Autor: Francisco Cavalcante UP-TO-DATE. ANO I. NÚMERO 26. Circular para: CAVALCANTE ASSOCIADOS

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Transcrição:

UP-TO-DATE. ANO I. NÚMERO 26 DEFINIÇÃO DE UMA ESTRUTURA DE CAPITAL IDEAL! Relação debt / equity mais barata com o mínimo de risco de insolvência! Análise e procedimentos fundamentais. Autor: Francisco Cavalcante CAVALCANTE & ASSOCIADOS Circular para: 1

ÍNDICE Aos nossos leitores 03 Apresentação do Up-To-Date 26 04 Prévia do Up-To-Date 27 04 Estrutura de capital 05 Simulando estruturas de capital diferentes 07 Caso prático proposto 10 Solução do caso prático 11 Sinopse curricular do Autor 12 2

AOS NOSSOS LEITORES Neste Up-To-Date 26 trataremos do assunto estrutura de capital. A principal pergunta a ser respondida será a seguinte: como encontrar a relação capital de terceiros / capital próprio ideal? Aquela mais barata e com o mínimo risco de insolvência. Todo o conteúdo deste Up-To-Date 26 será prático, podendo ser utilizado no dia-a-dia das empresas. Para eliminar suas dúvidas sobre o conteúdo dos Up-To-Dates, passe um e-mail ou fax para a Cavalcante & Associados em nome de Francisco Cavalcante. Nosso e-mail é cavalcan@netpoint.com.br, e nosso fax é: (011) 251.2947 Caso deseje indicar algum amigo/colega para receber o Up-To-Date, envie-nos um fax ou e-mail informando o nome e telefone desta pessoa. Atenção! Caso não tenha recebido algum Up-To-Date, envie-nos e-mail ou fax informando o número desejado. IMPORTANTE! Mande-nos suas críticas, comentários e faça sugestão de temas que gostaria que fossem abordados em novos Up-To-Dates. Utilize o box abaixo. CRÍTICAS E SUGESTÕES (favor encaminhar esta folha para nosso e-mail ou fax citados acima) Copyright 1998 Cavalcante & Associados Direitos Reservados. Esta obra não pode ser revendida ou alugada, por qualquer processo, sem o prévio consentimento do autor. 3

APRESENTAÇÃO DO UP-TO-DATE 26 O Up-To-Date 26 tem como missão oferecer ao leitor uma linha de raciocínio e de procedimentos para definir uma estrutura de capital ideal para sua empresa. O capital de terceiros custa mais barato que o capital próprio. Portanto, vamos financiar todos os investimentos de uma empresa somente com recursos de terceiros!!! Seria uma grande estratégia se o fluxo de caixa operacional mínimo desejado tivesse 100% de probabilidade de ocorrer, pagando com certeza todo o serviço da dívida. Porém, a certeza absoluta de uma geração de caixa operacional não existe. A empresa que resolvesse financiar todos os investimentos com recursos próprios quebraria quando tivesse que pagar os juros e o principal em períodos de fluxo de caixa operacional reduzido. Qual a estrutura de capital ideal? Qual a relação debt / equity que combina o menor custo médio ponderado de capital com a total condição de pagar o serviço da dívida juros mais principal mesmo em períodos comercialmente desfavoráveis. Recomendamos a leitura dos Up-To-Dates 1, 2, 4 e 5. PRÉVIA DO UP-TO-DATE 27 O Up-To-Date 27 tratará da taxa interna de retorno modificada - TIRM - e sua relação com o retorno sobre o capital investido. A TIRM é uma medida para avaliar projetos, calculada com dados em bases de caixa. A TIRM será compatibilizada com o retorno sobre o capital próprio, indicador elaborado com base em dados econômicos que obedecem ao regime de competência e não o regime de caixa. 4

ESTRUTURA DE CAPITAL Vamos assumir que estamos analisando o projeto de uma nova fábrica com investimentos e fontes de financiamento de acordo com a estrutura patrimonial abaixo: ESTRUTURA PATRIMONIAL EM 31/12/9X ATIVO / (Investimentos) PASSIVO / (fontes de financiamento) Ativo Operacional Líquido $9.000 Capital de Terceiros Capital Próprio $4.000 $5.000 TOTAL $9.000 TOTAL $9.000 Ativo Operacional Líquido (AOL) = $9.000 no nosso exemplo. É a diferença entre o Ativo Operacional (capital circulante mais capital fixo) menos as obrigações de custos prazo junto a fornecedores, impostos e provisões de quaisquer natureza. Capital de Terceiros (CT) = $4.000 no nosso exemplo. Representa os financiamentos de curto e longo prazos associados a programas de investimento. Capital Próprio (CP) = $5.000 no nosso exemplo. Representa os financiamentos dos acionistas. É o dinheiro integralizado pelos acionistas na empresa mais os lucros retidos (Patrimônio Líquido). ATENÇÃO! Para ganharmos tempo e espaço, todas as informações apresentadas neste texto já estarão ajustadas ao imposto de renda. Custo do Capital de Terceiros (CCT) = 7% ao ano líquido da economia tributária. Custo do Capital Próprio (CCP) = 14% ao ano. ATENÇÃO! O capital próprio corre riscos, sendo o acionista remunerado através de dividendos e de ganho de capital na hipótese da existência de lucro. O capital de terceiros será remunerado e devolvido independentemente da existência de lucros ou prejuízos, estando até o serviço da dívida protegido por garantias. Portanto, o retorno sobre o capital próprio será sempre superior ao custo do capital de terceiros. Interpretação coloquial da expressão acima: Os administradores têm à sua disposição um AOL de $9.000 para gerenciar. Todavia, estes recursos não são disponibilizados de graça. O AOL de $9.000 é financiado por capitais de terceiros e capitais próprios. Ambos têm custos. 5

Portanto, o retorno obtido sobre o AOL deverá ser, no mínimo, igual ao custo médio ponderado dos financiamentos - capital próprio mais de terceiros. Agora, podemos determinar o cálculo do custo médio ponderado de capital (CMPC). Médio porque considera capital de terceiros e capital próprio. Ponderado porque considera a participação (peso) de cada fonte de recursos no financiamento do AOL. O CMPC líquido é de : CMPC (líquido) = $4.000 x 0,07 + $5.000 x 0,14 = 0,0311 + 0,0778 = 0,1089 $9.000 $9.000 O CMPC serve para balizar o retorno mínimo a ser obtido pela gestão sobre o AOL. Vamos exemplificar: (=) Lucro operacional $980 (-) Custo do capital de terceiros (1) ($280) (=) Lucro líquido $700 (-) Custo do capital próprio (2) ($700) (=) EVA $0 (1) 0,07 x $4.000 = $280 (2) 0,14 x $5.000 = $700 Este formato possibilita a evidenciação do custo do capital de terceiros (juros) e do custo do capital próprio. No exemplo, o EVA Economic Value Added - de zero mostra que o retorno para o acionista é igual ao mínimo esperado. O retorno sobre o capital próprio empregado no negócio é de 14% ($700 / $5.000). 6

SIMULANDO ESTRUTURAS DE CAPITAL DIFERENTES Para elevar o retorno para o acionista, a empresa resolveu manter o cenário que aponta um lucro operacional de $980 e modificar a estrutura de capital aumentando a participação do capital de terceiros e reduzindo a participação do capital próprio. HIPÓTESES 1 2 3 Capital de Terceiros $4.000 $5.000 $6.000 Capital próprio $5.000 $4.000 $3.000 (=) Lucro operacional $980 $980 $980 (-) Custo do capital de terceiros (0,07 x Capital de terceiros) ($280) ($350) ($420) (=) Lucro líquido após o IR $700 $630 $560 (-) Custo do capital próprio (0,14 x Capital próprio) ($700) ($560) ($420) (=) EVA $0 $70 $140 (=) Retorno sobre o capital próprio (LL após o IR / Capital próprio) 14% 15,75% 18,67% A demonstração de resultado acima poderá ser resumida como segue: HIPÓTESES 1 2 3 Capital de terceiros $4.000 $5.000 $6.000 Capital próprio $5.000 $4.000 $3.000 (=) Lucro operacional $980 $980 $980 (-) Custos com a estrutura de capital ($980) ($910) ($840) (=) EVA $0 $70 $140 (=) Retorno sobre o capital próprio 14% 15,75% 18,67% Comentários: O lucro operacional é constante nos 3 cenários. O que está diminuindo são os gastos com a estrutura de capital. Como o capital de terceiros custa 7% e o capital próprio custa 14%, quanto mais capital de terceiros utilizarmos e menos capital próprio, maior o retorno para o acionista. O retorno sobre o capital próprio é um indicador mais importante do que o lucro. É melhor investir $3.000 e ganhar $560, do que ganhar $700 mas ter que investir $5.000. Os $2.000 ($5.000 - $3.000) que sobram poderão ser aplicados em outros negócios com expectativa de retorno de no mínimo 14%. Porém, o lucro operacional esperado de $980 poderá não acontecer. Dependendo do tamanho desta redução, a empresa poderá ser incapaz de pagar os juros e amortizar o principal ficando insolvente e quebrar. 7

Qual a relação capital de terceiros ideal? Aquele em que temos o menor gasto com a estrutura de capital e não colocamos a sobrevivência da empresa em xeque caso ocorra uma redução no lucro operacional esperado. IMPORTANTE! Antes de prosseguir faremos duas considerações: 1. Para simplificar, vamos assumir que os números referentes ao lucro operacional e ao fluxo de caixa operacional são iguais. Como dizemos, é apenas uma simplificação. Na prática, tal estudo deveria ser conduzido com base nas projeções de fluxo de caixa. 2. Para simplificar, vamos assumir que o capital de terceiros será pago em 10 parcelas anuais iguais. Portanto, o serviço da dívida na hipótese 1 é o somatório dos juros de $280 mais o pagamento de $400 de principal ($4.000 / 10). Reiteramos que este procedimento é simplista. Nossa preocupação maior é desenvolver uma linha geral de raciocínio e de procedimentos correta. O fluxo de caixa que suportará a decisão é o seguinte: HIPÓTESES 1 2 3 Capital de terceiros $4.000 $5.000 $6.000 Capital próprio $5.000 $4.000 $3.000 Fluxo de caixa operacional FCO $980 $980 $980 Serviço da dívida (juros + principal) $280+$400=$680 $350+$500=$850 $420+$600=$1.020 Cobertura dos juros mais o principal (FCO / Serviço da dívida) 1,44 vez 1,15 vez 0,96 vez Queda tolerável no FCO em $ (FCO Serviço da dívida) $300 $130 - Queda tolerável no FCO em % (Queda tolerável no FCO / FCO) 31% 13% - Notas e comentários: Serviço da dívida: é o somatório dos juros de 7% ao ano sobre o capital de terceiros, mais o valor anual do principal correspondente ao capital de terceiros dividido por 10 parcelas. Cobertura dos juros mais o principal: é a relação entre o fluxo de caixa operacional e o serviço da dívida. Queda tolerável no FCO em $: é a diferença entre fluxo de caixa operacional e o serviço da dívida. Significa o quanto o lucro operacional poderá diminuir sem comprometer o pagamento do serviço da dívida nas condições pactuadas. Queda tolerável no FCO em %: é a relação entre a queda tolerável em reais sobre o fluxo de caixa operacional. 8

Vamos começar nossa análise pela estrutura de capital mais agressiva, que é a da hipótese 3. A estrutura de capital da hipótese 3 é perigosa para a empresa. O fluxo de caixa operacional não paga o serviço da dívida. A empresa teria que contar com uma superação de desempenho (vendas maiores e gastos menores). Esta estrutura de capital deverá ser rejeitada, a menos que a empresa consiga alongar o pagamento do principal. Vamos passar para a hipótese 2. O fluxo de caixa operacional paga o serviço da dívida com uma certa folga. Porém, agora é a hora de manter a estrutura de capital constante e elaborar um fluxo de caixa operacional mais conservador. Neste fluxo de caixa operacional conservador, as principais premissas são definidas em um ambiente econômico mais pessimista (vendas menores, custos maiores, etc.). Vamos supor que neste cenário mais conservador o fluxo de caixa operacional caia para $800. Nestas circunstâncias, a capacidade de pagar o serviço da dívida ficará comprometida. Os financiadores de capital, percebendo este risco, elevarão a taxa de juros ou até reprovarão a concessão do financiamento. Se o custo do capital de terceiros subir, o custo do capital próprio também irá subir e obviamente o custo total da estrutura de capital. Portanto, esta estrutura de capital também ficará reprovada, a menos que a empresa consiga esticar o prazo de pagamento do principal de sua dívida. A estrutura de capital igual ou próxima a da hipótese 1 é a escolhida. Mesmo que o fluxo de caixa operacional despenque para $800, ainda será suficiente para pagar o serviço da dívida de $680. Grandes corporações têm acesso e financiamentos que possibilitam a rolagem do principal quando do seu vencimento, desde que demonstrem uma situação econômica e financeira confortável. Nestas circunstâncias, o fluxo de caixa operacional fica comprometido apenas com o pagamento dos juros, podendo a empresa assumir uma estrutura de capital mais agressiva. Fica transparente com este exemplo que empresas com pouca volatilidade no seu fluxo de caixa operacional podem assumir um endividamento mais elevado, exemplo típico das empresas que produzem e distribuem energia. A definição de um banco de premissas consistente e bem defendido junto aos banqueiros - é fundamental para uma empresa otimizar sua estrutura de capital. 9

CASO PRÁTICO PROPOSTO Qual das hipóteses mostradas a seguir aponta uma estrutura de capital ideal? Considere em sua análise as seguintes informações complementares: Custo do capital de terceiros: 8% ao ano Custo do capital próprio: 12% ao ano Toda base de dados do problema está limpa do impacto tributário e apresentada em bases anuais. Considere o pagamento do principal em 10 parcelas iguais (procedimento simplificado). Considere os fluxos de caixa operacionais projetados no cenário provável e retratando a média das expectativas para os próximos 10 anos. Um cenário conservador mostra que o fluxo de caixa operacional poderá cair em 20%. Qual a estrutura de capital ideal? Comente seu processo decisório hipótese por hipótese. HIPÓTESES 1 2 3 Capital de Terceiros $8.000 $10.000 $12.000 Capital próprio $12.000 $10.000 $8.000 Fluxo de caixa operacional FCO $2.200 $2.200 $2.200 Serviço da dívida (juros + principal) Cobertura dos juros mais o principal (FCO / Serviço da dívida) Queda tolerável no FCO em $ (FCO Serviço da dívida) Queda tolerável no FCO em % (Queda tolerável no FCO / FCO) 10

SOLUÇÃO DO CASO PRÁTICO HIPÓTESES 1 2 3 Capital de Terceiros $8.000 $10.000 $12.000 Capital próprio $12.000 $10.000 $8.000 Fluxo de caixa operacional FCO $2.200 $2.200 $2.200 Serviço da dívida (juros + principal) $640+$800=$1.440 $800+$1.000=$1.800 $960+$1.200=$2.160 Cobertura dos juros mais o principal (FCO / Serviço da dívida) 1,53 vez 1,22 vez 1,04 vez Queda tolerável no FCO em $ (FCO Serviço da dívida) $760 $400 $40 Queda tolerável no FCO em % (Queda tolerável no FCO / FCO) 35% 18% 2% Vamos começar nossa análise pela estrutura de capital mais agressiva que é a da hipótese 3. A estrutura de capital da hipótese 3 é perigosa para a empresa. O fluxo de caixa operacional praticamente empata com o serviço da dívida. Qualquer queda no fluxo de caixa operacional acima de 2%, possível em qualquer ambiente econômico, poderá tornar a empresa insolvente. Esta estrutura de capital deverá ser rejeitada, a menos que a empresa consiga alongar o pagamento do principal. Vamos passar para a hipótese 2. O fluxo de caixa operacional paga o serviço da dívida com uma certa folga. Porém, num cenário conservador, com queda de 20% no fluxo de caixa operacional, este ficará discretamente abaixo do serviço da dívida. Os bancos deverão fazer pressão para elevar o custo do capital de terceiros, o que elevaria o custo total da estrutura de capital. Este cenário indica um chance aparente da empresa alongar o perfil de seu endividamento, fugindo da zona de inadimplência e mantendo intacto o custo da sua estrutura de capital. A estrutura de capital igual ou próxima a da hipótese 1 é a escolhida. Mesmo que o fluxo de caixa operacional diminuísse em 20%, ainda haveria suficiente caixa para pagar o serviço da dívida de $1.440. Na prática, a negociação de uma estrutura de capital entre as hipótese 1 e 2 parece bastante factível. 11

SINOPSE CURRICULAR DO AUTOR Francisco Cavalcante Administrador de Empresas graduado pela EAESP/FGV. Conquistou o prêmio nacional "Analista de Valores Mobiliários do Ano" em 1980, promovido pela ABAMEC. Autor do livro "Introdução do Mercado de Capitais" editado pela CNBV Comissão Nacional de Bolsa de Valores (1 a, 2 a e 3 a edições - 1998). É professor convidado da Escola de Pós Graduação em Economia (EPGE) e da Escola Brasileira de Administração Pública (EBAP), ambas da Fundação Getúlio Vargas. É Sócio-Diretor da Cavalcante & Associados, empresa especializada na elaboração de sistemas financeiros nas áreas de projeções financeiras, preços, fluxo de caixa e avaliação de projetos, sempre com apoio do microcomputador. A Cavalcante & Associados também elabora projetos de capitalização de empresas, assessora na obtenção de recursos estáveis e compra e venda de participações acionárias. O consultor Francisco Cavalcante já desenvolveu mais de 100 projetos de consultoria, principalmente nas áreas de planejamento financeiro, formação do preço de venda, avaliação de empresas e consultoria financeira em geral, sempre utilizando recursos da informática. Consulte a Cavalcante & Associados para consultorias e treinamentos in company nas áreas de: Formação do Preço de Venda; Determinação do valor de Participações Acionárias; Avaliação Econômica e Financeira de Empresas (Implantação do EVA ); Captação de Recursos para Financiar Projetos de Investimentos (via BNDES e FINEP) e Elaboração de Planilhas Personalizadas para Projeções Financeiras (Balanço, Resultado e Fluxo de Caixa). Contate Francisco Cavalcante pelos telefones: (011) 251.1992-283.4973-289.5616 mailto:cavalcante@netpoint.com.br Cavalcante & Associados e Up-To-Date são marcas registradas do Escritório de Serviços Financeiros Francisco Cavalcante & Associados S/C Ltda. EVA e Economic Value Added são marcas registradas de Stern & Stewart & Co. (USA). 12