Origem INQUISIÇÃO MEDIEVAL RESUMO. PALAVRAS CHAVES: Cristianismo; justiça; torturas.

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1 INQUISIÇÃO MEDIEVAL Daniele Mendes* Fabiana do Nascimento Santos Edvanio de Jesus Nascimento RESUMO O Presente trabalho discorre sobre as impressões de estudo em relação a Inquisição na Idade Média, a respeito da Origem, do Poder dos inquisitores e seus Sistemas. Desenvolvendo tais quesitos procurando um melhor entendimento do funcionamento deste poderoso sistema. PALAVRAS CHAVES: Cristianismo; justiça; torturas. Origem A origem da Inquisição surgiu na metade do século XI, no combate aos Cátaros e Albi, no sul da França, sendo empregados como sinônimo de herege. Eles se opuseram a Igreja a partir do cristianismo primitivo, onde todo o mal existente na terra e a desigualdade social era coisa do diabo. A instituição da inquisição se deu no Concílio de Verona. Segundo os escassos dados que restam em nosso poder, os cátaros opuseram-se à igreja oficial a partir de posições do cristianismo primitivo. Como pretendiam que alguns traços da doutrina evocavam o maniquísmo, os cleriçois classificavam os cátaros como neomoniques. (GRIGULÍVITCH, Iosssif,. História da Inquisição p.82, ). Durante a Idade Média a Igreja procurou reforçar sua unidade religiosa principalmente de forma dominadora e repressora. Não foram somente as Cruzadas que pretenderam restabelecer sua autoridade. Depois das Cruzadas, à medida que se sentia enfraquecida, a Igreja buscou formas mais violentas de reagir. A inquisição é o melhor exemplo, era um verdadeiro tribunal religioso que julgava e condenava as pessoas que considerava herético. Segundo prelado, a Igreja devia procurar e denunciar os hereges para que o poder secular abasse com eles por indicação do clero. Se as autoridades laicas obedeciam aos mandatos da autoridade clerical relativos a luta contra as heresias, ficaria reconhecida, portanto, a supremacia da Igreja da Santa Sé. (ibid. p. 84). *Alunos do Curso de História do 3º Período da FJAV Trabalho apresentado à Disciplina de História Medieval

2 Gregório IX, um dos fundadores da Inquisição Papal e sua bula Excommunicomus estipulou leis e perseguiu hereges e persuadi-los a se retratarem. A bula foi publicada em 1233 e logo depois um longo período de conflitos, nos séculos seguintes, ela perseguiu, torturou e matou vários de seus inimigos ou quem ela entendesse como tal, acusando-os de heresia. O praticante de heresia, denominado herético, passava a ser visto como criminoso, pecador. Qualquer cristão que fosse contra a maneira de pensar da Igreja podia ser levado aos tribunais da Inquisição. Constituíram a etapa seguinte no estabelecimento da Inquisição duas bulas de Gregório IX datadas em 20 de abril de 1233, que encomendava aos monges dominados a perseguição dos hereges em França. A primeira, intitulada Ille humani generis, era dirigida aos bispos da França. (ibid, p.102) Assim, foram condenados á fogueira o filósofo Giordano Bruno e a Santa Joana d Arc. O órgão da Igreja encarregado de levar adiante as atividades da Inquisição chamava-se tribunal de Santo Ofício. A Inquisição medieval atuou em muitos países, mas onde teve mais força foi na Europa Ocidental, principalmente na Itália, Espanha e Portugal. Poder dos Inquisitores Ao discorremos sobre a origem da Inquisição e suas nuâncias chegamos a um patamar que é inevitável o deixar de nos atermos: quem é seu principal responsável e qual a origem de seus juízes? É claro que os monges inquisitores prestavam obediência aos seus soberanos imediatos, mas quanto ao aspecto jurídico estavam dependentes de maneira imediata ao papado. O agravante nesta situação se encontra no fato que os tribunais da inquisição não se encontrava subordinado aos núncios ligados ao sumo pontíficie, nem tampouco aos chefes das ordens que se extraiam os inquisitores. Então, vemos uma realidade dura: tinham um tribunal inquisitor com poderes ilimitados e a única força para exercer o controle era o próprio papa. O chefe supremo da Inquisição foi o papa. Ao vigário de Deus na Terra, precisamente, serviu e subordinou-se essa máquina criada e abençoada pela Igreja.( ibid, p.111). Quando a afirmação acima, enfática, que o chefe supremo foi papa, muitos podem questionar, mas as evidências são diversas, mesmo em países como Portugal e Espanha onde

3 a Santa Inquisição tinha sua dependência ligada diretamente ao poder real. Ora, se nos países em que a Inquisição exercia o poder soberanamente tem se que dependia, no caso de censura ou aprovação unicamente do sumo pontíficie, já nós países que foram mencionados em que ela estava subordinada ao poder real não quer dizer que ouve um controle total sobre suas ações ficando explícito a influencia e o poder do papado. E tentar negar que havia uma condescendência por parte do papa é, no mínimo, muito difícil, dada as razões já relacionadas mais o fato de pouco, ou quase nada, houve de reação adversa, censura ou diminuição dos poderes por parte daqueles que realmente podiam assim proceder em relação a Inquisição. Então seguimos na linha do velho ditado popular: quem cala consente. [...] Roma aprovou sempre, explícita ou implicitamente, a atividade das inquisições espanhola e portuguesa e não levou a cabo uma única ação em defesa das numerosas vítimas.( ibid, p.112.). Caso as ações da Inquisição vinhessem do encontro aos interesses dos sumos pontíficies teria-se o registro de algum discurso ou ação para tirar-lhe um pouco de poder e deixa-la ao controle de algum órgão da instituição, coisa que nunca aconteceu. O papado criou a Inquisição, mas poderia também tê-la matado se o desejasse.( ibid, p.112.). Já foi mencionado o fato de que os inquisitores foram retirados, geralmente, das ordens religiosas, mais precisamente, não que outras não tiveram pessoas do seu reduto, os dominicanos e os franciscanos. Então, temos um número elevado de religiosos, juntamente, com sacerdotes e leigos. Eis a origem variada dos inquisitores, mas o perfil para assumir tal cargo fica segundo o autor: Regra geral, eram fanáticos e arrivistas enérgicos, astutos e cruéis, vaidosos e ávidos de bens mundanos.( ibid, p.113). A partir deste perfil traçado já podemos refletir e ate concluir que uma pessoa que demanda em seu histórico e no seu jeito de ser tais traços, se achar com pleno gozo de poder não podemos alcançar algo de contemplar em suas ações. O que temos é um repassar de inquisitores que por suas ações mais se aproximaram com as ações dominíacas do que com o evangelho pregado pelo Cristo Senhor. Estas fanáticas, essa expressão por si só traduz o porquê de suas ações, desde o início plantaram a devastidão e o medo em todo o lugar que chegaram, pois na ância de encontrar os hereges, os seus seguidores e os que cheiravam a heresia propagaram o medo na maneira de procurar, interrogar, torturar e executar acusados

4 ou supostamente envolvidos. Não obstante a diferença em anos, como também, não usando de forma a julgar o passado, mesmo assim fica uma interrogação: Por que eles, justamente eles, tinham tanto poder? Os inquisitores estavam investidos de poderes ilimitados. Ninguém, exceto o papa, podia excomungálos por crime de prevaricação. Nem mesmo os apostólicos se atreviam a destituí-los ainda que fosse temporariamente, sem a autorização especial da Santa Sé. (ibid, p.114.). É, parece-nos que a resposta mais próxima se encontra quando pensamos em um período onde a defesa dos princípios religiosos ou da própria religião estava acima do ser humano. Sistema Interrogatório Em um mundo onde maior parte dos homens serviam a Deus, através do catolicismo, encontrou-se resistência diante daqueles que não acreditavam no poder desta cristandade. Visto esta tamanha desobediência ao mestre, os inquisitores agiam através de punições inimagináveis a mente humana, até aquele momento, ocorrendo antes o interrogatório para que de alguma forma o acusado se arrependesse de ser um cúmplice do Diabo e servir somente a Deus. Desta maneira, muitas vazes as pessoas acusadas de heresia, diziam não ter feito nada de errado, confirmando ser um católico de boa índole, para que mais adiante não fossem torturados. Mas outros que realidade não tinham nenhuma culpa, estavam sendo interrogados, se não sobre eles próprios, que contassem os erros dos outros, seja amigo, parente, quem quer que fosse, as confissões eram arrancadas, se conseguissem através das torturas psicológicas, a mente não ajudando, a dor no corpo ajudaria a refrescar. Eis adiante a citação onde mostra alguns trechos do manual dos inquisitores: Eu: És acusado de ser um herege, de acreditar e de ensinar de uma maneira diferente da que crê a Santa Igreja. O acusado (levantando os olhos para o céu, com e expressão de um enérgico protesto): Senhor, tu sabes que sou inocente, que nunca professei outra fé que não seja a autêntica fé cristã (ibid, p.131.). O interrogatório se iniciava fazendo com que o acusado jurasse total fidelidade a Igreja, que falaria somente a verdade, que lhes seriam dito os nomes de pessoas hereges,

5 aceitando também qualquer castigo que a ele seja imposto, após o juramento, a vítima jamais poderia falar algo em falso, pois o inquisitor poderia facilmente incriminar por testemunho falso, de heresia, de apostasia, e por fim poderia ameaçá-lo com a fogueira. Haviam também várias outras formas de fazer o herege falar, por exemplo, colocá-lo num cácere durante muitos anos; instalá-lo numa cela de paredes móveis, se aproximando dele a cada dia, se caso não falasse, seria esmagado; até simulação de julgamento foi utilizado com a intenção de após ouvir sua sentença de morte, poderia assim falar. Sendo assim vemos claramente a amplitude grotesca imaginária que possuíam as mentes do poder. Torturas Após resistir a tantas ameaças, o acusado era tratado com total violência, vindo assim às torturas como uma maneira de mostrar que a dor física faz pensar melhor racionalmente, do que a dor moral. Onde o poder legal se confunde com a autoridade eclesiástica, no caso, o papa Inocêncio IV, que deu poder legal a tortura, na sua bula Ad extirpanda, dado total liberdade aos inquisitores de pegar algum suspeito a força, mas sem por em risco a vida do acusado, depois de preso seriam torturados afim de que ouvissem a confissão do seu pecado, arrependimento ou revelar se foi cúmplice de algum erro mundano e denunciar outro que conhecessem. Sendo bem desenvolvido este sistema, pois houve o apoio de outros papas: Alexandre IV, Urbano IV e Clemente V (1260, 1262 e 1265, respectivamente). Contudo conclui-se uma fraqueza ideológica sob as pessoas, onde somente a violência física levaria a salvação eterna. Mas como ver um ato horrível desses e aceitar que a própria Igreja apoiou e viu como sendo a única forma de garantir a justiça e a fé em Deus? Não havia nenhuma forma de protesto, pois se a lei obrigava e defendia todos esses atos, não tinha como ser diferente. Nomeadas pelos próprios inquisitores, a tortura moderada se tinha até obter todas as respostas cabíveis, após essa fase, a crueldade já não havia limites, não sendo mais justificado qualquer atitude. Mas contudo ainda havia salvação, diante daquele que reconhecessem seu erro facilmente, sem muitas torturas, denunciando os cúmplices, receberia uma pena mais leve, mas aqueles que resistissem demais, conseqüentemente a pena seria muito severa.

6 Vários métodos de tortura foram utilizados, entre eles os instrumentos mais usados eram: Roda de Despedaçamento, Dama de Ferro, berço de Judas, Garfo, Garras de Gato, Máscara, Cadeira, entre outros... Referência bibliográfica: GRIGULÉVITCH, Iossif. História da Inquisição. Editorial Caminho, Lisboa,1990.