PUBLICIDADE COMERCIAL E CONSTITUIÇÃO: UMA QUESTÃO SOCIAL OU ECONÔMICA?



Documentos relacionados
Faculdade de Administração Milton Campos Reconhecida pelo Ministério da Educação. MBA em Propriedade Intelectual e Tecnologia

Ementa aulas dia e ACADEMIA BRASILEIRA DE DIREITO CONSTITUCIONAL PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CONSTITUCIONAL

MJ ORIENTA CONSUMIDOR PARA COMPRAS PELA INTERNET

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA PROJETO DE LEI N o 652, DE (Apensos: PL s nºs 2.862/2011 e 2.880/2011)

Teoria Geral do Processo II Matrícula: 11/ Vallisney de Souza Oliveira O ÔNUS DA PROVA NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

O Novo Processo Civil Brasileiro

A PUBLICIDADE NA LÓGICA DE UM. Adalberto Pasqualotto São Paulo, 12/08/2011

2. FUNDAMENTOS DO DIREITO E DO ESTADO CONTEMPORÂNEOS

FACULDADE DE DIREITO MILTON CAMPOS Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Regime Jurídico dos Recursos Minerais

Este Plano de Curso poderá sofrer alterações a critério do professor e/ou da Coordenação.

COMISSÃO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA, COMUNICAÇÃO E INFORMÁTICA

Palavras chave: Direito Constitucional. Princípio da dignidade da pessoa humana.

PRESCRIÇÃO SEGURO-SAÚDE

PRIORIDADES NO EXERCÍCIO DOS PODERES SANCIONATÓRIOS

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador FLEXA RIBEIRO

Marco Civil da Internet

1. REGISTRO RESTRIÇÕES PARA ATUAR COMO EMPRESÁRIO INDIVIDUAL. Falido:... Estrangeiro:... Médico:... Advogado:... Membros do legislativo:...

PROJETO DE LEI Nº, DE 2011 (Do Sr. Aguinaldo Ribeiro)

Proposta de publicidade

Contratos Empresariais em Espécie

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA SECRETARIA DE DIREITO ECONÔMICO DEPARTAMENTO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR

RIO DE JANEIRO Anteprojeto de lei de proteção de dados pessoais/ Contribuição do ITS para o debate público

ESCOLA, LEITURA E A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL- PIBID: LETRAS - PORTUGUÊS

COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O fornecimento de senhas e caracteres de acesso à terceiros, causa negativa em indenização

Marcia Carla Pereira Ribeiro Professora Doutora de Direito Comercial

Conectando sonhos e negócios.

Avaliação Conceitual: De igual forma, também será objeto de avaliação, como: Participação, assiduidade e pontualidade nas aulas.

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO RADIAL DE SÃO PAULO SÍNTESE DO PROJETO PEDAGÓGICO DE CURSO 1 OBJETIVOS DO CURSO OBJETIVO GERAL

1. RESUMO. na Constituição Federal, portanto, a análise do tema deve ser estudada à luz

Recentemente a Presidente da República sancionou a Lei nº , de 8 de dezembro de 2012, que dispõe:

PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO UM DIREITO FUNDAMENTAL

A efetividade das sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos no Brasil

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O ESTADO DE DIREITO DO AMBIENTE 1. Domingos Benedetti Rodrigues 2.

Projeto de pesquisa apresentado para o Programa de Pós Graduação em Comunicação pela Universidade Federal de Juiz de Fora

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

O Dever de Consulta Prévia do Estado Brasileiro aos Povos Indígenas.

OS CONTRATOS CATIVO DE LONGA DURAÇÃO NO DIREITO DO CONSUMIDOR

COMISSÃO DE MINAS E ENERGIA

Fabyanne Nabofarzan Rodrigues

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS OU PARAFISCAIS (Art.149 c/c 195, CF)

PRIMEIRO SEMESTRE. Fundamentos Teóricometodológicos SUB-TOTAL 360 TOTAL 360

INTRODUÇÃO AO DIREITO AMBIENTAL Carga Horária: 28 h/a

EDUCAÇÃO SUPERIOR, INOVAÇÃO E PARQUES TECNOLÓGICOS

Discussão sobre as fontes do direito, especialmente lei e Jurisprudência.

Deveres e Responsabilidades dos Membros do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal. Os Deveres dos Conselheiros na Instrução CVM nº 358/02

FUNDAÇÃO CARMELITANA MÁRIO PALMÉRIO FACIHUS FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS Educação de qualidade ao seu alcance SUBPROJETO: PEDAGOGIA

Tópicos de Direito do Consumidor Carga Horária: 20 h/a

Diretrizes Curriculares ENADE Curso de: Publicidade e Propaganda

Governança Tributária é tema de palestra na FIPECAFI

A configuração da relação de consumo

CURSO DE DIREITO DA INFORMÁTICA LUIZ MÁRIO MOUTINHO

FÓRUM DE PESQUISA CIES Olhares sociológicos sobre o emprego: relações laborais, empresas e profissões 18 de Dezembro de 2009

CENTRO ACADÊMICO XI DE AGÔSTO FACULDADE DE DIREITO DA USP EDITAL REVISTA ACADÊMICA XI DE AGOSTO

Excelentíssimo Dr. Roberto Monteiro Gurgel Santos, DD. Presidente do Conselho Nacional do Ministério Público:

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE Art. 2.º Para os efeitos desta lei, considera-se:

PROJETO DE PESQUISA INICIAÇÃO CIENTÍFICA FONTES DO JORNALISMO IMPRESSO EM CAMPO GRANDE

por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

ORIENTAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE TECNOLOGIAS PARA A INCLUSÃO SOCIAL

FUNDAMENTAÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL RESUMO

INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO

PLANO DE ENSINO EMENTA

REGRAS PARA SUBMISSÃO DE TRABALHOS

Processo n.º 184/2013. Sentença. I - O processo

A Responsabilidade civil objetiva no Código Civil Brasileiro: Teoria do risco criado, prevista no parágrafo único do artigo 927

Dispõe sobre a implementação de estrutura de gerenciamento do risco operacional.

Revista Interdisciplinar de Marketing

Daniela Baldo Martins

A PROTEÇÃO INTEGRAL DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES VÍTIMAS.

A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

RESOLUÇÃO N 83/TCE/RO-2011

TRATADOS INTERNACIONAIS E SUA INCORPORAÇÃO NO ORDENAMENTO JURÍDICO 1. DIREITOS FUNDAMENTAIS E TRATADOS INTERNACIONAIS

PROGRAMA DE DISCIPLINA

Marcas do profissionalismo e eficiência

PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES DOS ALIMENTOS

Tópicos em Direito Processual Civil Carga Horária: 20 h/a

Faculdade de Direito de Sorocaba

Advocacy como ferramenta para

Nº 4139/2014 PGR - RJMB

O Amianto e a Ética na Propaganda

TÍTULO: UMA ANÁLISE SOBRE O C2C NO MODELO CONVENCIONAL E ELETRÔNICO CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS SUBÁREA: ADMINISTRAÇÃO

NBA 10: INDEPENDÊNCIA DOS TRIBUNAIS DE CONTAS. INTRODUÇÃO [Issai 10, Preâmbulo, e NAT]

ESTRUTURA E FORMA DO PROJETO DE PESQUISA E DA DISSERTAÇÃO DO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA E BAIXA DE SOCIEDADE

MANUAL DE PROCEDIMENTOS DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO (ASCOM) DA FADESP

TRABALHO 1 COMENTÁRIOS A ACÓRDÃO(STF)

RELAÇÕES DE CONSUMO FRENTE AOS ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS. Leonardo Ayres Canton Bacharel em Direito

PROJETO DE LEI N.º 5.236, DE 2013 (Do Sr. Jovair Arantes)

Política de Responsabilidade Socioambiental

A liberdade de expressão e seus limites

Segurança e Saúde dos Trabalhadores

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ CONSELHO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO RESOLUÇÃO Nº 60/00-CEPE RESOLVE:

livrarias. No Brasil, o mercado livreiro é um dos melhores do mundo.

PORTARIA Nº 114, DE 19/9/2007

Autor: Deputado Antonio Bulhões Relator: Deputado Elismar Prado

Colégio Ser! Sorocaba Sociologia Ensino Médio Profª. Marilia Coltri

DESENVOLVIMENTO DE UM SOFTWARE NA LINGUAGEM R PARA CÁLCULO DE TAMANHOS DE AMOSTRAS NA ÁREA DE SAÚDE

Transcrição:

2696 X Salão de Iniciação Científica PUCRS PUBLICIDADE COMERCIAL E CONSTITUIÇÃO: UMA QUESTÃO SOCIAL OU ECONÔMICA? Clarissa Alves De Sampaio, Prof. Dr. Adalberto de Souza Pasqualotto (orientador) Faculdade de Direito, PUCRS Resumo O mandamento constitucional da defesa do consumidor, constante em dois dispositivos de forma expressa e inequívoca, 1 pode sofrer sério prejuízo se não houver um efetivo controle da publicidade enganosa e abusiva. É dispensável sublinhar o papel da publicidade comercial no capitalismo. O regime capitalista depende da livre iniciativa e esta não se manifesta apenas na instalação de negócios e empreendimentos, mas especialmente na sua sustentação econômica. Para isso, é vital que as empresas consigam colocar no mercado seus produtos e serviços, finalidade que buscam alcançar por meio de diversos instrumentos, dentre eles, com grande destaque, aparece a publicidade. Como afirma um autor italiano, 2 a publicidade transformou-se no tecido conectivo entre a produção e o mercado. Nos dias de hoje, dominados pela tecnologia e por novas mídias, a publicidade se dissemina pelos meios de comunicação social, seja sob roupagem convencional, tais como nos anúncios impressos e audiovisuais, seja sob formatos inovadores, pela Internet e telefonia celular. Em princípio, acompanhando a livre iniciativa, a publicidade também é livre, não sendo passível de controle a priori. Entretanto, a Constituição Federal prevê a possibilidade de restrições à publicidade comercial de certos produtos e serviços. O art. 220, 4º, que autoriza as restrições, 3 está inserido no capítulo da comunicação social, sendo questionada a extensão que o legislador ordinário poderá adotar sem ferir a liberdade de manifestação do 1 Art. 5º. 2 PRATESI, Carlo Alberto. Il punto de vista dell aziendalista.pubblicità e altre comunicazione commerciali: chiaramenti sui termini e tendenze evolutive in atto. In: ALPA, Guido; CARLEO, Liliana Rossi. Codice del conumo: commentario. Napoli: Edizione Scientifiche Italiane, 2005, p. 192.

2697 pensamento, de criação, de expressão e de informação, que são objetos de proteção do caput do mesmo dispositivo constitucional. Só por isso o tema já se justificaria. Ocorre que, ademais, há questionamentos sobre a correção desse locus constitucional da publicidade comercial. Para alguns autores, 4 sua natureza predominantemente econômica seria determinante da localização da norma da publicidade comercial no capítulo da ordem econômica. Introdução O objetivo geral do trabalho é estudar a natureza da publicidade comercial, se predominantemente social ou econômica. Como objetivos específicos, verificar, na estrutura da Constituição Federal, a adequação das restrições à publicidade comercial ser colocada entre as normas relativas à ordem social, como consta no art. 220, 4º. Estudar as conseqüências decorrentes do atual posicionamento constitucional da publicidade quanto à extensão das restrições legais à publicidade comercial dos produtos e serviços referidos no dispositivo citado. Verificar as mesmas decorrências na hipótese de posicionamento daquelas restrições entre as normas relativas à ordem econômica. Na origem do que se pretende investigar com o presente projeto está a questão de saber se a publicidade tem um teor predominantemente informativo ou persuasivo. Isso porque o art. 220, caput, da CF, protege a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação. Há os que sustentam que a publicidade desenvolve todas essas atividades, uma vez que ela deve ser livre como forma de expressão de palavra e de criação artística, além de ser essencialmente informativa 5 quanto aos produtos presentes no mercado, tornando-se, por este último aspecto, essencial nos dias de hoje. Nos Estados Unidos, onde a publicidade tornou-se expressiva atividade econômica, foi desenvolvida a doutrina da liberdade de manifestação e expressão comercial, com adesão jurisprudencial e acatamento transfronteira no Canadá e Europa. De acordo com essa visão, o conceito de abusividade em publicidade deveria limitar-se a remediar os erros de informação. 3 Art. 220 4 PASQUALOTTO, Adalberto. Os efeitos obrigacionais da publicidade no Código de Defesa do Consumidor. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1997; MIRAGEM, Bruno. Direito do consumidor. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. 5 Publicidade é notícia, segundo o publicitário Caio A. Domingues. Publicidade enganosa e abusiva. Direito do Consumidor, vol. 4, São Paulo, 1992, p. 193

2698 No mais, o mercado deveria agir por si mesmo, propiciando ao consumidor escolhas adequadas aos seus desejos e necessidades. 6 Todavia, há diferenças essenciais entre a comunicação social, capítulo no qual se insere o art. 220, a proteger os valores da manifestação do pensamento, da criação, da expressão e da informação, e a publicidade comercial. Exemplificativamente: no art. 220 está albergados o jornalismo informativo e a opinião jornalística, aquele como fato social que se transforma em notícia e esta como juízo de valor sobre os fatos noticiados. 7 A publicidade, ao contrário dos fatos noticiados pela imprensa, não se subordina ao binômio verdadeiro-falso, fazendo afirmações neutras ou, como diz Baudrillard, evidências rodopiantes, 8 do tipo o cigarro para quem sabe o que quer. As liberdades mencionadas no caput do art. 220 estão ligadas às garantias individuais do art. 5º, IX, CF, 9 que têm longa tradição universal, e cuja fundamentação, na tradição inglesa, iniciou-se com Milton, ainda no século XVII, prosseguindo com Locke e com a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, resultante da revolução francesa, em 1789. Na América, o primeiro documento relevante foi o Bill of Rights, de 1776. 10 Aquelas liberdades são essencialmente diferentes da divulgação publicitária. Em 1942, a Suprema Corte norte-americana teve oportunidade de estabelecer a linha demarcatória, ao julgar o caso de um cidadão da Floria, que adquirira um submarino da Marinha, estacionado em um píer de Nova York, com a intenção de promover visitação pública mediante a cobrança de ingressos. O folheto publicitário continha numa face a promoção comercial e na outra um protesto contra o Departamento de Docas, por dificultar a atracagem do submarino. À época, vigorava uma postura municipal que proibia a distribuição de panfletos comerciais nas ruas. A inserção do protesto visava obviar a proibição, sob o argumento de que a postura municipal afrontava a liberdade constitucional de imprensa e de palavra. A Suprema Corte, contrariando a decisão das instâncias inferiores, considerou que o protesto era apenas uma forma de burlar a distribuição de publicidade, finalidade que era predominante. 11 6 Assim a síntese de Iain Ramsay. O controle da publicidade em um mundo pós-modermo. Publicidade enganosa e abusiva. Direito do Consumidor, vol. 4, São Paulo, 1992, p. 27-28. 7 DENARI, Zelmo. A comunicação social perante o Código de Defesa do Consumidor. Direito do Consumidor, vol. 4, São Paulo, 1992, p. 134. 8 BAUDRILLARD, Jean. A sociedade de consumo. Lisboa: Edições 70, 1991, p. 134-136. 9 Art. 5º. 10 Para uma síntese dessa evolução, v. MIRAGEM, Bruno. Responsabilidade civil da imprensa por dano à honra. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 35 e ss. 11 Valentine v. Christensen, 316 US 52, 62 S. Ct. 920, L. Ed. 1262 (1942).

2699 Atualmente, prevalece na Suprema Corte a proteção à atividade publicitária sob a primeira Emenda, que protege a liberdade de expressão, sob a forma de liberdade expressão comercial (commercial speach). 12 No Brasil, será necessário diferenciar a proteção à liberdade de manifestação do pensamento, expressão, criação e informação, da liberdade comercial de fazer publicidade. O que se procurará demonstrar ao longo do estudo proposto é que a liberdade de publicidade comercial ficaria melhor localizada como um parágrafo a ser acrescentado ao art. 170, CF, 13 que trata dos princípios da ordem econômica. Metodologia O procedimento utilizado neste trabalho é o de análise e interpretação dos dados doutrinários, legais e principalmente jurisprudenciais, além dos sócio-econômicos. Conclusão Com efeito, considerar a publicidade comercial uma questão jurídica de prevalência social ou econômica pode ter importantes repercussões no tratamento das restrições legais a que pode ser submetida, especialmente naqueles produtos mencionados no art. 220, 4º, notabilizando-se o tabaco, objeto de severidade extrema da Lei 10.167/2000. Referências ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Trad. Virgílio Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros, 2008. ALPA, Guido. Una política del diritto per la pubblicità commerciale. Rivista del Diritto Commerciale e del Diritto Generale delle Obligazioni, Milano, nº 9-10, set.-out. 1994, p. 303-321. ALPA, Guido; CARLEO, Liliana Rossi. Codice del conumo: commentario. Napoli: Edizione Scientifiche Italiane, 2005. 12 MOROSINI, Fábio. Visões acerca do novo direito da comunicação de massa. Revista de Direito do Consumidor, vol. 50, São Paulo, abr.-jun. 2004, p. 193. 13 Art. 170.

2700 ALURRALDE, Márquez. Régimen jurídico de las comunicaciones: publicultura. Buenos Aires: Depalma, 1986. BALLBÉ, Maria Josep Baró i. La publicitat il.lícita i la defensa dels consumidors. Barcelona: Centre d Investigació de la Comunicació, 1992. BARROSO, Luís Roberto. Liberdade de expressão, direito à informação e banimento da publicidade de cigarro. Revista de Direito Administrativo, nº 224, São Paulo, abr.-jun. 2001, p. 81. BAUDRILLARD, Jean. A sociedade de consumo. Lisboa: Edições 70, 1991. BENJAMIN, Antônio H. V. O controle jurídico da publicidade. Direito do Consumidor, nº 9, São Paulo, jan.-mar. 1994, p. 25-57. BENJAMIN, Antônio H. V.; MARQUES, Claudia Lima; BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de direito do consumidor. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007. BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 13 a ed. São Paulo: Malheiros, 2003. CALAIS-AULOY, Jean; STEINMETZ, Frank. Droit de la consommation. 7 ème ed. Paris: Dalloz, 2006. CAMPOS, Maria Helena Rabelo. O canto da sereia: uma análise do discurso publicitário. Belo Horizonte: UFMG/PROED, 1987. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7. ed. Coimbra: Almedina, 2004.. Estudos sobre direitos fundamentais. 2. Ed. Coimbra: Almedina, 2008. CENTRE PAUL HYMANS. Le libéralisme face à la publicité commerciale. Bruxelles, s/d. CENEVIVA, Walter. Publicidade e direito do consumidor. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1991. CLARK, Eric. Los creadores de consumo. Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 1989. CORWIN, Edward. A Constituição norte-americana e seu significado atual. Trad. Leda Boechat Rodrigues. Rio de Janeiro: Zahar, 1986. DELFINO, Lúcio. Responsabilidade civil e tabagismo no Código de Defesa do Consumidor. Belo Horizonte: Del Rey, 2002. DENARI, Zelmo. A comunicação social perante o Código de Defesa do Consumidor. Direito do Consumidor, vol. 4, São Paulo, 1992, p. 132-139.

2701 DOMINGUES, Caio A. Publicidade enganosa e abusiva. Direito do Consumidor, vol. 4, São Paulo, 1992, p. 192-199. DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério. São Paulo : Martins Fontes, 2002. ESTÉVEZ, José B. Acosta. La protección de los consumidores en la comunidad europea. Barcelona: PPU, 1990. FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Direito constitucional: liberdade de fumar, privacidade, direitos humanos e outros temas. Barueri, SP: Manole, 12207. GALBRAITH, John Kenneth. A sociedade aflluente. Trad. Carlos Afonso Malferrari. São Paulo: Pioneira, 1987.. A cultura do contentamento. Trad. Carlos Afonso Malferrari. São Paulo: Pioneira, 1987. GHIDINI, Gustavo. Introduzione allo studio della publicità commerciale. Milano: Giuffrè, 1968. JACOBINA, Paulo Vasconcelos. A publicidade no direito do consumidor. Rio de Janeiro: Forense, 1996. KARSTEN, Jens. Controle do tabaco na União Européia e a proibição da propaganda. Revista de Direito do Consumidor, vol. 40, São Paulo, out.-dez. 2001, p. 9-20. L HEUREUX, Nicole. Droit de la consommation. 4 ème ed. Québec: Yvon Blais, 1993. LORENZETTI, Ricardo Luis. Consumidores. Buenos Aires: Rubinzal-Culzoni, 2003. MARCONDES FILHO, Ciro. Quem manipula quem? Poder e massas na indústria da cultura e da comunicação no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1991. MIRAGEM, Bruno. Responsabilidade civil da imprensa por dano à honra. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005.. Direito do consumidor. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. Coimbra: Coimbra, 2000. MOROSINI, Fábio. Visões acerca do novo direito da comunicação de massa. Revista de Direito do Consumidor, vol. 50, São Paulo, abr.-jun. 2004, p. 182-214. NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Publicidade comercial: proteção e limites na Constituição de 1988. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2001. PASQUALOTTO, Adalberto. Os efeitos obrigacionais da publicidade no Código de Defesa do Consumidor. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1997.

2702 RAMSEY, Iain. O controle da publicidade em um mundo pós-modermo. Publicidade enganosa e abusiva. Direito do Consumidor, vol. 4, São Paulo, 1992, p. 26-41. SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 8ª ed., rev. e atual. Porto Alegre : Livraria do Advogado, 2007. SILVA, Marcus Vinicius Fernandes Andrade da. O direito do consumidor e a publicidade. São Paulo: MP Ed., 2008. SOUZA, Miriam de Almeida. A política legislativa do consumidor no direito comparado. Salvador: Nova Alvorada, 1996. SZAR, Dora. Consumidores. 2ª ed. Montevideo: Fundación de Cultura Universitaria, 2002