GERMINAÇÃO DE VARIEDADES DE Panicum maximum SUBMETIDAS A TRATAMENTO COM NITRATO DE POTÁSSIO Kleyton Chagas de Sousa 1 Antonia Almeida da Silva 1 Janinny Nobre Duarte 1 Jullyanna Pereira da Silva 1 Francisco Luiz de Sousa Silva 1 Juan Carlos Alvarez-Pizarro 2 RESUMO: A dormência pode ser definida como um fenômeno pelo qual sementes de uma determinada espécie, mesmo estando viáveis e tendo as condições ambientais favoráveis (luz, temperatura e oxigênio), não germinam. Um dos métodos de quebra de dormência em Panicum maximum, indicado pelas Regras para Análise de Sementes (RAS) é através do uso de nitrato de potássio (KNO 3 ) a 0,2% durante a embebição das sementes. Assim, objetivou-se, no presente trabalho, verificar a eficácia do processo de quebra de dormência utilizando KNO 3 na germinação de sementes de diferentes cultivares de P. maximum. No experimento utilizaram-se as variedades: Araúna, Massai, Mombaça e Tanzânia, utilizando substratos umedecidos com 30 ml de água destilada (controle) ou com 30 ml de solução de KNO 3 a 0,2%. A cultivar Mombaça apresentou melhor taxa e índice de velocidade de germinação na presença de KNO 3 quando comparado à germinação em água. Essa cultivar e a cultivar Tanzânia foram as mais responsivas ao KNO 3, enquanto que araúna e Massai tiveram suas taxas e índice de velocidade de germinação reduzidos. Conclui-se que o KNO 3 pode ser necessário para quebra de dormência em algumas variedades e não em outras. Palavras chave: Quebra de dormência; Forragens; Gramíneas forrageiras INTRODUÇÃO As gramíneas forrageiras vêm se mostrando como espécies de grande valor, especialmente para a alimentação animal, sendo os ruminantes os beneficiários principais de sua produção. Freixial e Barros (2012) dizem que as forragens são fundamentais para assegurarem a produção de alimento nos períodos onde a produção de pastagem é escassa ou mesmo nula. Dentre as forragens, as cultivares da espécie Panicum maximum vem se mostrando como alternativa para o incremento da produção animal, devido ao seu alto potencial de produção de massa seca por unidade de área, adaptabilidade, qualidade de forragem, facilidade de estabelecimento e aceitabilidade pelos animais (MARTINS E NAKAGAWA, 2010). Deminicis et al. (2009) cita que a semente tem como papel biológico a conservação e a propagação da espécie, devendo germinar quando as condições são adequadas para a crescimento inicial da plântula. Para o estabelecimento da cultura, a propagação por semente vem se mostrando como a mais fácil, de menor custo financeiro e a mais rápida de ser realizada. No entanto é observado que na espécie P. 1 Estudantes do Curso de Agronomia, UFCA, Crato, Ceará e-mail:eu_kleyton@yahoo.com.br; toinhaalmeida2010@hotmail.com; janinny-duarte@bol.com.br; jullyannaps@hotmail.com; luiz.sousasilva@yahoo.com.br 2 Professor Adjunto do Curso de Agronomia, UFCA, Crato, Ceará e-mail: alvarez-pizarro@cariri.ufc.br 1
maximum, há uma germinação desuniforme e lenta, sendo isto devido ao estado de dormência das sementes. A dormência é de ocorrência comum na maioria das gramíneas forrageiras tropicais, podendo afetar a qualidades fisiológicas das sementes, na emergência das plântulas no campo e o estabelecimento da área de forragem (COSTA et al., 2011). É importante ressaltar que a porcentagem de germinação como medida de qualidade da semente é um pré-requisito importante na implantação das culturas, uma vez que determina a maior ou menor rapidez no estabelecimento do stand inicial, se as condições ambientais forem favoráveis (GARCIA et al., 1998 ). A dormência pode ser definida como um fenômeno pelo qual sementes de uma determinada espécie, mesmo estando viáveis e tendo as condições ambientais favoráveis (luz, temperatura e oxigênio), não germinam (JUNIOR et al., 2011 ). Para superar a dormência as sementes precisam passar por algum tipo de processo que minimize os efeitos do fator responsável por esse estado. Os processos de quebra de dormência podem ser do tipo físico, mecânico ou químico. Um dos métodos de quebra de dormência em P. maximum, indicado pelas Regras para Análise de Sementes (RAS) (Brasil, 1992), é através do uso de nitrato de potássio (KNO 3 ) a 0,2% durante a embebição das sementes. Assim, objetivou-se, no presente trabalho, verificar a eficácia do processo de quebra de dormência utilizando KNO 3 na germinação de sementes de diferentes cultivares de Panicum maximum. MATERIAIS E MÉTODOS O Experimento foi conduzido no laboratório de Biologia da Universidade Federal do Cariri (UFCA) com sede na cidade de Crato-Ceará, no mês de julho do ano 2013. No experimento, utilizaram-se as seguintes variedades: Araúna, Massai, Mombaça e Tanzânia, todas doadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Semiárido) localizada em Petrolina - Pernambuco. A fim de se obter sementes puras, os lotes recebidos passaram por processo de homogeneização e foram submetidos à limpeza em peneiras e separados manualmente de impurezas. Antes da semeadura as sementes foram desinfetadas em uma solução de hipoclorito de sódio comercial diluído 1:3 em água durante cinco minutos. Logo em seguida, as sementes foram enxaguadas com abundante água corrente. A semeadura foi realizada em recipientes de plástico, sendo as sementes colocadas entre camadas de papel toalha. O papel foi umedecido com 30 ml de água destilada (controle) ou com 30 ml de solução de KNO 3 a 0,2%. Em cada recipiente foram colocadas 50 sementes. Os recipientes foram fechados e pesados em balança analítica. A germinação foi avaliada diariamente, considerando-se sementes germinadas aquelas com comprimento de radícula equivalente a metade do tamanho da semente. Em ocasião da análise, a água perdida por evaporação foi reposta. Considerou-se o ponto final do teste quando a taxa de germinação se estabilizou, cerca de 8 dias após a semeadura. Foi analisado o índice de velocidade de germinação (IVG) como estabelecido por Popinigis (1985) pela formula: IVG = E1+ E2+...+En N1+N2+...+Nn Onde: IVG= Índice de Velocidade de germinação; 2
E1, E2,..., En = nº de plântulas emergidas computadas na primeira, segunda,..., última contagem; N1, N2,...,Nn = nº de dias da semeadura à primeira, segunda,..., última contagem. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os gráficos a seguir mostram as taxas de germinação em porcentagem pelo tempo decorrido em dias após a semeadura das cultivares de P. maximum utilizadas no experimento, comparando os tratamentos com água (cor azul) e KNO 3 (cor vermelha) dentre as espécies. Figura 01- Porcentagem de Germinação (%) x Tempo (dias). A- Variedade Araúna. B- Variedade Massai. C-Variedade Mombaça. D- Variedade Tanzânia. A cultivar Mombaça apresentou maior porcentagem de germinação que as demais cultivares em ambos os tratamentos, sendo que quando submetido ao KNO 3 (0,2%) o rendimento foi maior. A menor porcentagem de germinação foi registrada para a cultivar Massai umedecida com o sal, demonstrando efeito contrario ao esperado, já que a tendência é aumentar a porcentagem e diminuir o tempo de germinação. Foi observado na variedade Araúna assim como na Massai que não houve taxas de germinação superiores, quando tratada com a solução em comparação com as embebidas em água. Observaram-se respostas diferentes entre as cultivares em relação ao IVG, sendo que a cultivar Mombaça se destacou em ambos os tratamentos como mostra o gráfico abaixo: 3
Figura 02- Índice de Velocidade de germinação das 4 cultivares. A solução de KNO 3 agiu de diferentes maneiras no índice de velocidade de germinação, tendo efeito benéfico nas cultivares Mombaça e Tanzânia e exercendo efeito negativo sobre as cultivares Araúna e Massai. CONCLUSÕES Sementes de diferentes cultivares de P. maximum têm diferentes respostas germinativas em presença de KNO 3. A cultivar Mombaça apresentou melhor desempenho com KNO 3 a 0,2%, quando comparada com as demais cultivares da espécie. As cultivares araúna e massai tiveram seus índices germinativos afetados em presença deste sal. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem o apoio econômico da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP). REFERÊNCIAS COSTA, C. J.; ARAÚJO, R. B.; BÔAS, H. D. C. V.; Tratamentos para a superação de dormência em sementes de brachiaria humidicola (rendle) schweick. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia, v. 41, n. 4, p. 519-524, out./dez. 2011. DEMINICIS, B.B.; VIEIRA, H.D.; ARAÚJO, S.A.C.; JARDIM, J.G. ; PÁDUA, F.T.; CHAMBELA NETO, A. Dispersão natural de sementes: importância, classificação e sua dinâmica nas pastagens tropicais. Arch. Zootec. 58 (R): 35-58. 2009. FREIXIAL, R. M. C.; BARROS, J. F. C. Forragens.Universidade de Érvora. Évora 2012. 4
GARCIA, R.; PEREIRA, O. G.; ALTUVE, S. M.; ALVARENGA, E. M. Efeito do potencial hídrico na germinação de sementes de três gramíneas forrageiras tropicais. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 27, n.1, p.9-15, 1998. JUNIOR, R. A.; CARDOSO R. D.; SANTOS, N. S. S.; SANTOS, S. R. G.; KOZUSNY- ANDREANI D. I. Superação da dormência de sementes de três essências florestais. Rev. Inst. Flor. v. 23 n. 2 p. 255-264 dez. 2011. POPINIGIS, F. Fisilogia da semente. Brasília: ABRATES, 1985. 298p. TOMAZ, C. A.; MARTINS, C. C.; CARVALHO, L. R.; NAKAGAWA, J. Duração do teste de germinação do capim-tanzânia. Revista Brasileira de Sementes, v. 32, nº 4 p. 080-087, 2010. 5