ASPECTOS HISTÓRICOS E GEOGRÁFICOS SOBRE A OCORRÊNCIA DE CAVERNAS EM SERGIPE

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Transcrição:

ASPECTOS HISTÓRICOS E GEOGRÁFICOS SOBRE A OCORRÊNCIA DE CAVERNAS EM SERGIPE Daivisson Batista SANTOS*; Hercílio José Sobral de MENEZES** Centro Ambientalista Integrado de Sergipe - cais_se@bol.com.br * goteira@bol.com.br, SBE 1440, Rua Zaqueu Brandão 396, São José, Aracaju-SE, CEP: 49015-330 ** herciliosobral@hotmail.com, Rua Coronel José Figueiredo de Albuquerque 133, Atalaia Velha, Aracaju-SE. CEP: 49035-180 RESUMO Este é um estudo histórico e geográfico sobre a espeleologia em Sergipe partindo do levantamento sobre a ocorrência, exploração e registro de cavernas do Estado. O resultado foi a identificação de 22 cavidades, agrupadas segundo as características geológicas e concentração espacial das cavernas dentro do território sergipano. Palavras-Chave: Levantamento, Espeleologia, Sergipe ABSTRACT This is a historical and geographical study about the Sergipe speleology from the raising and incident, exploration and recording of State s natural caves. The result was the identification of 22 caves that was groups together according to geological characteristic and space concentration about the caves inside the sergipance s territory. INTRODUÇÃO O Brasil detém um considerável número de províncias espeleológicas em função da presença de regiões e áreas cársticas (compostas por calcários e dolomitos), o que torna seu patrimônio espeleológico um dos mais diversificados e valiosos do mundo. Também são freqüentes cavernas em outros tipos de rochas como: quartzito, arenito, granito, gneiss, bauxita e ferro, o que amplia consideravelmente o potencial espeleológico do país. O Estado de Sergipe encontra-se inserido na Região Cárstica do Supergrupo Canudos (AULER; BRANDI & RUBIOLLI, 2001), composto pelos grupos Estância e Vaza-Barris. Os riscos e a delicadeza do ecossistema de cavernas associados à importância das mesmas na formação do modelado terrestre e na dinâmica da zoologia local justificam e estimulam o interesse de leigos e pesquisadores na área. Desta forma, pretende-se estabelecer um panorama sobre a questão espeleológica em Sergipe, buscando dados que venham subsidiar e embasar a elaboração de ações futuras visando planos de preservação e manejo para as cavernas e seu entorno. De fato, o objetivo é identificar dentro do território sergipano áreas espeleológicas. A localização e os registros de cavernas em Sergipe são resultado da comparação e soma de relatos espeleológicos anteriores (bibliografia), depoimentos orais, análise das características naturais do estado (geologia, geomorfologia e rede hidrográfica) e de prospecções in loco para a confirmação da existência de tais cavidades nas áreas onde as evidências da ocorrência mostram-se concretas. 248

RELATOS HISTÓRICOS Os primeiros relatos espeleológicos do Brasil foram feitos por naturalistas e visitantes que percorreram as terras brasileiras nos séculos XVII, XVIII e inícios do XIX (LYNO & ALLIEVI, 1980). Os primeiros registros sobre cavernas em Sergipe, conhecidos até o momento, foram apresentados por BRANNER (1888), sendo referenciadas as cavernas do Urubu e a formação calcária da Pedra Furada, situadas nos município de Riachuelo e Laranjeiras, respectivamente. Em 1950 o IBGE em sua Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, volume XIX, que abrange os municípios de Sergipe e Alagoas, faz referência a algumas cavernas sergipanas, citando-as como acidentes geográficos (FERREIRA, 1950). Na década de 1970, José Augusto Garcez, um sergipano interessado por pré-história, contribuiu para o levantamento espeleológico em Sergipe, pois explorou e fotografou a Caverna da Pedra Branca, município de Laranjeiras, às margens da BR 101. A partir de 1990, grupos de estudantes e escoteiros, passaram a fazer expedições em alguns locais em busca de novas cavernas, tornando o assunto de interesse relevante, embora sem o cunho científico. A partir de 1999, o CAIS iniciou o levantamento, a exploração e os registros preliminares de cavernas em Sergipe, que resultaram na identificação de 22 unidades. Atualmente alguns poucos grupos formados por estudantes, profissionais liberais, campistas estão buscando divulgar informações sobre a espeleologia em Sergipe, com a apresentação dos resultados em seminários, palestras e eventos. Destes podemos apontar os trabalhos de SANTOS, OLIVEIRA & MENEZES (2002) e de SANTOS, et al. (2002) como as primeiras pesquisas sobre espeleologia em Sergipe. ASPECTOS GEOLÓGICOS E GEOGRÁFICOS Estado de Sergipe está situado numa área limítrofe de três províncias estruturais: a Província São Francisco; a Borborema e a Província Costeira e Margem Continental (CPRM, 1998). Sergipe também está inserido na Região Cárstica do Supergrupo Canudos, que é formado pelos grupos Estância e Vaza-Barris. O Supergrupo Canudos consiste uma área de aproximadamente 7.500 Km 2, sendo suas rochas pertencentes ao período Pré-Cambriano, aflorando nos arredores do município de Itabaiana, em Sergipe e na Bahia aflora ao sul do município de Curaçá, como afirmam AULER; BRANDI & RUBIOLLI (op.cit.). Além da Região Carbonática do Supergrupo Canudos, podemos destacar outros grupos, entre eles: Canindé, Macururé, Marancó, Poço Redondo e Sergipe onde se tem registro de jazimentos de rochas carbonáticas, relembrando que LYNO & ALLIEVI (op.cit) fazem referência à área espeleológica de Vaza-Barris. Em Sergipe os jazimentos calcários representam 27,19% da produção mineral, numa bacia sedimentar que possui reservas calcárias de 105.878.047 toneladas (SERGIPE, 1979), indicando o forte potencial espeleológico do estado, pois, mais de 90% das cavernas conhecidas em todo mundo se desenvolvem em calcários e dolomitos (AULER; BRANDI & RUBIOLLI, op. cit.). RESULTADOS Segundo os relatos históricos, depoimentos orais e prospecções realizadas, existem em Sergipe 22 (vinte e duas) indicações sobre a existência de cavernas, dentre as quais 14 (quatorze) foram exploradas pelo CAIS, 10 (dez) são registradas junto a SBE (Tabela I) e 08 (oito) cavernas são apontadas pelo IBGE (Tabela II). 249

CAVERNAS EXPLORADAS E CAVERNAS CADASTRADAS NO CNC Nº SBE NOME MUNICÍPIO LOCALIZAÇÃO DOMÍNIO GEOLÓGICO 01 Casa de Pedras Itabaiana Povoado Ribeira Vaza-Barris 02 Toca da Raposa Simão Dias Fazenda Manoel Roque Vaza-Barris 03 Gruta dos Aventureiros Laranjeiras Próximo à Igreja da Comandaroba Grupo Sergipe 04 Casa do Cabloco Japaratuba Povoado São José Grupo Sergipe 05 Toca da Raposa Laranjeiras Próximo à Igreja da Comandaroba Grupo Sergipe 06 Caverna da Pedra Branca Laranjeiras Povoado Pedra Branca Grupo Sergipe 07 Gruta da Pedra Furada Laranjeiras Próximo à Igreja da Comandaroba Grupo Sergipe 08 Abismo de Simão Dias Simão Dias Fazenda São José Domo de Simão Dias 09 Caverna da Fumaça Lagarto Fazenda Quebra do Silva Vaza-Barris 10 Caverna do Urubu Riachuelo Fazenda São Joaquim Grupo Sergipe - Caverna da Arara Macambira Fazenda Capitão Domo de Itabaiana - Caverna da Miaba São Domingos Fazenda das Araras Domo de Itabaiana - Gruta do Encantado Itabaiana Serra de Itabaiana Domo de Itabaiana - Toca do Índio Macambira Fazenda Jacoca Domo de Itabaiana Tabela 1 CAVERNAS REFERENCIADAS PELO IBGE (1950) NOME MUNICÍPIO LOCALIZAÇÃO Grutas das Aroeiras Canhoba Distrito de N.S. de Lourdes Gruta das Bestas Canhoba Distrito de N.S. de Lourdes Caverna o Riachão Ribeirópolis - Caverna da Fazendinha Ribeirópolis - Gruta do Curralinho Ribeirópolis - Gruta da Ferraria Ribeirópolis - Gruta dos Pilões Ribeirópolis - Gruta do Touro Porto da Folha Serra dos Homens Tabela 2 No estado de Sergipe dois fatores contribuem para o agrupamento espacial das cavernas: as características geológicas do Estado e a proximidade geográfica entre eles. Assim, quatro áreas destacam-se pela similaridade, concentração e pela proximidade das cavernas (Figura I). DOMÍNIO MACURURÉ Limita-se com o Domínio Vaza-Barris, composto pelo Grupo Macururé possui em sua formação a predominância de metapelitos, com grande variação de faciologias e raras intercalações de metavulcanitos ácidos e intermediários. A presença de abundantes corpos de granitóides intrusivos é uma característica marcante deste domínio (CPRM, op.cit). Compreende as cavernas citadas ao longo da margem sergipana do rio São Francisco, ente os municípios de Porto da Folha e Canhoba, onde é comprovada a existência de inúmeros abrigos sob rocha. DOMÍNIO VAZA-BARRIS Localiza-se na parte central do Estado, compõe-se principalmente de metassedimentos psamo-pelito carbonático de baixo grau metamórfico dos Grupos Miaba, Simão Dias e Vaza-Barris (CPRM, op.cit). Compreende as cavernas distribuídas nos municípios de Itabaiana, Macambira, Lagarto, Ribeirópolis, São Domingos e Simão Dias. DOMOS DE ITABAIANA E SIMÃO DIAS As Litologias dominantes em ambos os domos são ortognaisses miloníticos bandados, de composição granítica e granidióritica. A composição mais freqüente desses gnaisses 250

de fáceis anfibolito inclui quartzo, feldspato potássico, plagioclásio, biotita (hornblenda), moscovita, sericita, apidoto e clorita (CPRM, op.cit). Compreende as cavernas distribuídas em áreas específicas dos municípios de Itabaiana e Simão Dais que não estão inseridas no Domínio Vaza-Barris. DOMOS DE ITABAIANA E SIMÃO DIAS As Litologias dominantes em ambos os domos são ortognaisses miloníticos bandados, de composição granítica e granidióritica. A composição mais freqüente desses gnaisses de fáceis anfibolito inclui quartzo, feldspato potássico, plagioclásio, biotita (hornblenda), moscovita, sericita, apidoto e clorita (CPRM, op.cit). Compreende as cavernas distribuídas em áreas específicas dos municípios de Itabaiana e Simão Dais que não estão inseridas no Domínio Vaza-Barris. GRUPO SERGIPE Composto por sedimentos marinhos da Bacia Sergipe-Alagoas (CPRM, op.cit), aflora próximo à zona costeira do Estado, está subdividido nas Formações Riachuelo e Cotinguiba. Compreende as cavernas distribuídas na periferia da cidade de Laranjeiras, as cavernas que ficam às margens do Rio Sergipe e uma caverna no município de Japaratuba, onde predominam rochas carbonáticas do cretáceo superior. Figura I - Distribuição Geológica de cavernas em Sergipe (Modificado de CPRM, 1998). CONSIDERAÇÕES FINAIS O Presente trabalho estabelece informações e perspectivas favoráveis ao estudo de cavernas no Estado, desta forma contribui para pesquisas posteriores, em áreas afins como arqueologia, paleontologia, geologia, biologia, antropologia, entre outras, pois a diversidade tipológica das cavidades e sua beleza bem como a complexidade e a beleza dos locais onde elas se encontram, revelam um grande potencial ecológico, científico e turístico que sem dúvida representará uma alternativa à preservação destes locais em todo conjunto do seu ecossistema. 251

BIBLIOGRAFIA AULER, A.; BRANDI, R. & RUBIOLLI, E. As Grandes Cavernas do Brasil. Belo Horizonte: Orion, 2001. BRANNER, J. C. The Cretaceous and Terctiary Geology of the Sergipe-Alagoas Basin of Brazil. Transactions of the American Philosophical Society. New series 16(3), 369-434 Philadelphia: 1888. CPRM. Programa de Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil. Geologia e Recursos Minerais do Estado de Sergipe. Codise/ CPRM. Brasília: 1998. FERREIRA, Jurandyr Pires. Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. IBGE; Rio de Janeiro, Vol. XIX; 1959. LINO, C.F & ALLIEVI, J. Cavernas Brasileiras. São Paulo, Melhoramentos, 1980. SANTOS, D.B; OLIVEIRA, D.A; & MENEZES, H.J.S. Registros Preliminares de Cavidades Naturais em Sergipe. 2 Workshop Arqueológico de Xingó: UFS/PETROBRAS/CHESF: Canindé do são Francisco -SE, 2002. SANTOS, L.C.M; SILVA, D. L. da; CARVALHO, J. L.G de; SANTOS, L. M. dos; SANTANA, M. O. & ZUCON, M. H. Avaliação Preliminar da Fauna de Invertebrados Associada ao Guano da Caverna do Urubu, Riachuelo, SE Brasil. IV Congresso de Iniciação Científica PIBIC- CNPq/UFS: Sergipe, São Cristóvão, 2002. SERGIPE Quadro Natural: In UFS/SEPLAN. Atlas de Sergipe, Aracaju: UFS/SEPLAN, 1979. 252