COMPILADA POR EDISON THEODORO LIMA

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Transcrição:

T E O L O G I A S I S T E M Á S T I C A COMPILADA POR EDISON THEODORO LIMA

DOUTRINA DO PECADO...2 O FATO DO PECADO...2 O Ateísmo...2 O Determinismo...2 O Hedonismo...2 A Ciência Cristã...3 A Evolução...3 A ORIGEM DO PECADO...4 A origem do pecado no Universo...4 A origem do pecado no Homem...6 A Tentação...6 Sua possibilidade, origem e sutileza....6 A Culpa...7 O Juízo...8 A Redenção...9 A NATUREZA DO PECADO...10 O Ensino do Antigo Testamento O pecado considerado...10 O Ensino do Novo Testamento O pecado Descrito...12 A PENALIDADE PELO PECADO...13 Explicando a Penalidade...13 A Natureza da Penalidade...14

2 DOUTRINA DO PECADO Disciplina n 04 - Aula 01 O FATO DO PECADO Não há como uma pessoa, pesquisadora da natureza humana, que seja sincera negar o fato do pecado, como a Bíblia o descreve, levando em conta todas as conseqüências que o acompanham. Entretanto há várias teorias que tentam, negar, desculpar ou diminuir a natureza do pecado e suas conseqüências. Entre elas: O Ateísmo Ao negar a existência de Deus, nega também a existência do pecado, já que pecamos contra Deus. Mesmo quando pecamos contra o próximo, ou contra nós mesmos, estamos literalmente e essencialmente pecando contra Deus. 1 Enfim, todo mal praticado é contra Deus, pois o mal é uma violação do direito e o direito é a lei de Deus. Desta forma o ateísta afirma não existir pecado, pois não há Deus. É um meio de fugir da responsabilidade perante Deus. (Sl 10.4; 14.1). Essa armadilha foi usada de forma semelhante, quando a serpente não questionando sobre a realidade de Deus, mas sobre a forma que Ele ordenara ao homem para não comer do fruto pois... certamente morrerás. Gn 2.17 - ele persuadiu a mulher a trocar as palavras, certamente morrerás, por para que não morrais. O que é bem diferente. Dessa forma essa técnica de desculpar ou diminuir as conseqüências do pecado, já é um truque bem antigo da antiga serpente, o diabo. O Determinismo Essa teoria, afirma que o livre arbítrio do homem é uma ilusão. Que somos guiados por leis que fogem ao nosso controle. Dessa forma, não demos ser louvados por nossas boas obras, nem recriminados pelas más. Somos apenas escravos das circunstâncias que nos cercam. Porém a voz da consciência que grita: Eu devo, ao pecador, faz com que essa teoria caia por terra. É claro que existem consciências cauterizadas pelo pecado, porém, a medicina não pode ser condenada, por causa do erro de um médico, da mesma forma o fato de alguém ter sua consciência cauterizada pelo tempo de pecado, não que dizer que essa consciência não exista. O Hedonismo Vem da palavra grega, que significa prazer. É a teoria que afirma que o melhor da vida é a conquista do prazer e a fuga da dor. Dessa forma para os hedonistas, a primeira pergunta a ser feita não é É errado? e sim proporciona prazer?. Nem todos os adeptos dessa teoria são pessoas más no conceito da sociedade em que vivemos, ou seja, não matam, não roubam, têm como seu aquilo que realmente é seu, porém são pessoas que desculpam o pecado com frases do tipo: Errar é humano, É fogo da juventude, É uma fraqueza inofensiva, etc. É dessa teoria, que se extrai o conceito de livre expressão. Liberar as suas inibições, ou ceder á tentação, pois reprimi-la é prejudicial à saúde. É claro que esses teóricos jamais concordariam em uma pessoa liberar seu desejo de ira, crime, ciúmes, 1 Extraído do livro conhecendo as doutrinas da Bíblia - PEARLMEN, Meyr

3 etc. O que realmente acontece é que eles querem diminuir a gravidade e as conseqüências do pecado, ofuscando a linha divisória entre o bem e mal. A palavra de Deus adverte aqueles que tentam confundir esses dois extremos: Ai daqueles que chamam o mal bem e o bem mal!. A Ciência Cristã Esta seita nega a realidade do pecado. Declara que o pecado não é algo positivo, mas simplesmente a ausência do bem. O Homem pensa que o pecado é real, por isso sua mente moral é que precisa de correção. Porém, ao examinarmos a crescente depravação da moral humana, a qual a Bíblias afirma ser pecado e compararmos com todas as advertências com relação às conseqüências desse pecado, chegamos à conclusão de que o pecado é real na vida do ser humano e que suas conseqüências também. A Evolução Considera o pecado uma herança do animalismo primitivo do ser humano. Porém ao examinarmos o comportamento dos animais, chegamos à conclusão de que esses, ao cometerem os atos de sua própria natureza, como lutas sangrentas e mortais uns com os outros até da mesma espécie e do mesmo bando, não se sentem culpados por isso. Isso por que não têm razão, intelecto, apesar de alguns serem muito inteligentes, porém destituídos de moral. Dessa forma o homem não pode ser comparado a um animal, pois tem razão e é guiado por ela, seja ela dotada de características boas ou más.

4 Disciplina n 04 - Aula 02 A ORIGEM DO PECADO A origem do pecado no Universo A origem do pecado no universo se deu através de um ser que sendo criado para a glória de Deus, quis ser maior do que Deus (Ez 28.12-17). Qual foi a natureza do pecado cometido por esse ser que outrora brilhava mais do que todas as outras estrelas (anjos) do céu? Vejamos o texto: Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-te: Assim diz o Senhor Deus: Tu eras o selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estiveste no Éden, jardim de Deus; cobrias-te de toda pedra preciosa: a cornalina, o topázio, o ônix, a crisólita, o berilo, o jaspe, a safira, a granada, a esmeralda e o ouro. Em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados. Eu te coloquei com o querubim da guarda; estiveste sobre o monte santo de Deus; andaste no meio das pedras afogueadas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que em ti se achou iniqüidade. Pela abundância do teu comércio o teu coração se encheu de violência, e pecaste; pelo que te lancei, profanado, fora do monte de Deus, e o querubim da guarda te expulsou do meio das pedras afogueadas. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei; diante dos reis te pus, para que te contemplem. Pela multidão das tuas iniqüidades, na injustiça do teu comércio, profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu a ti, e te tornei em cinza sobre a terra, à vista de todos os que te contemplavam. Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados de ti; chegaste a um fim horrível, e não mais existirás, por todo o sempre. (Ez 28.12.19) Que tipo de pecado foi este? Examinemos o texto a seguir: Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! como foste lançado por terra tu que prostravas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do norte; subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. Is 14.12-14

5 Conforme Os Drs. Guy P. Duffield e Nathaniel M. Van Cleave narram e seu livro Fundamentos da Teologia Pentecostal Vol II: Satanás opõe sua vontade à vontade de Deus por cinco vezes: 1) Subirei ao céu Com certeza o céu de Deus (II Co 12.1-4) 2) Acima das estrelas de Deus... Estrelas se referem a anjos, assim como quando as estrelas da alva juntas, cantavam e rejubilavam todos os filhos de Deus. (Jó 38.7). 3) No monte da congregação me assentarei, nas extremidades do norte. Essa expressão mostra também o desejo de satanás de um reino terreno. Já que como vimos, monte refere-se a um reino. Reino das extremidades do norte, pode referir-se ao planeta Terá. 4) Subirei acima das mais altas nuvens A glória de Deus é simbolizada nas Escrituras, por nuvens muitas vezes. Satanás queria a glória de Deus (Ex 16.10; Ex 19.16; II Cr 5.13, 14). 5) Serei semelhante o Altíssimo Este é o apogeu dos outros quatro desejos. Todas essas declarações expressam independência e oposição a Deus, uma ambição deliberada contra Ele. Se ficarmos imaginando como o pecado pôde penetrar num ambiente perfeito, a resposta parece ser, no que diz respeito a Lúcifer e aos anjos que caíram com ele, que sua queda foi devido a uma revolta voluntária, autodeterminada contra Deus.

6 A origem do pecado no Homem É importante entendermos bem a origem do pecado na raça humana, pois foi justamente por causa da queda do homem que Deus preparou, desde antes da fundação do mundo o seu plano de redenção (I Pe 1.19, 20; Ef 1.4). Desta forma, inclusive estaremos aptos a responder aos adeptos da teoria da evolução, que dizer ter surgido homem da mais baixa escala moral e que sobe vagarosamente por ela. Pelo contrário, a Bíblia nos ensina que o homem foi criado, por Deus no topo da escala moral e que por causa do pecado passou a cair cada vez mais baixo. Agora, comparando a moral do homem através da história, qual será a afirmativa verdadeira? No terceiro capítulo de Gênesis, encontramos os pontos que caracterizam toda a história espiritual do homem, ou seja, A tentação, a culpa, o juízo e a redenção. A Tentação Sua possibilidade, origem e sutileza. a) Como foi possível a tentação? Podemos encontrar no segundo capítulo de Gênesis o desenho da tentação. O homem cercado de toda a beleza com a qual Deus o havia presenteado, seu serviço no jardim, no Éden, tudo estava perfeito. Encontramos também as duas árvores: 1) a do conhecimento do bem e do mal e 2) a árvore da vida. Podemos imaginar o que as duas significavam; Se fizerdes o bem e rejeitardes o mal, tereis a vida. E, realmente é isso que as Escrituras nos mostram durante todos esses períodos em que o plano de Deus vem sendo estabelecido sobre a raça humana. (Dt 30.15; Js 24.15; Tg 1.21; I Pe 3.11; I Jo 3.3-10). b) Como se originou a tentação? Analisemos o texto: Ora, a serpente era a mais astuta das alimárias do campo que o Senhor Deus tinha feito. A serpente com certeza não tinha a forma que possui hoje (Gn 3.14). Desta forma talvez fosse, além de o mais esperto, o mais belo animal no jardim. Dessa forma, quando Eva viu aquele animal - que usado por satanás - começou a falar com ela, não percebeu a armadilha que estava sendo posta a sua frente. O diabo e seus anjos, sempre usam um agente para fazer algo em nosso mundo. Quando Pedro embora sem má intenção procurou dissuadir o mestre de seu dever, Jesus olhou muito além de Pedro e, disse, Para trás de mim, Satanás (Mt 16.22, 23). Neste caso, Satanás trabalhou por meio de um dos amigos de Jesus, no Éden, usou a serpente, uma criatura da qual a mulher não desconfiava. Um texto do apóstolo Tiago nos mostra, claramente a origem da tentação, e como vem a ser gerado no coração do homem o pecado (Tg 1.13-15). Dessa forma o que aconteceu foi que a serpente, incorporada por satanás, já estava rondando à espreita da mulher, esperando o momento

7 oportuno de agir (I Pe 5.8). Quando percebeu que os olhos da mulher estavam transbordando de desejo, gerado pela concupiscência, ele (satanás) então agiu. c) A sutileza da tentação A sutileza é uma característica que distingue a serpente (Mt 10.16). A Primeira coisa que o diabo faz é se aproximar de Eva, a mulher, que é o vaso mais frágil e que não havia ouvido diretamente de Deus, a ordem para não comer do fruto do conhecimento do bem e do mal. (Gn 2.16, 17). Ela se aproxima da mulher quando essa estava só. Depois torce a palavra de Deus (Gn 3.1 cf. Gn 2.16-17) e finge surpresa por estas palavras estarem, segundo a serpente, distorcidas. Após isso, lança a tríplice dúvida acerca de Deus: 1) Dúvida sobre a bondade de Deus. Ela diz Deus certamente esta retendo algo de você ; 2) Dúvida sobre a retidão de Deus. Certamente não morrereis. Isto é, Deus não queria dizer exatamente isso que Ele disse; 3) Dúvida sobre a santidade de Deus. No versículo cinco, a serpente diz: Deus proibiu vocês de comerem dessa árvore porque tem inveja de vocês. Ele não quer que vocês sejam tão sábios quanto Ele é. Dessa forma Eva se deixou levar pela sutileza de Satanás, que se apresentou: primeiro: como alguém que Eva já conhecia é lhe era bastante familiar. Segundo: Como alguém que não levantaria suspeita. Terceiro: Com palavras que Eva de certa forma queria ouvir (Às vezes aquilo que queremos não é o que Deus quer, porém se somos obedientes, fazemos a sua vontade, sabendo que é o melhor para nós Is 55. 8-9). Quarto: Com propostas, que a pesar de falsas, eram agradáveis, à primeira vista para a mulher. A Culpa O fato de terem seus olhos abertos, revelou a eles seu estado de imediata separação de Deus, a primeira coisa que perceberam foi que estavam nus. (Gn 21.19; 2 Rs 6.17). As palavras da serpente se cumpriram, porém não foi o resultado que eles esperavam. Ao invés de se tornarem iguais a Deus, experimentaram um sentimento de culpa terrível, o qual os fez sentir medo de Deus. Ao que parece, eles perderam algum tipo de vestimenta que os cobria (uma auréola, ou cobertura preparada por Deus). Em Rm 3.23, lemos que Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. Esse texto nos revela, através dessa palavra, destituídos - (que poderia ser traduzida como descoberto), que realmente o homem perdeu algo que tinha recebido de Deus no Éden, ou seja, a Sua glória, que poderia muito bem ter lhes proporcionado essa cobertura da qual falamos. Eles, percebendo que estavam afastados de Deus, pelo pecado recém cometido, tentaram providenciar uma cobertura para si - (Gn 3.7). O fato de o homem procurar cobrir a nudez significa tentar disfarçar a culpa com o traje do esquecimento ou das desculpas, porém, somente Deus pode cobrir o homem de seu pecado (vv. 21).

8 O Juízo a) Sobre a serpente A sentença lançada sobre a serpente, no Éden, nos mostra o plano de Deus para aniquilar todo o pecado e destruir o poder de satanás de uma vez por todas. Vemos que a pesar da serpente ter sido apenas o instrumento usado por satanás, ela também foi amaldiçoada - (podemos notar que antes do pecado, a serpente era (a) um animal belo, (b) um animal honrado) - perdendo sua beleza e posição de honra no reino animal. Por que Deus amaldiçoaria a serpente, se foi o diabo que a usou deliberadamente? Porque foi da sua soberana vontade, mostrar pela maldição da serpente, o que ele pretende fazer com satanás, na consumação de todas as coisas. (vemos o plano de Deus sendo consumado no calvário Jo 19.30). O diabo apenas aguarda a sua condenação, pois a sentença já foi dada no Éden (Gn 3.15) vide (Lc 10.18; Rm 16.20; Ap 12.9; 20.1-3, 10). b) Sobre a mulher Sabemos que a mulher padece grandemente, na hora de dar à luz, além disso, as condições de mulheres em países, como a Índia, são humilhantes e até sub humanas. Tudo devido ao pecado e a maldição lançada sobre ela. b) Sobre o homem O trabalho sempre fez parte da vida do homem, (Gn 2.15). O castigo aplicado por Deus, foi em relação à aflição e decepções com que o homem teria que lidar daquele momento em diante. A agricultura sempre foi o meio pelo qual o homem basicamente sobreviveu, até nos dias de hoje todo o ser humano depende direta ou indiretamente da agricultura. Devido ao pecado do homem, a terra também foi amaldiçoada, começando a produzir ervas daninhas, espinhos, cardos (veneno) e abrolhos. Gn 3.17-19. A terra que também participou da maldição por causa do homem, está destinada a participar também do plano de redenção (Rm 8.19-23; Is 11.1-9). Por outro lado vemos alguns séculos depois, o homem tentando encontrar um meio pelo qual, pudesse ter sua dor aliviada, bem como a pena da maldição sobre a terra e sobre seu trabalho. Desta forma começou a construir ferramentas para aliviar o fardo de cultivar a terra, instrumentos musicais para acalmar sua inquietação diante da situação vivida. Tudo isso, num tempo onde o que eles deveriam estar buscando a face do Senhor, aguardando por sua sempre pronta misericórdia. Ao contrário o que fizeram a maioria desses homens, foi tentar achar eles mesmos uma solução para o problema do pecado e sua conseqüente culpa (Gn 4.21,22). Notemos que além de toda a maldição lançada sobre o trabalho e sobre a terra, Deus determinou que o corpo do homem também deveria retornar ao pó, de onde viera. Já que o corpo participou da maldição do pecado, também deve fazer parte do plano de redenção. Dessa forma, mesmo que morra, deve ressuscitar para vida eterna o corpo daquele que foi salvo por Cristo Jesus (Fl 3.21).

9 A Redenção a) A Redenção Prometida A serpente tentou por inimizade entre Deus e o homem, porém, Deus providenciou um escape para aqueles que quiserem a vida com Ele. E porei inimizada entre ti e a serpente e entre a tua semente (descendentes de Eva, ou seja, a humanidade) e a sua semente (seguidores de satanás em todas os séculos)... Haverá portanto guerra constante ente o homem e o poder maligno que causou sua queda. Entretanto o homem vencerá por causa da semente da mulher, Cristo encarnado. Porém não sem sofrimento (Is 53.32, 4, 12; Dn 9.26; Mt 4.1-10; Lc 22.39-44, 53; Jô 12.31-33; 14.30, 31; Hb 2.18; 5.7 Ap 2.10) no calvário, satanás feriu o calcanhar da semente da mulher, porém Essa semente, Cristo, lhe pisou na cabeça quando ressuscitou. (Mt 1.23, 25; Lc 1.31-35, 76; Is 7.14; Gl 4.4; Rom 16.20; Cl 2.15; Hb 2.14, 15; 1 Jo 3.8; 5.5; Ap 12.7, 8, 17; 20.1-3, 10) b) A Redenção Prefigurada No versículo 21 de Gênesis 3, Deus matou um animal, uma criatura inocente, para poder vestir aqueles que se sentiam nus ante a sua vista por causa do pecado. Do mesmo modo, o Pai deu seu Filho, o Inocente, para morrer, a fim de prover uma cobertura (expiação) para as almas dos homens. c) Conclusão Veja que Adão perdeu o direito a arvore da vida, porém àquele que for fiel e vencer junto em Cristo, a este será devolvido esse direito. (Gn 3.23-24; Ap 2.7). Podemos ver que há uma diferença entre a queda de Satanás e a queda do homem, pois um não teve redenção enquanto que o outro sim. Por quê isso? - Porque o homem quando pecou o fez por causa de uma tentação externa, enquanto Satanás caiu por causa de seu próprio pecado, originado em seu próprio ser, assim como o dos outros anjos decaídos. Se o homem tivesse caído sem um tentador, ele teria originado seu próprio pecado, tornando-se ele mesmo num satanás 2. 2 Henry Clarence Thiessen. Introductory Lectures in Systematic Theology - ( Discursos Introdutórios de Teologia Sistemática ).

10 Disciplina n 04 - Aula 03 A NATUREZA DO PECADO O que é o pecado? A Bíblia usa uma variedade de termos para expressar o mal de ordem moral. Um estudo desses termos no original hebraico nos ajudará a entender melhor o significado bíblico do pecado. O Ensino do Antigo Testamento O pecado considerado a) Na esfera moral As palavras usadas para expressar o pecado nessa esfera, são as seguintes: 1. Errar o alvo, que exprime as seguintes idéias a. Errar o alvo - como uma arqueiro que dispara um flecha em direção errada b. Errar o caminho como um viajante que sai do caminho certo c. Ser achado em falta ao ser pesado na balança de Deus. 2. Ainda em Gn 4.7, onde a palavra é mencionada pela primeira vez, o pecado é personificado como uma besta feroz pronta para lançar-se sobre quem lhe der ocasião. 3. Outra palavra significa literalmente tortuosidade, e é muitas vezes traduzida por perversidade. É o contrário de retidão 4. Outra palavra comum se traduz por mal, e expressa o pensamento de violência ou infração, e descreve o homem que infringe ou viola a lei de Deus. b) Na esfera da conduta fraternal 2. A palavra usada para exprimir o pecado nessa esfera significa violência ou conduta injuriosa. (Gn 6.11; Ez 7.23; Pv 16.29). Ao infringir a lei, o homem maltrata e oprime os seus semelhantes. c) Na esfera da santidade 3. A nação israelita foi separada para Deus e por Ele entre todas as outras nações, em conformidade com isso, todo israelita também era santo. Tinha que viver uma vida de acordo com os padrões da lei que regia essa santidade. As coisas fora dessa lei eram profanas e o indivíduo que participava delas era considerado imundo ou contaminado (Lv 11.24, 27, 31, 33, 39). Se persistisse na profanação era considerada uma pessoa irreligiosa ou profana. (Lv 21.14; Hb 12.16) Se acaso se rebelasse e deliberadamente repudiasse a jurisdição da lei da santidade, era considerado transgressor. (Sl 37.38; 51.13; Is 53.12). Se continuasse nesse último delito, era julgado criminoso e tais eram os publicanos dos tempos de Jesus.

11 d) Na esfera da verdade Os pecadores 1) falam e tratam falsamente (Sl 58.3; Is 28.15); 2) representam falsamente e dão falso testemunho (Ex 20.16; Sl 119.128; Pv 19.5, 9). Tal atividade é vaidade (Sl 12.2; 24.4; 41.6), isto é, vazia e sem valor. O primeiro pecador foi um mentiroso (Jo 8.44); o primeiro pecado começou com uma mentira (Gn 3.4); e todo pecado contém o elemento do engano (Hb 3.13). e) Na esfera da sabedoria Segundo Meyr Pearlman, os homens se portam impiamente porque não pensam ou não querem pensar corretamente; não dirigem suas vidas de acordo com a vontade de Deus, seja por descuido ou por deliberada ignorância. Algumas palavras na Bíblia caracterizam esses, sem sabedoria, que devido a isso cometem pecado. 1. Homens simples (Pv 1.4, 22; 8.5) Esses são homens naturais, porém com uma inclinação para o mal. Homens que não tiveram seu caráter desenvolvido e que por isso não têm firmeza de pensamento e propósito. Ouvem, mas se esquecem, por isso estão sempre sendo seduzidos pelo mal. (Mt 7.26). 2. Faltos de entendimento isto é, aqueles que por falta de entendimento, mais do que por propensão, estão sempre sendo vítimas do pecado (Pv 7.7; 9.4). Tanto essa classe, como os simples são indesculpáveis, por que todas Escrituras apresentam o Senhor oferecendo gratuitamente sim, rogando-lhes que aceitem (Pv 8.1-10) aquilo que os fará sábios para a salvação. 3. O insensato (Pv 15.20) É aquele que é capaz de fazer o bem, porém não se disciplina e está preso as coisas da carne, dando-lhe vazão e desviando-se das coisas divinas. 4. O escarnecedor (Sl 1.1.; Pv 14.6) É o homem ímpio que justifica sua impiedade com argumentos racionais contra a existência ou realidade de Deus e contra as coisas espirituais em geral. Assim, a palavra escarnecedor no AT, equivale à palavra infiel em nossos dias. E a expressão roda dos escarnecedores, provavelmente se refere à sociedade local dos infiéis 3. 3 PEARLMAN, Meyr

12 O Ensino do Novo Testamento O pecado Descrito O novo testamento descreve o pecado como: b) Errar o alvo Que expressa a mesma idéia do AT c) Dívida (Mt 12.6) O homem deve a Deus a guarda dos seus mandamentos. Todo pecado cometido é contratação de uma dívida. Incapaz de pagá-la, a única esperança do homem é ser perdoado, ou obter remissão da dívida. d) Desordem O pecado é iniqüidade literalmente desordem O pecado começou no coração daquele exaltado, que disse eu farei, em oposição a vontade de Deus. (Is 14.13, 14). O anticristo é proeminentemente o sem lei (tradução literal de iníquo ), porque se exalta a si mesmo sobre tudo que é adorado ou que é chamado Deus. (2 Ts 2.4-9). 8.18) e) Desobediência Literalmente ouvir mal; ouvir com falta de atenção (Hb 2.2) vede pois como ouvis (Lc f) Transgressão Literalmente ir além do limite (Rm 4.15). Os mandamentos de Deus são como cercas que impedem o homem de entrar em território perigoso. Quando o homem ultrapassa essa cerca, ou limite, torna-se um transgressor. g) Queda Pecar é cair de um padrão de conduta, ou seja, o santo padrão de Deus (Ef 1.7) h) Derrota É o significado literal de derrota em Rm 11.12, quando a nação judaica regeitou a Cristo, sofreu uma derrota e perdeu o propósito de Deus. i) Impiedade Deriva-se de uma palavra que significa sem adoração, ou sem reverência. (Rm 1.18; 2 Tm 2.16). O homem ímpio é o que dá pouca ou nenhuma importância às coisas sagradas. j) O Erro Em (Hb 9.7), vemos descritos os pecados cometidos como fruto da ignorância, e dessa maneira se diferenciam daqueles pecados cometidos presunçosamente, apesar da luz esclarecedora. 4 4 Meyr, PEARLMAN

13 Disciplina n 04 - Aula 04 A PENALIDADE PELO PECADO Explicando a Penalidade a) A penalidade sobre todos os homens A pena pelo pecado é algo que recai naturalmente sobre todo o ser humano, essa pena pode ser vista nos textos de Rm 6.23; Ez 18.20 a ; Hb 9.27; Pv 5.22. Todo pecado gera conseqüências físicas, segundo a palavra de Deus. Sl 31.10; 32.3. b) Castigo e Punição pelo pecado O castigo pelo pecado, parece proceder de amor de Deus, para com seus filhos. Ele corrige aqueles a quem ama. Jr 10.24; Hb 12.6. Porém a punição parece relacionar-se com a justiça de Deus (Ez 28.22; 36.22; Ap 16.5; 19.2). Desta forma, a punição refere-se, tanto a penalidade já imputada ao homem, que é a morte física, como também a penalidade futura, decretada àqueles que não aceitaram andar em retidão com Deus, durante todas as épocas que Ele estabeleceu para o homem.

14 A Natureza da Penalidade A penalidade para o pecado nas Sagradas Escrituras é a morte. E esta tem uma tríplice natureza: morte física, morte espiritual e morte eterna. Explicamos abaixo cada uma delas a luz da Palavra de Deus. c) Morte física O homem não foi criado para morrer fisicamente, ele poderia ter vivido eternamente, se tivesse obedecido a Deus....porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás... (Gn 2.17). Quando desobedeceu, a morte passou a agir em sua vida. O homem não morreu imediatamente, porém passou a sofrer as conseqüências do seu pecado e a morte física se apoderou de seu corpo degenerando-o pouco a pouco e, novecentos e trinta anos depois, deu seu golpe fatal em Adão. d) Morte espiritual A morte espiritual é a separação da alma e Deus. Quando Adão pecou, não morreu fisicamente na mesma hora, porém, morreu espiritualmente. Deixou de ter comunhão com Deus, foi separado da glória de Deus. (Ef 2.1; Rm 3.23). Essa separação entre a alma e Deus torna o homem: e) Natural - (1 Co 2.14). f) Carnal - (Rm 7.14). g) Morte eterna A morte eterna é a culminação da morte espiritual, representando a separação eterna da alma em relação a Deus. 5 Isto é o que quer dizer segunda morte, ou morte eterna. (Ap 21.8; 2 Ts 1.9; Mt 25.41; Jô 5.28,29). 5 Fundamentos da Teologia Pentecostal Vol II