Elaboração: UNICA (2015). A oferta à rede de 19,4 TWh em 2014 representou poupar 13% da água nos reservatórios do submercado elétrico Sudeste/Centro-oeste, justamente porque essa geração ocorre na época critica do setor elétrico (período seco). Essa energia renovável e limpa ofertada à rede foi equivalente a ter provido o atendimento a quase 10 milhões de residências ao longo de 2014 e evitou a emissão de 8,3 milhões tco 2. Para atingir a mesma economia de CO 2 por meio do plantio de árvores, seria preciso cultivar 58 milhões de espécies nativas ao longo de 20 anos. Sem essa geração, a matriz de emissões do setor elétrico teria um acréscimo de 18%. A BIOELETRICIDADE SUCROENERGÉTICA NOS LEILÕES REGULADOS De 2004 a 2015, a bioeletricidade sucroenergética já comercializou um total de 120 projetos nos leilões regulados somando 1.622 MW médios (ou 14.209 GWh para entrega anual). Bioeletricidade sucroenergética comercializada nos leilões regulados Ano de venda no leilão MW médios Projetos 2004 135 19 2005 64 5 2006 119 9 2007 115 11 2008 541 31 2009 10 1 2010 191 12 2011 102 12 2012 - - 2013 203 11 2014 90 6 2015 52 3 Total 1.622 120 Fonte: CCEE (2015). Somente UTEs com Custo Variável Nulo e 2004 refere-se ao PROINFA. Elaboração: UNICA (2015). Abaixo, os preços-teto nominais dos últimos leilões de energia nova em que a bioeletricidade participou.
Evolução do preço-teto nominal nos últimos 4 leilões de energia nova - bioeletricidade (R$/MWh) Fonte: CCEE (2015). Elaboração: UNICA (2015). Em 2015, ainda está previsto mais um leilão em que a biomassa poderá participar, mas se trata de um leilão para compra de energia de empreendimentos já implantados. É o Leilão A-1/2015, programado para ocorrer em 11 de dezembro de 2015, que contratará energia de usinas existentes para entrega a partir de 01.01.2016, em contratos de 1, 3 ou 5 anos, com os seguintes preços iniciais para a bioeletricidade: Preço Inicial do PRODUTO DISPONIBILIDADE 1(fonte termelétrica 5 anos): R$ 112,00/MWh; Preço Inicial do PRODUTO DISPONIBILIDADE 2(fonte termelétrica 3 anos): R$ 137,00/MWh; Preço Inicial do PRODUTO DISPONIBILIDADE 3(fonte termelétrica 1 ano): R$ 167,00/MWh. O próximo leilão regulado de energia nova em que a biomassa poderá participar já está agendado para 5 de fevereiro de 2016. Será o Leilão A-5/2016, que contratará energia de novos projetos para entrega a partir de 2021. Para fins de comparação, o total de projetos de geração cadastrados nos leilões A-5 em 2015 e 2016, em MW, por fonte, está disposto abaixo: Projetos de geração cadastrados nos leilões A-5 em 2015 e 2016 (em MW, por fonte) A5 (2020) 30/04/2015 A5 (2021) 05/02/2016 Preço teto: R$ 281/MWh Preço teto: a definir Fonte Projetos MW % MW Projetos MW % MW Hídrica 34 1.126 6% 84 1.548 3% Biomassa 22 1.161 6% 64 3.041 6% Carvão 4 2.100 11% 7 3.056 6% Gás Natural 31 15.439 78% 36 18.741 39% Eólica 0-0% 864 21.232 45% Total 91 19.826 100% 1.055 47.618 100% Fonte: UNICA, a partir de EPE (2015). Biomassa inclui todos os tipos de biomassa usada para a geração de energia elétrica, além do biogás. Em termos de projetos de geração à biomassa cadastrados nos leilões A-5 em 2015 e 2016, por Estado, temos o seguinte quadro:
Projetos de geração a biomassa cadastrados nos leilões A-5 em 2015 e 2016 (em MW, por UF) Início do fornecimento A5 (2020) 30/04/2015 A5 (2021) 05/02/2016 Preço teto: R$ 281/MWh Preço teto: a definir UF MW Projetos MW Projetos Acre 0 0 34 1 Alagoas 57 1 0 0 Amapá 150 3 250 5 Bahia 50 1 199 5 Goiás 185 4 164 3 Mato Grosso do Sul 316 3 706 13 Minas Gerais 91 2 635 11 Paraná 0 0 21 3 Pernambuco 0 0 25 1 Piauí 50 1 275 2 Rio Grande do Sul 42 2 37 1 Roraima 0 0 0 0 São Paulo 219 5 475 14 São Paulo - biogás 0 0 21 1 Tocantins 0 0 199 4 Total 1160 22 3041 64 Fonte: UNICA, a partir de EPE (2015). Biomassa inclui todos os tipos de biomassa usada para a geração de energia elétrica, além do biogás. O POTENCIAL DA BIOELETRICIDADE SUCROENERGÉTICA Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em 2014 existiam 177 unidades sucroenergéticas exportando excedentes de bioeletricidade para a rede de um universo de 355 unidades produtoras, de acordo com a UNICA. Assim, a outra metade de usinas sucroenergéticas, com a biomassa já existente nos canaviais, pode passar por um processo de reforma ( retrofit ), além de aproveitarem plenamente o bagaço, a palha e o biogás da vinhaça, e tornarem-se grandes geradoras de bioeletricidade para a rede. De acordo com o último Plano Decenal de Expansão de Energia, considerando o aproveitamento pleno da biomassa existente nos canaviais em 2014, o potencial técnico da bioeletricidade sucroenergética era sete vezes o volume de oferta para rede em 2014, conforme se observa abaixo. Potencial técnico da bioeletricidade sucroenergética em 2014 (TWh) Fonte: EPE (2015). Potencial de biogás da vinhaça foi calculado pela UNICA. Elaboração: UNICA (2015).