ESTUDO COMPARATIVO DA VANTAGEM DE UMA TÊMPERA EM ÓLEO DE PALMA SOBRE A TÊMPERA TRADICIONAL EM AÇOS

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Bacharel em Engenharia Mecânica das Faacz - Faculdades Integradas de Aracruz,Operador na Fibria Celulose S/A. Aracruz, ES, Brasil.

Transcrição:

ESTUDO COMPARATIVO DA VANTAGEM DE UMA TÊMPERA EM ÓLEO DE PALMA SOBRE A TÊMPERA TRADICIONAL EM AÇOS E. J. F. Soares 1, e-mail: ejfsoares@oi.com.br Av. Almirante Barroso, 1155, Marco, Belém-PA. CEP: 66093-020 T. C. O. Nunes 1, E. A. dos Santos 1, J. L. Pereira 2. 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará IFPA, Campus Belém, PA. 2 Agropalma, Tailândia, PA. RESUMO Com o incremento da indústria do biodiesel em substituição paulatina ao diesel tradicional em função das questões ambientais e futuro esgotamento na produção de petróleo, grande áreas plantadas da cultura da Palma foram praticadas na Amazônia, notadamente na região do baixo Tocantins em função do excelente rendimento dado pelo fruto desta palmeira na produção do óleo vegetal (de palma). O aumento da área plantada necessitou de uso contínuo de instrumentos de corte dos cachos de palma com desgaste intenso a partir dos meios tradicionais de fabricação dos facões utilizados nesta tarefa, elevando consideravelmente os custos de produção. A partir de um trabalho empírico desenvolvido conjuntamente entre técnicos das empresas envolvidas e do setor de pesquisa do curso de Engenharia de Materiais do Instituto Federal do Pará IFPA foi aplicado o próprio óleo de palma como meio refrigerante na têmpera superficial com excelentes resultados práticos quanto à durabilidade das ferramentas e um ganho considerável nos custos gerais de produção, com grande economia de materiais. Este trabalho dá prosseguimento aos estudos que procuram demonstrar as vantagens da aplicação do óleo de palma como meio refrigerante na têmpera de aços com considerável ganho nas propriedades mecânicas nos aços aplicados. PALAVRAS-CHAVE: Tratamento térmico, aço-ferramenta, biodiesel. INTRODUÇÃO Mais conhecido no Brasil, devido principalmente a seu uso culinário, como dendê, o óleo de palma é uma das apostas brasileiras para produção de biodiesel. Uma área já desmatada de até 318 mil km² (maior que o Rio Grande do Sul) (1), 81

localizada principalmente no estado do Pará, deverá ser ocupada pelo cultivo, de acordo com zoneamento agroambiental feito pela Embrapa. As empresas Petrobras e Vale além do governo federal, através do Programa de Produção Sustentável de Óleo de Palma, são alguns dos atores que investem no crescimento da cultura. No Pará, o maior produtor de óleo de palma do Brasil, é onde se concentra mais de 80% da área plantada. Nessa região ocorre maior flutuação em energia solar, temperatura do ar, umidade atmosférica (distribuição das chuvas), que é o elemento climático de maior variação espacial e de maior repercussão na produtividade do dendê nesta região. Essa extensa área plantada demanda um grande aparato no processo de colheita dos cachos de palma. A produção de facões (ver figura 1), os quais são utilizados no corte dos cachos da palma, tem sido estudada com vistas a uma maior durabilidade das ferramentas (2). Estudos mostraram que o uso do próprio óleo de palma no tratamento térmico das lâminas tem sido um fator primordial no aumento de vida destas ferramentas resultando em grande economia de material além de usar um óleo considerado ecologicamente renovável (3). Este trabalho representa um prolongamento desses estudos, em que se procura ampliar os conhecimentos na aplicação do óleo de palma como meio refrigerante nos processos de têmpera e seus efeitos sobre diferentes tipos de aços usados largamente na produção de ferramentas de corte. Figura 1 Mostra uma das etapas da confecção do facão utilizado no corte dos cachos da palma. 82

Os óleos vegetais vêm sendo muito estudados para serem utilizados como meios de resfriamento no processo de têmpera. O aumento no interesse pela utilização desses óleos para esse tipo de tratamento é devido eles apresentarem algumas vantagens ambientais em relação aos óleos minerais, como a biodegradabilidade e pelo fato de serem de fontes renováveis (4). MATERIAIS E MÉTODOS Neste trabalho contamos com o apoio dos laboratórios de Tratamento Térmico e Metalografia do IFPA, onde foram utilizados os seguintes equipamentos: - Forno elétrico tipo mufla. - Máquina de corte metalográfico. - Máquina de embutimento metalográfico. - Lixadeira e politriz automática. - Microscópio metalográfico. - Durômetro analógico. Também contamos com materiais de preparação e ataque metalográfico tais como lixas d água, pano e pasta de polimento e reagente químico (Nital 3%). Trabalhamos com dois aços distintos e usuais na fabricação de facões de corte na indústria de óleo de palma, os aços AISI 1060 e AISI 5160. A figura 2 a seguir mostra o tipo de forno elétrico utilizado nos tratamentos de têmpera dos referidos aços. Figura 2 Forno elétrico utilizado nos tratamentos térmicos de têmpera. 83

Procedimento Experimental Procedemos inicialmente à obtenção das amostras a partir de barras de aços usados na confecção de ferramentas usuais para confecção de facões para corte da palma. Seccionaram-se 12 (doze) amostras, sendo 6 (seis) de aço AISI 1060 e 6 (seis) amostras de aço AISI 5160. Foram utilizados um forno tipo mufla e um registrador de temperatura tipo Almemo com termopar para o procedimento do tratamento a se realizar. A temperatura de tratamento térmico das amostras estabeleceu-se em 877 C conforme os diagramas de equilíbrio das ligas e o tempo de aquecimento e encharque acima de 7 (sete) minutos. Decorrido o tempo de aquecimento, resfriouse as amostras em óleo de palma e em água, sendo a metade de cada tipo de aço no meio de resfriamento estabelecido. Após a realização do tratamento térmico, procedeu-se à caracterização de todas as amostras, com a tirada da dureza resultante conforme norma ABNT e realizou-se a preparação metalográfica correspondente com o corte longitudinal seguido de embutimento a frio das peças O lixamento se deu até o graná 1500#, seguido de polimento em panos de 6µ, 3µ e 1µ, respectivamente, com pasta de diamante. Procedeu-se ao ataque químico com Nital 3% e posterior captura de imagens das microestruturas através de microscópio óptico, conforme pode ser visualizado na figura 3 abaixo. Figura 3 Microscópio óptico metalográfico com aquisição de imagem. 84

RESULTADOS E DISCUSSÃO Ensaios de Dureza Comparando os resultados dos tratamentos realizados nas amostras de aço AISI 1060 temperados em água, a dureza media foi de 58 HRC, bem superior aos das indentações obtidas no mesmo aço resfriado no óleo de palma que foi de 48 HRC. Para os tratamentos realizados no aço AISI 5160, as amostras resfriadas em água foram ainda maiores, de aproximadamente 65 HRC. Já nas amostras de aços da mesma espécie resfriados em óleo de palma obteve-se uma dureza média de 56 HRC. Com isso podemos inferir que para materiais de mesma espécie resfriados nos diferentes meios foi observada uma diferença média de dureza de aproximadamente 10 HRC, sendo ambas as durezas consideravelmente elevadas, conferindo ao material uma alta resistência ao desgaste. Quando comparamos os mesmos materiais submetidos a diferentes meios de resfriamento, verificamos que para o resfriamento em água as amostras de aço AISI 5160 apresentaram-se com uma dureza média de 65 HRC, superior a das amostras do aço AISI 1060 que se mostraram com uma dureza média de 58 HRC. Para as mesmas amostras de aço AISI 5160 temperadas em óleo de palma obteve-se uma dureza média de 56 HRC, bem superior a das amostras de aço AISI 1060 que se revelaram com uma dureza média de 48 HRC. Tabela I Mostra a dureza media dos ensaios realizados. Verificar que, comparativamente, os ensaios realizados em água obtiveram maior dureza que os em óleo de palma, e os ensaios no aço AISI 5160 obtiveram maior dureza que os do aço AISI 1060. TABELA DE DUREZA Aço Meio Amostras AISI 1060 Média das durezas (HRC) Água 1, 2, 3 58 Óleo de palma 4, 5, 6 48 AISI 5160 Água 7, 8, 9 65 Óleo de palma 10, 11,12 56 85

DUREZA (HRC) TTT 2012 - VI Conferência Brasileira sobre Temas de Tratamento Térmico 70 60 AISI 1060 AISI 5160 50 40 30 20 10 0 ÓLEO ÁGUA ÓLEO ÁGUA MEIO DE TÊMPERA Figura 4 Gráfico da escala comparativa de dureza entre os aços AISI 1060 e AISI 5160. De um modo geral, as amostras de aço AISI 5160 tratadas obtiveram durezas mais elevadas do que as amostras de aço AISI 1060 temperadas, em relação aos seus respectivos meios de resfriamento. Isso mostra que o aço AISI 5160 apresenta uma melhor resposta frente ao tratamento de têmpera tanto na água como no óleo de palma. Imagens Micrográficas Figura 5 Aço AISI 1060 temperado em água. A estrutura martensítica se faz presente. 86

Figura 6 Aço AISI 1060 temperado em óleo de palma. Encontra-se presente a martensita no interior dos grãos contendo ainda no entorno perlita fina. Figura 7 Aço AISI 5160 temperado em água. A martensita se faz presente em toda a peça. Figura 8 Aço AISI 5160 temperado em óleo de palma. Estão presentes na estrutura a martensita e algumas pequenas regiões de perlita fina. 87

CONCLUSÕES Ante o exposto, as seguintes conclusões podem ser extraídas do experimento: O óleo de palma apresenta uma grande eficiência para ser utilizado como meio de resfriamento no tratamento térmico de têmpera dos aços AISI 1060 e 5160. Os resultados de dureza são relativamente maiores nas amostras temperadas em água, porém, a fragilidade dos aços aumenta devido ao brusco resfriamento proporcionado pela água. Os tratamentos de têmpera em óleo de palma permitem alcançar durezas elevadas sem que para isso se comprometa as outras propriedades mecânicas que são importantes na resistência dos aços. A inserção do óleo de palma nos processos de têmpera de aços apresenta uma grande contribuição ambiental, pois não polui o meio ambiente (é biodegradável) e é de origem vegetal (fonte renovável). O uso do óleo de palma em têmpera estimula a produção e proporciona desenvolvimento econômico para a região. REFERÊNCIAS [1] E. A. dos Santos; E. J. F. Soares; J. L. Pereira; T. F. Rodrigues; T. C. O. Nunes. CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL DE UM INSTRUMENTO DE CORTE TEMPERADO SUPERFICIALMENTE A PARTIR DO ÓLEO DE PALMA. Sessão de Comunicação Oral na III Semana Técnico-Científica e Socio-Cultural, IFPA, Belém, 2011. [2] E. A. dos Santos; E. J. F. Soares; J. L. Pereira; T. C. O. Nunes. MICROSTRUCTURAL CHARACTERIZATION OF A SUPERFICIALLY QUENCHED CUT INSTRUMENT FROM OF PALM OIL. Poster at the X Brazilian MRS Meeting, X Encontro da SBPMat, Gramado, 2011. [3]. E. A. dos Santos; E. J. F. Soares; J. L. Pereira; T. C. O. Nunes. TÊMPERA EM ÓLEO DE PALMA: UM ESTUDO APLICADO EM AÇO DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA UTILIZADO COMO INSTRUMENTO DE CORTE / QUENCHING IN PALM OIL: A STUDY APPLIED IN MECHANICAL CONSTRUCTION STEEL USED AS CUTTING INSTRUMENT, Edição especial da revista Tratamento de Superfície, Catalogo Oficial EBRATS 2012. Ref.97, pag.79, 14 EBRATS, São Paulo, 2012. 88

[4] G. Belinato. ESTUDO DA OXIDAÇÃO DOS ÓLEOS DE SOJA E DENDÊ ADITIVADOS COM ANTIOXIDANTES PARA USO EM TRATAMENTOS TÉRMICOS DE TÊMPERA. 2010. 119 p. Dissertação (Mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais) Universidade de São Paulo, São Carlos, 2010. 89

COMPARATIVE STUDY OF THE ADVANTAGE OF A QUENCHING IN OIL PALM ON THE TRADITIONAL QUENCHING IN STEELS ABSTRACT With the increase in the biodiesel industry gradually replacing traditional diesel in terms of environmental issues and future depletion of oil production, planted large areas of the culture of Palma were practiced in the Amazon, especially in the lower Tocantins due to the excellent performance given by the fruit of this palm in the production of vegetable oil (palm).the increase in acreage needed for continuous cutting instruments bunches of the palm with heavy wear from the traditional means of manufacturing the machetes used in this task considerably increasing production costs. From an empirical work together with technicians of the companies involved and the research sector of the course of Materials Engineering, Federal Institute of Para- IFPA was applied himself palm oil as a coolant in surface hardening with excellent practical results on the durability of tools and a considerable gain in overall production costs, with great economy of material. This paper is a continuation of studies that seek to demonstrate the advantages of using palm oil as a coolant in the tempering of steels with considerable gain in the mechanical properties in steels applied. KEY-WORDS: Heat treatment, tool steel, biodiesel. 90