PROVIMENTO Nº 0060/97 O Desembargador GILBERTO DE PAULA PINHEIRO, Vice- Presidente/Corregedor-Geral da Justiça do Estado do Amapá, no uso de suas atribuições legais, Considerando que a Lei Federal nº 6.766, de 20 de dezembro de 1979, disciplina sobre o parcelamento do solo urbano; Considerando que esse parcelamento se faça mediante loteamento ou desmembramento; Considerando que os institutos do loteamento e desmembramento se constituem em instrumentos da ordenação do solo urbano, com a criação de mecanismos jurídicos, a fim de adequá-los à realidade de cada região; Considerando que o referido Diploma Legal estabelece, em seu corpo, que o loteamento e desmembramento, como espécie de parcelamento do solo urbano são, basicamente, processos que envolvem fins urbanísticoadministrativos, cíveis e penais; Considerando que nesses institutos estão inseridos interesses públicos e particulares e que devem ser tratados com o máximo respeito e a devida cautela; Considerando que os empreendimentos de loteamentos e desmembramentos, a par de serem operação de caráter econômico e conter altos propósitos de interesse social e tendo como indispensável condição, a defesa dos direitos dos adquirentes dos lotes e a conservação dos padrões de expansão física e urbana, das cidades de Macapá e Santana; Considerando que ao Poder Judiciário compete julgar as causas cíveis e criminais oriundas de loteamentos e desmembramentos, em cujas regularizações, não foram observadas e respeitadas as regras disciplinadoras contidas na aludida Lei Federal nº 6.766/79; Considerando que as cidades de Macapá e Santana, estão sendo tomadas de um desenvolvimento marcante, principalmente no campo mercadológico, com o advento da Zona de Livre Comércio de importação;
Considerando, que essa expansão, certamente, acarretará novos empreendimentos imobiliários; Considerando que os institutos do loteamento e desmembramento das cidades de Macapá e Santana, devem ser regularizados e devidamente registrados nos Cartórios de Registro de Imóveis competentes, em perfeita consonância com a lei nº 6.766/79; Considerando, finalmente, que a grande maioria dos adquirentes dos lotes de propriedade dos Municípios de Macapá e Santana, desconhecem a obrigatoriedade legal da transferência da propriedade e domínio do lote adquirido, junto ao Cartório de Registro de Imóveis da situação do imóvel (art. 530, inciso I, do Código Civil, combinado com o art. 236 da Lei Federal nº 6.015/73). R E S O L V E : Art. 1º - O registro de loteamento, desmembramento ou fracionamento de imóveis urbanos ou urbanizados, nos casos especificados, obedecerá ao disposto neste Provimento. Parágrafo único - Ficam excluídas as áreas de risco ambiental, de preservação natural e outros casos previstos em lei. TÍTULO I DA REGULARIZAÇÃO DE PARCELAMENTO: Art. 2º - Nas Comarcas de Macapá e de Santana, em se tratando de parcelamentos do solo urbano (loteamentos e desmembramentos), feitos por particulares, que dependam de regularização legal, com previsão no artigo 40 da Lei nº 6.766/79, deverá ser requerida pelo Município competente diretamente ao Oficial do Registro de Imóveis, instruindo-se o pedido com planta do loteamento. Parágrafo primeiro - O Município competente deverá promover a regularização de que trata o art. 2º, observando as regras do referido art. 40 e seus parágrafos 1º a 4º, da Lei nº 6.766/79. Parágrafo segundo - Uma vez requerida a regularização do parcelamento, implantado por particulares, junto ao Registro de Imóveis, ao Oficial titular competirá verificar se o imóvel loteado ou desmembrado está em
nome de pessoa física ou jurídica consignada no requerimento da Municipalidade e se existe disponibilidade, isto é, se o total da área do imóvel do loteador está em harmonia com a planta, uma vez que o loteador não pode lotear maior área do que aquela em seu domínio, após o que deverá proceder ao registro da regularização, abrindo as fichas competente de controle. Parágrafo terceiro - Os dispêndios referentes aos emolumentos relativos à regularização, do parcelamento (loteamento ou desmembramento) implantado por particulares ou pelos Municípios de Macapá e Santana, deverão ser pagos pela parte interessada dentro dos limites fixados pela Tabela de Emolumentos vigorante baixada pelo Egrégio Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado do Amapá, e consoante as regras do art. 14 da Lei nº 6.015/73. TITULO II DO REGISTRO DO CONTRATO E DO LOTEAMENTO. Art. 3º - Quanto aos loteamentos realizados pelas próprias Prefeituras de Macapá e Santana, estas devem promover os seus registros junto ao Cartório de Registro de Imóveis. Parágrafo primeiro - O registro de que trata o art. 4º, deve ser dirigido diretamente ao Oficial do Cartório de Registro de Imóveis. Parágrafo segundo - O Município requerente fica dispensado da apresentação das certidões negativas de que tratam os itens III, letras a a c; IV, letras a a d; V e VII do art. 18 da Lei nº 6.766/79, mas deve ser expedido o edital competente de que trata o caput do art. 19 do referido Diploma Legal. Parágrafo terceiro - O Município requerente deve apresentar o requerimento do loteamento, o memorial descritivo dos lotes respectivos e planta correspondente. Parágrafo quarto - Requerida a regularização do parcelamento, implantado por particulares ou pelos próprios Municípios de Macapá e Santana, ficam os loteadores dispensados do cumprimento das regras do art. 13, seus incisos nºs. I, II e parágrafo único, da Lei Federal nº 6.766/79, salvo se o Estado do Amapá dispuser de decreto ou definidas em lei estadual ou federal as hipóteses previstas pelos referidos dispositivos legais, cuja prova será feita através de declaração firmada pelo Município e de sua inteira responsabilidade.
Parágrafo quinto - Registrado o parcelamento (loteamento, desmembramento), do solo urbano, os adquirentes de lotes de terreno poderão requerer o registro dos seus contratos padronizados ou não, apresentando o respectivo instrumento junto ao Oficial do Registro de Imóveis. Parágrafo sexto - O registro poderá ser obtido diante da comprovação, idônea da existência dos contratos, previstos pelo art. 26 da Lei 6.766/79. Parágrafo sétimo - Os requisitos de qualificação das partes necessários ao registro imobiliário, caso inexistentes, serão comprovados através de apresentação de cópia autenticada de documento pessoal de identificação, ou dos concitados na Lei nº 9.049, de 18 de maio de 1995, ou ainda, de cópia de certidão de casamento ou equivalente. TÍTULO III DAS AÇÕES DE USUCAPIÃO. Art. 4º - Nos demais casos, recomenda-se o recebimento e o processamento de ações de usucapião, individual ou coletiva, observando-se, conforme o caso, o disposto no artigo 46 do Código de Processo Civil. Parágrafo único - As certidões necessárias à instrução do processo de usucapião, sendo o autor beneficiário da assistência judiciária, poderão ser requisitadas pelo Juiz gratuitamente. TÍTULO IV DA LOCALIZAÇÃO DE ÁREA EM CONDOMÍNIO. Art. 5º - Em imóveis situados nos perímetros urbanos, assim como nos locais urbanizados, ainda que situados na zona rural, em cujos assentos conste estado de comunhão, mas que, na realidade, se apresentam individuados e em situação jurídica consolidada, o Juiz poderá autorizar ou determinar a averbação da identificação de uma ou de cada uma das frações em parte certa e determinada, observado o seguinte: I - anuência dos confrontantes da fração do imóvel que se quer localizar, expressa em instrumento público ou particular, neste caso com as assinaturas reconhecidas;
II - a identificação da fração de acordo com o disposto nos artigos 176, inciso II, nº 3 e 225 da Lei nº 6.015/73 (Lei dos Registros Públicos), através de certidão atualizada expedida pelo Poder Público Municipal. Parágrafo primeiro - Considera-se situação consolidada aquela em que o prazo de ocupação da área, a natureza das edificações existentes, a localização das vias de circulação ou comunicação, os equipamentos públicos disponíveis, urbanos ou comunitários, dentre outras situações peculiares, indique a irreversibilidade da posse titulada que induza ao domínio. Parágrafo segundo - Procedida a averbação regulada pelo art. 6º deste Provimento, o Oficial do Registro de Imóvel deverá comunicar ao Juiz determinante, através de certidão de inteiro teor. TITULO V DO PROCEDIMENTO. Art. 6º - O pedido de regularização do lote individualizado, de quarteirão ou da totalidade da área será apresentado perante o juízo competente que, entendendo necessário, poderá ouvir, no prazo de 10 (dez) dias, o Oficial do Registro de Imóveis. Após manifestação do Ministério Público, o Juiz decidirá de plano. Parágrafo primeiro - Será competente, em Macapá e Santana, a Vara dos Registros Públicos e, no interior, a Vara Única da Comarca. Parágrafo segundo - O procedimento será regido pelas normas que regulam a jurisdição voluntária, aplicando-se, no que couber, a Lei 6.015/73, atentando-se ao critério de conveniência ou oportunidade. Art. 7º - No caso de a área parcelada não coincidir com a descrição constante do registro imobiliário, o Juiz determinará a retificação da descrição do imóvel com base na respectiva planta e no memorial descritivo. Art. 8º - Os lindeiros particulares, que não tenham anuído, poderão ser cientificados por carta com aviso de recebimento, enquanto que a União, o Estado ou o Município serão citados na pessoa de seus representantes com prazo de 10(dez) dias,quando for o caso.
Art. 9º - O registro e respectiva matrícula, se for o caso, poderão ser cancelados em processos contencioso, por inciativa de terceiro prejudicado ou do Ministério Público, nos casos previstos em lei, em especial nas hipóteses do art. 216 da Lei 6.015/73. Parágrafo único - Se o juiz constatar que a abertura de matrícula ou algum ato autorizado por ele nos termos deste Provimento sejam nulos ou anuláveis, determinará, fundamentadamente e de ofício, o respectivo cancelamento, ou alcançará elementos ao órgão do Ministério Público para as providências cabíveis. TITULO VI DAS DISPOSIÇÕES FINAIS: Art. 10 - Este Provimento entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Macapá-AP, 05 de março de 1997. Des. GILBERTO DE PAULA PINHEIRO Vice-Presidente e Corregedor-Geral de Justiça do TJAP.