AVALIAÇÃO DA PRECISÃO VERTICAL DOS MODELOS SRTM PARA A AMAZÔNIA. Evaluation of vertical precision SRTM s models to Amazônia

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AVALIAÇÃO DA PRECISÃO VERTICAL DOS MODELOS SRTM PARA A AMAZÔNIA Evaluation of vertical precision SRTM s models to Amazônia Paulo Roberto Alves dos Santos 1,2 Clovis Gaboardi 2 Leonardo Castro de Oliveira 2 1 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Av. República do Chile, 5, 15 o andar 231-17 Centro Rio de Janeiro RJ, Brasil pauloroberto@ibge.gov.br 2 Instituto Militar de Engenharia IME Praça Gal. Tiburcio, 8, 6 o andar - 2229-27 Urca Rio de Janeiro RJ, Brasil {gaboardi, leonardo}@ime.eb.br RESUMO Esse trabalho descreve um experimento de avaliação da precisão vertical dos MDE interferométricos do radar de abertura sintética em banda C do SRTM comparando com MDE da carta topográfica 1:1. e pontos de campo GPS. A área de estudo é delimitada pelos paralelos 2 3 e 3 S e meridianos 59 3 e 6 W, no estado do Amazonas, próximo a cidade de Manaus. Os resultados demonstraram que na área de estudo o apresentou uma avaliação satisfatória da precisão vertical. Neste caso, o foi melhor do que o MDE obtido a partir das informações da carta topográfica. Palavras chaves: missão SRTM, interferometria, modelo digital de elevação, Região Amazônica. ABSTRACT This paper describes an experiment for evaluation of the vertical precision of the SRTM s DEM of the C band of interferometric SAR which was compared with the Topography Chart s DEM 1:1 and the GPS field points. The study area is delimited by the parallels 2 3 and 3 S and meridians 59 3 and 6 W, in the Amazonas State, near Manaus City. The results demonstrated that in the study area the SRTM Mission s DEM showed satisfactory evaluation of the vertical precision. In this case, SRTM s DEM were better than DEM produced by topographic chart information. Keywords: SRTM mission, interferometry, digital elevation model, Amazonian Region. 1. INTRODUÇÃO O Sensoriamento Remoto tem evoluído no sentido de tornar-se uma importante fonte de informações da superfície terrestre para estudos de características topográficas, tais como a elevação do terreno (TOUTIN et al., 2). No Brasil, a Região Amazônica apresenta como característica a cobertura quase que permanente de nuvens, chuvas constantes, presença de fumaça e dificuldade de acesso, o que acarreta uma deficiência de mapeamento topográfico e de informações de recursos naturais. O uso de Sensores Remotos é uma opção para obtenção de informações, embora com limitações no espectro ótico em função de condições atmosféricas desfavoráveis, que dificultam o mapeamento sistemático da região (PARADELLA et al., 21). A interferometria de radar é um método alternativo ao método estereoscópico tradicional de extração de informações altimétricas, utilizando as propriedades de coerência do Radar de Abertura Sintética (SAR) e aproveitando as vantagens dos Revista Brasileira de Cartografia N o 58/1, Abril, 26. (ISSN 188-936) 11

sistemas de radar e do processamento digital de imagens (TOUTIN & GRAY, 2). Por ser um sensor ativo, o radar não necessita de luz solar para o imageamento e, principalmente por atuar na região de microondas do espectro eletromagnético, não sofre a influência do ambiente. Em função destas características a interferometria SAR possibilita a elaboração de Modelos Digitais de Elevação (MDE), tão importantes para a cartografia, geomorfologia, geologia dentre outras, mesmo nas condições adversas encontradas na Região Amazônica. Neste contexto, a missão SRTM (Shuttle Radar Topographic Mission) colocou em órbita em fevereiro de 2 a nave espacial Endeavour. Esta nave levou em seu compartimento de carga um equipamento SAR interferométrico, operando nas bandas C e X. Uma haste mecânica presa à nave, levou em sua extremidade duas antenas receptoras do SAR, bandas C e X (Fig. 1). Ao longo de 11 dias, utilizando a técnica de interferometria de uma passagem, foi imageada 8% da superfície terrestre, compreendendo os paralelos 6 N e 56 S, fornecendo modelos tridimensionais com amplitude da grade de 3 metros (SRTM 1) e 9 metros (SRTM 3) (CHIEN, 2). Essa Missão foi um projeto realizado em conjunto pela NASA (National Aeronautics and Space Administration) e NIMA (National Imaging and Mapping Agency), dos EUA, com participação das agências espaciais DLR (Deutsche Zentrum für Luft-und Raumfhart), da Alemanha, e ASI (Agenzia Spaziale Italiana), da Itália. Os modelos em banda C com 9 m (SRTM-3) estão disponibilizados para o continente Sul Americano, trazendo a expectativa de aplicabilidade para estudos que trarão um maior conhecimento e controle da Região Amazônica. X visando contribuir para o desenvolvimento do mapeamento plano altimétrico e estudos na Região Amazônica. 3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO A área escolhida para desenvolvimento deste estudo é parte da Região Amazônica, no Estado do Amazonas, próxima à cidade de Manaus e está delimitada pelos paralelos 2 3 e 3 S e meridianos 59 3 e 6 WGr. A escolha desta área é justificada pelas seguintes condições: disponibilidade de base cartográfica na escala de 1:1.; disponibilidade de levantamento de campo com GPS; disponibilidade de Modelo SRTM (9 m); ausência de mapeamento plano altimétrico para grande parte da Região Amazônica. 4. FASES DO TRABALHO As fases de desenvolvimento do trabalho são descritas à seguir: 4.1. Edição e preparação da base cartográfica A carta topográfica Efigênio de Salles (SA.21- Y-A-IV), na escala de 1:1., sistema de coordenadas UTM, Datum Horizontal SAD-69 e Datum Vertical Imbituba-SC, editada pela Diretoria do Serviço Geográfico do Exército (DSG) em 1981 foi convertida para meio digital por escanerização e vetorização realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A partir destes arquivos vetoriais fezse edições visando identificar e eliminar as inconsistências dos arquivos utilizando-se o módulo Base Mapper do aplicativo MGE. 2. OBJETIVO Fig. 1 - Missão SRTM- Detalhes do Radar Interferométrico. Fonte: Adaptado de RABUS et al. (23) 4.2. Pontos de campo GPS No levantamento dos pontos de campo da área de estudo, foram utilizados dois receptores GPS Geodésicos de dupla freqüência, modelo Legacy da Javad com 16 Mb de memória, e dois receptores GPS Geodésicos e Cadastrais de uma freqüência, modelo Reliance da Ashtech com 4,5 Mb de memória. Na determinação dos pontos utilizou-se como base o vértice da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC) localizado na 4 a Divisão de Levantamento da Diretoria do Serviço Geográfico do Exército (DSG), situada em Manaus, no Estado do Amazonas. Para determinação das coordenadas dos pontos no modo cinemático, utilizou-se os receptores Geodésicos e Cadastrais Reliance da Ashtech com precisão melhor que submétrica e o aplicativo Reliance Processor. As altitudes Avaliar a qualidade vertical dos Modelos Digitais de Elevação obtidos a partir do Radar Interferométrico em banda C da Missão Shuttle de Radar Topográfico (SRTM) e seu uso na escala de 1:1., dos pontos eram elipsoidais, estavam no sistema UTM Revista Brasileira de Cartografia N o 58/1, Abril, 26. (ISSN 188-936) 12

SAD-69 e foram transformadas para sistema de coordenadas geográficas (Latitude/ Longitude) WGS- 84, utilizando-se o Geographic Calculator. Posteriormente transformou-se os pontos para altitudes ortométricas, a partir da determinação do desnível geoidal de cada ponto. Este desnível foi calculado no programa INTPT.F (NIMA, 24). Finalmente, o arquivo de pontos foi transformado para o formato shapefile no ArcView. 4.3. Modelo digital de elevação da missão SRTM Os modelos SRTM disponibilizados para a América do Sul via internet (USGS, 23) são organizados no formato de 1 por 1 e identificados pelas coordenadas latitude e longitude do canto inferior esquerdo (sudoeste). Exemplificando: S3W6 representa 3 de latitude Sul e 6 de longitude Oeste. Esta coordenada identifica o ponto da grade no canto inferior esquerdo que, no caso de dados para a América do Sul (SRTM-3), estão distanciados de aproximadamente 9 metros em extensão. Cada arquivo contém 121 linhas e 121 colunas e as linhas e colunas das extremidades dos modelos sobrepõem-se e são idênticas às linhas e colunas das extremidades dos modelos adjacentes. As elevações são representadas em metros sem casas decimais e referenciadas para o Datum Vertical WGS-84 EGM96, conforme documentação encontrada em (NIMA, 24). O modelo S3W6, que recobre a área de estudo, foi transferido da rede no formato Height files (hgt), aberto no aplicativo Global Mapper (GLOBALMAPPER, 24) e analisado visando detectar inconsistências no modelo. Este, após análise, apresentou uma variação de altitude negativa de até 29 metros e algumas áreas sem informação de altitude. Conforme BARROS et al. (24) para correção destas inconsistências, pode-se utilizar o aplicativo Blackart, disponibilizado gratuitamente também via internet (TERRAINMAP, 24), para transformar os valores negativos para zero e o aplicativo SRTMFill, também disponibilizado gratuitamente (3DNATURE, 24), para interpolar as áreas sem informação de altitude. Após as correções das inconsistências do modelo utilizou-se o Global Mapper para exportá-lo no formato XYZ. No ambiente ArcView este arquivo foi importado como feição de pontos e, posteriormente, convertido para o formato Gride, com os mesmos parâmetros do arquivo original do SRTM. 4.4. Comparação dos pontos GPS (pontos de controle) com os modelos digitais de elevação da carta e SRTM A comparação entre os MDE s da carta e o SRTM com os pontos de controle (pontos GPS) foi feita no ambiente ArcView, utilizando-se a ferramenta Surface Tools. Gerou-se uma tabela com as altitudes dos pontos de controle e as altitudes dos pontos homólogos nos modelos da carta e SRTM. A partir desta tabela e tomando-se como referência os pontos GPS (Estático e Cinemático), foram feitas comparações levando-se em consideração as Normas Técnicas da Cartografia Nacional definidas no Decreto 89.817 de 2 de Julho de 1984 (CONCAR, 24) para o Padrão de Exatidão Cartográfico (PEC) altimétrico. No capítulo II, artigos 8 e 9, deste decreto são definidas as seguintes características por categoria: categoria A - 9% dos pontos testados devem estar abaixo da metade da eqüidistância entre as curvas de nível (Tolerância vertical), sendo de um terço da eqüidistância o EMQ correspondente, para categoria B - 9% dos pontos testados devem estar abaixo de três quintos da eqüidistância entre as curvas de nível (Tolerância vertical), sendo de dois quintos da eqüidistância o EMQ correspondente e a categoria C - 9% dos pontos testados devem estar abaixo de três quartos da eqüidistância entre as curvas de nível (Tolerância vertical), sendo metade da eqüidistância o EMQ correspondente. Esses valores calculados para a escala de 1:1. são apresentados na tabela 1. TABELA 1 VALORES DO PEC (TOLERÂNCIA VERTICAL E ERRO MÉDIO QUADRÁTICO) PARA AS CLASSES A, B E C, NA ESCALA DE 1:1.. PEC ALTIMÉTRICO Categoria Tolerância EMQ A 25, m 16,6 m B 3, m 2, m C 36,6 m 25, m 4.5. Comparação do com o MDE carta A comparação do com o MDE da Carta (Triangulated Irregular Network-TIN) foi feita dentro do ambiente ArcView utilizando-se a extensão Spatial Analyst, a partir da qual gerou-se uma imagem resultante da subtração entre os modelos SRTM e Carta, chamada imagem diferença. Esta imagem foi reclassificada em quatro classes: de a 25 m, 25 5 m, 5 75 m e 75 9 m, com a finalidade de identificar as áreas onde ocorreram as maiores e menores discrepâncias entre o e o MDE obtido a partir da carta. Os intervalos destas classes foram definidos levando-se em consideração a metade da eqüidistância da carta (25 m) para aplicação do Padrão de Exatidão Cartográfico (PEC). 5. RESULTADOS ENCONTRADOS Os resultados alcançados são apresentados sistematicamente à seguir: 5.1. Comparação dos pontos GPS com os modelos carta (TIN) e SRTM A comparação dos pontos GPS com os Revista Brasileira de Cartografia N o 58/1, Abril, 26. (ISSN 188-936) 13

Modelos Carta (TIN) e SRTM foi feita considerando-se os pontos de controle obtidos de modo estático e cinemático e levando-se em consideração o Padrão de Exatidão Cartográfico (PEC) altimétrico. Analisando o gráfico da tolerância vertical dos modelos (Fig. 2), verifica-se que para o conjunto de pontos de controle estático (26 pontos) o (TIN) apresentou 26,92 % dos pontos com altitudes acima da tolerância, enquanto o MDE do SRTM para o conjunto de pontos de controle estático não apresentou nenhum ponto com altitude acima da tolerância. Em relação ao conjunto de pontos de controle cinemático (418 pontos) o MDE Carta (TIN) apresentou 36,62 % de pontos acima da tolerância e o apresentou 2,39 % de pontos acima da tolerância. Quando considerou-se o total de pontos de controle (444 pontos), o (TIN) apresentou 3,41 % de pontos acima da tolerância, enquanto o apresentou 2,25 % dos pontos acima da tolerância. Se for considerada a tolerância vertical de 25 metros para a escala de 1:1. pode-se considerar que o Modelo SRTM em relação aos pontos GPS, apresenta mais de 9 % dos pontos com precisão de documento cartográfico categoria A. Já o Modelo Carta (TIN) em relação aos pontos GPS não apresentou a mesma qualidade, portanto, não pode ser considerado como categoria A. Nesta análise o apresentou uma diferença de qualidade acentuada em relação ao MDE gerado a partir das informações da carta topográfica. (%) 12 1 8 6 4 2 73,8 26,92 TOLERÂNCIA VERTICAL 1:1. 1, 97,61 97,75 3,62 69,38 3,41 69,59, 2,39 2,25 MODELO E TIPO DE PONTO > TOL < TOL Fig. 2 Porcentagem de pontos por modelo e por tipo em relação a tolerância vertical. O mesmo comportamento é notado ao se fazer a análise usando o EMQ. Analisando-se o gráfico do Erro Médio Quadrático (EMQ) (Fig. 3) dos modelos, verificase que para o conjunto de pontos de controle estático (26 pontos), o (TIN) apresentou um EMQ de 21,489 m, enquanto no foi 7,642 m. Para o conjunto de pontos de controle cinemático (418 pontos) o (TIN) apresentou um EMQ igual a 22,617 m e o 11,245 m. Na comparação, utilizando-se todo conjunto de pontos, o EMQ do foi 22,553 m e o do foi 11,66 metros. Considerando-se o Erro médio Quadrático altimétrico para a categoria A (16,6 m), pode-se considerar que o modelo SRTM em relação ao conjunto de pontos de controle GPS atende aos requisitos de precisão altimétrica de documentos cartográficos categoria A, enquanto que o modelo da carta não atende aos requisitos de precisão desta categoria. EMQ 1:1. Revista Brasileira de Cartografia N o 58/1, Abril, 26. (ISSN 188-936) 14 METROS 25 2 15 1 5 21,489 7,642 22,617 11,245 MODELO E TIPO DE PONTO 22,553 11,66 Fig. 3 Porcentagem de pontos por modelo e por tipo em relação ao EMQ. 5.2. Comparação dos MDE s carta e SRTM Analisando a imagem diferença (Fig. 4), percebe-se o domínio e a distribuição de forma homogênea da classe que representa a faixa de variação de a 25 m. A faixa de 25 a 5 m ficou concentrada, na sua grande maioria, próxima as calhas dos rios. A classe de valores entre 5 e 75 m também ficou concentrada próxima as calhas dos rios. Face ao exposto, fica nítido que as maiores diferenças entre as altitudes dos dois modelos da área de estudo concentram-se nas regiões próximas aos rios. Vale ressaltar também que a classe de diferenças de a 25 m é a de maior expressão, ocupando 76,237 % da área total, seguido das classes de 25 a 5 m, que ocupa 23,11 %, 5 a 75 m que ocupa,752 % e de 75 a 9 m que ocupa,1 % (Fig. 5). Quando se compara a imagem diferença com os pontos cotados da carta (62) e as RN s (24) (Fig. 6) encontra-se 96,512 % dos pontos abaixo da tolerância vertical (25 m), enquanto 3,488 % encontram-se na faixa de 25 a 5 m, levando-se a concluir que nas partes do (TIN) que tinha pontos cotados ou RN s o modelo apresentou qualidade compatível com documento cartográfico categoria A. Esta constatação é um indício de que onde existem informações altimétricas o MDE gerado pela carta possui boa qualidade, o que não acontece no restante do (TIN), pois por se tratar de uma área de baixa amplitude altimétrica dispõe de pouca informação hipsométrica (curvas de nível e pontos cotados). Isto fomenta a idéia de se desenvolver novos estudos que caracterizem a qualidade dos modelos SRTM, visando sua utilização como opção à construção dos modelos elaborados a partir de cartas topográficas na escala de 1:1., para áreas com estas características de relevo, como é o caso de grande parte da Região Amazônica.

Fig. 4 Diferença entre MDE s SRTM e Carta com os pontos da carta Revista Brasileira de Cartografia N o 58/1, Abril, 26. (ISSN 188-936)

(%) 8 6 4 2 DIFERENÇA SRTM - CARTA 76,237 23,11,752,1-25 m 25-5 m 5-75 m 75-9 m Fig. 5 Diferença entre os MDE s SRTM e Carta agrupados em 4 classes. (%) RNs+PONTOS/ Imagem Diferença 1 5 96,512-25 m 25-5 m 3,488,, 5-75 m 75-9 m pré-requisitos para documentos cartográficos classe A na escala 1:1.. Neste estudo, fica evidente o grande potencial do Radar Interferométrico em banda C, através do, para informações altimétricas da Região Amazônica, embora seja relevante ressaltar a importância do tratamento das inconsistências do modelo antes de utilizá-lo, evitando-se assim erros que poderiam influir no resultado final do trabalho. Na análise da Imagem diferença percebe-se que as classes de 25 a 5 m e de 5 a 75 m estão concentradas nas proximidades dos rios, levando-se a concluir que as maiores diferenças entre as altitudes dos dois modelos da área de estudo ocorrem nas regiões de mais baixas altitudes. A principal conclusão deste estudo foi a pertinência da idéia de utilização dos modelos SRTM para áreas com características de baixa variação de altitude, tornando-se portanto interessante a continuidade da pesquisa em outras áreas, juntamente com um maior tratamento estatístico aplicado a anális e dos resultados. Fig. 6 Comparação dos pontos da carta com a imagem diferença. 6. CONCLUSÕES Vale ressaltar que o estudo realizado buscou a representatividade de uma carta na escala de 1:1. do mapeamento topográfico sistemático e da legislação vigente para classificação de documentos cartográficos, e portanto, não deve ser generalizado para outras áreas sem que haja novos estudos. Considerando-se os resultados obtidos neste estudo pode-se dizer que: O apresentou melhores resultados altimétricos quando comparado ao MDE gerado a partir da carta, utilizando-se como referência os pontos de controle GPS. Os resultados foram melhores, tanto em relação a tolerância vertical, quanto ao Erro Médio Quadrático (EMQ) altimétrico para a escala de 1:1.. O na comparação com o conjunto de pontos de controle estático, apresentou um índice de acerto de 1 % em relação a tolerância vertical. No conjunto de pontos de controle cinemático, apresentou um índice de acerto de 97,61 % e no total de pontos (estático e cinemático) o índice foi de 97,75 %. Em relação ao Erro Médio Quadrático (EMQ), o para o conjunto de pontos de controle estático, apresentou um EMQ de 7,642 m. Para o conjunto de pontos cinemático, o EMQ foi 11,245 m e para o total de pontos (estático e cinemático) foi 11,66 m. Quando compara-se os resultados alcançados pelo com a tolerância vertical (25 m) e o EMQ (16,6 m) os valores apontam padrão classe A para a escala de 1:1.. Sendo assim as informações altimétricas do para a área de estudo preenchem todos os REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROS, R.S; CRUZ, C.B.M.; REIS, R. B.; ROCHA, E.M.F.; BARBOSA, L.G. Avaliação do modelo digital de elevação do SRTM na ortorretificação de imagens SPOT4 estudo de caso: Angra dos Reis-RJ, Recife, 24. CHIEN, P. Endeavour maps the workld in three dimensions. Geoworld, n. 37, p. 32 38. Abril 2. CONCAR Decreto 89 817 de 2 de Julho de 1984. Disponível em: http://www. concar.ibge.gov.br/fcca32.htm. Acesso: 1 novembro 24. GLOBAL MAPPER Software para leitura de modelos SRTM. Disponível em: http://www.globalmapper.com/download.html. Acesso: 19 setembro 23. NIMA Informações sobre WGS84, EGM96. Disponível em: http://www.nima.mil/gandg/wgsegm. Acesso: 6 Novembro 24. PARADELLA, W.R.; CECARELLI, I.C.F.; OLIVEIRA, C.G.; LUIZ, S.; MORAIS, M.C.; COTTINI, C.P. A geração de modelos digitais de elevação pela estereoscopia de radar: conhecimento atual e resultados com imagens radarsat-1 na Amazônia. In: X SBSR, Foz do Iguaçu, 21. Anais, 21. RABUS, B.; EINEDER, M.; ROTH, A.; BAMLER, R. The shuttle radar topography-a new class of digital elevation models acquired by space borne radar- ISPRS. Journal Revista Brasileira de Cartografia N o 58/1, Abril, 26. (ISSN 188-936) 16

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