CURSO DE RESOLUÇÃO DE QUESTÕES DE PROCESSO CIVIL PONTO A PONTO PARA TRIBUNAIS MÓDULO 11 EXECUÇÃO Professora: Janaína Noleto Curso Agora Eu Passo () Olá, pessoal! Chegamos ao nosso décimo primeiro módulo. No módulo 10, tratamos dos recursos. Agora veremos algumas questões sobre a fase executiva. A primeira questão trata do dever que tem o executado de indicar bens penhoráveis, sob pena de praticar ato atentatório à dignidade da justiça. Questão 1 (FCC - 2012 - TJ-PE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - e Administrativa) No processo A, já em fase de execução de sentença, Hortência, proprietária de diversos imóveis, intimada, não indica ao juiz, em cinco dias, quais são e onde se encontram os bens sujeitos à penhora e seus respectivos valores. Neste caso, em regra, de acordo com o Código de Processo Civil brasileiro, Hortência a) praticou ato atentatório à dignidade da Justiça, e poderá incidir multa fixada pelo juiz, em montante não superior a 20% do valor proveito do credor. b) não praticou ato atentatório à dignidade da Justiça previsto nas disposições gerais aplicadas no processo de execução em geral. c) praticou ato atentatório à dignidade da Justiça, e poderá incidir multa fixada pelo juiz, em montante não superior a 10% do valor proveito do credor. d) praticou ato atentatório à dignidade da Justiça, e poderá incidir multa fixada pelo juiz, em montante não superior a 50% do valor proveito do Estado.
e) praticou ato atentatório à dignidade da Justiça, e poderá incidir multa fixada pelo juiz, em montante não superior a 10% do valor proveito do Estado. Resposta: item a. Comentários à questão: Nos termos do art. 600, IV do CPC, Hortência praticou ato atentatório à dignidade da justiça, pois, intimada, deixou de indicar, em 5 (cinco) dias, quais são e onde se encontram os bens sujeitos à penhora e seus respectivos valores. A multa será fixada pelo juiz, de acordo com o art. 601 do CPC, em montante não superior a vinte por cento do valor atualizado do débito em execução, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material. O credor da multa é o credor e seu valor é exigível na própria execução. Portanto, está correto o item a. A segunda questão trata da remição do bem penhorado. Questão 2 (FCC - 2012 - TRT - 11ª Região (AM) - Técnico Judiciário - Área Administrativa) Xisto é processado e condenado ao pagamento de indenização por danos morais e materiais em favor de Tomé, na quantia total de R$ 100.000,00. Iniciada a fase de cumprimento de sentença para pagamento do débito, Xisto tem um apartamento de sua propriedade na praia penhorado e devidamente avaliado por perito judicial. Maria, José e Paulo, cônjuge, filho e genitor de Xisto, respectivamente, pretendem exercer o direito de remição e, para tanto, poderão requerer a adjudicação do bem penhorado, oferecendo preço não inferior ao da avaliação e, havendo divergência entre os pretendentes, com igualdade de oferta após uma licitação entre eles, terá preferência na adjudicação, a) Maria, Paulo e José, nessa ordem. b) José, Paulo e Maria, nessa ordem. c) Maria, José e Paulo, nessa ordem.
d) Paulo, Maria e José, nessa ordem. e) José, Maria e Paulo, nessa ordem. Resposta: item c. Comentários à questão: De acordo com o art. 685-A, 3º, do CPC, havendo divergência entre eles, será feita uma licitação, ou seja, ver-se-á quem dá mais. Se a oferta for igual, a preferência é do cônjuge (Maria), do filho (José) e do pai (Paulo). Portanto, a ordem é CÔNJUGE DESCENDENTE ASCENDENTE. Importante observar que a remição do bem tem que ser feita antes de o bem ser leiloado. Portanto, está correto o item c. Atenção! Não confunda remição do bem com remição da execução. Na questão tratamos da remição do bem, ou seja, a sub-rogação do bem penhorado pelo seu equivalente em dinheiro. O resgate do bem apreendido judicialmente é feito por terceiro que tem laço de consaguinidade com o devedor ou seu cônjuge (art. 685-A, 2º, CPC. O art. 651 do CPC faculta ao executado a remição da execução, ou seja, em qualquer momento antes da adjudicação ou alienação dos bens, pode o executado remir a execução que lhe recai, pagando ou consignando o valor atualizado da dívida, acrescidos dos juros legais, mais custas processuais e honorários advocatícios. A terceira questão trata dos embargos do devedor, meio de defesa do executado na execução do título extrajudicial. Questão 3 (FCC - 2011 - TCE-SP - Procurador) Quanto aos embargos do devedor, de acordo com o Código de Processo Civil, é correto afirmar que a) a concessão de efeito suspensivo impedirá a efetivação dos atos de penhora e de avaliação dos bens. b) nas execuções por carta precatória a citação do executado será imediatamente comunicada pelo juiz deprecado ao juiz deprecante, contando-se o prazo para os embargos sempre a partir da juntada da carta precatória devidamente cumprida.
c) quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, será contado em dobro o prazo para oposição de embargos do devedor. d) se houver litisconsórcio passivo na execução entre cônjuges, o prazo para propositura dos embargos flui a partir da juntada aos autos do último mandado de citação cumprido. e) o juiz imporá, em favor do exequente, multa ao embargante em valor não superior a 10% (dez por cento) do valor em execução se os embargos forem manifestamente protelatórios. Resposta: item d. Comentários à questão: O item a está incorreto. Os embargos do devedor não têm mais (tinham antes da reforma) efeito suspensivo ordinário (art. 739- A, caput, do CPC). Isso significa que os embargos somente terão efeito suspensivo quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes (art. 739, 1º, do CPC). Portanto, a regra é a ausência de efeito suspensivo. Ademais, ainda quando têm efeito suspensivo, tal efeito não impede a efetivação dos atos de penhora e de avaliação dos bens (art. 739-A, 6º, do CPC). O item b está incorreto. O prazo para embargos começa a correr da juntada aos autos (no juízo deprecante) da comunicação de que a carta foi devidamente cumprida (art. 738, 2º, do CPC). O item c está incorreto, pois a regra do art. 191 do CPC, segundo a qual os litisconsortes com procuradores diferentes têm prazo em dobro para praticar atos no processo, não se aplica aos embargos do devedor (art. 738, 3º do CPC). O item d está correto, pois, havendo litisconsórcio, o prazo de 15 dias (não é dobrado) para cada um embargar conta-se a partir da juntada do respectivo mandado citatório, salvo tratando-se de cônjuges, hipótese em que será contado o prazo a partir da juntado do último mandado cumprido (art. 738, 1º c/c art. 241, III, ambos do CPC). O item e está incorreto, pois a multa a ser fixada pelo juiz, em caso de embargos manifestamente protelatórios, não
superará 20% (vinte por cento) do valor em execução (art. 738, parágrafo único, do CPC). Importante observar que, no cumprimento de sentença (execução de título judicial), a defesa do executado faz-se por meio de impugnação, e não embargos do devedor. Para apresentar impugnação, faz-se necessária a garantia do juízo (art. 475-J, 1º, CPC). Abaixo, duas tabelas: a primeira, um breve resumo sobre o novo regime da execução, em suas diversas modalidades; a segunda, um quadro comparativo entre impugnação e embargos do devedor. NOVO REGIME DA EXECUÇÃO TÍTULO JUDICIAL TÍTULO EXTRAJUDICIAL OBRIGAÇÃO PAGAR DE 15 dias para pagar, sob pena de multa de 10%. Somente a requerimento do credor, expedir-se-á mandado de penhora. Art. 475-J. Citação para pagar em 3 dias. Não há multa, mas redução dos honorários à metade, se houver o pagamento no prazo. Não pagamento: expedição de mandado de penhora. Arts. 652 e 652-A. OBRIGAÇÃO DE FAZER/ NÃO FAZER Intimação para cumprir a obrigação no prazo que o juiz fixar. Juiz pode fixar multa coercitiva. Outras medidas: busca e apreensão, desfazimento de obras etc. Art. 461. Citação para cumprir a obrigação no prazo previsto no contrato ou, na omissão deste, no prazo que o juiz fixar. Art. 632. Aplicação subsidiária do art. 461. ENTREGAR COISA Intimação para cumprir a obrigação no prazo que o juiz fixar. Possibilidade de multa. Outras medidas: busca e apreensão. Art. 461-A Citação para entregar a coisa em 10 dias. Art. 621. Aplicação subsidiária do art. 461-A.
DEFESA DO EXECUTADO Título Judicial Título extrajudicial Defesa Impugnação Embargos do devedor Garantia do juízo Necessária prazo de 15 Desnecessária prazo de dias a contar da intimação 15 dias a partir da da penhora. Art. 475-J, 1º. juntada do mandado de citação. Art.738. Efeito suspensivo Não tem, mas o juiz pode conceder, se houver risco de dano irreparável ou de difícil reparação para o executado. Art. 475-M. Não tem, mas, se o executado segurar o juízo, e houver risco de dano irreparável ou de difícil reparação para o executado, o juiz pode conceder. Art. 739-A, caput e 1º. Ficamos por aqui! Até o próximo módulo!