Evolução das exportações de milho do Brasil: países de destino e estados exportadores

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Transcrição:

Evolução das exportações de milho do Brasil: países de destino e estados exportadores Ariel P. Oliveira 1, João C. Garcia 2 e Jason O. Duarte 2 1 Estagiário da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG). arielpoliveira@gmail.com. 2 Pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG). garcia@cnpms.embrapa.br, jason@cnpms.embrapa.br. Cx. Postal 151, CEP 35701-970, Sete Lagoas, MG. Palavras-chave: milho, Zea mays, exportação. Introdução A partir de 2001, o Brasil vem se consolidando como exportador de milho no mundo. Esta estratégia de exportação está associada aos excedentes produzidos no país. Nos últimos anos, a produção de milho no Brasil teve taxas de crescimento positivas, levando o país a ter maiores excedentes exportáveis, pois a demanda interna não tem sido suficiente para o escoamento da produção. Alguns estados apresentam excedentes mais expressivos que outros, em especial, o estado de Mato Grosso e Paraná. Para escoamento dos excedentes destes e de outros estados, tem-se usado alguns instrumentos de apoio à comercialização da produção pelo Governo Federal, em especial o PEP (Prêmio para Escoamento de Produto) e o PEPRO (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural). Com o uso destes instrumentos, o milho produzido em regiões mais distantes do consumidor passa a alcançar estes mercados, liberando milho mais próximo aos portos para a exportação. Atualmente, o Brasil é o terceiro colocado em exportação de milho, perdendo apenas para os Estados Unidos e Argentina. A manutenção desta posição é importante para o país, tendo em vista que a possibilidade de exportações serve como válvula para o escoamento do excesso de produção, equilíbrio do mercado interno e para evitar que os preços caiam abaixo do patamar estabelecido na Política de Garantia de Preços do Governo Federal. Principais países importadores. O número de países que importam milho brasileiro em quantidades significativas é bastante restrito. Na tabela 1 encontra-se a relação dos países que, nos últimos seis anos, foram responsáveis por mais do que 5% das exportações anuais em algum ano. De toda a exportação brasileira de milho (Tabela 1), atualmente o Irã é o principal comprador. Em 2005, este país chegou a adquirir 66% de todo o milho exportado pelo Brasil e, no decorrer dos anos, ele se manteve estável como importador do cereal brasileiro. Essa posição do Irã em relação aos outros países está relacionada, principalmente, à restrição de importação de milho dos Estados Unidos e Argentina, devido a problemas políticos. Outros países, como a Malásia, Colômbia, Taiwan, Arábia Saudita e Marrocos vêm tendo participação cada vez maior na aquisição de milho brasileiro, ou seja, em alguns anos esses países poderão se tornar importadores tradicionais. Em 2009, 10% da exportação brasileira foi destinada a Taiwan e este percentual se manteve nos cinco primeiros meses de 2010. O que acontece com Taiwan é o inverso da situação da Coreia do Sul, Espanha e o 3377

conjunto dos outros países da Europa, que eram consumidores tradicionais do milho brasileiro, mas que, a cada ano, vêm diminuindo a quantidade importada do cereal do Brasil. Tabela 1. Participação dos principais países importadores de milho brasileiro no período de 2004 a 2009 (em %). País Anos 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Irã 29 66 47 26 8 24 Malásia 0 0 0 0 5 11 Colômbia 0 0 0 0 4 11 Taiwan 0 0 0 0 3 10 Arábia Saudita 2 0 0 1 6 9 Coreia do Sul 33 15 21 6 5 8 Marrocos 1 0 0 0 3 6 Espanha 10 6 21 28 16 3 Outros Europa * 21 3 5 37 43 1 * (Holanda, Reino Unido, Alemanha, Itália, França, Portugal, Bélgica e Irlanda) Fonte: ALICE-Web (2010) O Japão começa a ter uma posição considerável em relação ao consumo de milho brasileiro. Em 2009, 4% do milho exportado foi destinado ao país, com tendência de crescimento para os próximos anos, sendo que até maio de 2010 este país já tinha importado 12% da exportação brasileira de milho. Tal fato deriva-se de problemas com a qualidade do milho norte-americano disponível em 2010, que fez com que o Japão procurasse novos países fornecedores do cereal. Os países da Europa importaram uma quantidade considerável. Juntos, os países europeus somaram 65% da quantidade importada de milho brasileiro em 2007 e 59% em 2008 (somente a Espanha adquiriu 28% da exportação brasileira no ano de 2007 e 16% em 2008). Esse aumento nesses dois anos foi ocasionado por problemas climáticos que afetaram seriamente a produção do continente europeu e pela desorganização econômica dos países da antiga União Soviética. Esta situação vem se normalizando e os países da antiga URSS vêm, gradativamente, tornando-se fornecedores de milho para os países da Europa. Em alguns países emergentes, como a Arábia Saudita, o crescimento da demanda por milho é decorrente de um esforço do governo local para aumentar a produção interna de aves. Neste caso, o milho exportado pelo Brasil estaria contribuindo para a nossa redução nas exportações de frangos Estados exportadores O Paraná era o principal exportador de milho, mas o Mato Grosso passou a liderar o ranking a partir da safra de 2008, com 44% do total nacional contra 32% do Paraná. Na safra de 2009, as exportações de milho dos dois estados somam 90% da exportação total. Na tabela 2 encontra-se a relação de estados exportadores de milho no Brasil. 3378

Do total exportado pelo Brasil no ano de 2009, o Mato Grosso forneceu mais da metade, ou cerca de 66% do milho. O bom regime de chuvas nas áreas de maior produção e a ampliação de área de milho no estado de Mato Grosso (principalmente na safrinha) foram os grandes responsáveis por este desempenho. Os outros estados que seguem o Mato Grosso e o Paraná em quantidade exportada de milho somam apenas 9% da exportação nacional do grão. O levantamento feito até maio de 2010 indica que o estado do Mato Grosso vem dominando 79% das exportações de milho, contra apenas 16% do estado do Paraná, segundo colocado. Na figura 1 é possível observar o ano em que o estado de Mato Grosso ultrapassou o Paraná na exportação de milho. Tabela 2. Participação dos estados na exportação de milho do Brasil no período de 2004 a 2009 (Percentagem de milho exportado). Estado Anos 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Mato Grosso 14 42 11 34 44 66 Paraná 78 57 74 37 32 24 Mato Grosso do Sul 1 0 10 8 4 3 Goiás 2 0 1 8 8 3 Rio Grande do Sul 4 0 1 4 6 2 Fonte: Aliceweb Dados até maio/2010 Figura 1: Exportações de milho por estado (2004 2010*) Exportação e importação brasileira Até o início da década de 2000, o Brasil participava eventualmente do mercado externo como exportador. A produção de milho brasileira era bastante próxima das necessidades internas do país. Eventuais excedentes eram exportados. Da mesma forma, em anos em que a produção não era suficiente para abastecer o mercado interno, importações eram efetuadas principalmente da Argentina (para abastecer o Nordeste) e do Paraguai. Com a introdução dos transgênicos na Argentina, as importações deste país foram restringidas. A partir do ano de 2001, o Brasil começou a ter expressividade na exportação de milho, 3379

tornando-se um participante contínuo do mercado mundial, o que é importante, pois transmite uma sensação de fornecimento seguro para os compradores. No mesmo ano citado, as importações correspondiam a apenas 11% do total exportado; em 2005 (último ano de importações relevantes), a importação correspondeu a cerca de 56% da exportação total. Este foi o ano em que a importação se aproximou mais da exportação, o que ocorreu devido à baixa produção nacional ocasionada pela seca na região Sul, e, consequentemente, a redução do montante exportado. Tal situação está representada na figura 2, onde se pode ver o quanto a importação aproximou-se da exportação em 2005. Em 2007, a exportação teve um crescimento extraordinário em relação a 2006, tendo quase triplicado nesse período. Figura 2: Exportação e importação brasileira de milho 2001-2009. Conclusão As exportações são de grande importância nacional tanto para o escoamento do excedente de produção quanto para o equilíbrio dos preços do mercado interno. As medidas do governo PEP e PREPO ajudam muito, mesmo que indiretamente nas exportações. A posição do Brasil no ranking mundial é extremamente favorável para os países que importam o grão, o que demonstra qualidade e preços competitivos no mercado mundial. Por outro lado, o ainda restrito número de países importadores de milho do Brasil pode ser fator restritivo para eventuais crescimentos futuros das exportações de milho do país. Apesar do nosso desenvolvimento e posição mundial na exportação de milho, o país precisa melhorar, principalmente em questões de infraestrutura. O escoamento da produção se depara com problemas de transporte, rodovias mal conservadas, que aumentam ainda mais o custo do produtor e o preço final nos portos, considerando também que os armazéns do governo não são suficientes para guardar o excedente não vendido ou não exportado. Com o apoio do governo e solução destes problemas a exportação brasileira de milho pode se desenvolver ainda mais e, consequentemente, haverá uma diminuição nos preços do mercado interno, aumentando o PIB nacional. 3380

Referência ALICE-Web- Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior. Exportação 1996-2006. Disponível em: <http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/default.asp>. Acesso em: 14 jun. 2010. 3381