SEGURANÇA PÚBLICA: TERCEIRIZAÇÃO E IGUALDADE ADILSON ABREU DALLARI Prof. Titular da PUC/SP
I Introdução Estado de Direito: contenção do poder e garantia de direitos vida humana e segurança urbanização, urbanidade e qualidade de vida
II A segurança na Constituição Federal Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador... XXII - é garantido o direito de propriedade;
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. 5º - às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
III A segurança pública como dever do Estado competência: poder/dever ou dever/poder monopólio da violência limites da lei e razoabilidade eficiência (Art. 37 da CF princípios da Administração Pública) limitações naturais - razoabilidade compatibilidade com o direito à auto defesa pelos particulares
IV A ilusão do desarmamento (Lei nº 10.826, de 22/12/03) Lei de exceção e o Estado democrático de direito Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo e munição em todo o território nacional, salvo para as entidades previstas no art. 6 o desta Lei. 1 o Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá de aprovação mediante referendo popular, a ser realizado em outubro de 2005. Art. 36. É revogada a Lei n o 9.437, de 20 de fevereiro de 1997.
- Pós positivismo: efetividade da Constituição e razoabilidade Tocaria às raias da crueldade pretender que o cidadão deva sentir-se rigorosamente inerme, indefeso, entregue ao líbito dos assaltantes, quer na rua, quer na intimidade da própria casa (suposto asilo inviolável do indivíduo), enquanto seu agressor vem armado, pronto para subjugá-lo de maneira completa e, tanto mais ousado e abusado quanto mais seguro estiver de que sua vítima não possui arma de fogo alguma capaz de se opor a seus propósitos.... Em face da Lei Magna do país, o cidadão jamais poderá ser proibido de tentar defender sua vida, seu patrimônio, sua honra, sua dignidade ou a incolumidade física de sua mulher e filhos a fim de impedir que sejam atemorizados, agredidos, eventualmente vilipendiados e assassinados, desde que se valha de meios proporcionais aos utilizados por quem busque submetê-los a estes sofrimentos, humilhações ou eliminação de suas existências. CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, Direitos fundamentais e arma de fogo, RTDP, nº 41, Malheiros Editores, São Paulo, p. 27.
V Terceirização da Segurança Pública Atividade bancária - Lei nº 7.102, de 20/06/83 Extensão à guarda e transporte de valores Transporte de carga em geral escolta armada Caixas eletrônicos dever de vigilância - direitos do consumidor Shopping Centers como substitutos das praças públicas Condomínios residenciais e loteamentos fechados Restaurantes Terceirização de fato
VI- Serviços públicos e isonomia Serviços divisíveis e indivisíveis Serviços delegáveis e indelegáveis Assaltos a pessoas, residências e estabelecimentos comerciais Manifestações, depredações e invasões Responsabilidade por omissão culpa O paradigma constitucional - Direito à saúde na CF Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Art 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
VII Conclusões reconhecimento da importância da segurança pública necessidade de reagir ao conformismo e à acomodação restauração da autoridade policial civil e militar respeito ao direito fundamental da auto defesa Segurança Pública: direito elementar de todos e dever indelegável do Estado