ESTUDO DA EXPANSÃO POR UMIDADE (EPU) DE BLOCOS CERÂMICOS ALTERNATIVOS UTILIZANDO REJEITOS DE GRANITO

Documentos relacionados
1. Introdução. Mendonça, A. M. G. D. a *, Santana, L. N. L. a, Neves, G. A. a, Chaves, A. C. a, Oliveira, D. N. S. a

Eixo Temático ET Educação Ambiental

OBTENÇÃO DE PLACAS CERÂMICAS PELOS PROCESSOS DE PRENSAGEM E LAMINAÇÃO UTILIZANDO RESÍDUO DE GRANITO RESUMO

ANÁLISE ESTATÍSITICA DA RESISTÊNCIA MECÂNICA DE CORPOS CERÂMICOS CONTENDO RESÍDUO MUNICIPAL

RESÍDUO CERÂMICO INCORPORADO AO SOLO-CAL

EXPANSÃO POR UMIDADE (EPU) EM MASSAS ALTERNATIVAS PARA REVESTIMENTOS CERÂMICOS

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E MECÂNICAS DE PRODUTOS DE CERÂMICA VERMELHA PRODUZIDOS NA REGIÃO CENTRAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

INFLUÊNCIA DA IDADE DE CURA NO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE BLOCOS SOLO-CAL

ANÁLISE DA POSSIBILIDADE DE ADIÇÃO DE RESÍDUO PROVENIENTE DO CORTE E POLIMENTO DE ROCHAS BASÁLTICAS EM BLOCOS DE CERÂMICA VERMELHA

VALORIZAÇÃO DA CINZA DE CALDEIRA DE INDÚSTRIA DE TINGIMENTO TÊXTIL PARA PRODUÇÃO DE ARGAMASSAS SUSTENTÁVEIS

RESÍDUOS DE GRANITO COMO MATÉRIA PRIMA ALTERNATIVA EM BARBOTINAS CERÂMICAS: INFLUÊNCIA DO TEOR DE FERRO (Fe 2 O 3 )

UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE GRANITO NA INDÚSTRIA DE REVESTIMENTO CERÂMICO

CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO DE GRANITO VISANDO UTILIZAÇÃO COMO MATERIAL ALTERNATIVO

APRIMORAMENTO DOS MÉTODOS DE MEDIDA DA EPU DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS

UTILIZAÇÃO DO RESÍDUO PROVENIENTE DO ACABAMENTO DE MÁRMORES E GRANITOS COMO MATÉRIA PRIMA EM CERÂMICA VERMELHA.

ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E MECÂNICAS DE BLOCOS CERÂMICOS COM DIFERENTES CORES E TONALIDADES

BLOCOS SOLO-CAL INCOPORADOS COM RESÍDUOS DE ROCHAS ORNAMENTAIS

PROCESSO INDUSTRIAL PREPARAÇÃO DA MATÉRIA PRIMA - PASTA CONFORMAÇÃO SECAGEM COZEDURA RETIRADA DO FORNO E ESCOLHA

EFEITO DA VARIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE PRENSAGEM NA COR E PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS DE PEÇAS CERÂMICAS SEM RECOBRIMENTO

RESUMO. Palavras-chave: aditivos, propriedades físico-mecânicas, massa cerâmica

DESENVOLVIMENTO DE NOVOS MATERIAIS CERÂMICOS A PARTIR DE RESÍDUOS DE LAPIDÁRIOS

Expansão por umidade de revestimentos cerâmicos incorporados com residuos de granito e caulim

Reaproveitamento do Resíduo Sólido do Processo de Fabricação de Louça Sanitária no Desenvolvimento de Massa Cerâmica

RESUMO. Palavras chave: aditivos químicos, limite de plasticidade, massas cerâmicas vermelhas.

Planejamento experimental no estudo da maximização do teor de resíduos em blocos e revestimentos cerâmicos

Moagem Fina à Seco e Granulação vs. Moagem à Umido e Atomização na Preparação de Massas de Base Vermelha para Monoqueima Rápida de Pisos Vidrados

EFEITO DA INCORPORAÇÃO DE CINZA DE RESÍDUO SÓLIDO URBANO (RSU) NAS PROPRIEADES DA CERÂMICA VERMELHA

ESTUDO DA POTENCIALIDADE DE RESÍDUOS DE CAULIM E GRANITO PARA PRODUÇÃO DE BLOCOS CERÂMICOS PARTE II

UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARIENSE - UNESC. Curso de Tecnologia em Cerâmica e Vidro. Trabalho de Conclusão de Estágio

Influência da Incorporação de Chamote nas Etapas de Pré-queima de Cerâmica Vermelha

CONFECÇÃO DE AMOSTRAS CERÂMICAS LABORATORIAIS POR EXTRUSÃO E ANÁLISE DAS PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS DE TIJOLOS VAZADOS E BARRINHAS MACIÇAS

TÉCNICAS CONSTRUTIVAS I

CARACTERIZAÇÃO DE ARGILAS UTILIZADAS NA INDÚSTRIA DE CERÂMICA VERMELHA NA REGIÃO DO CARIRI CEARÁ PARTE I

EXPANSÃO POR UMIDADE: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE REQUEIMA E TEMPO DE HIDRATAÇÃO

INFLUÊNCIA DA INCORPORAÇÃO DO REJEITO DO MINÉRIO DE MANGANÊS DE CARAJÁS-PA E FILITO DE MARABÁ-PA EM CERÂMICAS VERMELHAS

Influência da Temperatura de Requeima e Tempo de Hidratação sobre a Expansão por Umidade de Revestimentos Cerâmicos

Anais do 48º Congresso Brasileiro de Cerâmica

DIAGNÓSTICO E CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO DE GRANITO VISANDO O USO EM MASSAS CERÂMICAS

ENGOBE PARA TELHAS CERÂMICAS

AVALIAÇÃO DA POSSIBILIDADE DE APROVEITAMENTO DA LAMA PROVENIENTE DO PROCESSO DE BENEFICIAMENTO DE MÁRMORES COMO MATÉRIA-PRIMA EM CERÂMICA VERMELHA.

ADIÇÃO DE RESÍDUO PROVENIENTE DO CORTE E POLIMENTO DE ROCHAS BASÁLTICAS EM MATERIAIS DE CERÂMICA VERMELHA

NBR 7170/1983. Tijolo maciço cerâmico para alvenaria

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

IUTILIZAÇÃO DE REJEITOS DA SERRAGEM DE GRANITOS EM MASSAS PARA GRÉS SANITÁRIO

UTILIZAÇÃO DE REJEITOS DE CELULOSE E PAPEL NA CONFECÇÃO DE BLOCOS CERÂMICOS

ESTUDO SOBRE SOLIDIFICAÇÃO/ESTABILIZAÇÃO DE LODO DE LAVANDERIAS INDUSTRIAIS PARA FABRICAÇÃO DE BLOCOS CERÂMICOS ACÚSTICOS (RESSOADORES DE HELMHOLTZ)

ANÁLISE DA INCORPORAÇÃO DE LAMA DE GRANITO EM CERÂMICA ESTRUTURAL.

Expansão por Umidade: Metodologia para sua Avaliação e Estudo de Casos

ANÁLISE PRELIMINAR EM UMA MASSA ARGILOSA VISANDO A PRODUÇÃO DE BLOCOS CERÂMICOS: PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS

ESTUDOS PRELIMINARES DO EFEITO DA ADIÇÃO DA CASCA DE OVO EM MASSA DE PORCELANA

AREIA DE FUNDIÇÃO E ISOLADORES DE PORCELANA COMO AGREGADOS ALTERNATIVOS EM ARGAMASSAS

ANÁLISE PRELIMINAR EM UMA MASSA ARGILOSA VISANDO A PRODUÇÃO DE BLOCOS CERÂMICOS: CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E MINERALÓGICAS

CARACTERIZAÇÃO DE UMA ARGILA CONTAMINADA COM CALCÁRIO: ESTUDO DA POTENCIABILIDADE DE APLICAÇÃO EM MASSA DE CERÂMICA DE REVESTIMENTO.

Necessária onde a sinterização no estado sólido não é possível (Si 3

8º CONGRESSO IBEROAMERICANO DE ENGENHARIA MECANICA Cusco, 23 a 25 de Outubro de 2007

Revestimento cerâmico com granito e argila caulinítica. (Ceramic tile with granite and kaolinitic clay)

QUEIMA RÁPIDA DE MATÉRIA-PRIMA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE PARA OBTER GRÊS PORCELANATO

Resumo sobre Plasticidade

ROCHA ARTIFICIAL PRODUZIDA COM PÓ DE ROCHA E AGLOMERANTE POLIMÉRICO AGUIAR, M. C., SILVA. A. G. P., GADIOLI, M. C. B

Expansão por Umidade (EPU) em Blocos Cerâmicos

2. Considerando a figura dada na questão 2, explique a principal dificuldade de conformação da sílica fundida em relação ao vidro de borosilicato.

INCORPORAÇÃO DE LAMA VERMELHA IN NATURA E CALCINADA EM CERÂMICA VERMELHA

Física dos Materiais FMT0502 ( )

PLANEJAMENTO FATORIAL 3 2 NO ESTUDO DE PEÇAS CERÂMICAS VERMELHAS LAMINADAS (0, 1 E 2 VEZES) PARA FABRICAÇÃO DE LAJOTAS CERÂMICAS.

UTILIZAÇÃO DOS REJEITOS DO CAULIM E FELDSPATO NA FABRICAÇÃO DE PISO CERÂMICO

INCORPORAÇÃO DA CAL NA MASSA DE CONFORMAÇÃO DE CERÂMICA VERMELHA.

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO FÍSICO E MECÂNICO DE BLOCOS DE CONCRETO ECOLÓGICOS FABRICADOS COM INCORPORAÇÃO PARCIAL DE UM RESÍDUO SÓLIDO INDUSTRIAL

AVALIAÇÃO DO TIJOLO ECOLÓGICO PRODUZIDO EM TERESINA PI

INFLUÊNCIA DA PRESSÃO DE COMPACTAÇÃO SOBRE AS PROPRIEDADES DE MASSA DE REVESTIMENTO CERÂMICO POROSO

ESTUDO DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE ARGILAS COLETADAS NA REGIÃO DE BATAYPORÃ/MS

UTILIZAÇÃO DO RESÍDUO DO BENEFICIAMENTO DE ROCHAS ORNAMENTAIS (MÁRMORES E GRANITOS) NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Cerâmica 50 (2004) 75-80

INCORPORAÇÃO DA ESCÓRIA DO FORNO PANELA EM FORMULAÇÃO CERÂMICA: ESTUDO DAS ZONAS DE EXTRUSÃO

ESTUDO COMPARATIVO DE MASSAS CERÂMICAS PARA TELHAS PARTE 2: PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS

exp E η = η 0 1. Num vidro, a deformação pode ocorrer por meio de um escoamento isotrópico viscoso se a temperatura

PRODUTOS CERÂMICOS REGIONAIS INOVADORES

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE QUEIMA EM ARTEFATOS DE CERAMICA VERMELHA*

APROVEITAMENTO DA AREIA DE FUNDIÇÃO NA PRODUÇÃO DE TIJOLOS

INFLUÊNCIA DA SOLDA NA VIDA EM FADIGA DO AÇO SAE 1020

Aplicação da Estatística de Weibull na Avaliação da Tensão de Ruptura a Flexão de Revestimento Cerâmico

A Expansão Térmica de Materiais Cerâmicos Parte III: Efeitos da Adição de Calcita

Uso de rejeitos de granitos como matérias-primas cerâmicas (The use of granite wastes as ceramic raw materials)

AVALIAÇÃO DA INCORPORAÇÃO DE PEDRA CARIRI EM MASSAS DE TIJOLOS DE CERÂMICA VERMELHA*

20º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 04 a 08 de Novembro de 2012, Joinville, SC, Brasil

MCC I Cal na Construção Civil

(Effect of firing cycle on the technological properties of a red wall tile paste)

ESTUDO DE MATÉRIAS-PRIMAS UTILIZADAS EM CERÂMICA VERMELHA DO MUNICÍPIO DE CRATO - CE*

Avaliação da reatividade do metacaulim reativo produzido a partir do resíduo do beneficiamento de caulim como aditivo na produção de argamassa

Potencial de Substituição de Cimento por Finos de Quartzo em Materiais Cimentícios

Influência da granulometria do resíduo de celulose nas propriedades do material cerâmico

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DE CERÂMICA PRODUZIDA COM ADIÇÃO DE CHAMOTE *

INFLUÊNCIA DE ALGUNS ADITIVOS NA RESISTÊNCIA APÓS SECAGEM DE MISTURAS TAGUÁ DE JARINU, SP/LODO DE ETA

EFEITO DA ADIÇÃO DO RESÍDUO DE POLIMENTO DE PORCELANATO NAS PROPRIEDADES DE BLOCOS CERÂMICOS

CERÂMICA INCORPORADA COM RESÍDUO DE ROCHAS ORNAMENTAIS PROVENIENTE DA SERRAGEM DE BLOCOS UTILIZANDO TEAR MULTIFIO: CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL

Estudo e Avaliação do Uso e Escória Granulada de Fundição na Produção de Cerâmicas Estruturais

PERSPECTIVAS DA ATIVIDADE INDUSTRIAL DE ROCHAS ORNAMENTAIS PARA O SEMIÁRIDO

INFLUÊNCIA DA ABERTURA ENTRE ROLOS LAMINADORES SOBRE A COMPACTAÇÃO DE PLACAS CERÂMICAS

Estudo das propriedades mecânicas em cerâmica porcelanato submetidas à queima rápida

ESTUDO DA VIABILIDADE DE UTILIZAÇÃO DO RESÍDUO DE MÁRMORE EM PÓ EM SUBSTITUIÇÃO PARCIAL AO AGREGADO MIÚDO PARA PRODUÇÃO DE ARGAMASSA

AVALIAÇÃO DE DIFERENTES CINZAS DE CASCA DE ARROZ RESIDUAIS EM AÇÃO CONJUNTA COM ADITIVO PLASTIFICANTE

Transcrição:

ESTUDO DA EXPANSÃO POR UMIDADE (EPU) DE BLOCOS CERÂMICOS ALTERNATIVOS UTILIZANDO REJEITOS DE GRANITO M.M.A.Junior*; H.S.Ferreira**, G. A. Neves***, L. N. L. Santana*** e H. C. Ferreira** Universidade Federal de Campina Grande; Departamento de Engenharia de Materiais 59-970 Campina Grande, PB, Brasil *Aluno PIBIC/CNPq/UFCG **Aluno IC/UFCG ***Professores do DEMa/CCT/UFCG e-mail: gelmires@dema.ufpb.br RESUMO Quando alguns materiais cerâmicos entram em contato com a umidade adsorvem água e ocorre um pequeno aumento nas suas dimensões. Esse fenômeno, conhecido como EPU, é influenciado dentre outros fatores pela composição do corpo cerâmico e sua temperatura de queima, e é capaz de reduzir a sua vida útil. Em virtude da crescente quantidade de rejeitos gerados pelas indústrias beneficiadoras de rochas graníticas pretende-se neste trabalho analisar o efeito de EPU em composições cerâmicas alternativas utilizando resíduos de granito para uso na fabricação de blocos cerâmicos. Para tanto, foram formuladas com posições cerâmicas utilizando uma argila para cerâmica vermelha incorporada a teores de resíduos variando de 30 a 0%. Os corpos de prova foram conformados por extrusão e queimados nas temperaturas de 00ºC, 900ºC e 00ºC. A determinação da EPU foi realizada, após fervura por 2h. Foi analisada ainda à influência do ciclo de queima na EPU. Os resultados obtidos mostraram uma diminuição da EPU com a adição de resíduos, e um aumento seguido de decréscimo com a elevação da temperatura de queima. Palavras-chave: EPU, bloco cerâmico, resíduo, granito INTRODUÇÃO A expansão por umidade (EPU) é um fenômeno complexo sofrido por alguns materiais cerâmicos quando em contato com a água na forma líquida ou de vapor. O fenômeno ocorre lentamente provocando uma expansão relativamente pequena, que, todavia, pode ocasionar desde problemas simples, como gretamento do vidrado e destacamento de pisos, até danos mais severos como fissuras e trincas. O fenômeno começou a ser discutido na literatura cerâmica na década de 20, e desde então muitos estudos foram realizados a cerca de suas causas, incluindo a influência da composição química, temperatura de queima e características microestruturais, com destaque para os trabalhos de Smith (1), Milne (2), Young e Brownell (3) e Cole (). Estes trabalhos evidenciaram que a superfície de um sólido possui uma energia (análoga àquela que para os líquidos é chamada tensão superficial) responsável por uma compressão que, quando a água ou outro líquido é adsorvido, esta adsorção reduz a energia superficial do sólido e conseqüentemente a sua compressão interna, ocorrendo a EPU. As fases amorfas são as mais reativas frente à umidade e por conseguinte mais susceptíveis de provocarem elevada EPU no corpo cerâmico, enquanto que as fases vítreas e cristalinas são, nesta ordem, menos sensíveis a umidade (1-3). Desta forma observa-se que a EPU dos corpos cerâmicos está diretamente associada dentre outros fatores à quantidade de material argiloso utilizado na sua formulação, quando se faz uso de baixas 21

temperaturas de queima já que a grande maioria dos materiais amorfos presentes nas cerâmicas argilosas, nestes casos, é proveniente de reações de sua decomposição ou de reações entre os demais constituintes e os materiais argilosos. Atualmente na Paraíba gera-se uma grande quantidade de rejeitos provenientes do processo de beneficiamento de rochas ornamentais, notadamente da serragem de granitos. Os resíduos provenientes deste processo não recebem qualquer tratamento e são diretamente lançados ao meio am biente, causando dentre outros problemas de grande impacto ambiental. Trabalhos anteriores (5 ) realizados pelo DEMa/CCT/UFPB, evidenciaram que esses resíduos são materiais sílico-aluminosos com elevados teores de SiO 2 (>50%), podendo ser utilizados como matérias primas cerâmicas não plásticas alternativas para produção de blocos cerâmicos em proporções de até 0% em massa. Assim visando dá continuidade aos trabalhos sobre a EPU de tijolos e revestimentos comerciais da Região Nordeste conduzidos pelo DEMa/CCT/UFPB desde 1999 (9-), este trabalho objetiva analisar a EPU em composições cerâmicas alternativas, utilizando resíduos de granito para uso na fabricação de blocos cerâmicos. MATERIAIS E MÉTODOS Materiais Foram utilizados, na preparação dos corpos de prova os seguintes materiais: - resíduo POLIGRAN, proveniente da Indústria de Polimento de Granito do Brasil, localizada no Distrito Industrial de Campina Grande - PB e identificado por R01; - resíduo FORTALEZA, proveniente da Indústria GRANDONI, localizada no distrito industrial de Fortaleza - CE e identificado por R02; - resíduo FUJI, proveniente da Indústria FUGI S/A, localizada no Distrito Industrial de Campina Grande - PB e identificado por R03; - resíduo RECIFE, proveniente da serragem de granito da Empresa Granex S/A, localizada no Distrito Industrial do Cabo - PE e identificado por R0; - argila CINCERA, proveniente da Companhia Industrial Cerâmica CINCERA, localizada no Distrito Industrial de Santa Rita - PB. Estes resíduos foram analisados em trabalho anterior () onde foi verificado através da composição química elevado teor de SiO 2 e da sua composição mineralógica basicamente quartzo, feldspato, calcita e ferro. A argila vermelha, utilizada atualmente na produção de blocos cerâmicos foi caracterizada (física e mineralógicamente) e submetida a ensaios tecnológicos em estudo anterior (). Métodos Na preparação dos corpos de prova as matérias primas foram beneficiadas em moinho do tipo galga, e posteriormente passadas em peneira ABNT n 0 (0, mm). Foram formuladas massas cerâmicas com teores de resíduos variando de 30 a 0% em massa, baseando-se nas observações realizadas em trabalhos anteriores (-9), onde se verificou que composições com até 0% de resíduo podem ser usados na confecção de blocos cerâmicos maciços e furados e também na possibilidade de que adições menores que 30% pudessem conduzir a pequenas variações na expansão por umidade, o que dificultaria as análises quanto à influência da adição de resíduo na EPU dos corpos cerâmicos. Os corpos de prova foram conformados por extrusão, com dimensões de,0 x 2,0 x 1,0 cm³ e queimados nas temperaturas de 00ºC, 900ºC e 00ºC em virtude das temperaturas de queima nas olarias da região situarem-se nessa faixa e também com a finalidade de verificar a influência da temperatura na EPU dos corpos cerâmicos. 22

Parte dos corpos de prova foram submetidos a ensaios mecânicos em máquina universal Testomic Micro 350 para determinação do módulo de ruptura à flexão antes da fervura. Utilizando dez corpos de prova de cada amostra, foram feitas dez medições de comprimento com aproximação de 0,001 mm após queima e após fervura para determinação da EPU. A fervura foi efetuada por 2h, segundo condições de ensaio estabelecidas pela norma da ABNT NBR 13 (1997) (). Posteriormente os corpos de prova foram submetidos aos ensaios mecânicos para determinação do módulo de ruptura à flexão depois da fervura. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Figura 1 apresenta os valores de EPU obtidos para os corpos cerâmicos incorporados com 30 a 0% de resíduos R01, R02, R03 e R0, queimados nas temperaturas de, 900 C e. Analisando-se a Figura 1, verifica-se, de forma geral, uma diminuição da EPU com a adição dos resíduos. O que pode ser justificado pelo fato de que a adição dos resíduos diminui a quantidade de material argiloso na formulação e, por conseguinte a quantidade de fases amorfas e vítreas que são formadas durante a queima (fases responsáveis pela EPU dos corpos cerâmicos) uma vez que os resíduos apresentam um elevado teor de quartzo. R01 900 C 0,0 0,005 R02 900 C R03 R0 900 C 0,0 0,0 Figura 1 Expansão por umidade em função do teor de resíduo adicionado para as temperaturas de queima de, 900 C e. 23

Todos os corpos cerâmicos incorporados com 0% de resíduo apresentaram valores para expansão por umidade inferiores ao limite proposto pela especificação AS 2.5 (19), que é de 0,03% para blocos cerâmicos. Comparando os resultados para as três temperaturas de queima observa-se um aumento inicial na EPU com a elevação da temperatura de 00 o C para 900 C e um decréscimo com o aumento de 900 C para. Estes resultados estão de acordo com os observados na literatura (3-), que sugere a maior expansão na temperatura intermediaria está provavelmente relacionado com a formação de materiais amorfos durante a queima devido às reações entre os constituintes argilosos do corpo cerâmico. A Figura 2 apresenta os valores do módulo de ruptura à flexão obtidos para os corpos cerâmicos incorporados com 30 a 0% dos resíduos R01, R02, R03 e R0, queimados nas temperaturas de, 900 C e, antes e depois da realização do ensaio de fervura. R01 Antes Depois Antes Depois 22 21 20 19 17 15 13 11 9 7 5 3 R02 Antes Depois Antes Depois 20 R03 Antes Depois Antes Depois 22 20 R0 Antes Depois Antes Depois 2 2 Figura 2 Módulo de ruptura à flexão antes e depois da realização do ensaio de fervura em função do teor de resíduo adicionado para as temperaturas de queima de, 900 C e. 2

Analisando-se a Figura 2, verifica-se que para todas as temperaturas de queima a adição de resíduos provocou de forma geral uma redução do módulo de ruptura à flexão das amostras que não foram submetidas à fervura. O que pode ser justificado pelo fato da a adição de resíduos diminuir a quantidade de material argiloso na formulação e aumentar a quantidade de SiO () 2 na massa. Segundo Davidge (13), durante o resfriamento as partículas de quartzo contraem muito mais que a matriz, em virtudes das transformações de fase. Assim, as partículas de quartzo fica submetidas a campo de tensões impostos principalmente pela matriz vítrea. As tensões acumuladas são aliviadas pela geração de novas superfícies, através de surgimento de trincas que comprometem as propriedades mecânicas das peças. Observando os resultados obtidos após fervura, verifica-se de forma geral uma redução no módulo de ruptura à flexão. Este comportamento indica que os blocos cerâmicos quando em contato com a água apresentam um decréscimo na sua resistência mecânica, o que está provavelmente relacionado com a presença da fase vítrea na constituição final dos corpos cerâmicos, resultando na hidratação dos silicatos anidros, que ocasiona um aumento na EPU e o surgimento de microtrincas (11). CONCLUSÕES Este trabalho objetiva analisar a EPU em composições cerâmicas alternativas, utilizando resíduos de granito para uso na fabricação de blocos cerâmicos, é possível concluir que: - o aumento na adição de resíduos de granito provoca uma redução da EPU, independentemente da temperatura de queima; - a elevação da temperatura de queima provoca um aumento seguido de decréscimo da EPU, com um máximo valor atingido a 900 C; - A EPU provoca uma redução na resistência mecânica dos corpos cerâmicos. REFERÊNCIAS 1. A.N. Smith, Trans. Brit. Ceram. Soc. 5, 5 (1955) 300. 2. A.A. Milne, Trans. Brit. Ceram. Soc. 57 (195). 3. J.E. Young, W. E.J. Brownell, J. Am. Ceram. Soc. 2, (1959) 571.. W.F. Cole, J. Am. Ceram. Soc. 5, 9 (192) 2. 5. R.R. Menezes, G.A. Neves, S.M.R. Patrício, H.C.Ferreira. Anais do 5 o Congresso Brasileiro de Cerâmica, Florianópolis, SC, 2001, CD ROM.. G.A. Neves, Tese (Doutorado em Eng. Química) Coordenação de Pós-Graduação em Engenharia de Processos, UFPB, Campina Grande (2002). 7. L.F.A. Campos, R.S. Macedo, H.C. Ferreira, Anais do 3 o Congresso Brasileiro de Cerâmica, Florianópolis, SC, 1999, p. 01.. G.A. Neves, H.S. Ferreira, M.C. Silva, Anais do 5º Congresso Brasileiro de Cerâmica, Florianópolis, SC, 2001, p. 2701 a 2713. 9. R. R. Menezes, G.A. Neves, S. M.R. Patrício, H.C.Ferreira. Anais do 5 o Congresso Brasileiro de Cerâmica, Florianópolis, SC, 2001, CD ROM.. NBR 13, Placas Cerâmicas para Revestimento Especificação e Métodos de Ensaios, 1997. 11. L.F.A. Campos, Dissertação (Mestrado em Eng. Química) Coordenação de Pós-Graduação em Engenharia Química, UFPB, Campina Grande (2002).. L.F.A. Campos, R.S. Macedo, H.C. Ferreira, Anais do 3 o Congr esso Brasileiro de Cerâmica, Florianópolis, SC, 1999, p. 01. 13. R.W. Davidge, Mechanical Behavior of Ceramics Alden Press, Oxford, 1979. 25

MOISTURE EXPANSION OF ALTERNATIVE CERAMIC USING GRANITE WASTES M.M.A.Junior*; H.S.Ferreira**, G. A. Neves***, L. N. L. Santana*** e H. C. Ferreira*** Universidade Federal de Campina Grande; Departamento de Engenharia de Materiais 59-970 Campina Grande, PB, Brasil *Aluno PIBIC/CNPq/UFCG **Aluno IC/UFCG ***Professores do DEMa/CCT/UFCG e-mail: gelmires@dema.ufpb.br ABSTRACT Some ceramic materials in contact with humidity adsorb water resulting in a small increase dimensions. That phenomenon known as moisture expansion is influenced among other factors by the of ceramic body composition and the firing temperature and is one of the causes of useful life reduction. The growing of waste amount generated by granite industry show the possibility of use as alternative raw material in ceramic industry. After preliminary studies the objective of this work is analyses the moisture expansion effect in ceramic alternative compositions with granite wastes to the production of ceramic blocks. The ceramic compositions using wastes in the proportion of 30 to 0% incorporated to typical red plastic clay used in structural clay products industry. The proof bodies were conformed by extrusion and fired at 00 o C, 900 o C e 00 o C. The moisture expansion is done by ebullition method according ABNT standards (ABNT NBR 13). The influence of firing cycle in moisture expansion with the addition of residues and a increase followed by decrease with the firing temperature. Word-key: EPU, residue, granite 2