AUTOS N.º: 3260-62.2015.4.01.3309 CLASSE: 15601 INQUÉRITO POLICIAL DECISÃO O Ministério Público Federal ofereceu denúncia em face de MANOEL RUBENS VICENTE DA CRUZ, MARCOS TÚLIO LARANJEIRA ROCHA, HERMÓGENES NOGUEIRA NETO, GERSON SANTANA PORTO FILHO, LUCENETE DA SILVA NEVES, MARIA ELIZA PINTO MALHEIROS, VALDETE ROSA MARTINS PRADO e ANDRÉ LUIS COSTA DONATO, estribada nos documentos colacionados ao inquérito policial, no qual se apurou a ocorrência dos supostos crimes a seguir descritos: a) Simulação e montagem da Carta-Convite nº 26/2008. Segundo a denúncia, o então prefeito de Palmas de Monte Alto/BA, MANOEL RUBENS VICENTE DA CRUZ, e o Secretário de Saúde MARCOS TÚLIO LARANJEIRA ROCHA, acompanhados dos agentes públicos municipais HERMÓGENES NOGUEIRA NETO, GERSON SANTANA PORTO FILHO, LUCENETE DA SILVA NEVES, bem como dos particulares VALDETE ROSA MARTINS PRADO, NORBERTO DONATO MALHEIROS (falecido) e ANDRÉ LUIS COSTA DONATO, teriam fraudado o caráter competitivo da Carta-Convite nº 026/2008, com o intuito de obter vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação. Tal conduta caracteriza, em tese, a prática Pág. 1/5
do crime descrito no artigo 90 da Lei nº 8.666/93. b) Crimes de falsidade ocorridos na Carta-Convite nº 026/2008. Consta da exordial acusatória que HERMÓGENES NOGUEIRA NETO, GERSON SANTANA PORTO FILHO e LUCENETE DA SILVA NEVES, prevalecendose de seu cargo, utilizaram documento público sabidamente falso no bojo da Carta-Convite nº 026/2008, mediante auxílio material de ANDRÉ LUIS COSTA DONATO, com o fito de escamotear a ilicitude da contratação da Pessoa Jurídica Limpel e de ludibriar os mecanismos de auditoria/fiscalização. Desse modo, teriam incorrido na prática do crime previsto no art. 299, p. único, c/c art. 304, c/c art. 29, todos do Código Penal. Mediante cota de denúncia (fls. 330/2), esclarece o MPF que o falsum acima mencionado não teria esgotado sua potencialidade lesiva na adjudicação ilícita do objeto licitado para a empresa Limpel, mas também teria visado ao acobertamento das ilicitudes a fim de ludibriar os órgãos de fiscalização, sobretudo o TCU, o TCM e o sistema de Auditoria do Sistema Único de Saúde - SUS. Dessa forma, tratar-se-ia de crime autônomo. c) Desvio de dinheiro público. A denúncia descreve ainda a suposta prática do crime tipificado no art. 1º, Pág. 2/5
inciso I do Decreto-Lei nº 201/67, pelos acusados MANOEL RUBENS VICENTE DA CRUZ, HERMÓGENES NOGUEIRA NETO, GERSON SANTANA PORTO FILHO, LUCENETE DA SILVA NEVES, MARIA ELIZA PINTO MALHEIROS, VALDETE ROSA MARTINS PRADO e ANDRÉ LUIS COSTA DONATO. É o relatório. Decido. Considerando que um dos delitos imputados aos acusados possui procedimento especial, passo à análise individualizada de cada uma das imputações. Sobre as imputações pela prática dos crimes previstos no artigo 90 da Lei nº 8.666/93 e no art. 299, p. único, c/c art. 304, c/c art. 29 do Código Penal, observo que a denúncia está formalmente perfeita, contendo a narrativa minuciosa dos fatos com todas as suas circunstâncias. Observo ainda que estão presentes os indícios mínimos de materialidade e autoria, sendo de rigor o recebimento da peça acusatória quanto a tais condutas. Por outro lado, quanto ao delito previsto no art. 1, do DL 201/67, observo que a norma de regência estabelece procedimento diferenciado, exigindo a notificação dos acusados para fins de oferecimento de defesa preliminar, de modo que o juízo de admissibilidade da peça acusatória, quanto a esse crime, deve ser postergado para após a apresentação da referida peça de defesa. Pág. 3/5
Ante o exposto, recebo parcialmente a denúncia oferecida pelo MPF quanto aos crimes previstos no artigo 90 da Lei nº 8.666/93 e no art. 299, p. único, c/c art. 304, c/c art. 29 do Código Penal. Quanto ao crime previsto no Decreto-Lei 201/67, determino a notificação dos denunciados na forma do art. 2º, inciso I do mesmo diploma legal. Juntadas as respostas ou transcorridos os prazos in albis, façam-me os autos conclusos para análise do recebimento da denúncia nesse ponto. Postergo a determinação de baixa no respectivo Inquérito Policial, com distribuição da Ação Penal, bem como a determinação de citação dos acusados, para após o juízo de admissibilidade da denúncia em razão da prática do crime de desvio de dinheiro público. Por fim, indefiro os pedidos de natureza cautelar formulados pelo MPF na cota de denúncia (afastamento de sigilo bancário e fiscal), uma vez que esses constituem incidente processual que devem ser processados em autos apartados, a fim de não tumultuar o bom andamento da ação penal. Remetam-se os autos ao MPF a fim de mover a ação própria, instruída com cópia da documentação pertinente e distribuída por dependência à presente. Publique-se. Intime-se o MPF. Cumpra-se. Pág. 4/5
Guanambi/BA, 22 de Julho de 2016. (assinado digitalmente) FILIPE AQUINO PESSÔA DE OLIVEIRA Juiz Federal Pág. 5/5