denominação Fazenda Ponte Alta códice AVI-F01- Nat localização Estrada do Barreiro, s/nº município Natividade época de construção 1830

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Transcrição:

Parceria: denominação Fazenda Ponte Alta códice AVI-F01- Nat localização Estrada do Barreiro, s/nº município Natividade época de construção 1830 estado de conservação detalhamento no corpo da ficha uso atual / original criação de gado / fazenda de café proteção existente / proposta nenhuma proprietário particular fonte: IBGE - Itaperuna Fazenda Ponte Alta, fachada principal coordenador / data Marcia Canedo Bizzo dez 2008 equipe Pabrício Amaral, Jorge Luiz Nunes de Carvalho histórico Marcia Canedo Bizzo revisão Coordenação técnica do projeto 235

situação e ambiência A Fazenda Ponte Alta está localizada no município de Natividade, próximo à divisa com o município de Itaperuna. Toma-se a BR-356, em direção à Muriaé (MG), e entra-se no trevo para Natividade, cerca de 15 km do centro da cidade de Itaperuna. Segue-se à direita, pela estrada do Avahy, por 6 km de terra batida ensaibrada, chegandose ao entroncamento com a estrada do Barreiro (f01). Prosseguindo por mais 7 km, margeando o Rio Carangola e depois pelo seu afluente, o Rio da Conceição, alcança-se a fazenda. A estrada do Barreiro está muito mal conservada, possuindo uma ponte rústica sobre o rio que permite o acesso à propriedade. A mata remanescente é nativa, mas é comum a presença de pastos intercalados à mesma. A paisagem próxima ao sítio apresenta-se com relevo pouco acidentado, com pequenas e suaves elevações. A casa-sede está implantada no centro de um grande platô, com um pequeno declive para a esquerda, onde está o acesso lateral que se liga à estrada do Barreiro (f02). No seu entorno, encontram-se grandes árvores frutíferas e, mais ao fundo, destacam-se os morros tipo meia-laranja característicos da região (f03 à f05). 01 02 03 04 05 236

situação e ambiência A fachada principal está voltada para a estrada do Barreiro (f06), possuindo à frente uma grande área plana, que remete a um jardim sem canteiros, delimitado pelo acesso lateral e pela cerca junto à estrada aproximadamente no mesmo nível desta para o qual se volta à casa do caseiro, de construção recente. Há ainda uma casa de colono um pouco afastada, mais antiga, mas não da época da fazenda. A capela de Nossa Senhora Aparecida fica um pouco distante da casa-sede, escondida pela vegetação circundante a ponto de não poder ser avistada (f07). Estando sem uso, o seu entorno foi invadido pelo mato. A fachada lateral esquerda da casa-sede é margeada pelo leito do córrego, que faz uma curva neste trecho, ficando quase paralelo à estrada do Barreiro. Nesse local, existem três chiqueiros interligados, que usam de sua água através de uma comporta original, que, quando aberta, serve como um canal para limpeza dos mesmos (f08). Depois, esse desvio segue sob a estrada, funcionando como um braço do rio, provavelmente já existente, e que foi direcionado para essa função. 06 07 08 09 237

situação e ambiência Mais à esquerda, à margem do rio, vemos a antiga casa que abrigava o moinho de fubá. Hoje, ela está sendo usada como um galinheiro, mas mantém todos os equipamentos do antigo moinho, assim como duas de suas mós em cantaria (f09 e f10). Na queda d água existente, próximo ao moinho, pode-se ver a base em pedra da antiga roda d água (f11), que fornecia energia para a fazenda e também para o moinho. Existem duas comportas, uma para o rio (f12) e outra (f13) que direcionava a água canalizada para uma tubulação sob a casa do moinho, para fazê-lo funcionar. O acesso à antiga roda d água e à comporta é feito através de uma escada e uma passarela (f14) que levam até a beira do rio, calçada em pedras da região. O abastecimento da casa-sede, atualmente, é feito por uma caixa d água própria. O curral (f15) fica próximo da casa-sede, na frente e um pouco à direita, do outro lado da estrada do Barreiro. Mas a visão da casa a partir deste é inviável, devido a um grande conjunto de mangueiras que se interpõem aos mesmos. Observa-se também um curral menor, para caprinos, à direita da casa-sede, em construção recente, localizada numa pequena elevação. A composição do quadrilátero funcional, ou seja, a forma de implantação das suas antigas instalações é aberta, dominado pela presença da casa-sede. 10 11 12 13 14 15 238

descrição arquitetônica Edificação desenvolvida em partido arquitetônico que toma a forma de um L, situada num platô com um ligeiro declive para o lado direito. O corpo principal é retangular, estando disposto paralelo à estrada do Barreiro, assim como a fachada lateral direita está paralela ao rio que banha a propriedade, compondo o L (f16). Na fachada frontal, podemos observar, no 1º pavimento, três portas e quatro janelas em verga reta em madeira, como as demais da casa, e, no 2º pavimento, dez janelas. O ritmo dos vãos confere à fachada, despojada de um tratamento arquitetônico mais apurado, a característica mais marcante de sua composição. A visão da estrutura em madeira aparente, no caso dos pilares, remete à constatação conforme a foto mais antiga existente no histórico que, com o passar dos anos e prováveis danos sofridos, fossem eles por umidade ascendente ou outro fator qualquer, a base em cantaria foi sendo reforçada e ampliada. Isto fez com que os pilares de madeira passassem a ter a face externa acima do embasamento com tamanhos diferentes (f17), de forma que apenas os cunhais alcançam o nível do terreno (f18). 16 17 18 239

descrição arquitetônica As bases em cantaria são caiadas de branco, assim como toda a alvenaria da edificação, o que contribui para uma visão pouco usual da sua composição. Modulam a fachada seis pilares em madeira, todos finalizando no frechal viga horizontal que divide os pavimentos. Esta viga, em madeira aparente, recebe o barroteamento do tabuado do 2º piso, apresentando detalhes de encaixe originais, ainda conservados após mais de 150 anos (f19). Na primeira porta que permite o acesso à parte de moradia no segundo piso, observamos uma rampa que antecede o patamar, em laje de pedra com junta seca (f20). Porta alta, como as demais, de abrir, ela apresenta folha única em madeira enrelhada. Logo em sequência, há alternância de vãos de janelas e portas, entremeados por pilares aparentes em madeira, que marcam o embasamento da construção. No lado oposto, há outra escada, com sete degraus para vencer o desnível do terreno nesse trecho (f21). A fachada lateral esquerda (f22) apresenta composição onde se observa o não alinhamento dos vãos do segundo piso em relação ao primeiro, evidenciando as alterações descaracterizadoras ocorridas. Prosseguindo na leitura das fachadas posteriores que delimitam o pátio aberto que formata o L invertido da planta observa-se uma mesma tipologia, que resguarda, em melhores condições, a modenatura do pavimento superior (f23 e f24). A fachada de fundos foge um pouco a essa conformação, apresentando outros elementos que evidenciam as transformações ocorridas (f25). Na fachada lateral direita, nota-se, como na frontal, seis pilares de madeira aparente de dimensões variadas e bases de cantaria (f26). No primeiro pavimento, podemos observar que os cunhais e a peça de madeira estrutural que se aproxima de seu eixo de simetria, se estendem até a cobertura enquanto os demais esteios estão restritos ao primeiro piso. 19 20 21 240

descrição arquitetônica 22 23 24 25 26 241

descrição arquitetônica Chama atenção um vão de porta, com patamar na altura da base de cantaria da casa, originalmente usado para carregar as cangalhas dos tropeiros (f27). A edificação apresenta cobertura em seis águas, beiral com cimalha torneada em madeira e telhas capa-canal originais, com metade da primeira fiada de telhas em balanço (f28). Os cunhais recebem como coroamento, um trecho de beiral ressaltado, fazendo às vezes de um capitel (f29). O embasamento é feito por pedras de mão do local, com junta seca, pintado à base de caiação. Em alguns pontos a cantaria é aparente e em outros, apresenta-se emassada. A estrutura interna da edificação é aparente, como a externa. A fachada frontal possui três entradas. A principal constitui-se por uma rampa de lajes de pedra com patamar central em frente à porta, que leva a uma saleta que serve de escritório para o proprietário com um pequeno mezanino, pé direito baixo, forro com barrotes e tabuado do piso superior, aparentes e caiados. Mantém uma janela para a fachada lateral esquerda e, para a proteção do mezanino, observa-se guarda-corpo em madeira, além de escada original toda feita em ensambladuras (f30) que leva à porta da área de moradia (f31). Essa entrada é exclusiva da parte residencial, localizada no andar superior, não tendo ligação nenhuma com o restante do primeiro pavimento, que mantém porão habitável ocupado por vários cômodos, cujo uso original destinava-se ao estoque do café, depósito e senzala (f32). A senzala ficava no porão, subsistindo ainda o tronco dos escravos (f33) em uma parte bem mais rústica deste. O piso arruinado permite perceber o calçamento original em adobe, que se evidencia num trecho de degrau que recebeu, posteriormente, um cimentado por cima. Os outros acessos estão voltados para ambientes bem mais rústicos: um salão e depósito, ligados a cômodos semelhantes e a outro lateral com piso em tabuado de madeira elevado (f34). 27 28 29 242

descrição arquitetônica 30 31 32 33 34 243

descrição arquitetônica Há um cômodo lateral que possui outro mezanino (f35), alcançado por escada com cinco degraus, mantendo guarda-corpo e tabuado de madeira. Este mezanino leva, ao fundo à esquerda, a uma escada de madeira que dá acesso à área de serviço e a um pequeno banheiro, construído em época posterior. No segundo pavimento, na entrada da residência, encontramos uma circulação generosa (f36) com duas portas. Uma delas leva à sala principal, que apresenta forro saia-e-camisa em madeira aparente, com sanca em madeira boleada em ótimo estado de conservação, assim como o piso, mantendo quatro janelas para a fachada frontal e acesso para dois quartos (f37), também com forros saia-e-camisa em madeira aparente, porém não tão elaborados. Originalmente havia mais um quarto voltado para esta sala, pois se observam vestígios de sua porta (f38). A outra porta direciona a uma ala semelhante, que leva a uma sala íntima com um quarto ao fundo (f39) e à sala de almoço, que conserva a mesa original da fazenda com mais de 100 anos (f40). Da sala de almoço observase um cômodo até hoje usado como oratório, com uma grande imagem religiosa. Vê-se ainda o acesso à parte íntima da residência, sua porta com a fechadura e chave originais, notando-se nessa ala um closet, também com ferragens originais, além de 3 quartos, em que as janelas voltam-se para a fachada lateral esquerda, mantendo piso de madeira em bom estado. Na sala de almoço, há uma parede baixa, original, dividindo o espaço da copa (f41), contígua a uma pequena ala que leva à ala de serviços, onde se encontra a lavanderia e dois banheiros, construídos posteriormente. A cozinha volta-se para a copa, notando-se dois fogões à lenha, o principal, para a cocção da comida em geral, e o outro, próprio para cozimento de doces em tachos (f42 e f43), havendo um armário, também centenário, que faz conjunto com a mesa da sala de almoço (f44). A cozinha possui três janelas que dão para a fachada lateral direita (f45). 35 36 37 38 39 244

descrição arquitetônica 40 41 42 43 45 44 245

descrição arquitetônica As portas e janelas da edificação apresentam vergas retas e robustos portais emoldurando-as. Na fachada frontal, no 1º pavimento, as portas são em madeira com apenas uma folha cega de abrir, assim como as janelas (f46). As janelas do 2º pavimento apresentam bandeira com apenas três quadros em madeira e vidro na parte superior e guilhotina com tela na parte de baixo (f47), além de duas folhas cegas de abrir para dentro. No pavimento térreo das fachadas laterais e posteriores, as janelas e portas são do mesmo padrão da fachada frontal. Na fachada lateral direita, observam-se, no depósito, dois vãos de janelas onde foram instaladas grades (f48). As janelas do 2º pavimento apresentam adaptações descaracterizadoras das esquadrias, com madeira e vidro formando três retângulos encimados por sobrevergas em madeira (f49). Vê-se também, na ala de serviço, janelas com somente uma folha de abrir em madeira (f50). No 2º pavimento, a porta de entrada tem apenas uma folha de madeira, sendo que em outras, como a que dá acesso à ala íntima, observamos duas folhas. 46 47 48 49 50 246

detalhamento do estado de conservação A fachada lateral esquerda sofreu uma intervenção, inadequada e recente, entre os dois pilares de madeira do extremo esquerdo e a base em cantaria, recebendo revestimento com emboço em cimento sem o traço apropriado aplicado sobre o adobe (f51), provavelmente sem análise do material original, o que proporcionará, futuramente, a expulsão desse novo revestimento. Comportou ainda a colocação de uma nova janela, com apenas uma folha de abrir, que deturpou as características e dimensões das demais (f52). No porão, o salão tem piso em base de adobe (f53) muito mal conservado; cômodos com piso cimentado de má execução por sobre o adobe; paredes, também em adobe e com lacunas e perda de revestimento (f54); um grande tronco central com base em cantaria (f55); pé direito alto, sem forro e com o barroteamento e o tabuado em madeira aparentes (f56). 51 52 53 54 56 55 247

detalhamento do estado de conservação Há poucos vestígios de infiltração, como na parede e forro de um dos quartos (f57) em que o sistema construtivo está à vista, notando-se manchas de umidade descendentes, podendo ser também um dos motivos da deterioração e lacunas existentes. Da copa, vê-se uma parede parcialmente em ruínas, mostrando seu sistema construtivo original (taipa de mão) com trama em madeira preenchida por barro cru, notando-se lacunas no preenchimento, ficando à vista a trama de madeira (f58). Esta parede é geminada com um dos banheiros (f59), provável motivo da deterioração que deve ter ocorrido ou por alguma infiltração ou apenas pela incompatibilidade de materiais usados, como a argamassa de cimento para colocação dos azulejos, que, possivelmente, impediu a parede original de respirar. O telhado está em bom estado de conservação. Observa-se, acima do forro, um engradamento perfeito apesar de todos esses anos. Não há as tradicionais tesouras de telhado, mas um esquema construtivo diferente (f60 à f61) sem a linha usual. Nos cantos dos beirais são visíveis alguns danos, também por umidade descendente passíveis de recuperação (f62), assim como na fachada lateral direita, onde se notam dois pontos com crostas negras, devido à degradação biológica. A capela que possui a porta principal em madeira com arco abatido; duas janelas superiores estreitas, também em madeira com arco pleno; um frontão triangular parcialmente escalonado com um sino em um vão aberto apresenta a pintura queimada pelo tempo, além de sujidades e manchas de degradação biológica (vide f07). 57 58 59 60 61 62 248

representação gráfica FAZENDA PONTE ALTA SEDE morro CURRAL estrada rio carangola CASA DO CASEIRO córrego ANTIGO MOINHO RJ 198 entrada estrada do barreiro RJ 198 1 Implantação escala: 1/2500 0 10 20 50 Inventario das Fazendas do Vale do Paraiba do Norte Fluminese AVI - F01 - Nat equipe: desenhista: revisão: Marcia C. Bizzo/ Pabricio A.de Carvalho/ Jorge L.N.de Carvalho Jorge Luiz N.de Carvalho Francyla Bousquet 1/3 data: fev 2009 249

representação gráfica FAZENDA PONTE ALTA 9.40 WC s DEP s s 10.95 DEP E 13.55 ARN DEP s 23.15 12.20 ME ARN s ARN FER 22.95 s s passeio s 1 Planta Baixa da Sede - Térreo escala: 1/200 0 1 5 10 ARN - área em ruina E - escritório ME - mezanino alvenaria existente DEP - depósito FER - ferramentaria WC - banheiro alvenaria demolida Inventario das Fazendas do Vale do Paraiba do Norte Fluminese AVI - F01 - Nat equipe: desenhista: revisão: Marcia C. Bizzo/ Pabricio A.de Carvalho/ Jorge L.N.de Carvalho Jorge Luiz N.de Carvalho Francyla Bousquet data: 2/3 fev 2009 250

representação gráfica FAZENDA PONTE ALTA 9.40 WC FOR LAVD WC FOR COZ CO Q 13.55 Q SI CI SA Q 23.15 10.95 d d CI O CL Q 12.20 Q SJ/ SE CI Q Q Q 22.95 1 Planta Baixa da Sede -1º Pavimento escala: 1/200 0 1 5 10 CI - circulação CO - copa FOR - fornalha Q - quarto SA - sala de almoço SI - sala íntima WC - banheiro alvenaria existente CL - closet COZ - cozinha LAVD - lavanderia O - oratório SE - sala de estar SJ - sala de jantar alvenaria demolida Inventário das Fazendas do Vale do Paraiba do Norte Fluminese AVI - F01 - Nat equipe: desenhista: revisão: Marcia C. Bizzo/ Pabricio A.de Carvalho/ Jorge L.N.de Carvalho Jorge Luiz N.de Carvalho Francyla Bousquet data: 3/3 fev 2009 251

histórico A Fazenda Ponte Alta surgiu à margem do Rio Carangola, ainda na década de 1830. Pouco antes do início do desbravamento dos municípios da região, em 1831. A primeira casa-sede da Fazenda Ponte Alta tinha apenas quatro janelas na fachada frontal, entremeadas por pilares de madeira, que iam do solo à cobertura e o primeiro pavimento, sob pilotis, de peças de braúna da região, existentes até hoje. Não era, portanto, todo vedado e era usado para o estoque de café, além da senzala, que, nessa ocasião, era menor (f63). Posteriormente, esta edificação passou a ser a Casa das Máquinas, que hoje não existe mais. A segunda casa-sede originalmente uma fazenda de raiz, na qual seu dono e descendentes moravam enquanto a propriedade se manteve com a família que a fundou foi construída no mesmo local, em aproximadamente três quartos da década de 1830, tendo sido aproveitada parte da estrutura existente da primeira casa-sede e eliminada a casa das máquinas desse local. Mantém-se preservada até os dias de hoje, com o mesmo acesso pela fachada lateral esquerda (foto s/d). Nessa ocasião, o primeiro andar foi todo vedado por alvenaria de adobe e já apresentava as características preservadas que vemos hoje. A casa-grande tinha uma visão geral da propriedade e a permanência do dono era constante. Seu primeiro proprietário foi Antônio Porphirio Tinoco, irmão de Francisco Antônio de Sá Tinoco, cunhado de José de Lannes Dantas Brandão, desbravador do município de Itaperuna. A fazenda possuía 583 alqueires de terra onde eram cultivados o café, o arroz, o milho, a cana e o feijão. O trabalho nas lavouras era feito pelos escravos do proprietário. A fazenda possuía senzala no porão da casa-sede, onde viviam os escravos, e também o tronco, que ainda pode ser visto hoje, onde eles eram castigados (f55). Até cerca de três anos atrás, existia na Fazenda Ponte Alta uma palmatória, que foi muito usada naquela época, o quepe do major Antônio Porfhirio Tinoco, o mapa da planta geral da Fazenda Ponte Alta, datado de 1887, e um livro de registros de compra e venda de escravos e café. O proprietário atual não tem conhecimento do destino desses bens. A vida na fazenda era dificultada pela precariedade dos acessos e pela falta de condução. O café era vendido no Rio de Janeiro e em Campos, sendo transportado por tropas. Primeira casa da Fazenda Ponte Alta, depois Casa das Máquinas, s/a, s/d, fonte Fazendas Históricas de Itaperuna 63 252

histórico Uma das razões da ausência de escadas em uma das portas do primeiro pavimento da fachada lateral esquerda (f31) era o embarque da produção de café. Em outra porta alta, nota-se a existência de uma escada construída posteriormente, conforme podemos notar pelos tijolos maciços usados e o piso dos degraus em cimento (f34 e f35). O piso dista 1,30 m do nível do solo do acesso à lateral da casa. Esta característica singular está preservada em uma das portas da fazenda até os dias de hoje e prende-se ao fato dos tropeiros encostarem seus animais junto a essas portas elevadas para serem mais facilmente carregados. Há alguns armazéns, originalmente para estoque de café, dentro de núcleos urbanos, com essas mesmas características, portas grandes e elevadas com relação ao nível do terreno externo e no mesmo nível do piso interno. Antônio Porphirio foi casado por três vezes e deixou diversos filhos. Com sua morte, os bens foram repartidos entre os herdeiros, tendo ficado como proprietário da Fazenda Ponte Alta o Sr. José Egídio Tinoco, o Sr Juca. A fazenda passou a ter 100 alqueires. José Egídio Tinoco foi casado com Maria de Oliveira Tinoco, que tinha o apelido de sinhazinha. Nessa época, José Egídio se dedicava também à pecuária, com o gado leiteiro e de corte. Com o falecimento de José Egídio Tinoco, no dia 18 de outubro de 1958, a fazenda foi dividida entre os herdeiros. Em 2005, a fazenda tinha 60 alqueires e o seu proprietário era o Sr. Arício Tinoco de Oliveira. A Fazenda Ponte Alta possui a maioria de suas terras no município de Itaperuna, porém parte está no município de Natividade. Há três anos, foi vendida, pela primeira vez, a pessoas estranhas à família. O Sr. Edson Vargas, que atualmente é proprietário da indústria de charque Avahy, usando para tal fim gado comprado fora, posto que o gado existente na fazenda, atualmente, é leiteiro. Há também a criação de suínos, caprinos e aves. Também é praticada a fruticultura, com muita fartura de mangas e jabuticabas. A Fazenda Ponte Alta é um exemplo raro da arquitetura do século XIX, que se mantém íntegra até hoje, apesar de mal conservada. Os materiais usados na sua construção, essencialmente da região, representam o sucesso da arquitetura voltada às necessidades do homem do campo, que preservava o conforto térmico através de suas grossas paredes em adobe, no primeiro pavimento, e do sistema construtivo conhecido por gaiolas, no segundo pavimento, através do seu alto pé-direito e cobertura em telhas cerâmicas, feitas artesanalmente pelos escravos. Além disso, produzia sua própria energia para subsistência, conseguindo harmonizar suas necessidades com a natureza, totalmente integrada à casa-sede. Segunda casa da Fazenda Ponte Alta, s/a, s/d, fonte Fazendas históricas de Itaperuna Fontes: GUIMARÃES, Porphirio. Terra da Promissão JORGE, Chequer. Fazendas históricas de Itaperuna. Itaperuna: Damadá Artes Gráficas e Editora Ltda. 253

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