MANEJO REPRODUTIVO DE CAPRINOS E OVINOS



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Transcrição:

MANEJO REPRODUTIVO DE CAPRINOS E OVINOS Prof. Dr. Jurandir Ferreira da Cruz Eng. Agr. Rita de Cássia Nunes Ferraz Introdução A eficiência da produção de um rebanho está diretamente relacionada com o número de produtos obtidos, independentemente do objetivo da produção. Na medida em que se obtém maior número de animais nascidos, maior será o número de animais para o processo de seleção, para a comercialização e, conseqüentemente, maior será a rentabilidade da criação. Desta forma, para que o manejo reprodutivo possa ser de fato eficiente, deve ser entendido como um item indissociável do manejo geral do rebanho. O manejo reprodutivo está inserido em aspectos diversos como, por exemplo, a alimentação, o sistema de acasalamento, as biotécnicas a serem utilizadas no processo de evolução genética, o estabelecimento de critérios para a seleção de reprodutores e matrizes e o controle de doenças da esfera reprodutiva. Uma vez que a eficiência de um rebanho pode ser avaliada pelo número de crias desmamadas por fêmea/ano, algumas diretrizes devem ser buscadas para que haja promoção dos índices produtivos: Elevação da taxa de fertilidade Elevação da taxa de prolificidade Redução da taxa de mortalidade de jovens Redução do intervalo entre partos Neste texto serão abordados aspectos da fisiologia e comportamento sexual e a aplicação destes conhecimentos nas atividades rotineiras do manejo reprodutivo de caprinos e ovinos. Puberdade Em termos fisiológicos a puberdade é a idade em que os animais iniciam a vida reprodutiva, o que corresponde nas fêmeas quando ocorre o primeiro estro e ovulação, e nos machos, ao início da produção de espermatozóides ou liberação

do pênis. Nessa fase inicial, os animais apresentam ainda limitações reprodutivas, as fêmeas apresentam um porte anatômico inadequado à gestação e os machos apresentam um número exagerado de células espermáticas inviáveis para fertilização. O desenvolvimento de uma gestação em momento anátomo-fisiológico inadequado causa atraso no crescimento da jovem fêmea. Inicialmente pela gestação em si, pois o feto demanda grande quantidade de nutrientes, principalmente, no terço final da gestação. E, após o parto, a fêmea continua o seu desgaste, de forma bastante acentuada, pela subseqüente produção de leite. Desta forma, visando evitar erros no manejo reprodutivo de animais jovens, separa-se a puberdade em dois momentos: fisiológica e zootécnica. A puberdade fisiológica ocorre aproximadamente entre quatro (caprinos) e seis (ovinos) meses de idade, quando machos e fêmeas atingem 40 a 50% de seu peso adulto. No entanto, admite-se que o momento ideal para uma fêmea entrar no lote de reprodução é quando o seu porte atingir 65-70% do peso médio das fêmeas adultas do rebanho (puberdade zootécnica). É óbvio que ocorrerá variação em termos de idade, a depender da espécie, raça e do manejo a que estão submetidos os animais. Ovários e testículos Os ovários e os testículos são os órgãos responsáveis diretamente pela reprodução, uma vez que são os produtores de óvulos e espermatozóides, respectivamente. Embora sejam órgãos bastante semelhantes, existem diferenças entre o funcionamento dos ovários e dos testículos. Depois de atingida a puberdade, os testículos produzem espermatozóides de maneira ininterrupta, enquanto que os ovários funcionam de forma cíclica, o chamado ciclo estral. A fêmea, ou seja, os ovários têm o número definido de óvulos que poderá produzir ao longo de sua vida útil, e o testículo, apresenta uma capacidade quase que ilimitada durante a vida útil do macho. Assim, enquanto uma fêmea pode produzir cerca 50 a 200 óvulos durante a sua vida reprodutiva, o macho pode produzir de 1 a 10 bilhões de espermatozóides a cada ejaculado.

Esta capacidade fisiológica de produção de óvulos e espermatozóides demonstra que podemos maximizar a utilização dos animais, nas fêmeas através de produção de embriões e, especialmente nos machos, por meio da inseminação artificial. Ciclo estral Ciclo estral é o nome dado ao período entre dois estros. Cada espécie tem uma duração de ciclo definido, sendo que na cabra este período é de 21 dias e na ovelha 17 dias, em média. O conhecimento deste ciclo é de grande importância para o manejo reprodutivo, pois, uma vez que a fêmea tenha sido coberta, a não repetição do estro após um período de 21 dias na cabra ou 17 dias na ovelha, pode ser entendido como uma confirmação de gestação. Esta informação facilita, por exemplo, a definição do manejo nutricional das fêmeas. É oportuno lembrar que o período do ciclo estral pode sofrer variações, particularmente na cabra, embora cerca de 80% dos estros da cabra apresentem duração entre 17 e 25 dias, podendo ser tão curtos quanto oito a nove dias e tão longos quanto 40 dias. Por esta razão, é importante a atenta observação diária até a comprovação do não retorno ao estro. O estro ou cio é o período no qual a fêmea aceita o macho para a cópula. É de fundamental importância o reconhecimento do momento do estro, para que os resultados com o manejo reprodutivo sejam satisfatórios. O estro da cabra e da ovelha, embora ocorram variações individuais (12 a 42 horas), tem uma duração média de 30 horas. Existem raças cujas fêmeas apresentam estros o ano inteiro e, por isso, são chamadas poliéstricas contínuas. É o caso das fêmeas de raças tropicais como, por exemplo, Santa Inês e Moxotó. Porém, existem raças cujas fêmeas somente apresentam estros naturais em determinadas estações do ano, sendo então denominadas poliéstricas estacionais. Este fenômeno é observado nas fêmeas de regiões de clima temperado como a Texel e a Saanen.

Os sinais que caracterizam uma cabra ou ovelha em estro são os seguintes: Inquietação; Procura e se aproxima do macho; Monta e aceita ser montada (por machos e fêmeas); Apresenta a vulva avermelhada/edemaciada e a vagina úmida; Há corrimento de um muco cristalino no início, creme claro durante o cio e esbranquiçado e viscoso no final do estro. Naturalmente que há diferenças de comportamento entre as duas espécies, sendo que as ovelhas apresentam estes sinais com menor intensidade que a cabra. O início da maioria dos estros ocorre pela manhã. Muito embora os sinais que caracterizam o estro possam ser de grande auxílio na sua identificação, o melhor método de identificação do estro é pelo uso de rufiões. Rufião é um macho inteiro, impossibilitado, através de processo cirúrgico, de fecundar a fêmea. A detecção do estro, com resultados satisfatórios, pode ser realizada por fêmeas que apresentam comportamento de macho. O tratador deve estar atento para separar as fêmeas marcadas pelo rufião, devendo inspecionar o rebanho duas vezes ao dia, pela manhã e pela tarde. Este procedimento não só permite a separação das fêmeas para a inseminação artificial ou cobrição, como também serve para poupar o esforço do rufião. Inseminação artificial A inseminação artificial consiste na substituição do reprodutor, no processo de monta natural, por meios artificiais de fecundação da fêmea. O conhecimento do método da inseminação artificial provém das Arábias. Há relatos de que a sua primeira utilização foi no ano de 1332, trabalhando com a espécie eqüina. No Brasil as primeiras inseminações ocorreram em 1954, contudo o seu uso mais corrente aconteceu a partir de 1970. O uso da inseminação

artificial na caprino-ovinocultura brasileira é ainda mais recente e, ainda hoje, é muito pouco praticada pelos criadores. A Inseminação Artificial é sem dúvida o mais rápido e seguro instrumento disponível para promoção do melhoramento genético. O uso da inseminação artificial apresenta algumas vantagens em relação ao sistema de monta natural: Reduz ou elimina o inconveniente da presença de reprodutores na propriedade; Permite a maximização do reprodutor, ou seja, possibilita que um reprodutor excepcional possa fertilizar um maior número de fêmeas; Proporciona um rápido e seguro melhoramento genético, uma vez que os reprodutores doadores de sêmen são geneticamente superiores; Permite aos pequenos criadores a possibilidade utilização de reprodutores de alto valor comercial; Reduz ou previne a transmissão de doenças transmissíveis pelo coito; Permite a preservação do sêmen de reprodutores por longo tempo, inclusive dos que já morreram ou o uso de reprodutores que estejam impossibilitados de realizarem a monta; Favorece e induz o estabelecimento da escrituração zootécnica. O uso da biotécnica da inseminação artificial exige uma infra-estrutura mínima na propriedade, no entanto esta exigência pode ser entendida como essencial para qualquer propriedade de finalidade zootécnica, quer faça ou não uso deste sistema de acasalamento. Técnicas da inseminação artificial Quando a técnica de inseminação artificial utilizada é a transcervical, o sêmen é depositado na entrada ou após a cérvix. Em função do pequeno porte dos animais, o processo de deposição do sêmen é realizado através da visualização da cérvix, com auxílio de um espéculo. A fêmea é contida de cabeça para baixo, de forma que facilite a ação do inseminador, e caso haja possibilidade

de atravessar os anéis da cérvix, e a deposição sêmen seja intra-uterina, maiores serão os índices de prenhez. Uma outra forma de realização de inseminação artificial é a intra-uterina por laparoscopia. Esta técnica consiste na deposição, semicirúrgica, do sêmen diretamente dentro do corno do útero, através do uso de um laparoscópio. Esta técnica, apesar de apresentar maior possibilidade de fertilização, requer instrumentos de alto valor e mão-de-obra qualificada, o que tem dificultado a sua utilização com maior freqüência de maneira comercial. Na monta natural, o macho deposita bilhões de espermatozóides no canal vaginal da fêmea, na entrada do útero. No processo de inseminação cada dose de sêmen contém aproximadamente 200 milhões de células, o que corresponde a uma quantidade 10 ou 20 vezes menor. Desta forma, para que sejam alcançados índices satisfatórios de prenhez a inseminação artificial deve ser criteriosa em todos os seus aspectos: a) adequado manejo sanitário e nutricional; b) qualidade/conservação do sêmen; c) identificação do início do estro e, d) habilidade do inseminador. Intervalo entre partos (IEP) O intervalo Entre Partos é o período de tempo decorrido entre dois partos. Deste modo considera-se como variáveis para esta característica a duração da gestação e o período de serviço. A gestação em caprinos dura em média 150 dias (146 a 154). Uma explicação para esta variação está fundamentada no número de fetos, já que gestações múltiplas seriam mais curtas que gestações simples. Outra teoria aponta o peso dos filhotes como justificativa para diferentes durações. O fato é que a média de duração da gestação é uma característica ligada raça e é determinada pelo feto. O Período de Serviço se refere ao espaço de tempo ocorrido entre o parto e a próxima fertilização. Este período é altamente influenciado por questões de ordem ambiental como, por exemplo, manejo reprodutivo, sanidade e alimentação.

Existe uma estreita relação com o fenômeno da involução uterina. Este fenômeno de recomposição do útero ocorre em, aproximadamente, 30 dias após o parto. Considerando um período equivalente a 60 dias para que a fêmea possa retomar a atividade reprodutiva e emprenhar, conclui-se que a cabra ou a ovelha pode ter três partos a cada dois anos, ou seja, um intervalo entre partos de oito meses. Por outro lado, se a propriedade apresenta limitações para proporcionar uma alimentação adequada durante todo o ano, será preferível a opção de um parto por ano, evidentemente com menor número de cabritos nascidos por ano, porém com menor taxa de mortalidade e animais mais pesados a desmama. Considerações finais Com o conhecimento dos mecanismos fisiológicos da reprodução é perfeitamente possível a realização de um adequado planejamento do manejo reprodutivo do rebanho. Uma vez que as fêmeas de raças tropicais possuem atividade reprodutiva durante todo o ano, e que os machos produzem uma quantidade extraordinária de espermatozóides ao longo do ano, é sensata a utilização de biotécnicas como a inseminação artificial que visem maximizar a eficiência reprodutiva. Evidentemente que o sucesso na utilização destes instrumentos de melhoramento genético depende do manejo geral, em especial do estado sanitário e nutricional do rebanho. Bibliografia consultada CRUZ, J.F. & FREITAS V.J.F. A ultrasonografia na reprodução de caprinos. Ciência Animal, 11:45-53, 2001. GONSALVES, P.B.D.; FIGUEIREDO, J.R.; FREITAS, V.J.F. Biotécnicas aplicadas à reprodução animal. São Paulo, 2002. Varela. 340p. SANTOS, D.O.; SIMPLÍCIO, A.A.; MACHADO, R. Guia pratico do inseminador de caprinos e ovinos. Sobral, 1999. Embrapa/Caprinos. 29p. NUNES, J.F.; CIRÍACO, A.L.T.; SUASSUNA, U. Produção e reprodução de caprinos e ovinos. Fortaleza, 1997. Ed.LCR. 2 a ed. 199p. MEDEIROS, L.P.; GIRÃO, R.N.; GIRÃO, E.S.; PIMENTEL, J.C.M. CAPRINOS Princípios básicos para sua exploração. Teresina, 1994. EMBRAPA/CPAMN. 177P. TRALDI, A.S. Performance reprodutiva dos ovinos deslanados no Brasil. In: Anais 1 o e 2 o Curso de Extensão universitária em Produção de ovinos. Jaboticabal: UNESP. 210p. 1990.