INFLUÊNCIA DAS MASSAS DE AR NAS CONCENTRAÇÕES DOS GASES DE EFEITO ESTUFA NA COSTA BRASILEIRA

Documentos relacionados
ANÁLISE DA CONCENTRAÇÃO DOS GASES DE EFEITO ESTUFA NA COSTA NORDESTE BRASILEIRA

USO DE PERFIS VERTICAIS PARA DETERMINAÇÃO DO FLUXO DE N 2 O SOBRE A BACIA AMAZÔNICA PARA O DE 2010

FLUXO DE EMISSÃO DE CH 4 DA BACIA AMAZÔNICA

Variações na Composição Isotópica da Precipitação em Rio Claro (SP): Relações com Parâmetros Climáticos

PRECIPITAÇÃO CLIMATOLÓGICA NO GCM DO CPTEC/COLA RESOLUÇÃO T42 L18. Iracema F. A. Cavalcanti CPTEC/INPE ABSTRACT

MONITORAMENTO DA ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL (ZCIT) ATRAVÉS DE DADOS DE TEMPERATURA DE BRILHO (TB) E RADIAÇÃO DE ONDA LONGA (ROL)

Prof. Dr. Ariston da Silva Melo Júnior

Fenômeno La Niña de maio de 2007 a abril de 2008 e a precipitação no Rio Grande do Sul

POSIÇÕES DO CAVADO EQUATORIAL E DA FAIXA DE MÁXIMA TSM NO ATLÂNTICO TROPICAL.

Relação entre a precipitação pluvial no Rio Grande do Sul e a Temperatura da Superfície do Mar do Oceano Atlântico

TRANSPORTE DE MATERIAL PARTICULADO DE QUEIMADAS PARA A REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO: UM ESTUDO DE CASO.

Relação da Zona de Convergência Intertropical do Atlântico Sul com El Niño e Dipolo do Atlântico

CLIMATOLOGIA ENERGÉTICA DA REGIÃO PREFERENCIAL DOS VÓRTICES CICLÔNICOS DE ALTOS NÍVEIS (VCAN) E DA ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL (ZCIT)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA

DESTREZA DO MODELO GLOBAL DE PREVISÃO DO TEMPO CPTEC/INPE NA DETERMINAÇÃO DA POSIÇÃO DA ZCIT

CARACTERÍSTICAS DA PRECIPITAÇÃO SOBRE O BRASIL NO VERÃO E OUTONO DE 1998.

VARIABILIDADE NO REGIME PLUVIAL NA ZONA DA MATA E AGRESTE PARAIBANO NA ESTIAGEM DE

SUPORTE METEOROLÓGICO DE SUPERFÍCIE PARA O MONITORAMENTO DE PRECIPITAÇÃO NA AMAZÔNIA.

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

Humberto Rocha. availability: controls of land use and climate changes. Project Carbon tracker and water

Balanço Energético Observado

ATUAÇÃO DO PAR ANTICICLONE DA BOLÍVIA - CAVADO DO NORDESTE NAS CHUVAS EXTREMAS DO NORDESTE DO BRASIL EM 1985 E 1986

INFLUÊNCIA DO EL NIÑO NO COMPORTAMENTO PLUVIOMÉTRICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO DURANTE O ANO DE 1998

Para compreendermos a influência que os sistemas atmosféricos exercem nas

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Introdução. Figura 1 - Esquema Simplificado do Balanço Energético da Terra

ALTA DO ATLÂNTICO SUL E SUA INFLUÊNCIA NA ZONA DE CONVERGÊNCIA SECUNDÁRIA DO ATLÂNTICO SUL

Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/INPE) Cachoeira Paulista, São Paulo - Brasil ABSTRACT

ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL DO ATLÂNTICO SUL

Influência dos valores extremos da TSM do Atlântico Norte nos anos de 1974 e 2005 sobre o regime de precipitação das cidades do Estado do Amazonas

2. ALTERAÇÕES NAS PRECIPITAÇÕES OBSERVADAS NA REGIÃO DE MANAUS - AM. MOTA, M. R.; FREITAS, C. E. C. & BARBOSA, R. P.

O FENÔMENO ENOS E A TEMPERATURA NO BRASIL

RELAÇÃO DA ZONA DE CONVERGÊNCIA SECUNDÁRIA DO ATLÂNTICO SUL SOBRE A OCORRÊNCIA DE SISTEMAS FRONTAIS AUSTRAIS ATUANTES NO BRASIL

SUMÁRIO CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA... 27

COMPARAÇÃO ENTRE OS CAMPOS DE PRECIPITAÇÃO DE REANÁLISE DO CPTEC E NCEP/NCAR PARA A AMÉRICA DO SUL

ESTUDO DA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA NO MUNICÍPIO DE CAMPINAS DO PIAUÍ

BALANÇO DE ENERGIA DA TERRA A T M O S F E R A

AULA 1. - O tempo de determinada localidade, que esta sempre mudando, é compreendido dos elementos:

MEDIÇÕES IN SITU DA CONCENTRAÇÃO DE CO2 EM UM RESERVATÓRIO TROPICAL USANDO LI-7500A E UMA BOIA METEOROLÓGICA. Doutorando em Clima e Ambiente INPA/UEA

POSICIONAMENTO DA ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL EM ANOS DE EL NIÑO E LA NIÑA

A Antártica, o Ano Polar Internacional ( ) e o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR)

GEOGRAFIA - 3 o ANO MÓDULO 26 PAISAGENS CLIMATOBOTÂNICAS: FATORES E ELEMENTOS

Análise do aquecimento anômalo sobre a América do sul no verão 2009/2010

Impactos de um forte cenário de aquecimento global projetado para o final do século no clima da Amazônia.

MONITORAMENTO ATMOSFÉRICO NOÇÕES SOBRE A ATMOSFERA TERRESTRE

Marcos Heil Costa UFV II Simpósio Internacional de Climatologia São Paulo, 2 e 3 de novembro de 2007

ESTUDO PRELIMINAR DO FLUXO DE GÁS CARBÔNICO NA RESERVA FLORESTAL DE CAXIUANÃ, MELGAÇO P A

VARIABILIDADE CLIMÁTICA INTERDECADAL DA PRECIPITAÇÃO NA AMÉRICA DO SUL EM SIMULAÇÕES DO PROJETO CMIP5

ANÁLISE DOS FLUXOS DE CALOR NA INTERFACE OCEANO- ATMOSFERA A PARTIR DE DADOS DE UM DERIVADOR e REANÁLISE

ÍNDICE DE ANOMALIA DE CHUVA APLICADO EM IMPERATRIZ MA

ASPECTOS CLIMÁTICOS DA ATMOSFERA SOBRE A ÁREA DO OCEANO ATLÂNTICO SUL

EXPERIMENTOS METEOROLÓGICOS DO PROGRAMA REVIZEE A BORDO DO NAVIO OCEANOGRÁFICO ANTARES NA ÁREA DO OCEANO ATLÂNTICO TROPICAL SUL

RELAÇÃO DA TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE DOS OCEANOS PACÍFICO E ATLANTICO TROPICAIS E A PRECIPITAÇÃO NA MICRORREGIÃO DE ARARIPINA (SERTÃO PERNAMBUCANO)

Eventos climáticos extremos: monitoramento e previsão climática do INPE/CPTEC

INFORMATIVO CLIMÁTICO

Desenvolvimento da atividade convectiva organizada pela extremidade da zona frontal, sobre a Região Nordeste do Brasil

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO-UEMA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS - CCA NÚCLEO GEOAMBIENTAL - NUGEO

Linha de Pesquisa: BIOGEOQUÍMICA AMBIENTAL

INFORMATIVO CLIMÁTICO

ESTUDO OBSERVACIONAL DA VARIABILIDADE DA TEMPERATURA MÁXIMA DO AR EM CARUARU-PE.

INFORMATIVO CLIMÁTICO

DISTRIBUIÇÃO DO CAMPO DE TEMPERATURA DO AR SOBRE O OCEANO ATLÂNTICO ADJACENTE À COSTA SUDESTE DO BRASIL

COMPARAÇÃO ENTRE DADOS DE PRECIPITAÇÃO DA REANÁLISE DO NCEP/NCAR E DA PRECIPITAÇÃO OBSERVADA PARA A ZONA DE CONVERGÊNCIA SECUNDÁRIA DO ATLÂNTICO SUL

INFORMATIVO CLIMÁTICO

FATORES CLIMÁTICOS. T o C : estado energético do ar, traduzido em determinado grau de calor, medido por termômetro.

EVENTOS DE CHUVAS INTENSAS EM PERNAMBUCO DURANTE A ESTAÇÃO CHUVOSA DE FEVEREIRO A MAIO DE 1997: UM ANO DE TRANSIÇÃO

INFORMATIVO CLIMÁTICO

Variabilidade mensal e sazonal da temperatura e umidade do solo no Projeto ESECAFLOR / LBA

RELAÇÃO DA TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE DOS OCEANOS PACÍFICO E ATLANTICO TROPICAIS E A PRECIPITAÇÃO NA MICRORREGIÃO DE PETROLINA (SERTÃO PERNAMBUCANO)

Naiara Hupfer 1,3 ; Lucas Vaz Peres 2,3 ; Damaris K. Pinheiro 3 ; Nelson Jorge Schuch 1 ; Neusa Maria Paes Lemes 4

ESTUDO CLIMATOLÓGICO DA POSIÇÃO DA ZCIT NO ATLÂNTICO EQUATORIAL E SUA INFLUÊNCIA SOBRE O NORDESTE DO BRASIL

VARIABILIDADE DA PRECIPITAÇÃO SOBRE O SUL DO NORDESTE BRASILEIRO ( ) PARTE 1 ANÁLISE ESPACIAL RESUMO

TEMA INTEGRADOR Emissão de gases do efeito Estufa

Climatologia da Precipitação Anual e Sazonal no Leste da Amazônia

COMPARAÇÃO ENTRE A PRECIPITAÇÃO SIMULADA PELO MCGA DO CPTEC/COLA E A RENÁLISE DO NCEP/NCAR E OBSERVAÇÕES

A INFLUÊNCIA DA ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL E DE VÓRTICES CICLÔNICOS DE ALTOS NÍVEIS SOBRE A PRECIPITAÇÃO DE IMPERATRIZ-MA: ESTUDO DE CASO

UFPA- FAMET- Brasil- Belém-

Intrusão de Alta Vorticidade Potencial sobre o Oceano Atlântico Sul no Modelo de Circulação Geral do CPTEC

INFORMATIVO CLIMÁTICO

Ciência e Natura ISSN: Universidade Federal de Santa Maria Brasil

Geografia. Climas Do Brasil. Professor Luciano Teixeira.

Comparação de Variáveis Meteorológicas Entre Duas Cidades Litorâneas

MODELOS DE CIRCULAÇÃO. Teorias sobre a circulação geral da atmosfera

A PRELIMINARY EVALUATION OF THE DYNAMIC CONTROL OF GLOBAL TELECONNECTION PATTERNS

INFORMATIVO CLIMÁTICO

ONDAS DE LESTE EM 2009

RELAÇÃO ENTRE EVENTOS EXTREMOS SECOS SOBRE O SUDESTE DO BRASIL E A TSM DO ATLÂNTICO SUL

VARIABILIDADE INTERANUAL E SAZONAL DA ATIVIDADE CONVECTIVA SOBRE A AMÉRICA DO SUL UTILIZANDO DADOS DIGITAIS DE IMAGENS DE SATÉLITE

Lucio Alberto Pereira 1 ; Roseli Freire de Melo 1 ; Luiza Teixeira de Lima Brito 1 ; Magna Soelma Beserra de Moura 1. Abstract

A ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL SOBRE O OCEANO ATLÂNTICO: CLIMATOLOGIA

1 Universidade do Estado do Amazonas/Escola Superior de Tecnologia (UEA/EST)

AUTARQUIA ASSOCIADA Á UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Caio Silvestre de Carvalho Correia

Variação vertical da temperatura do ar na Floresta Nacional de Caxiuanã em dois períodos distintos (chuvoso e seco).

1 Mestranda (CNPq) do Programa de Pós-graduação em Meteorologia/Universidade Federal de

Avaliação dinâmica de um evento de precipitação intensa sobre o Nordeste do Brasil

MARÇO DE 2000, MÊS ANÔMALO DE CHUVAS NOS ESTADOS DE LESTE DO NORDESTE: UM ESTUDO DE CASO

Zona de Convergência Intertropical - ZCIT. ica/aula15/aula15.html

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

ESTUDO DE CASO DE UM EVENTO METEOROLÓGICO EXTREMO NO NORDESTE BRASILEIRO ENTRE OS DIAS 15 E 18 DE JULHO DE PARTE II

USO DE ÍNDICES CLIMÁTICOS PARA IDENTIFICAR EVENTOS DE CHUVA EXTREMA NO INTERIOR SEMI-ÁRIDO SUL DO NORDESTE DO BRASIL (NEB)

Transcrição:

INFLUÊNCIA DAS MASSAS DE AR NAS CONCENTRAÇÕES DOS GASES DE EFEITO ESTUFA NA COSTA BRASILEIRA Viviane F. BORGES 1 ; Luciana V. GATTI 1 ; Alexandre MARTINEWSKI 1 ; Luana S. BASSO 1 ; Caio S. C. CORREIA 1 ; Lucas G. DOMINGUES 1 ; Emanuel U. GLOOR 2. (vivianefran.borges@gmail.com) (1) IPEN Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, São Paulo - SP, Brasil (2) Universidade de Leeds, Leeds, Reino Unido RESUMO Com o objetivo de determinar a concentração de entrada dos Gases de Efeito Estufa (GEE) no ar proveniente do Oceano Atlântico, na região nordeste da costa brasileira, foram realizadas semanalmente amostragens de ar em dois locais na costa Brasileira: em Salinópolis (PA) e Maxaranguape-Natal (RN). A quantificação dos GEE foi realizada no Laboratório de Química Atmosférica do IPEN (LQA-IPEN). Os resultados foram comparados com os resultados de duas estações globais que fazem parte da rede da NOAA. Foram calculadas as trajetórias das massas de ar que chegaram aos locais de estudo, e observou-se que para Natal as massas de ar sempre vêm do Oceano Atlântico Sul e para Salinópolis, dependendo da posição da ZCIT, vêm do Oceano Atlântico Norte ou Sul. ABSTRACT In order to determine the background of input Greenhouse Gas (GHG) in the air from the Atlantic Ocean on the northeast coast of Brazil, were performed weekly air samplers at two sites in the Brazilian coast: in Salinópolis (PA) and Maxaranguape-Natal (RN). The quantification of GHG was conducted at the Laboratory of Atmospheric Chemistry of IPEN (LQA-IPEN). The results were compared with results from two stations belonging to the global network NOAA. We calculated the trajectories of air masses that reached in the sites. At Natal the air masses coming from the South Atlantic Ocean and at Salinópolis depending on the position of the ITCZ comes from the North Atlantic Ocean or South. 1 INTRODUÇÃO A Floresta Amazônica é considerada uma das maiores áreas de floresta do globo (cerca de 50% no Brasil), constituindo o maior reservatório de carbono e biodiversidade global (MALHI e GRACE, 2000; Gatti et al., 2010) sendo necessários mais estudos nesta região. O monitoramento de GEE se concentra no Hemisfério Norte, onde também ocorre a maior emissão. Estudos revelam que a maior parte da queima de biomassa ocorre nos trópicos e é altamente sazonal, atingindo seu ápice no final da estação seca entre os meses de agosto a

outubro no Trópico Sul (IGBP, 2003). As variações sazonais das concentrações globais dos GEE são mais altas no Hemisfério Norte e nas latitudes médias, ao contrário do que ocorre no Hemisfério Sul, onde estas variações são menores (WMO, 2012). Com a existência destas variações nas concentrações dos GEE nos Hemisférios, é necessário conhecer a procedência das massas de ar para entender a variabilidade de cada local estudado. Estudos revelam que a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) entre os meses de janeiro a abril se posiciona abaixo da linha do Equador, com isso as massas de ar são provenientes do Oceano Atlântico Norte (OAN), e de meados de abril até dezembro, a ZCIT se posiciona acima da linha do Equador e assim as massas de ar são provenientes do Oceano Atlântico Sul (OAS) (Cavalcanti, 2009). 2 MATERIAL E MÉTODOS As coletas de amostras de ar foram realizadas desde janeiro de 2010, na praia da Corvina em Salinópolis PA (SAL: 0,60ºS; 47,36ºO), e a partir de maio do mesmo ano na estação meteorológica do município de Maxaranguape, distante 50 km ao norte de Natal RN (NAT: 5,48ºS; 35,25 O). As amostragens foram realizadas semanalmente, utilizando frascos de vidro Pirex de 2,5L, a 10m do nível do mar, utilizando um amostrador portátil construído no LQA e finalizando a amostragem com uma pressão de 7 psi, entre às 12 13 horas (horário local). As análises foram realizadas no LQA-IPEN e os resultados foram comparados com os dados das estações de monitoramento global da rede NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), nas Ilhas de Ascension (ASC: 8ºS; 14ºO) no OAS, e em Barbados (RPB: 13ºN; 59ºO) no OAN. Para o cálculo da trajetória das massas de ar que chegaram aos locais estudados, foi utilizado o modelo de trajetórias HYSPLIT (Hybrid Single-Particle Lagrangian Integrated Trajectory) (Draxler e Rolph, 2012), utilizando um tempo de 120 horas retrocedentes, para todos os dias de amostragens. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Figura 1 são mostradas as trajetórias retrocedentes relativas à SAL e na Figura 2 às relativas à NAT. Foi observado neste estudo que as massas de ar provenientes do OAN chegam a SAL entre os meses de janeiro a meados de maio, influenciando as concentrações obtidas em SAL neste mesmo período, como pode ser observado nos dados apresentados para os GEE (Figura 3). Neste período foram obtidas as concentrações mais elevadas em ambos os anos de estudo. Estudos sobre a posição média da ZCIT mostram que entre os meses de janeiro a abril a ZCIT se posiciona abaixo do local onde se encontra SAL e, portanto, as massas de ar que chegam vêm do OAN. A partir de maio a ZCIT se posiciona acima de SAL e, portanto, as massas de ar neste período vêm do OAS (Cavalcanti, 2009). Assim, este estudo da ZCIT confirmou o que foi observado pelas trajetórias simuladas para SAL, mostrando que este local recebe massas de ar do OAN e OAS.

Em NAT, o estudo das massas de ar mostrou que estas são provenientes em sua totalidade do OAS, com origem abaixo da estação global de ASC (Figura 2). E o estudo sobre a posição da ZCIT confirma que esta região recebe massas de ar apenas do OAS. Analisando as concentrações dos GEE obtidos em NAT, observou-se que estas mostram comportamento semelhante ao das concentrações de ASC (Figura 3), e as trajetórias das massas de ar confirmam esta observação mostrando a homogeneidade das concentrações de GEE no OAS. Em um estudo anterior deste grupo de pesquisa realizada na cidade de Arembepe no Estado da Bahia, chegou-se a mesma conclusão, o que corrobora com a conclusão sobre a homogeneidade das concentrações de GEE no OAS, para esta faixa de latitude estudada. Na Tabela 1 é apresentada a média anual para cada GEE em SAL e NAT (em NAT apenas o ano de 2011, pois 2010 não possui um ano completo de medidas). Nesta Tabela 1, podemos observar no ano de 2011 que NAT apresenta concentrações mais baixas que SAL para todos os GEE. Analisando as concentrações de SAL nos dois anos de estudo é possível observar que em 2011 houve um aumento em relação ao ano anterior. Este aumento nas concentrações dos GEE em SAL no ano de 2011 em relação ao ano anterior foi de 2,25 ppm de CO 2, 5,18 ppb de CH 4 e 0,87 ppb de N 2 O. 4 CONCLUSÕES Os resultados mostraram que em SAL as massas de ar foram provenientes tanto do Oceano Atlântico Norte como do Oceano Atlântico Sul, apresentando sazonalidade nos dois anos de estudo como observado pelas trajetórias das massas de ar. As massas de ar vindas do OAN podem influenciar as concentrações dos GEE entre janeiro a metade de maio, onde se observou concentrações mais elevadas. Em NAT os estudos das trajetórias mostraram que as massas de ar foram provenientes apenas do Oceano Atlântico Sul, sendo que estas massas possuem origem abaixo da estação global de ASC. As concentrações dos GEE em NAT possuem comportamento semelhante ao de ASC, mostrando assim a homogeneidade das concentrações no OAS. 5 AGRADECIMENTOS NERC, FAPESP, NOAA, MARINHA DO BRASIL, INPE/CRN e IPEN. Tabela 1: Média Anual das concentrações dos GEE em SAL e NAT. Concentração média dos Gases de Efeito Estufa Local Ano CO 2 (ppm) CH 4 (ppb) N 2 O (ppb) 2010 387,76 1785,16 324,00 SAL 2011 390,01 1790,34 324,87 NAT 2011 389,98 1780,58 324,29

Figura 1: Trajetórias das massas de ar em SAL em 2010 e 2011. Figura 2: Trajetórias das massas de ar em NAT em 2010 e 2011.

Figura 3: Concentrações dos principais GEE (a) CO 2, (b) CH 4 e (c) N 2 O em SAL e NAT, comparados com as estações globais de ASC e RPB em 2010 e 2011. 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAVALCANTI, I.F.A.; FERREIRA, N.J.; SILVA, M.G.A.J.; DIAS, M.A.F.S., 2009. Tempo e Clima no Brasil. Oficina de Textos, São Paulo-SP. DRAXLER, R.R.; ROLPH, G.D., 2012. HYSPLIT (Hybrid Single-Particle Lagrangian Integrated Trajectory). Model access via NOAA ARL READY, Disponível em: http://ready.arl.noaa.gov/hysplit.php. NOAA Air Resources Laboratory, Silver Spring, MD. GATTI, L.V.; MILLER, J.B.; D AMELIO, M.T.S.; MARTINEWSKI, A.; BASSO, L.S.; GLOOR, M.E.; WOFSY, S.; TANS, P., 2010. Vertical profiles of CO 2 above eastern Amazonia suggest a net carbon flux to the atmosphere and balanced biosphere between 2000 and 2009, Tellus B, v.62, p.581-594. IGBP, 2003. Atmospheric Chemistry in a Changing World: An Integration and Synthesis of a Decade of Tropospheric Chemistry Research, Ed.Springer, Alemanha. MALHI, Y.; GRACE, J., 2000. Tropical forests and atmospheric carbon dioxide, Trends Ecol. Evol., v.15, n.8, p.332-337. WMO, 2012. World Meteorological Organization - Global Atmosphere Watch - World Data Centre for Greenhouse Gases. WMO WDCGG Data Summary, n.36. Japan Meteorological Agency em cooperação com WMO.