TRINDADE 1 INTRODUÇÃO: A TRINDADE DE DEUS 1.1 O QUE SIGNIFICA O TERMO?

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Transcrição:

TRINDADE 1 INTRODUÇÃO: A TRINDADE DE DEUS 1.1 O QUE SIGNIFICA O TERMO? A palavra triuno pode ser facilmente subdividida em duas palavras separadas, então o sentido já aparece: tri uno. Em outras palavras, três elementos que formam uma unidade, sendo que estes elementos não subsistem simplesmente para si, mas fazem parte sempre dos outros. Também podemos expressá-lo em termos matemáticos, então a dificuldade que temos com a palavra e a realidade da trindade aparece mais nitidamente: 3=1. A partir da nossa fé entendemos a palavra assim: Deus é Pai, Filho e Espírito Santo. 1.2 POR QUE CREMOS NA TRINDADE DE DEUS? Agora com razão podemos perguntar: por que cremos na trindade divina, por que ela é necessária, por que discutir uma doutrina tão difícil e complicada ainda por cima no estudo bíblico? De fato, a palavra trindade nem aparece na Bíblia. No entanto estamos diante do fato de que Jesus Cristo não é citado somente como filho de Deus no Novo Testamento, mas também recebe o título de Kyrios (Senhor), que no AT é indicativo de Deus. Da mesma forma o Espírito Santo é declarado como divino. Ambos, tanto Cristo como também o Espírito Santo, são adorados no canto e na oração no nosso contexto de hoje. Se Jesus não fosse Deus, sua morte não teria significado. Se o Espírito Santo não fosse Deus mesmo, não poderíamos crer nem nos santificar. Não sem razão os de fora poderiam dizer: os cristãos na verdade têm três deuses. Mas o AT exige e diz categoricamente: Deus é UM e só existe UM Deus. Daí a necessidade da doutrina da trindade. Cremos em UM Deus, o Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Como a própria Bíblia nos coloca diante deste problema, que nunca compreenderemos em sua totalidade (por exemplo: Como Deus pode estar morrendo pendurado na cruz e ao mesmo tempo estar no céu ou como Jesus pode sentar à direita de Deus, se ele mesmo é Deus?) temos a responsabilidade e o dever de refletir sobre ele e não podemos nos esquivar disso. (I Pe 3:15)

1.3 COMO PODEMOS COMPREENDER A TRINDADE? Eu sei que é muito difícil explicar a trindade de Deus com um exemplo. Pois no fundo procura-se explicar algo para a nossa razão, que ela na verdade não consegue captar. Mesmo assim quero dar um exemplo, pois eu creio que precisamos de algo que nos ajude a refletir e melhor compreender a trindade. Mas todos devem ter clareza sobre o fato que este exemplo não é perfeito e naturalmente não explica a trindade totalmente. Todos nós conhecemos água e todos nós conhecemos vapor d água, quando a água começa a ferver ou as nuvens no céu que também são vapor d água. Também todos nós conhecemos gelo, no mínimo no Congelador, alguns também já viram neve ou geada. O surpreendente é que apesar de água, gelo e vapor serem tão diferentes, eles são sempre o mesmo elemento, a mesma matéria. Quimicamente falando, H 2 O. A água existe como vapor, como líquido e como gelo, mas permanece sempre água, H 2 O. Mais ou menos assim podemos imaginar a trindade: Deus é Pai, Filho e Espírito Santo, ele se nos revela como Pai, Filho e Espírito Santo, mas ele é sempre UM e O MESMO Deus que vem ao nosso encontro como Pai, Filho e Espírito Santo. Mesmo assim posso contemplar cada modo de ser de Deus individualmente. Mas este exemplo rapidamente torna-se inválido, pois a água não pode aparecer ao mesmo tempo nos seus três estados. Aliás, isto sempre acontece na trindade. As três formas de ser de Deus aparecem simultaneamente, ou em outras palavras, quando Deus estava em Jesus no mundo entre os homens, o céu não estava vazio. 1.4 CONSEQÜÊNCIAS DA TRINDADE. Se agora refletimos sobre a natureza de Deus e discutimos separadamente sobre o Pai, Filho e Espírito Santo, temos de ter em mente que estamos falando do mesmo Deus e que as qualidades que atribuímos ao Pai, por exemplo, também podem ser encontradas no Filho e no Espírito Santo. Mesmo assim cada forma de ser de Deus têm suas características específicas. Tentei expressar isto usando a mesma subdivisão para cada um dos três aspectos: obra / revelação / relacionamento. Essas três palavras são usadas com freqüência para descrever a trindade como tal: Deus, o Pai, atua na criação e em nós. Deus o Filho revela-se à sua criação e à nós como o Deus salvador e reconciliador. Deus, o Espírito Santo se relaciona conosco de forma íntima, consoladora e condutora.

2 DEUS PAI 2.1 SUA OBRA 2.1.1 DEUS CRIA E INVENTA As primeiras páginas da Bíblia descrevem Deus como o criador, ordenador e aquele que estrutura o mundo e o universo. Deus criou e estruturou este mundo, com tudo que ele contém e nele vive. Deus também criou o ser humano assim como ele é na sua imagem, como dois sexos. Ele é um Deus criador e inventor. 2.1.2 DEUS PRESERVE Deus preserve e cuida de sua criação. Isto torna-se evidente de muitas formas no AT. O homem foi incumbido de cuidar da criação. Deus mantém e cuida da humanidade também apesar da sua pecaminosidade. Deus cuida do homem depois da queda (Gn 3:21), ele até protege o primeiro assassino (Gn 4: 13-15). Seu agir como mantenedor e preservador aparece especialmente em suas palavras após o dilúvio (Gn 9:12-16). Seu esforço e seu cuidado para com a criação continua até aos dias de hoje. Semeadura e colheita, saúde, reprodução, desenvolvimento e crescimento são expressão da sua obra mantenedora. Quando lemos a história de Deus com seu povo, da escolha de Abraão até ao retorno da escravidão babilônica, sempre de novo ficaremos admirados de como Deus cuida de sua criação e de seu povo. Ele escolheu o seu povo e cuidou dele para no final das contas salvar sua criação e curar a através de sua própria encarnação em Jesus Cristo. Assim chegamos ao Novo Testamento. Também aqui Deus está agindo, criando e protegendo. Através de Cristo ele realiza nossa salvação, cria para si mesmo um povo novo, seus filhos, dá-lhes nova vida. Ele preserve sua criação. 2.2 SUA REVELAÇÃO 2.2.1 DEUS É CRIADOR Deus revela-se no Pai como criador. Como criador ele é a autoridade máxima sobre sua obra. Várias vezes lemos a comparação com o oleiro na Bíblia. Aqui fica claro que Deus tem autoridade em sua obra, que ele é o Senhor. Ninguém chega perto dele, ele é absoluto. Ele domina, é dominador absoluto. Em Deus o Pai como criador vemos qualidades como: eterno, onipotente, maravilhoso, onisciente etc. Como criador ele também é Senhor e juiz sobre sua criação. Ninguém se iluda de que possa tornar Deus pequeno ou dar-lhe tapinhas amigáveis nas costas. Ele é o Senhor. Não é em vão que lemos no AT as palavras temor e respeito em relação à Deus. Aos seus olhos somos como capim que murcha ao entardecer. Deus é nosso Deus criador.

2.2.2 DEUS É O MANTENEDOR Mais uma segunda qualidade de Deus vem à tona agora no AT. Ele é aquele que cuida e mantém sua criação. Nessa sua atuação ele se revela como fiel, cuidadoso e justo. Deus mostra-se como pai, que ama, mas por amor também pode disciplinar. Ele revela-se como pai amoroso, que cuida de seus filhos amorosamente como uma choca cuida de seus pintinhos. Ele presenteia seu povo com ordenanças para a vida, ele salva, protege, perdoa, levanta e ajuda a sair da dificuldade. Em seu agir mantenedor Deus se revela como verdadeiro pai. 2.3 RELACIONAMENTO RECÍPROCO 2.3.1 ADORAÇÃO Deus é o objetivo da nossa adoração. Podemos apenas reconhecer admirados sua grandeza, que vem à nós e se reflete na criação, seja na formação do mundo vegetal e animal, ou na humanidade. Estamos diante de Deus nosso criador em grata e admirada adoração. Deus como criador está tão acima de nós, que lhe são devidos honra e adoração, pois nem um outro é como ele. 2.3.2 TEMOR E RESPEITO De outro lado temor e respeito determinarão nosso relacionamento com ele. Ele está acima de nós, de nenhum modo podemos ser equiparados com ele. Dar-lhe a glória e encontrá-lo está necessariamente relacionado com temor, pois diante dele reconhecemos nossa imperfeição como pecadores. Com razão nós na verdade só podemos esperar castigo. Ele é e permanece nosso criador e Senhor. Não podemos nos permitir faltar com temor e respeito. 2.3.3 ALVO DE NOSSA ESPERANÇA E CONFIANÇA Como suas criaturas estamos em constante dependência dele. Nossa vida, nossa saúde, nosso crescimento e desenvolvimento estão em sua mão. Ele somente pode nos dar aquilo que precisamos para a nossa vida, por isso Deus, o Pai, como criador é alvo de toda nossa esperança. Pois ninguém mais pode nos dar vida. Como Pai ele também é digno de confiança, ele merece que confiemos nele. Pois ele se mostra como o Pai que deseja nosso bem e nossa salvação. Portando podemos esperar em Deus e confiar nele. 2.3.4 OBEDIÊNCIA Porque Deus é nosso criador e Pai, nós lhe devemos obediência. Nós falamos, pensamos, e trabalhamos com responsabilidade diante dele. 2.3.5 ORAÇÃO

Deus se revela no AT como Pai. Portanto posso vir a ele como filho. Isso significa que posso agradecer, pedir, queixar-me e relatar sobre meu estado, pois ele é o bom pai, o doador de todas as coisas. Como Pai posso confiar nele e me sentir seguro com ele. Não venho a ele como cúmplice ou amigo, mas como meu criador e Senhor, que se revela como meu pai celestial. Deus é assim o alvo e o meu interlocutor na oração. Jesus nos ensina a orar: Nosso pai no céu... Deus, nosso pai no céu é nosso interlocutor na oração. Quero aqui com todo o cuidado fazer um questionamento sobre nossa vida de oração. Na Bíblia na grande maioria dos casos sempre é orado ao Pai. O Espírito Santo nunca é alvo da adoração, nem destinatário das orações. Ele é, sim, o intermediário das nossas orações, não o alvo da oração. Jesus Cristo também encontramos raramente como destinatário das (tirar: nossas) orações e da nossa adoração. Pois justamente é sua incumbência nos reconciliar com Deus o Pai, para que novamente possamos orar: Nosso Pai nos céus... Nos evangelhos ele é o filho obediente de seu pai, que não se faz a si mesmo como objeto de adoração.

3 DEUS - FILHO Talvez o mais fácil para nós seja falar de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Aqui não encontramos aquele Deus criador, que no primeiro momento nos parece distante, e nem o Espírito Santo que muitas vezes nos parece difícil de ser compreendido. Geralmente conhecemos melhor as histórias do NT, especialmente os evangelhos, que as histórias do AT ou as cartas do NT. No entanto, é de grande valor ocupar-se uma vez aprofundadamente com a questão, por que Deus se tornou homem em Jesus Cristo. Quero pedir cordialmente àqueles que não leram a introdução sobre a trindade, que o façam agora. Pois Deus o Filho é somente um aspecto da trindade de Deus. 3.1 SUA OBRA 3.1.1 DEUS NOS RECONCILIA CONSIGO MESMO Como ainda vamos estudar detalhadamente nas próximas semanas, somos pecadores desde o nascimento e assim permanecemos até ao fim de nossa vida. Este estado nos separa de Deus. Estamos apartados de Deus. Nós não podemos alcançá-lo por nossos meios, pois tudo o que fazemos está sob o estigma do pecado. A única possibilidade consiste em que Deus nos reconcilia consigo mesmo. Isto ele faz através de seu filho Jesus Cristo, que morreu na cruz por nós. Existem vários exemplos ou comparações na Bíblia que expressam sua reconciliação conosco através de Cristo: somos devedores perante ele, e ele nos perdoa nossa culpa. Carregamos o peso do nosso pecado, agora Cristo o carrega sobre a cruz. Ele nos lava do nosso pecado. Ele lança nosso pecado nas maiores profundezas do mar. Cristo é nosso advogado e intercessor diante de Deus. Cristo é a oferta, que é trazida em nosso lugar. A Bíblia usa todas essas comparações para expressar o fato de que Deus nos reconciliou consigo mesmo. Deus, o Filho, cria reconciliação, une o que estava separado pelo pecado. 3.1.2 DEUS NOS CURA Deus não somente reconcilia em Cristo, mas também cura. Esta cura é um processo vitalício, que não terá fim aqui e também não pode ser medido objetivamente. Através de sua obra salvífica ele realiza salvação. Salvação entre ele e nós, salvação entre nós mesmos, e salvação entre nós e sua criação. As conseqüências destruidoras do pecado foram quebradas. Elas ainda agem, mas quem pertence a Cristo é uma nova criatura. Ele não precisa mais obedecer às forças destruidoras do pecado. Ele não é mais escravo do pecado, por isso o processo de cura nele já começou. O fato de que reconciliação não significa somente a cura do nosso relacionamento com Deus é muito bem expresso nas muitas curas de doenças, que Deus efetua através de Cristo. Da mesma forma no ato de acalmar a tempestade e na multiplicação dos pães. O Reino de Deus se iniciou em Cristo. 3.1.3 DEUS SE REVELA Além da obra de reconciliação e da cura Deus ainda uma terceira cousa no Filho. Ele se revela em Cristo. Em Cristo vemos o Pai. Ele nos mostra seu ser. Quem conhece a Cristo, conhece o Pai. Jo

1:18 expressa esse fato de uma forma muito boa. Em Jesus Deus se mostrou aos homens, nele ele se aproximou dos homens. Muitas coisas sobre Deus que até agora estavam ocultas a nós homens, ele revelou em Jesus Cristo. 3.2 SUA REVELAÇÃO Se agora refletirmos sobre quais qualidades e que natureza Deus nos revela no Filho, poderíamos citar muitas coisas, mas em princípio vejo três pontos importantes: 3.2.1 DEUS É AMOR Jesus Cristo mostrou-nos o amor de Deus. De tal maneira Deus amou ao mundo que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3:16). Deus nos ama tanto que ele mesmo foi à cruz por nós, na pessoa de seu Filho. Quem duvida do amor de Deus, olhe para a cruz. Em nenhum outro lugar do mundo e em nenhum outro tempo Deus mostrou seu amor por nós de forma tão arrebatadora. O discípulo João escreveu mais tarde em sua carta: Deus é amor (I Jo 4:8). Quem deseja ler sobre o amor de Deus, que nos apareceu em Jesus, leia a primeira carta de João. Paulo descreve este amor divino e altruísta em I Co 13. 3.2.2 DEUS É GRACIOSO O segundo ponto importante de sua revelação em Cristo é sua graça. Ele é propício a nós pessoas humanas. A Lei nos condena. Se fosse pela lei de Deus, também estaríamos mortos, julgados e punidos. Mas em Cristo somos justificados sem as obras da lei. A graça de Deus nos dá a salvação sem nossa participação. Graça significa que eu recebo algo imerecido, que eu não fiz nada para merecer. Alguém com prisão perpétua está na cadeia pagando por um crime horrível. Então ele é libertado através de uma amnistia. Ele não fez nada por isto. A lei que o colocou na prisão é ignorada e ele pode ir para casa. Deus é gracioso. Ele se revela em Cristo como o Deus da graça. 3.2.3 DEUS ESTÁ AO NOSSO LADO No AT muitos vezes parece como que Deus estivesse bem distante e longe de nós. Ele como criador parece distanciado. Mas em Cristo ele mostra a sua proximidade. Ele se tornou homem. Ele tinha fome e sede, sofreu dores, foi denunciado e zombado, feito ridículo e ele chorou. Deus se tornou homem. Em Jesus Deus mostra a sua proximidade e sua compreensão para com nós. O que nós vivenciamos e sofremos ele mesmo conhece da própria experiência. Deus quer se relacionar com nós, ele não quer ser o Deus distante. Ele quer ser próximo à nós como seres humanos.

3.3 RELACIONAMENTO RECÍPROCO 3.3.1 GRATIDÃO A Deus, como intemediador e salvador, pertence em primeiro lugar o nosso louvor e a nossa gratidão. Sempre de novo devemos refletir e nos alegrar sobre o fato de que Deus nos salvou e reconciliou. Assim como somos gratos em relação a alguém que nos tirou de grande dificuldade ou nos presenteou com algo valioso, assim nós podemos sempre de novo trazer nossa gratidão a Deus, por ter-nos salvo. Da mesma forma podemos agradecer-lhe por sua proximidade e sua compreensão. Ele se nos revelou como nosso salvador, portanto também podemos louvá-lo por todas as coisas e relacionamentos, que ele curou em nossa vida. 3.3.2 DISCIPULADO / SEGUIR A JESUS Jesus tinha seguidores, discípulos. Estes foram pessoas, que tentaram andar nas suas pegadas. Ele foi modelo e professor para eles. Da mesma forma falamos hoje de discipulado e de seguir a Jesus ou escola de discipulado. Da mesma forma que os discípulos reconheceram que Jesus tem palavras de vida eterna, assim também nós o aceitaremos como nosso mestre e o seguiremos em gratidão, se reconhecemos o que ele fez por nós. Portanto, nós o seguimos. Ele torna-se nosso modelo e mestre. Queremos organizar e viver nossa vida de tal forma, como ele nos mostrou. Nós ingressamos num relacionamento íntimo e pessoal com ele. 3.3.3 DEUS COMO FILHO E HOMEM Nosso relacionamento com Deus como Filho pode ser muito íntimo. Deus nos conhece com nossas necessidades. As tentações e dificuldades não são estranhas para ele que se tornou homem ele mesmo. Portanto, podemos vir a ele com todas as coisas que pesam em nosso coração. Sejam acontecimentos alegres ou tristes, preocupações, tentações ou culpa, se estiver em suas mãos, tudo estará nas mãos certas.

4 DEUS O ESPÍRITO SANTO O Espírito Santo no nosso contexto de hoje é um tema muito polêmico e discutido. De um lado estão as igrejas carismáticas e o movimento pentecostal, que colocam o Espírito Santo e os dons em posição tão central, que todo o resto fica em segundo plano. Do outro lado estão as igrejas luteranas e também a MEUC, onde se fala pouco ou nada sobre o Espírito Santo, que olham até com certo medo ou reserva para certos dons. Certamente não é fácil falar, escrever ou pensar sobre o Espírito Santo. Ele simplesmente não é palpável e compreensível (Jo 3:8). Mesmo assim encontramos nos discursos de Jesus e nas cartas de Paulo uma doutrina firme, boa e segura sobre o Espírito Santo. Quero convidar muito cordialmente aqueles que ainda não leram a introdução sobre a trindade, que façam isso agora, pois Deus o Espírito Santo é só um aspecto da trindade divina. 4.1 SUA OBRA Sem o Espírito Santo é inimaginável uma vida cristã: tornar-se e permanecer cristão fazem parte da obra do Espírito Santo. 4.1.1 DEUS OPERA FÉ E CERTEZA DA SALVAÇÃO Deus como Espírito Santo opera em nós fé e certeza da salvação. Ninguém pode aceitar Jesus Cristo como Senhor e Salvador se o Espírito Santo não estiver atuando nele. Somos moradia do Espírito Santo, que mora permanentemente em nós e dá testemunho de nossa filiação divina. Fé sem o Espírito Santo é inimaginável. Tudo começa com o Espírito Santo. Ele nos abre a compreensão para o sentido da Palavra de Deus para a pregação (I Co 2:11ss). Ele opera fé em nós. 4.1.2 DEUS NOS CONSOLA Não somos do mundo, mas estamos no mundo. Nós sofremos, ficamos doentes, causamos acidentes, cometemos injustiças, ferimos, etc. Jesus está com o Pai, ele não está entre nós. Todas estas coisas podem nos causar tristeza e nos fazer desesperar, se não tivéssemos um consolador. O Espírito Santo é nosso consolador. Ele veio, quando Jesus partiu. O Espírito Santo opera em nós consolo num mundo que é muitas vezes desconsolado. Ele faz isto pela Palavra de Deus, pela comunhão com outros, pelo canto e pela oração.

4.1.3 SANTIFICAÇÃO E ORIENTAÇÃO Uma outra obra importante do Espírito Santo é que ele opera a santificação em nós e nos dá orientação. O Espírito Santo de Deus é responsável pela nossa santificação e nossa orientação. Não podemos nos gabar de nossas boas obras, pois são as obras do Espírito Santo. Essa obra do Espírito Santo é expressada nas diversas áreas da nossa vida. Os dons do Espírito Santo pertencem a este contexto, pois não são fins em si mesmos, mas servem para a santificação e a edificação da comunidade. 4.1.3.1 A VIDA PESSOAL Preciso do Espírito Santo na minha vida pessoal para saber o que me é possível como filho de Deus e o que não. O Espírito Santo torna minha consciência acurada e sensível, descobre pecado na minha vida e me dá força para viver conforme a vontade de Deus. O Espírito Santo opera individualmente (isto significa em dependência com a cultura, a personalidade e a vontade de Deus para essa pessoa) transformações em cada filho de Deus. Ele dirige e conduz através da Palavra de Deus e através da comunhão com outros, bem como através da oração e da minha razão. Santificação sem o Espírito Santo não é possível. 4.1.3.2 A VIDA NA COMUNHÃO O Espírito Santo possibilita a vida em comunhão. Seja na comunidade, na família, no círculo de amizades ou na sociedade em geral. Ele me dispõem a servir e não dominar, para que eu possa servir a comunidade em que me encontro com os dons e talentos que eu recebi dele (pregação, evangelização, admoestação, profecia, falar em línguas, curas de doentes,...). Ele torna possível que nos reconciliemos e vejamos nossos erros na comunhão. Ele nos dá alvos e dirige nossos encontros e reuniões. Ele junta pessoas de origens diferentes e possibilita-lhes agir com amor uns para com os outros e juntos construir o Reino de Deus independentemente de sua cor, sua posição social, sua idade, seu sexo, sua condição física ou seu passado. 4.1.3.3 A VIDA COMO TESTEMUNHO O Espírito Santo me possibilita que minha vida seja testemunho para o Deus vivo e seu evangelho. Ele me presenteia com as palavras certas e a compreensão para com o outro. Ele modifica minha vida de tal forma que outros comecem a prestar atenção nela, mesmo que eu mesmo às vezes não o perceba. Através do Espírito Santo somos luz e sal neste mundo. Nós o somos, não precisamos torna o. O Espírito Santo nos anima constantemente para que enfrentemos o mundo como sal e luz ( uma tarefa muitas vezes difícil e pesada para ele).

4.1.3.4 A VIDA NA CRIAÇÃO Através do Espírito Santo reconhecemos que o mundo em que vivemos é o mundo de Deus. A criação de Deus que quer ser protegida e cuidada. Como cristão o Espírito Santo me estimulará e conduzirá a pensar e viver ecologicamente. 4.2 SUA REVELAÇÃO 4.2.1 DEUS É COMPANHEIRO E ORIENTADOR No Espírito Santo Deus se revela como nosso fiel companheiro, que não nos deixa na mão. Ele está presente conosco. Ele está tão perto, que podemos dizer com a Bíblia que somos a moradia do Espírito Santo. Deus não quer nos deixar sem orientação. Ele se mostra no Espírito Santo como um Deus que zela. 4.2.2 DEUS É AUXILIADOR E DOADOR Deus é nosso auxiliador e o doador de todas as boas dádivas. No Espírito Santo reconhecemos de forma sempre renovada o amor de Deus para conosco. Como consolador experimentamos Deus como alguém que participa da nossa sorte e de nossa vida. 4.3 RELACIONAMENTO 4.3.1 DEUS ESTÁ PERTO DE NÓS Posso chorar e lamentar diante de Deus porque ele quer consolar. Não precisamos esconder nossa dor e nossa preocupação. Podemos esperar consolo na oração tanto quanto na comunhão. Nosso relacionamento com Deus torna-se íntimo e pessoal através do Espírito Santo. Deus está perto de nós, ele passou a residir em nós. Nunca estamos sozinhos, ele está conosco todos os dias até o fim do mundo. 4.3.2 ORAÇÃO Falando em termos modernos, o Espírito Santo traduz nossas orações (Rm 8:26). Através do Espírito Santo nossas orações têm acesso a Deus. Podemos pedir por dons e orientação porque Deus é auxiliador e mestre através de seu Espírito Santo. Não precisamos pedir pela presença do Espírito Santo, pois ele já está presente em nós. Mas podemos pedir por sua ajuda e orientação, que Deus nos dê através de seu Espírito Santo sabedoria, compreensão de sua Palavra e os padrões corretos para nossas decisões e nosso agir.

4.3.3 DEUS COMO ESPÍRITO SANTO Deus vive e atua através de seu Espírito Santo em nós. Isto também coloca uma responsabilidade sobre nós. Como moradia do Espírito Santo deveríamos prestar atenção como lidamos com nosso corpo terreno, que igualmente é criação divina. De outro lado precisamos reconhecer que esta moradia divina também ainda é a moradia de um pecador. Isto significa que embora não possamos impedir a ação do Espírito Santo, podemos abafá-lo e entristecer lo e de uma forma muito significativa. Sempre uso o seguinte exemplo: Quando pintamos um cômodo da nossa casa, fechamos todas as outras portas dos outros quartos para que o cheiro fique fora. Mas é fato que o cheiro sempre encontra frestas e buracos de fechadura através dos quais pode penetrar nos outros quartos. Assim é com o Espírito Santo que naturalmente é um aroma agradável; mesmo quando trancamos todas as portas da nossa casa a sete chaves e o pecado bate uma porta atrás da outra diante dele, não poderemos impedir ou atrasar a sua obra. Ele vai transformar-nos, alguns rapidamente, outros lentamente. Naturalmente seria bom se ele pudesse trabalhar rápida e eficientemente. Portanto, falando figuradamente, abramos bem nossas portas, assim nosso relacionamento com Deus será tanto mais íntimo. 4.4 OBSERVAÇÃO: O PECADO CONTRA O ESPÍRITO SANTO Sempre de novo surge a pergunta: o que então seria o pecado contra o Espírito Santo? Quero responder bem rápida e resumidamente a esta pergunta. O pecado contra o Espírito Santo é a consciente rejeição da obra salvífica de Deus através de Jesus Cristo. Por isso não posso como cristão cometer inconscientemente o pecado contra o Espírito Santo.