EFEITO DA APLICAÇÃO DE GLYPHOSATE EM MUDAS DE CAJU ANÃO PRECOCE NO SUL DO ESTADO DO TOCANTINS Arnaldo César Oliveira Assis 1 ; Susana Cristine Siebeneichler 2 ; Rogério Lorençoni³. 1 Aluno do Curso de Engenharia Florestal; Campus de Gurupi; e-mail: cesaroliveiraassis@hotmail.com PIBIC/CNPq/AF 2 Orientadora do Curso de Agronomia; Campus de Gurupi; e-mail: susana@uft.edu.br 3 Co-orientador ;Doutorando em Fitotecnia - ESALQ; Campus de Gurupi; e-mail: rogeriolorenconi@uft.edu.br RESUMO Este trabalho teve como objetivo fazer uma avaliação preliminar do efeito do herbicida glyphosate no crescimento inicial das mudas de cajueiro anão precoce. O trabalho foi conduzido na área experimental do Campus Universitário de Gurupi da Universidade Federal do Tocantins, em campo aberto, sendo utilizadas sementes de cajueiro anão precoce do clone copa CCP 06, proveniente da EMBRAPA Agroindústria Tropical. Os tratamentos consistiram em doses de glyphosate, produto comercial Round up Transorb (sal de potássio), 0, 1, 2 e 3 L ha -1, correspondendo a 0, 480, 960 e 1440 g.e.a. por hectare, respectivamente. O delineamento utilizado foi de blocos casualizados com três repetições, sendo que cada parcela foi composta de cinco plantas. Durante quatro semanas após a aplicação do produto, foram feitas as avaliações de fitotoxidez por escala de notas que variaram de 0 a 4. E no último dia, foram efetuadas as medições da: altura das plantas, diâmetro do caule, número de folhas na planta (NF) e senescentes (NFS). O trabalho apresenta somente algumas informações preliminares sobre o efeito da aplicação de glyphosate em mudas de cajueiro anão precoce CCP-09, podendo-se inferir que as mudas de caju não apresentaram sintomas expressivos de fitotoxidez, visto que estes foram parcialmente recuperados durante o período de avaliação e que as altas dosagens de herbicidas aplicados nestas mudas não reduziram a sua altura e o seu diâmetro; Palavras-chave: Anacardium occidentalel.; Herbicidas; Fitotoxidez; Sintomatologia INTRODUÇÃO No Estado do Tocantins, a cajucultura tem uma importância sociocultural expressiva, pois trará oportunidades de emprego para inúmeras pessoas no campo. Nesta perspectiva o governo estadual vem incentivando a introdução de novas tecnologias nas áreas de produção já existentes e nas que estão sendo implantadas.
Para o uso de herbicidas junto as culturas frutícolas perenes, como o caju, são poucas as informações científicas disponíveis no Estado do Tocantins. Sabe-se que os sintomas causados pela toxicidade ao herbicida incluem amarelecimento dos meristemas que progride para necrose e morte das plantas em dias ou semanas (Vargas e Roman, 2003). No entanto algumas plantas conseguem superar metabolicamente a ação da molécula do herbicida, por isso é que muitos trabalhos hoje são feitos para avaliar o efeito de subdoses em certas plantas que não são o alvo direto dos herbicidas, como por exemplo: pinhão-manso (COSTA et al., 2009), pessegueiro ( TUFFI SANTOS et al., 2006). Atualmente poucos são os conhecimentos sobre o efeito fitotóxicos dos herbicidas no desenvolvimento das plantas de caju bem como quanto aos níveis de tolerância do cajueiro aos herbicidas em especial, ao glyphosate, pois quando o herbicida é aplicado nas plantas espontâneas, por deriva, parte deste acaba sendo depositado nas folhas do cajueiro. Nesse trabalho objetivou-se fazer uma avaliação preliminar do efeito do herbicida glyphosate no crescimento inicial das mudas de cajueiro anão precoce. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido na área experimental do Campus Universitário de Gurupi da Universidade Federal do Tocantins, em campo aberto, sendo utilizadas sementes de cajueiro anão precoce do clone copa CCP 06, proveniente da EMBRAPA Agroindústria Tropical. Os tratamentos consistiram em doses de glyphosate, produto comercial Round up Transorb (sal de potássio), 0, 1, 2 e 3 L ha -1, correspondendo a 0, 480, 960 e 1440 g.e.a. por hectare, respectivamente. O delineamento utilizado foi de blocos casualizados com três repetições, sendo que cada parcela foi composta de cinco plantas. As sementes foram plantadas em saco de polietileno de 2000 cm 3 de volume, sendo colocada uma semente por saco. A irrigação foi feita uma vez ao dia para manter o substrato na capacidade de campo. O início da execução deste projeto se deu seis meses após o plantio das sementes nos sacos plásticos. Para aplicação dos herbicidas, utilizou-se pulverizador costal pressurizado a CO 2, com pressão constante, munido de quatro pontas XR 11002, espaçadas de 0,5m, operando a 250 kpa, e volume de calda de 150 l ha -1. Aos 07, 14, 21 e 28 dias após aplicação (DAA) foram feitas as avaliações de fitotoxidez por escala de notas que variaram de 0 a 4, no qual zero representa
nenhum sintoma de toxidez; 1: 25% das folhas com sintoma; 2: 50% das folhas com sintoma; 3: 75% das folhas com sintoma e 4: 100% das folhas com sintomas de fitotoxidez e/ ou secas. Vinte oito dias após a aplicação do herbicida (DAA) foram efetuados as medições da altura das plantas, diâmetro do caule, número de folhas na planta (NF) e senescentes (NFS). Nesta mesma data foi coletado o material para determinação e massa seca das partes da planta, mas por problemas na estufa o material vegetal carbonizou, impossibilitando de fazer a sua determinação. Os dados gerados ao longo do tempo foram apresentados por análise de regressão e as demais variáveis foram tratadas por teste de média. RESULTADOS E DISCUSSÃO As mudas de cajueiro anão precoce não apresentaram efeito significativo da aplicação do herbicida no diâmetro e na altura das mudas e nem no número de folhas senescentes. No entanto este efeito foi observado nas folhas contadas nas plantas, pois as plantas que não receberam aplicação do herbicida apresentaram um número significativamente maior de folhas em relação às mudas que receberam a aplicação de dois e três litros por hectare, considerando que está contagem foi feita no final do experimento. Tabela 1: Diâmetro de caule (D), Altura (H), Número de folhas (NF) e Número de folhas senescentes (NFS) de mudas de cajueiro anão precose. Gurupi, 2012 Tratamentos D( mm) H (cm) NF NFS 0 15,5 47,0 24,6 a 1,4 1 14,2 41,7 19,2 ab 0,87 2 14,6 42,3 17,3 b 1,80 3 14,7 44,5 13,5 b 2,20 CV % 18,05 18,28 46,06 107,02 Médias seguidas de letras iguais na coluna não diferem entre si, pelo Teste Tukey a 5% d probabilidade. Costa et al. (2009) observaram efeito da simulação de deriva em plantas de pinhão manso, sendo que as doses mais elevadas (180 e 360 g ha -1 ) causaram redução no diâmetro das plantas avaliadas. E doses menores (acima de 45 g ha -1 ) reduziram a altura e a área foliar do pinhão manso. A redução na altura e no diâmetro do caule não foi observada nas mudas de cajueiro anão precoce, provavelmente, ou pela pouca absorção da molécula do herbicida pela folha da muda do cajueiro, visto que está é muito cerosa, ou por que a planta apresenta um mecanismo de defesa não isole o efeito da molécula do herbicida dentro do seu metabolismo.
Em plantas de pessegueiro também foi observada um efeito negativo da simulação de deriva de glyphosate na massa seca da raiz, da parte aérea da planta, este efeito foi mais nítido no comprimento da planta, que decresceu linearmente ao se aumentar as concentrações de glyphosate (TUFFI SANTOS et al., 2006). Considerando que a dose mais alta testada neste trabalho foi bem inferior ao utilizado nas mudas do cajueiro, torna-se necessário um estudo mais detalhado do efeito do glyphosate nas mudas do cajueiro, visto que estas estavam em recuperação ao final do período de avaliação. As mudas que receberam a aplicação da dose de três litros por hectare apresentaram um sintoma de fitotoxidez mais expressivo em relação às mudas que não receberam (Figura 1), pois até 14 dias após a aplicação (DAA) a foto toxidez estava em torno de 50 %, após esta data esta decaiu, chegando aos 35% após 28 DAA. Ao longo do tempo avaliado, pode-se observar que estas mudas apresentaram capacidade de recuperação, visto que o sintoma de fitotoxidez foi desaparecendo. Um efeito de fitotoxidez similar, mas menos expressivo, foi observado para as doses de um e dois litros por hectare, nestas plantas o máximo de fitotoxidez observado foi, inicialmente, em torno de 35%, mas ao final do tempo de avaliação este valor estava em torno de 20%. Figura 1: Notas de fitotoxidez atribuídas às mudas de cajueiro anão precoce após a aplicação do herbicida Round up Transorb. (Notas: zero representa nenhum sintoma de toxidez; 1: 25% das folhas com sintoma; 2: 50% das folhas com sintoma; 3: 75% das folhas com sintoma).
Como sintoma predominante foi observada clorose internerval nas folhas, ou seja, as folhas se tornaram esbranquiçadas (Figura 2), no entanto este sintoma foi desaparecendo com o tempo, como pode ser observado na Figura 1, pois a nota da fitotoxidez foi diminuindo para todas as doses testadas. Deve-se ressaltar que as plantas não apresentaram a morte da gema apical, mesmo com a alta dose de herbicida aplicada e os sintomas foram observados principalmente nas folhas do terço mediano. Figura 2: Sintoma de fitotoxidez causado por glyphosate observado em folhas de cajueiro anão precoce CCP-09. O trabalho apresenta somente algumas informações preliminares sobre o efeito da aplicação de glyphosate em mudas de cajueiro anão precoce CCP-09, podendo-se inferir que as mudas de caju não apresentaram sintomas expressivos de fitotoxidez, visto que estes foram parcialmente recuperados durante o período de avaliação e as altas dosagens de herbicidas aplicados nestas mudas não reduziram a sua altura e o seu diâmetro; LITERATURA CITADA COSTA, N.V., ERASMO, E.A.L., QUEIROZ, P.A., DORNELAS, D.F., DORNELAS, B.F. Efeito da deriva simulada de glyphosate no crescimento inicial de plantas de pinhão manso. Planta daninha, Viçosa-MG, v. 27, p. 1105-1110, 2009. Número especial. IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: banco de dados. Disponível em: < http: www. http://www.to.gov.br/secom/noticia.php?id=17336>. Acesso em: 17 jan. 2011. SILVA, O.F., et al. Padrões técnicos para produção de caju anão precoce no Município de Arraias TO. Disponível em: www.upis.br/pesquisas/pdf/.../otávio%20artigo%20científico.pdf. Acesso em: 12 mai.2012. Publicado em 2005. TUFFI SANTOS, L.D., WAGNER JÚNIOR, A., SILVA, J.O.C3, PIMENTEL, L.D.,SANTOS, C.E.M., BRUCKNER, C.H., FERREIRA, F.A. Deriva de herbicida e efeito de fungicida x herbicida em plantas jovens de pessegueiro. Planta daninha, Viçosa-MG, v. 24, n. 3, p. 505-512, 2006. AGRADECIMENTOS "O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq Brasil"