CORRELAÇÃO DCP X CBR PARA SOLO A-2-6 UTILIZADO EM CAMADA ESTRUTURAL DO PAVIMENTO DA BR 040. Código: 9596

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CORRELAÇÃO DCP X CBR PARA SOLO A-2-6 UTILIZADO EM CAMADA ESTRUTURAL DO PAVIMENTO DA BR 040 Código: 9596 RESUMO Este trabalho consiste em um estudo experimental para desenvolvimento de equação de correlação empírica entre o índice DCP (Dynamic Cone Penetrometer) e o CBR (California Bearing Ratio). O resultado obtido é específico para solo coletado na camada de base de um trecho da BR 040 e enquadrado no grupo A-2-6 da classificação TRB. A equação foi obtida por meio de análise de regressão linear e validada estatisticamente através de teste de hipótese. Pelo fato do ensaio de penetração dinâmica ser operacionalmente mais simples, a correlação entre os índices proporciona praticidade, agilidade e economia de recursos no controle de qualidade de materiais empregados em pavimentação. PALAVRAS-CHAVE: Capacidade de Suporte, CBR, Correlação, DCP, Pavimentação. ABSTRACT: This work consists in an experimental study for development of empirical correlation equation between DCP index (Dynamic Cone Penetrometer) and CBR (California Bearing Ratio). The result is specific to soil collected in the base layer in a section of the BR 040, framed in A-2-6 group of TRB classification. The equation was obtained by linear regression analysis and validated through statistical hypothesis test. The correlation between these indices is useful for providing practicality, agility and economy of resources in quality control of materials used in paving. KEYWORDS: Bearing Ratio, CBR, DCP, Correlation, Paving.

INTRODUÇÃO Desenvolvido no estado americano da Califórnia, no final da década de 1930, o ensaio California Bearing Ratio (CBR) é utilizado na área da geotecnia rodoviária para avaliação empírica da capacidade de suporte de solos compactados. Apesar do desenvolvimento recente de metodologias mecanicistas, baseadas no módulo resiliente dos materiais, o CBR ainda é amplamente utilizado por órgãos rodoviários no Brasil e no mundo para fins de dimensionamento e controle de qualidade de solos compactados utilizados em pavimentação. Sua metodologia se baseia na comparação entre a tensão necessária para produzir uma penetração específica de um pistão padrão em um solo qualquer e a tensão para produzir a mesma penetração em uma mistura padrão de brita estabilizada granulometricamente. Por sua vez, o Dynamic Cone Penetrometer (DCP) foi inicialmente desenvolvido na Austrália, em 1956, e aprimorado na África do Sul, em 1973. Constitui em equipamento alternativo para análise rápida e prática da capacidade portante de camadas de pavimentos, através do ensaio de penetração dinâmica. A avaliação com o DCP pode ser realizada in situ, sobre camadas já executadas, ou em laboratório, em corpos de prova moldados em condições semelhantes às encontradas em campo. A metodologia do ensaio com o equipamento DCP consiste na penetração de um cone de perfuração padrão no solo e registro simultâneo das profundidades de penetração por meio de régua graduada acoplada ao equipamento. A penetração ocorre após golpe de martelo com peso e altura padronizados. Com os registros e leituras do ensaio, plota-se um gráfico de Penetração (mm) versus Número de Golpes. A inclinação média da curva obtida no gráfico plotado fornece o índice de penetração DCP, dado em mm/golpe. Por se tratar de um equipamento simples, portátil, de fácil operação e baixo custo, o DCP se mostra vantajoso para avaliação da capacidade de suporte quando comparado a outros equipamentos similares como, por exemplo, o equipamento CBR in situ. O ensaio de penetração dinâmica é rápido, de fácil execução e praticamente não destrutivo. Através da utilização de equações de correlação apropriadas, específicas por tipo de solo, é possível estimar, com confiabilidade satisfatória, o valor de CBR em campo utilizando o DCP. Por esses motivos, esse equipamento tem grande utilidade na área de pavimentação e proporciona praticidade no controle de qualidade tanto de camadas recém-executadas e ainda expostas, quanto de camadas que apresentam indícios de problemas estruturais posteriores. O presente trabalho consiste em um estudo experimental para desenvolvimento de equação de correlação entre os índices DCP e CBR para amostra coletada na camada de base de um trecho da BR 040, no município de João Pinheiro/MG. O estudo apresentado se limita ao solo específico coletado e que foi classificado pelo sistema proposto pela Transportation Research Board (TRB), como pertencente ao grupo A-2-6. Os recursos e equipamentos utilizados para realização dos ensaios necessários ao desenvolvimento desta pesquisa foram disponibilizados através de parceria entre a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Concessionária da BR 040 S.A, por meio de programa de capacitação técnica de acadêmicos, através dos Recursos de Desenvolvimento Tecnológico (RDT). OBJETIVOS Objetiva-se propor correlação empírica entre os índices DCP e CBR para solo coletado de camada de base de um trecho da BR 040. Adicionalmente, realizar estudo comparativo da equação obtida com outras propostas na literatura e validar matematicamente o modelo proposto, por meio de teste de hipótese estatístico.

REVISÃO DA LITERATURA California Bearing Ratio (CBR) O desenvolvimento das técnicas modernas de pavimentação ocorreu nas primeiras décadas do século XX, com o estabelecimento de metodologias científicas que revolucionaram o estado da arte na área de engenharia de pavimentos. Esse período foi marcado por um crescimento acelerado do setor de infraestrutura de transporte, caracterizado, sobretudo, pela ampliação da malha rodoviária e implantação de novos aeroportos (Carvalho, 2005). Apesar do desenvolvimento recente de métodos mecanísticos para dimensionamento de pavimentos, o CBR ainda é amplamente utilizado no Brasil e no mundo para fins de projeto de pavimentação. O método empírico do Departamento Nacional de Estradas e Rodagem (DNER), utilizado na concepção de vários projetos de rodovias que integram a malha rodoviária nacional, utiliza como input, os dados provenientes do estudo de tráfego (número N) e o CBR (%) dos materiais que constituirão o pavimento para definição das espessuras de projeto das camadas (DNIT, 2006). Segundo Carvalho (2005), devido à praticidade na execução do ensaio para obtenção do índice CBR, sua metodologia foi adaptada e sistematicamente utilizada pelo Corpo de Engenheiros do Exército Americano (USACE) durante a Segunda Guerra Mundial. Os resultados dos ensaios foram utilizados como parâmetros de projeto para dimensionamento de pistas de pouso durante esse período. A primeira norma oficial que regulamentou a metodologia de ensaio CBR no Brasil foi a ABNT NBR 9895/87 Solo Índice de Suporte Califórnia. Alguns anos depois, o DNER desenvolveu a norma DNER ME 049/94 - Solos Determinação do Índice de Suporte Califórnia utilizando amostras não trabalhadas. Essa norma foi atualizada em 2014 pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT). Dynamic Cone Penetrometer (DCP) O Dynamic Cone Penetrometer (DCP) foi desenvolvido pelo órgão sul-africano Transvaal Road Departament (TRD), em 1973. O DCP é resultado da adaptação do Penetrômetro de Scala, equipamento desenvolvido em 1956, na Austrália, com o objetivo de avaliar, de forma rápida e prática, a capacidade de suporte de solos compactados in situ (Berti, 2005). Desde seu desenvolvimento, o DCP é frequentemente utilizado em diversos países, como Argentina, Chile, Estados Unidos, Inglaterra, Israel, Malásia, Sri Lanka e Tailândia (Carvalho, 2005). No Brasil o equipamento ainda é pouco adotado para controle de solos compactados em obras de estrada, sendo mais comum sua utilização para desenvolvimento de pesquisas acadêmicas. Vários autores estudaram o funcionamento do equipamento, sua metodologia de ensaio e o estabelecimento de equações de correlação com o ensaio CBR. O Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) se destaca pela publicação de estudos que contribuíram para o desenvolvimento e discussão sobre o equipamento, sendo Lima (2000) um dos pioneiros. Até o momento, não existe norma ou documento técnico nacional que regulamente o ensaio DCP. Sua metodologia executiva é baseada principalmente na norma americana ASTM D 6951 09 (2015) - Standard Test Method for Use of the Dynamic Cone Penetrometer in Shallow Pavement Applications, inicialmente desenvolvida em 2003. Esse documento constitui uma importante referência e guia para estudo do funcionamento do equipamento e do ensaio. Desde sua publicação, a norma foi reavaliada em 2009 e sua última revisão foi realizada em 2015. Além de ser prático e operacionalmente simples, o DCP é um equipamento versátil para avaliação do comportamento estrutural de camadas de pavimentos. A Figura 1 mostra um esquema

ilustrado do equipamento DCP montado e pronto para utilização. A relação entre número de golpes e profundidades de penetração correspondente fornece dados sobre o comportamento estrutural do pavimento e da capacidade de suporte do material. Correlações DCP x CBR Figura 1 - Ilustração do equipamento DCP. (Adaptado de ASTM, 2009) Os valores necessários para o desenvolvimento de correlação podem ser obtidos através de duas metodologias: por ensaios CBR x DCP ambos in situ ou por meio de ensaios CBR x DCP ambos em laboratório. Os pares devem ser obtidos em condições físicas idênticas para que os resultados sejam representativos. Portanto, é importante que sejam obtidos em condições de massa especifica, umidade e energia de compactação idêntica (Lima, 2000). Com base nesta metodologia, vários autores têm estabelecido relações entre estes índices no Brasil e no mundo. Segundo Berti (2005), os dados são bem ajustáveis a modelos lineares, logarítmicos, bi-logarítmicos ou exponenciais. Dos quatro modelos possíveis, a modelagem bilogarítmica é utilizada pela maioria dos autores. A norma ASTM D 6951-09 (2015) apresenta equações desenvolvidas pelo Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos (USACE). As equações são do tipo polinomial e devem ser utilizadas conforme a classificação do solo enquadrada no Sistema Unificado de Classificação dos Solos (SUCS). Por exemplo, a Equação 1 é recomendada para qualquer tipo de solo, exceto para solos CL - argilas inorgânicas com baixa a média plasticidade, argilas com presença de cascalho, argilas arenosas e siltosas e argilas magras com CBR inferior a 10% e para solos CH - argilas inorgânicas muito plásticas, com Limite de Liquidez > 50% (ASTM, 2009). Nessas equações, deve-se utilizar DCP em mm/golpe e o resultado CBR é obtido em percentual. (1) Fernandes (2015) apresenta em seu trabalho um quadro com várias correlações DCP x CBR desenvolvidas por autores nacionais e internacionais. O modelo bi logarítmico é predominante entre os modelos apresentados. As equações são obtidas através da realização de ensaios para obtenção

de pares DCP x CBR para tipos específicos de solos. O Quadro 1 apresenta as equações, bem como o tipo de solo analisado para obtenção da correlação e seus respectivos autores. Quadro 1 Algumas equações de correlação CBR x DCP propostas por autores nacionais e estrangeiros. (Fernandes, 2015) Lima (2000) desenvolveu equações de correlação para solos lateríticos de textura fina, material comumente utilizado na construção de camadas de base e sub-base de pavimentos no Brasil. Na Tabela 1 estão apresentadas as equações individualizadas para as quatro amostras analisadas nesse trabalho e uma equação geral válida para todos os pontos ensaiados. Tabela 1 - Resumo das equações de correlação obtidas para solos lateríticos de textura fina. (Adaptado de Lima, 2000) AMOSTRA CORRELAÇÃO Nº DE PONTOS R² 1 Log CBR = 2,410-1,091 x Log DCP 19 0,94 2 Log CBR = 2,980-1,436 x Log DCP 22 0,94 3 Log CBR = 2,966-1,335 x Log DCP 20 0,96 4 Log CBR = 3,026-1,402 x Log DCP 12 0,92 Todos os pontos Log CBR = 2,809-1,288 x Log DCP 79 0,86 Por sua vez, Carvalho (2005) desenvolveu equações de correlação para solos pouco intemperizados, conhecidos como saprolíticos. Na Tabela 2 estão apresentadas as equações individualizadas para as quatro amostras analisadas no trabalho e uma equação geral válida para todos os pontos ensaiados. As amostras analisadas foram de solos saprolíticos de textura fina. Tabela 2 - Resumo das equações de correlação obtidas para solos saprolíticos de textura fina. (Adaptado de Carvalho, 2005) AMOSTRA CORRELAÇÃO Nº DE PONTOS R² 1 - NA Log CBR = 2,87-1,12 x Log DCP 16 0,98 2 - NS' Log CBR = 2,66-1,12 x Log DCP 18 0,95 3 - NS'G' Log CBR = 2,33-0,83 x Log DCP 18 0,96 4 - NG' Log CBR = 2,38-0,80 x Log DCP 16 0,92 Todos os pontos Log CBR = 2,54-0,96 x Log DCP 68 0,90

Através da realização de ensaios em solos provenientes de vias não pavimentadas do campus da UNICAMP, em Campinas, Berti (2005) desenvolveu equações de correlação DCP x CBR para solos argilosos, da classe A-7-5 do sistema de classificação HRB. A Equação 2 foi obtida através de realização dos ensaios DCP e CBR in situ. ( ) ( ) (2) A Equação 3 foi desenvolvida para correlacionar os resultados dos ensaios DCP e CBR, ambos realizados em laboratório: ( ) ( ) (3) Devem-se considerar, além da diversidade de possibilidade de materiais estudados, as diferenças metodológicas e executivas dos ensaios e as características específicas dos equipamentos utilizados. Dessa forma, salienta-se a importância do desenvolvimento de correlações próprias para obtenção de modelo que retrate, com alguma fidelidade, o comportamento dos dados observados. METODOLOGIA Realizou-se coleta de amostra no Km 119+150/PS da BR 040, no município de João Pinheiro/MG. O material coletado compõe a camada de base do pavimento local. Com o objetivo de avaliar as condições de compactação da camada e realizar comparações futuras com os resultados laboratoriais, foram realizados os ensaios de determinação da densidade e umidade in situ, por meio do Frasco de Areia e do dispositivo Speedy, respectivamente, conforme retratado Figura 2 a seguir. Figura 2 - Ensaios para determinação da densidade e umidade in situ. (Silva, 2016) Os ensaios de caracterização do material e a obtenção dos pares de valores DCP x CBR, foram realizados no Laboratório de Pavimentação e Solos da Concessionária da BR 040 (Via 040). O resultado da granulometria simples e dos limites de Atterberg foram utilizados para classificação TRB da amostra, que foi enquadrada no grupo A-2-6. Realizou-se ensaio de compactação para moldagem dos corpos de prova nas energias Proctor normal, intermediário e modificado. Foram aplicadas as três energias para obtenção de grande variabilidade nos valores de resistência de suporte do material. Dessa forma, a equação encontra explica o comportamento tanto de materiais com baixo valor de suporte, quanto de materiais com valores mais altos. Os pares foram obtidos no mesmo corpo de prova, da seguinte forma: O ensaio CBR foi executado em uma das faces do corpo de prova e o de penetração dinâmica DCP, na face oposta.

Lima (2000) demonstrou experimentalmente que este procedimento não interfere nos resultados obtidos, sendo os mesmos independentes da realização prévia de um dos ensaios na face oposta. Modelo matemático adotado Por ser utilizado pela maioria dos autores estudados e para realização de comparação com as equações propostas por estes, o modelo matemático adotado neste trabalho foi o bi-log, com ajuste linear. Aplicou-se a função logarítmica de base dez nos valores obtidos dos ensaios CBR e DCP, e plotou-se os resultados em um gráfico de dispersão. A Figura 3 mostra o efeito deste procedimento nos dados. Observa-se efeito de dispersão e linearização dos valores, indicando comportamento claramente linear. Figura 3 - Efeitos de dispersão e linearização dos dados, provocados pela função logarítmica. (Silva, 2016) Realizou-se análise de regressão linear, método dos mínimos quadrados, para obtenção da equação de correlação. O resultado foi comparado a outros modelos já propostos na literatura e validado estatisticamente, por meio de teste de hipótese. O software Excel foi utilizado para realização da análise de regressão e para o processo de validação estatística. Ensaio CBR particularidades da metodologia adotada A metodologia do ensaio CBR regulamentada pela norma DNER/DNIT determina que os corpos de prova passem por um período de embebição de 96 horas. Além disso, prescreve a utilização de sobrecargas de confinamento no topo do corpo de prova (DNER, 1994). Os ensaios realizados nesta pesquisa não seguiram essas premissas do método proposto, pelos seguintes motivos: Embebição por 96 horas segundo Vertamatti (1988), este procedimento objetiva simular o período de degelo que ocorre em países de clima temperado. Por ser um país de clima tropical e considerando que o nível d água pode ser controlado facilmente pela indicação de drenos profundos, a condição simulada de ruptura plástica em solo saturado é pouco comum nos pavimentos brasileiros. Além disso, conforme argumentado Carvalho (2005), não submeter os corpos de prova ao período de imersão possibilitaria a obtenção de uma maior variabilidade de resistência. O processo de imersão faz com que as umidades de moldagem se aproximem de um valor de equilíbrio no final do período de embebição, proporcionando pouca variabilidade nos valores de resistência dos corpos de prova. Para desenvolvimento apropriado da equação de correlação, são necessários exemplares com baixa e alta resistência portante. Utilização de sobrecarga de confinamento - o uso de pares de sobrecarga no topo dos corpos de prova objetiva simular o efeito do peso próprio da estrutura sobre o material ensaiado. Lima (2000) realizou ensaios em amostras arenosas, mais sujeitas aos efeitos do confinamento, com e sem a utilização de sobrecarga. Pela comparação dos resultados, o autor concluiu que a diferença foi pouco significativa e desprezível.

Ensaio DCP laboratorial Além disso, o ensaio DCP é realizado em camadas expostas e, portanto, não sujeitas aos efeitos de confinamento. Como o objetivo deste trabalho é correlacionar o índice DCP com o CBR, sob as mesmas condições físicas, não se utilizou sobrecarga de confinamento nos ensaios. Imediatamente após a finalização do ensaio CBR, os cilindros foram invertidos para a execução do ensaio DCP na face oposta. Baseado na metodologia proposta por Berti (2005) optouse pela realização de três ensaios DCP por cilindro, adotando-se a média dos valores. Ao contrário do ensaio CBR que fornece um resultado global da capacidade de suporte da amostra, a avaliação pelo DCP fornece um resultado pontual. O diâmetro do cone de penetração em relação ao diâmetro interno do cilindro CBR é cerca de sete vezes e meia menor. Dessa forma, entende-se que a determinação de apenas um valor por corpo de prova poderia levar a resultados pouco confiáveis acerca do real índice DCP obtido. Devido à alta rigidez do cilindro CBR em relação à amostra, pode-se presumir que os resultados do ensaio DCP laboratorial são mascarados e não retratam a resistência real do material. Lima (2000), com o objetivo de avaliar a influência do efeito de confinamento do cilindro CBR nos resultados do ensaio DCP, realizou um estudo experimental que comprovou a inexistência de qualquer efeito de confinamento significativo. Para chegar a essa conclusão, o autor cravou cilindros de 15 cm de diâmetro em terreno natural e executou o ensaio DCP dentro e fora dos mesmos. Os resultados obtidos para as duas situações foram praticamente idênticos, permitindo concluir que não existe influencia significativa da rigidez do cilindro nos resultados dos ensaios DCP. O desenvolvimento da equação de correlação objetiva proporcionar praticidade e agilidade no controle de compactação de campo, pela execução do ensaio DCP in situ e obtenção de CBR estimado. Pela metodologia adotada neste trabalho, realiza-se comparação sistemática entre os valores destes índices obtidos em laboratório. Dessa forma, para um mesmo material em condições físicas semelhantes, é importante que exista correspondência direta entre os valores de DCP in situ e os obtidos em laboratório. Com o objetivo de comprovar a existência desta correspondência, Berti (2005) executou ambas as modalidades do ensaio em condições de compactação semelhantes, para efeito de comparação. A Figura 4 apresenta o gráfico comparativo entre os resultados dos ensaios DCP executados em campo e laboratório. Observa-se a semelhança do comportamento dos resultados e conclui-se que, para as amostras estudadas por esta autora, o resultado do ensaio DCP realizado em laboratório é correspondente ao DCP in situ. Figura 4 - Comparação entre resultados de ensaios DCP in situ e laboratorial (Adaptado de Berti, 2005) RESULTADOS E DISCUSSÃO Os ensaios de granulometria simples e de determinação dos limites de Atterberg foram utilizados para classificação do material pelo sistema proposto pela Transportation Research Board

(TRB). A amostra apresentou valor do índice de grupo IG = 1 e foi enquadrada no grupo A-2-6 deste sistema. Os resultados dos ensaios de campo foram utilizados para verificação da correspondência campo x laboratório do ensaio DCP. No entanto, pelo fato de ter sido realizada apenas uma determinação em campo, não se obteve semelhança significativa entre os valores de densidade e umidade destes com os de laboratório. Dessa forma, esta correspondência não foi avaliada neste trabalho. O Quadro 2 mostra os resultados dos ensaios CBR e DCP que foram plotados para realização de análise de regressão linear. Foram moldados 5 corpos de prova na energia de compactação Proctor normal, 10 na energia Proctor intermediário e 5 na modificada. O corpo de prova moldado com maior umidade na energia Proctor normal não foi ensaiado com o DCP, pois o peso do martelo em repouso provocou penetração excessiva na amostra, sem a aplicação de nenhum golpe. ENERGIA INTERMEDIÁRIA NORMAL MODIFICADA Umidade DCP CBR (%) (%) (mm/golpe LOG CBR LOG DCP 6,34 34,4 7,7 1,537 0,887 7,86 30,7 9,8 1,487 0,989 9,39 9,3 24,5 0,966 1,389 10,92 3,4 61,0 0,530 1,785 5,90 88,9 5,3 1,949 0,724 5,02 87,0 4,6 1,940 0,665 4,13 68,5 4,6 1,836 0,666 6,79 64,9 6,9 1,813 0,841 6,05 58,3 6,1 1,766 0,788 8,08 18,0 13,9 1,255 1,142 7,68 15,9 14,0 1,202 1,146 7,07 15,8 13,5 1,199 1,131 9,10 10,9 24,3 1,037 1,385 10,11 4,8 48,0 0,681 1,681 4,86 186,0 4,6 2,270 0,659 3,85 127,5 3,5 2,106 0,547 5,87 94,3 6,2 1,974 0,792 6,89 32,2 9,6 1,508 0,984 7,90 14,3 17,1 1,155 1,233 Quadro 2 - Resultados dos ensaios DCP x CBR obtidos em laboratório. (Silva, 2016) Nos valores obtidos dos ensaios, aplicou-se a função logaritmo na base dez, conforme mostrado na tabela anterior. Estes foram plotados em gráfico de dispersão para realização de regressão linear simples. O modelo adotado é o mesmo utilizado por outros autores nacionais que desenvolveram equações de correlação para solos tropicais brasileiros, como Lima (2000), Berti e Carvalho (2005). A Figura 5 mostra o gráfico de dispersão obtido pela plotagem dos 19 pares log DCP x log CBR Nele está representada também a equação obtida, bem como o coeficiente de determinação (R²) da mesma (Silva, 2016). Figura 5 Gráfico de dispersão de dados e equação obtida. (Silva, 2016)

Portanto, a correlação encontrada é apresentada a seguir, pela Equação 4: ( ) (4) A equação de correlação obtida foi comparada com as equações obtidas pelos autores das principais referências adotadas neste trabalho. As equações que foram comparadas com o modelo proposto foram as seguintes: Lima (2000) equação geral desenvolvida para solos laterítico de textura fina e específica para solo A-2-6; Carvalho (2005) equação geral desenvolvida para solos saprolíticos de textura fina; Berti (2005) equação geral desenvolvida para argilas do grupo A-7-5 da classificação TRB. A Figura 6 mostra a comparação gráfica entre a equação encontrada neste trabalho e as propostas pelos autores supracitados. Percebe-se a semelhança entre modelos, com exceção da equação proposta por Berti (2005), que analisou um solo com baixa capacidade portante, do grupo A-7-5. Para o solo A-2-6, estudado por Lima (2000), mesmo grupo analisado neste trabalho, observou-se grande semelhança no comportamento gráfico entre as equações. Figura 6 - Comparação entre equações de correlação DCP x CBR. (Silva, 2016) Para verificar a existência de evidências estatísticas que atestam a qualidade da equação de correlação proposta, realizou-se teste de hipótese. O modelo ajustado para o presente trabalho é da forma representada pela Equação 5: ( ) ( ) (5) O principal objetivo deste procedimento é verificar se a covariável, log DCP, influencia na variável resposta, log CBR (Magalhães e Lima, 2007). Para isso, testam-se as seguintes hipóteses para os coeficientes e : :, com i = {0,1}, com i = {0,1} Para uma significância de 5%, equivalente ao nível de confiança de 95%, rejeita-se a hipótese nula se o Valor P encontrado for menor do que 0,05. Conforme Tabela 3 abaixo, o Valor P obtido para ambos os coeficientes, são menores do que 0,05 e, portanto, rejeita-se a

hipótese para os dois testes. Dessa forma, conclui-se que e são diferentes de zero e que, portanto, existem evidências numéricas e estatísticas de que a relação linear proposta entre log DCP e log CBR é válida e apropriada aos resultados obtidos nesta pesquisa. Fonte de Variação Tabela 3 - Tabela de análise de variância para regressão proposta. (Silva, 2016) Graus de Liberdade TABELA ANOVA Soma de Quadrados Quadrado Médio Estatística de Teste - F Regressão 1 4,101680478 4,101680478 312,1444865 Resíduo 17 0,223385551 0,013140327 Total 18 4,325066029 Coeficientes Erro padrão Stat t P-Valor B0 2,871334014 0,082769903 34,69055654 3,20995E-17 B1-1,35550284 0,076722474-17,66761123 2,25E-12 CONCLUSÕES A propriedade mecânica do solo relacionada à sua capacidade de suporte foi estudada através da realização dos ensaios DCP e CBR. Os pares DCP x CBR foram obtidos através da repetição dos ensaios em condições físicas de moldagem dos corpos de prova diferentes. O objetivo de desenvolver uma equação de correlação DCP x CBR, foi alcançado com êxito. A equação proposta foi comparada a outras desenvolvidas por autores brasileiros para solos tipicamente tropicais e validade estatisticamente, por meio de teste de hipótese. Conclui-se, portanto, que a equação obtida pode ser utilizada com segurança em análises de solos do grupo A-2-6 da BR 040. Os valores da capacidade de suporte deste material podem ser determinados de forma simples e prática em campo. O equipamento DCP, em conjunto com equação de correlação apropriada, proporciona agilidade e confiabilidade na obtenção dos resultados. Dessa forma, no contexto de manutenção de pavimentos, é possível a especificação de soluções definitivas de forma rápida e racional, contribuindo para a economia de recursos e sustentabilidade das atividades. Por fim, considera-se que esta pesquisa contribuiu para discussão da metodologia de ensaio CBR e para difundir o equipamento DCP e seu procedimento de ensaio, bem como incentivar o desenvolvimento de novos estudos, metodologias alternativas e equações para complementação do acervo atual. AGRADECIMENTOS Agradeço à Via 040 e ANTT, pelo programa de capacitação técnica vinculado ao RDT e pela vivência e experiência proporcionada durante este período. Agradeço, em especial, ao Eng. Diego Muniz pelos ensinamentos e por viabilizar a logística para a realização deste trabalho. Gratidão também aos colaboradores do Laboratório de Pavimentação e Solos da Via 040, Gilson Mendonça e Guilherme Souza, pelo conhecimento compartilhado e pelo cuidado com a qualidade dos ensaios realizados nesta pesquisa. Sem vocês este trabalho não seria possível, muito obrigado!

REFERÊNCIAS ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9895 Solo Índice de Suporte Califórnia. 14p, ANBT, 1987. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM, D6951-09 (2015). Standard Test Method for Use of the Dynamic Cone Penetrometer in Shallow Pavement Applications. 7p, ASTM, 2015. BERTI, C., Avaliação da capacidade de suporte de solos in situ em obras viárias através do cone de penetração dinâmica Estudo experimental, 142p, Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005. SILVA, Bruno Oliveira., Correlação DCP x CBR para solo A-2-6 utilizado em camada estrutural do pavimento da BR 040, 62 p., Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2016. CARVALHO, R. G., Correlações entre os ensaios DCP e CBR para solos saprolíticos de textura fina, 142p, Tese de Mestrado, Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos, 2005. DNER DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM, DNER ME 049/94: Solos determinação do Índice de Suporte Califórnia utilizando amostras não trabalhadas. Rio de Janeiro, IPR, 1994. 14p. DNIT, Manual de Pavimentação. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. 2ª Edição. Editado pelo Instituto de Pesquisas Rodoviárias (IPR). Ministério dos Transportes, Brasil, 1996. FERNANDES, Ramon et al. Desenvolvimento de correlação entre os ensaios DCP e CBR: estudo de caso: pista de testes, 80 p, Trabalho de conclusão de Curso, Universidade Federal de Santa Catarina, Joinville. 2015. LIMA, L. C., O Ensaio DCP Aplicado no Controle de Qualidade de Compactação de Obras Viárias Executadas com Solos Lateríticos de Textura Fina. 164p, Tese de Mestrado, Instituto Tecnológico de Aeronáutica. ITA, São José dos Campos, São Paulo, 2000. MAGALHÃES, Marcos Nascimento; DE LIMA, Antônio Carlos Pedroso. Noções de probabilidade e estatística. IME-USP, 2007. VERTAMATTI, E. Contribuição ao Conhecimento Geotécnico de Solos da Amazônia com Base na Investigação de Aeroportos e Metodologias MCT e Resiliente. 276 p, Tese de Doutorado, Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos, São Paulo, 1988.