UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI FELIPE GROBA MONTEIRO PAREDE DIAFRAGMA ATIRANTADA E MOLDADA IN LOCO



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Transcrição:

UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI FELIPE GROBA MONTEIRO PAREDE DIAFRAGMA ATIRANTADA E MOLDADA IN LOCO SÃO PAULO 2009

2 FELIPE GROBA MONTEIRO PAREDE DIAFRAGMA ATIRANTADA E MOLDADA IN LOCO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi Orientador: Prof.º Dr. Wilson Shoji Iyomasa SÃO PAULO 2009

3 FELIPE GROBA MONTEIRO PAREDE DIAFRAGMA ATIRANTADA E MOLDADA IN LOCO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi. Trabalho em: de de 2009. Prof. º Dr. Wilson Shoji Iyomasa Prof. º Me. Cláudio Luiz Ridente Gomes Comentários: SÃO PAULO SÃO PAULO 2009 2009

4 Dedico este trabalho aos meus familiares e a minha namorada pelo apoio fundamental na realização do mesmo..

5 AGRADECIMENTOS Agradeço as empresas e a todos que colaboraram na elaboração deste trabalho. Geofix fundações; Geólº. Dr. Wilson Shoji Iyomasa; Construtora Costa Fortuna; SDI Empreendimentos Imobiliários;

6 RESUMO Este trabalho apresenta em detalhes o modo de contenção em parede diafragma atirantada moldada in loco, que é uma das soluções mais utilizadas hoje em contenção no Brasil. Na revisão bibliográfica foi apresentada a parede diafragma e tirantes em detalhes, suas fases de execução, equipamentos e materiais. Discutem se também os fatores relevantes no colapso da parede diafragma moldada in loco na obra da Avenida Brigadeiro Faria Lima nº 4440 - Bairro Vila Olímpia São Paulo e a solução adotada para recuperação do problema. Palavras - chave: contenções, parede diafragma, tirantes.

7 ABSTRACT This paper presents in detail the method of containment wall diaphragm shaped cable-stayed on the spot, which is one of the solutions used today in contention in Brazil. In the literature review was presented to the diaphragm wall and tie in detail, their stages of implementation, equipment and materials. They argue - is also relevant factors in the collapse of the diaphragm wall shaped''spot''in the work of Avenida Brigadeiro Faria Lima n º 4440 - Bairro Vila Olimpia - Sao Paulo and the solution adopted for recovery of the problem. Keywords - Keywords: restraints, diaphragm wall, tie rods.

8 LISTA DE FIGURAS Figura 5.1 Diafragmadora... 21 Figura 5.2 Clamshell... 21 Figura 5.3 Montagem das armaduras... 22 Figura 5.4 Armadura das lamelas... 23 Figura 5.5 Tubo Tremonha e Funil... 24 Figura 5.6 Central da Lama Bentonítica... 25 Figura 5.7 Fases de Execução da Parede Diafragma... 27 Figura 5.8 Mureta guia... 28 Figura 5.9 Escavação da parede diafragma... 28 Figura 5.10 Aplicação do polímero... 34 Figura 5.11 Processo de escavação com polímeros... 34 Figura 5.12 Tirante com barra... 37 Figura 5.13 Detalhe ancoragem tirante com barra... 37 Figura 5.14 Esquema em corte de tirante fios e cordoalhas... 38 Figura 5.15 Detalhe tirante com cordoalha... 38 Figura 5.16 Perfuração de tirante... 39 Figura 5.17 Injeção da nata no tirante... 40 Figura 5.18 Protensão do tirante... 41 Figura 6.1 Foto de satélite Vila Olímpia São Paulo...43 Figura 6.2 Croqui Contenção e Divisa do terreno...45 Figura 6.3 Locais da Primeira e Segunda Ocorrência...46 Figura 6.2 Abaulamento do painel da parede diafragma...48 Figura 6.3 Ruptura parcial do painel da parede diafragma...49

9 LISTA DE TABELAS Tabela 5.1 Parâmetros da lama recomendados pela NBR 6122... 25 Tabela 5.2 Cargas em tirantes permanentes e provisórios... 42

10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT EPI FRANKI NBR Associação Brasileira de Normas Técnicas Equipamento de Proteção Individual Fundações Infraestrutura e Construção Civil Norma Brasileira Regulamentadora

11 LISTA DE SÍMBOLOS cm centímetro cm³ centímetro cúbico g grama kg quilo MPa mega pascal m metro m³ metro cúbico ml milílitro mm milímetro tf tonelada força

12 SUMÁRIO p. 1. INTRODUÇÃO... 15 2. OBJETIVOS... 16 2.1 Objetivo Geral... 16 2.2 Objetivo Específico... 16 3. MÉTODO DE TRABALHO... 17 4. JUSTIFICATIVA... 18 5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA... 19 5.1 Parede Diafragma... 19 5.1.1 Informações e Documentos Necessários para Execução da Parede Diafragma... 20 5.1.2 Materiais e Equipamentos Necessários para Execução da Parede Diafragma... 20 5.1.3 Documentos Necessários para Controle da Execução da Parede Diafragma... 26 5.1.4 Fases de execução da parede diafragma... 26 5.2 Problemas causados pela Lama Bentonítica... 32 5.2.1 Saúde... 32 5.2.2 Meio Ambiente... 33 5.3 Lama Bentonítica x Polímero... 33

13 5.4 Tirantes... 36 5.4.1 Tipos de Tirantes... 36 5.4.2 Fases de Execução dos Tirantes... 38 6. ESTUDO DE CASO... 43 6.1 Localização e Descrição da obra... 43 6.2 Projetos... 44 6.3 Ocorrências Relevantes... 45 6.3.1 Primeira Ocorrência... 46 6.3.2 Segunda Ocorrência... 47 6.4 Danos causados pelas ocorrências... 48 6.4.1 Primeira Ocorrência... 48 6.4.2 Segunda Ocorrência... 49 6.5 Projeto e recuperação dos trechos afetados.... 49 6.5.1 Primeira Ocorrência... 49 6.5.2 Segunda Ocorrência... 49 7. ANÁLISE DOS FATORES DAS OCORRÊNCIAS... 51 7.1 Laudo 1 Construtora... 51 7.2 Laudo 2 Incorporadora... 52 8. CONCLUSÕES... 54

14 9. RECOMENDAÇÕES... 56 APÊNDICE A... 1 ANEXO A... 2 ANEXO B... 3

15 1. INTRODUÇÃO A parede diafragma atirantada tem como função conter a água do lençol freático e também o solo. As primeiras paredes diafragma atirantadas surgiram no continente europeu na década de 50. No Brasil, a primeira parede diafragma atirantada foi feita em 1969 em um edifício da Universidade de São Paulo, e esta obra foi executada pela empresa Franki. Desde então, o uso das paredes diafragma atirantada tem crescido na construção civil, por resolver problemas de difícil solução pelos métodos mais utilizados de contenção, principalmente onde houver água do lençol freático. A parede diafragma atirantada é executada ao longo do perímetro da divisa do terreno, com variação de espessura. Com o crescimento da verticalização, e a necessidade de um grande número de vagas de garagem por unidade nos empreendimentos comerciais e residenciais, a construção de subsolos com profundidades elevadas situados em áreas densamente ocupadas por diversas edificações, ficava cada vez mais difícil de ser realizada. Tendo em vista que essas edificações quase sempre antigas se encontravam em mau estado de conservação e preservação ou apoiadas em fundações diretas. Por este motivo, a parede diafragma atirantada tem sido muito utilizada dentre diversas soluções de contenção, visando a preservação da vizinhança das obras. Atualmente a parede diafragma atirantada é utilizada em obras, como: canalização de rios e córregos, estruturas de contenção, galerias do metrô dentre outras aplicações.

16 2. OBJETIVOS O objetivo deste trabalho é apresentar a parede diafragma atirantada na construção civil. 2.1 Objetivo Geral O objetivo geral do trabalho é demonstrar a parede diafragma atirantada na construção civil, por meio de revisão bibliográfica. 2.2 Objetivo Específico O objetivo específico do trabalho é apresentar um estudo bibliográfico sobre a parede diafragma atirantada, métodos executivos, bem como suas vantagens e materiais usados na sua execução, e mostrar através de um estudo de caso a aplicação da parede diagrama atirantada.

17 3. MÉTODO DE TRABALHO A pesquisa foi baseada em consultas a livros, artigos técnicos, normas ABNT, internet, e entrevistas técnicas com consultores. Para o desenvolvimento teórico, foi realizada pesquisa de material bibliográfico junto a empresas e consultores do ramo que englobam os métodos de execução da parede diafragma atirantada. A ilustração foi feita com fotos de obras que utilizaram o método de contenção em parede diafragma atirantada. Foram feitas consultas técnicas com profissionais envolvidos no processo de execução de parede diafragma atirantada utilizada no estudo de caso presente no trabalho.

18 4. JUSTIFICATIVA O presente estudo foi escolhido por consequência do aquecimento do mercado da construção civil, proveniente de uma melhora na economia brasileira. Onde foi constatado um aumento no emprego da utilização da parede diafragma atirantada na construção civil. Portanto, neste trabalho será esclarecido o processo de execução da parede diafragma atirantada, bem como os cuidados a serem tomados neste processo para que se obtenha o resultado desejado.

19 5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5.1 Parede Diafragma Paredes moldadas no solo ou pré-moldadas, também conhecidas como paredes diafragma ou contínuas, são cortinas executadas enchendo-se com concreto ou outro material. Uma trincheira inicialmente aberta no terreno e mantida estável com auxílio da lama bentonítica. Embora seu desenvolvimento tenha ocorrido no final da década de 60, este processo teve grande impacto na técnica de escavação e fundações. Existem diferentes tipos de parede diafragma como: Parede Diafragma Moldada in loco Atirantada; Parede Diafragma Moldada in loco; Parede Diafragma Pré-moldada; Parede Diafragma Plásticas; A parede diafragma moldada in loco é um elemento de fundação e ou contenção moldada no solo, realizando no subsolo um muro vertical de concreto armado cuja espessura pode variar entre 30 e 120cm, e profundidade de até 50m (GEOFIX, 2009). Este muro pode absorver empuxos, cargas axiais e momentos fletores, bem como ser utilizado como elemento de fundação absorvendo cargas normais, podendo ser executado com a presença ou não de lençol freático. Este tipo de fundação tem a vantagem de se moldar à geometria do terreno, sua execução não causa vibrações nem grandes descompressões no terreno, podendo ser realizado muito próximo às estruturas vizinhas existentes sem ocasionar danos às mesmas.

O emprego das paredes diafragma é muito difundido devido a grande gama de utilização. Podem-se utilizar as paredes diafragma como contenção de subsolo para construção de garagens subterrâneas, obras de canalização do leito de rios, cortinas impermeáveis, paredes de trincheiras enterradas, estações do metrô, execução de túneis, construção de poços dentre outras aplicações (GEOFIX, 2009). 5.1.1 Informações e Documentos Necessários para Execução da Parede Diafragma Projeto de Contenção: cotas de apoio e arrasamento das lamelas, espessura da parede diafragma, detalhamento da mureta guia, perímetro do local de execução, sequência e divisão executiva das lamelas, informações sobre o concreto, detalhamento e carga dos tirantes, detalhamento da escavação. Projeto de Armação das Lamelas; Sondagem; 5.1.2 Materiais e Equipamentos Necessários para Execução da Parede Diafragma DIAFRAGMADORA (Figura 5.1): conjunto composto por clamshell e guindaste mecânico ou hidráulico, a diafragmadora é utilizada para escavação dos painéis, deve estar sempre alinhado e balanceado, pois a qualidade da parede dependerá muito das condições do guindaste e do clamshell. O clamshell é içado pelo guindaste por meio de um cabo de aço, onde na ponta ligada ao clamshell se encontra um distorcedor, que impede à torção do clamshell pelo cabo de aço;

21 Figura 5.1 Diafragmadora Fonte: Anson (2006). CLAMSHELL (Figura 5.2): ferramenta de escavação, utilizado na escavação das lamelas da parede diafragma, acoplado as barras Kelly, a abertura e fechamento das pás de escavação pode ser por meio mecânico (cabos de aço), ou por meio hidráulico quando o solo for muito duro; Figura 5.2 Clamshell Fonte: Anson (2006). BARRAS KELLY: haste de metal que suporta e guia o clamshell;

LABORATÓRIO DE CAMPO: necessário para ensaio da lama bentonítica, deve ter os seguintes equipamentos: 22 Densímetro do tipo baroid; Viscosímetro do tipo march; Provetas e papéis de tornasol; Balança; GUINDASTE AUXILIAR: guindaste mecânico, utilizado na colocação da armadura dentro do painel escavado, e na movimentação dos equipamentos (tubos tremonha, funil, bombas, desarenadores) dentro do canteiro. Enquanto o guindaste da diafragmadora só trabalha mesmo na escavação dos painéis; CABO DE MEDIDA: cabo de aço graduado de metro em metro, usado para medir a profundidade da escavação e do concreto; ARMADURAS (Figura 5.3 e 5.4): ferragem dos painéis em barras de aço nervurado, montadas e armadas na dimensão do painel; Figura 5.3 Montagem das armaduras Fonte: Construtora Bueno Neto (2009).

23 Figura 5.4 Armadura das lamelas Fonte: Construtora Bueno Netto (2008). ROLETE: são peças cilíndricas de plástico que são encaixadas nas armaduras, com função de fazer a armadura deslizar para dentro do painel escavado e também garantir o cobrimento da armadura; CHAPA JUNTA: chapas metálicas colocadas nas extremidades dos painéis antes da concretagem e retirados quando se inicia a pega do concreto. Sempre se coloca a chapa junta onde tiver uma união de um painel com outro. LIMPADOR DE JUNTA: ferramenta para limpeza das juntas fêmeas dos painéis, a fim de retirar qualquer resíduo de solo existente. Pois qualquer resíduo de solo na junta pode formar vazios no concreto e posteriormente o vazamento de água na parede por esses vazios. TUBO TREMONHA E FUNIL (Figura 5.5): tubo metálico de diversos diâmetros, usado na concretagem dos painéis, seu comprimento deve ser maior que a profundidade do painel. Na ponta do tubo é colocado o funil onde será despejado o concreto que irá concretar o painel. O diâmetro mínimo é de 10.

24 Figura 5.5 Tubo Tremonha e Funil Fonte: Construtora Costa Fortuna (2008). CHAPA ESPELHO: chapa de aço colocada como espelho na parte interna do painel antes da concretagem. Tem como função eliminar a perda de concreto pelos vazios do solo (overbreak) e melhorar o acabamento do concreto. CENTRAL DA LAMA BENTONÍTICA (Figura 5.6): a central é composta por tanques, bombas, desarenadores e misturadores. Os tanques servem para armazenamento da água e da lama bentonítica (água + bentonita). As bombas têm como função levar a lama bentonítica até o local de utilização. Os desarenadores servem para separar a lama bentonítica da areia proveniente do solo depois da aplicação. E os misturadores fazem a mistura da bentonita com a água.

25 Figura 5.6 Central da Lama Bentonítica Fonte: Construtora Bueno Neto (2009). LAMA BENTONÍTICA: Lama bentonítica ou lodo bentonítico é o nome dado à mistura da bentonita e água. A bentonita é uma argila composta por diversos minerais com uma concentração maior da montmorillonita. A lama bentonítica empregada é uma composição de bentonita (montmorilonita de sódio), que tem propriedades tixotrópicas, ou seja, tem um comportamento fluido quando agitada, mas é capaz de formar um gel quando em repouso. É recomendado o seguinte controle da lama bentonítica para fornecimento na trincheira, conforme descrito na Tabela 5.1. Tabela 5.1 Parâmetros da lama recomendados pela NBR 6122 Parâmetros Peso específico Valores 1, 025 a 1,10 g/cm³ Equipamento para ensaio densímetro Viscosidade 30 a 90 funil Marsh ph 7 a 11 papel de ph "Cake" 1,0 a 2,0mm Teor de areia até 3% Fonte: NBR 6122 (ABNT,1996) "filter press" "baroid sand content" ou similar Uma das funções básicas da lama é criar película impermeável nas paredes da escavação, o chamado cake, formado pela penetração da lama nos

vazios do solo. Esta película permite que a lama exerça empuxo contra as paredes da escavação, para estabilizá-la. A espessura da penetração vai depender da diferença entre o nível da lama da trincheira e o nível da água no terreno (deve ser no mínimo 1,5m), da permeabilidade do solo e da viscosidade da lama. A penetração excessiva da lama é inconveniente para a estabilidade da trincheira e, em solos de permeabilidade muito alta, pode haver perda de lama, impossibilitando a utilização do processo das paredes moldadas nestes solos. Em argilas intactas, não há formação do cake, porém, sem prejuízo para o processo de estabilização. A lama tem por função ainda impedir o desprendimento de grãos de areia das paredes da trincheira. 26 5.1.3 Documentos Necessários para Controle da Execução da Parede Diafragma Boletim de controle de escavação Boletim de controle da subida do concreto Boletim de ensaio da lama Boletim de acompanhamento da execução 5.1.4 Fases de execução da parede diafragma Para execução da parede diafragma são realizadas várias operações que se interligam entre si e cada uma deve ser planejada para que não haja imprevistos. Podemos destacar as seguintes fases (Figura 5.7):

27 Mureta Guia Painel ou Lamela Chapa Junta 1 - Mureta Guia 2 - Escavação do Painel 3 - Colocação da Armadura 4 - Concretagem Figura 5.7 Fases de Execução da Parede Diafragma Fonte: Anson (2008). Mureta guia A execução da parede diafragma é precedida pela execução de muretas guias (Figura 5.8), que têm por objetivo definir o caminhamento da parede, servindo de guia para ferramenta de escavação clamshell, impedir o desmoronamento do terreno próximo à superfície devido à permanente variação do nível de lama bentonítica, devido à entrada e saída do clamshell na escavação, e garantir uma altura de lama compatível com o nível do lençol freático.

28 Figura 5.8 Mureta guia Fonte: Ishikawa Engenharia (2005). Escavação Utiliza-se para escavação (Figura 5.9) uma ferramenta denominada clamshell. Essa ferramenta pode executar paredes com espessura entre 30 e 120cm. A largura padrão de cada lamela é de 2,5m. Figura 5.9 Escavação da parede diafragma Fonte: Anson (2008). A mureta guia serve como referência para faces de 3 a 4cm maior que a espessura da parede, servindo também como apoio das ferragens e tubo tremonha (GEOFIX,2009). Inicia-se a escavação por uma lamela primária de acordo com o projeto de fundações. Quando a escavação atingir de 1,0 a 1,5m de profundidade, inicia-se o

bombeamento da lama bentonítica para dentro da escavação, a fim de estabilizar as paredes da cava. Durante o processo de escavação, faz-se necessário a constante verificação dos instrumentos que regulam a verticalidade da torre do equipamento para evitar desvios do clamshell. A velocidade de escavação é determinada pela resistência do solo e comprimento da parede. 29 Na medida em que o solo vai sendo retirado, é introduzido simultaneamente mais lama. É fundamental para estabilidade das paredes que sempre seja mantido o nível da mesma dentro da escavação o mais alto possível. Se ocorrer uma perda acentuada da lama no solo, tal que não permita manter o nível estável da lama, a escavação deverá ser interrompida imediatamente para uma análise do motivo que está provocando a anormalidade constatada. A escavação deve ser levada até a profundidade prevista no projeto. Montagem do painel Após o término da escavação, inicia-se a montagem das chapas-junta, colocação da armação no painel e do tubo tremonha para concretagem. As chapas-junta são montadas verticalmente nas laterais da escavação, com a seção trapezoidal virada para dentro da mesa, formando assim uma junta fêmea, que na concretagem do painel adjacente será preenchida, solidarizando-se com este. A armadura para parede diafragma é previamente montada e deve ser suficientemente rígida para ser içada por guindaste. Deve conter 6 alças em cada armadura: duas alças para içamento e quatro alças para travamento na mureta guia. O cobrimento da armadura deve ser de 5 a 7cm, para isso utiliza-se espaçadores circulares (roletes), com espessura de 5cm e diâmetro de 10 a 14cm, amarrados na armadura no sentido de sua largura, nas duas faces intercalados de acordo com o pedido do projeto (GEOFIX, 2009).

Para os painéis iniciais, a largura da armação deve ser de 2,5m menos 20cm de cobrimento no sentido do comprimento (10cm para cada lado) e menos a altura das duas chapas-junta somadas. 30 Para os painéis sequenciais a largura da armação deve ser de 2,5m menos 20cm de cobrimento no sentido do comprimento, e menos a altura de uma chapa- junta, visto que nestes painéis só utiliza-se chapa do lado em que se seguirá a escavação. As armaduras devem ficar imersas na lama bentonítica por no máximo 4 horas antes da concretagem. Um período superior a este faz com que as partículas de bentonita colem no aço da armação, prejudicando sua aderência ao concreto. Após a colocação da chapas-junta e armação no painel escavado, inicia-se a montagem da composição do tubo de concretagem. Colocado no centro da armação, consiste de uma composição de revestimentos metálicos, montado com seções de 1,0 e 2,0m com comprimento total 20cm menor que o comprimento da escavação. Na sua extremidade superior é rosqueado um funil, por onde é lançado o concreto diretamente da betoneira. Concretagem Antes do início da concretagem do painel, observam-se as condições físicas da lama bentonítica. De acordo com a NBR 6122 (ABNT, 1996) a lama bentonítica deve estar dentro de parâmetros determinados para que se possa iniciar a concretagem. Utilizase para determinação desses parâmetros um laboratório portátil. A concretagem da parede diafragma é executada de baixo para cima, continuamente e, sendo o concreto mais denso que a lama bentonítica, expulsa-se a mesma sem que ambos se misturem. Enquanto o concreto vem subindo a lama é bombeada de volta aos reservatórios da central, e o tubo tremonha é levantado devendo a sua extremidade inferior ficar imerso pelo menos 1,5m dentro do concreto para garantir que não se formem juntas frias (GEOFIX, 2009).

O concreto utilizado deve ter alta trabalhabilidade e fluidez para sair do tubo tremonha e se espalhar por toda a escavação, para cima e para o lado, e nesse movimento deslocar a lama bentonítica. 31 O concreto deve ter alta trabalhabilidade, para ser capaz de executar a função descrita acima, e deve ter as seguintes características: Consumo de cimento: 400kg/m³ Fator água/ cimento: 0,60 Abatimento: 20± 2cm Agregado: brita 1 Para concretagem de painéis de grandes dimensões utiliza-se mais de um tubo tremonha e velocidades de lançamento superiores a 30m³/h. Para a maioria das concretagens, uma velocidade de 20m³/h é suficiente. O concreto tem que ser lançado ininterruptamente e a concretagem concluída no menor tempo possível. Após a concretagem, quando do início da pega do concreto, inicia-se lentamente a extração das chapas-junta, que se completará somente quando terminar a cura do concreto. O concreto do topo da parede vem misturado com lama bentonítica e deve ser removido. Essa camada geralmente é extraída quando retira-se no máximo 50cm do mesmo (GEOFIX, 2009). O volume de concreto lançado no painel deve ser sempre maior do que o volume teórico da escavação. De acordo com o tipo de terreno encontrado durante a escavação, vamos ter uma sobre consumação maior ou menor de concreto overbreak. Um volume lançado menor que o volume teórico sinaliza um estrangulamento da escavação.

32 5.2 Problemas causados pela Lama Bentonítica 5.2.1 Saúde Para que possa se explicar, os danos causados a saúde do trabalhador que mantém contato direto com a bentonita, primeiro é necessário conhecer um pouco sobre a sílica (SiO2) que é um dos componentes presentes na bentonita, em até 1% do peso. A sílica cristalina é um mineral que se apresenta abundantemente na natureza. Ela existe em três formas: quartzo, tridimita e cristobalita. O que provoca os danos a saúde é a poeira originada da bentonita que contém a sílica, e essa têm efeito fibrogênico nos pulmões (FIEP, 2008). A silicose é o nome dado a doença provocada por este contato, as partículas de poeira se depositam nos bronquíolos e alvéolos, causando um tipo de fibrose pulmonar. Além dessa fibrose, têm ainda efeitos carcinogênicos e genotóxicos. Após anos em contato constante com essa poeira é que o portador de alguma dessas doenças irá apresentar alguns sintomas: bronquite, tosse seca, dispnéia. Em um exame radiológico as alterações pulmonares podem aparecer após 20 anos de contato com o organismo para pessoas pouco expostas e em até 2 anos para exposição constante. A silicose é uma doença sem cura, e sem tratamento medicamentoso, podendo-se tratar apenas alguns dos seus sintomas. Em estágios mais avançados é comum o desenvolvimento de câncer no pulmão (CAMPOS, 2005). Estima-se uma média de dois mil trabalhadores registrados ocupacionalmente no tratamento da sílica (FIEP, 2008). Como qualquer outro tipo de poeira, o contato com o pó de bentonita também pode provocar irritação e coceira nos olhos e na pele. Neste caso lava-se a região com água e sabão. Caso ingerida pode provocar bloqueio intestinal (CASQUÍMICA, 2008).

Para minimizar e até eliminar estes riscos a saúde, o trabalhador deve estar sempre fazendo uso dos EPI s adequados, como a máscara com filtro, óculos de proteção e luvas (CASQUÍMICA, 2008). 33 5.2.2 Meio Ambiente Os procedimentos de controle ambiental se referem à proteção de corpos d água, da vegetação e do solo. O impacto ambiental causado pela bentonita misturada com água, por se tratar de um produto coloidal e plastificante, provoca a diminuição da permeabilidade do solo. Alguns cuidados devem ser tomados: As áreas utilizadas devem ser isoladas para que o produto não seja carreado para os cursos d água. Todo material usado deve ser recolhido e destinado ao depósito de material excedente previamente aprovado. É proibido o escoamento da lama bentonítica no sistema de drenagem, provisório ou definitivo, e nos corpos d água A área afetada pelas operações de construção e execução deve ser recuperada, mediante a limpeza do canteiro de obras, e efetuando a recomposição ambiental (DER/SP, 2006). 5.3 Lama Bentonítica x Polímero Por culpa de uma restrição crescente pelos órgãos ambientais ao uso de lama bentonítica, gerou-se uma necessidade por uma nova tecnologia de estabilização de escavações. O uso dos polímeros em substituição à bentonita está associada ao fato do polímero ser um produto biodegradável, facilitando a disposição dos materiais provenientes das perfurações. O Polímero (Figura 5.10) é uma longa molécula formada pela soma da simples repetição de grupos denominados monômeros, que se unem pelas extremidades, de forma parecida as ligações dos elos de uma corrente.

34 Figura 5.10 Aplicação do polímero Fonte: Construtora Costa Fortuna (2007). A água em contato com o polímero (Figura 5.11) faz com que suas moléculas fiquem presas pelas longas cadeias do polímero, fazendo com que sua estrutura aumente o volume, o que caracteriza uma maior viscosidade ao material. Figura 5.11 Processo de escavação com polímeros Fonte: Construtora Costa Fortuna (2007). Atualmente, existem vários tipos de polímero disponíveis no mercado mundial, mas para que se tenha uma boa eficiência na estabilização de escavações, podem-se utilizar dois ou mais elementos na mistura com a água. O fluído geralmente é constituído por dois produtos, um em pó (sólido) e uma emulsão (líquido). O primeiro produto é composto de um poliacrilato de sódio sintético-orgânico em solução e descrito como um copolímero de acrilamida com

grupos acrilate, que tem função de agente estabilizador auxiliar em perfurações e limpezas de furos. O segundo produto é composto de um poliacrilato de sódio sintético orgânico e descrito como um copolímero de acrilamida com grupos acrilate, tendo como função de estabilizar auxiliarmente, lubrificar e deslizar nas perfurações. 35 No início do uso do polímero no Brasil, conheciam-se obras que apenas o utilizaram para execução de estacas escavadas circulares, sendo as escavações dos elementos lamelares evitadas por insucessos precedentes. Isso ocorreu principalmente por culpa de uma dificuldade maior de estabilização de furos de seção transversal retângular, pela menos favorável e diferente distribuição das tensões internas neste tipo de perfuração. Mas atualmente já existem empresas pioneiras no uso desse material, que o utilizam com sucesso o polímero em escavações de seção retangular e circular profunda, como parede diafragma e estaca barrete, inclusive em solos de grande complexidade como areias e argilas marinhas, muito encontradas no subsolo da cidade de Santos (SP). Como vantagens do uso do polímero em relação à bentonita, pode-se destacar: Produto biodegradável podendo ser utilizado onde há restrições ao uso da bentonita, viabilizando obras; Descarte de baixo custo, podendo ser realizado em qualquer tipo de botafora; Necessita apensas de uma pequena área para estoque e seu frete é mais barato; Fácil preparo e dispersão em água; Aplicação após aproximadamente 15 minutos de mistura; Alto índice de reaproveitamento da mistura (3,5 a 5 vezes); Elimina ou minimiza a necessidade de desarenação antes da concretagem; Obra mais limpa, promovendo a possibilidade de visualizar com boa definição as características do material escavado; Desgaste menor de equipamentos e ferramenta, proporcionando menos paralisações por quebra de equipamentos; Menor formação de borra de concretagem na cabeça da estaca ocasionando em média menores quebras para arrasamento.

36 Como desvantagens em relação a bentonita, pode-se destacar: Custo unitário do fluído maior do que o da bentonita; Necessidade de monitoramento contínuo de suas propriedades já que a contaminação por cloretos ou matéria orgânica pode ser desastrosa. 5.4 Tirantes O tirante é um elemento linear capaz de transmitir esforços de tração entre suas extremidades: a extremidade que fica fora do terreno é a cabeça e a extremidade que fica enterrada é conhecida como trecho ancorado, e designada por comprimento ou bulbo de ancoragem. O trecho que liga a cabeça ao bulbo é conhecido por trecho livre ou comprimento livre (NBR-5629/96). Os tirantes podem ser provisórios ou definitivos, os definitivos devem receber tratamento especial para corrosão, com pinturas especiais anti-corrosão no aço, de vem ser monitorados quanto a perda ao longo do tempo devido à corrosão do aço. 5.4.1 Tipos de Tirantes Tirante com barra (Figura 5.12 e 5.13): tem como elemento principal uma barra única laminada a quente de até 12m, com uma rosca contínua com passo de rosca grossa. Tem como vantagem a eliminação do desperdício de aço, sendo que após ser protendido pode-se cortar a barra no comprimento desejado.

37 Figura 5.12 Tirante com barra Fonte: Dywidag (2009). A protensão é aplicada através de um macaco hidráulico apoiado na ancoragem. A bomba tensiona o aço através do macaco hidráulico até se obter a tensão desejada de projeto. Durante este processo a porca é girada com uma chave para que fique sempre encostada na ancoragem e manter a tensão aplicada. Figura 5.13 Detalhe ancoragem tirante com barra Fonte: Dywidag (2009). Tirante com fios ou cordoalhas (Figura 5.14 e 5.15): os tirantes de fios têm como elemento principal o aço CP 150 RB, e as cordoalhas o aço CP 190 RB tendo como metodologia executiva o mesmo processo. Os tirantes de fios e cordoalhas apenas se diferem pela resistência do aço de acordo com a carga do tirante.

38 Figura 5.14 Esquema em corte de tirante fios e cordoalhas Fonte: Fundesp (2009). Figura 5.15 Detalhe tirante com cordoalha Fonte: Geofix (2009). 5.4.2 Fases de Execução dos Tirantes Perfuração Após a locação dos tirantes e com drenagem para água, inicia-se a perfuração (Figura 5.16) com equipamento devidamente nivelado e ancorado no terreno na inclinação especificada em projeto, geralmente com ângulo de 20 a 25, o ângulo reduz a possibilidade de atingir alguma interferência no vizinho. As bombas d água injetam água sob pressão para limpeza do furo. Os diâmetros de perfuração serão aqueles que garantam como mínimo os cobrimentos normalizados. A atividade será desenvolvida com utilização de sonda rotativa ou equipamento de extração de amostras de concreto para o trecho em concreto e perfuratriz sobre esteiras para o trecho em solo. Essa perfuratriz é capaz de perfurar em qualquer ângulo e direção com torque e força de avanço suficientes para perfurações revestidas em solo a

profundidades superiores a 40 metros com diâmetro maior ou igual a 4" (GEOFIX,2009). 39 Figura 5.16 Perfuração de tirante Fonte: Geofix (2009). Instalação do tirante Após a perfuração, inicia-se o processo de transporte do tirante. No momento de chegada do tirante ao local de instalação e tendo o operador da perfuratriz concluído a limpeza do furo, terá início a introdução do tirante no interior do orifício. Os cuidados necessários são: não ferir a proteção anticorrosiva, não deslocar acessórios (válvulas e espaçadores) e posicionar a cabeça na altura correta do projeto. Injeção Após a instalação do tirante, prepara-se a nata de cimento nos misturadores. A injeção da bainha é feita imediatamente após a instalação do tirante no furo e consiste no preenchimento do mesmo com calda de cimento. Esta operação é realizada através de um tubo de PVC, deixado para esta finalidade, em cujo interior passa a composição de injeção (Figura 5.17) composta de haste rígida e obturador. Decorrido um intervalo de tempo não superior a duas horas, o tubo de PVC é lavado internamente para mantê-lo limpo e apto a receber, novamente, a composição para as injeções secundárias. Decorrido um prazo de 12 horas após a injeção de bainha, terão início as injeções de consolidação do terreno, com pressões e volumes

controlados. A injeção, a exemplo da fase de bainha, é realizada com a introdução da composição de injeção no interior do tubo PVC, iniciando-se, a partir da última válvula localizada na extremidade do tirante o processo de injeção no trecho de ancoragem. Os volumes de calda e pressões de injeção serão aqueles que garantam a perfeita ancoragem do tirante ao terreno. Os critérios de injeção deverão ter por base as características do subsolo local e poderão ser revisados durante a execução, em função das condições locais. 40 Figura 5.17 Injeção da nata no tirante Fonte: Geofix (2009). Protensão Após um tempo mínimo de 3 a 4 dias de cura da calda de cimento da última etapa de injeção realizada, será feita a protensão (Figura 5.18), com utilização de macacos hidráulicos, ocasião em que será testado o tirante de acordo com as cargas de projeto (Tabela 5.2). Nesta etapa serão colocadas as peças que compõem a cabeça do tirante, ou seja, a cunha de grau, em aço, a placa de apoio, também em aço e as porcas ou clavetes para fixação do mesmo.

41 Figura 5.18 Protensão do tirante Fonte: Geofix (2009). Na fase de protensão dos tirantes, corre o risco do tirante não suportar a carga (Tabela 5.2) e ser arrancado durante a protensão. Se ocorrer será efetuada nova injeção de nata e posterior cura da nata.

42 Tabela 5.2 Cargas em tirantes permanentes e provisórios Tirantes provisórios Carga (tf) Tirantes permanentes Carga (tf) Tipo Aço Quantidade 12 10 Barra CA50 1 Ø 7/8 15 13 Barra CA50 1 Ø 1 16 14 Barra 1045 1 Ø 231mm 16 14 Fios CP-150RB 1 Ø 8mm 24 21 Barra CA50 1 Ø 1. 1/4 24 21 Barra GEWI 1 Ø 1. 1/4 24 21 Fios CP-150RB 6 Ø 8 mm 33 28 Fios CP-150RB 8 Ø 8 mm 41 35 Fios CP-150RB 10 Ø 8 mm 41 35 Barra DYWIDAG 1 Ø 1. 1/4 49 41 Fios CP-150RB 12 Ø 8 mm 61 53 Cordoalha CP-190RB 6 Ø 1/2 81 69 Cordoalha CP-190RB 8 Ø 1/2 121 87 Cordoalha CP-190RB 10 Ø 1/2 122 104 Cordoalha CP-190RB 12 Ø 1/2 Fonte: Roca Fundações (2009).

43 6. ESTUDO DE CASO O estudo de caso tem como objetivo analisar e discutir os fatores que levaram ao problema da obra em questão. 6.1 Localização e Descrição da obra Trata-se de uma obra de grande porte, que consiste na construção de um edifício destinado ao uso comercial (escritórios), com projeto aprovado na PMSP com cerca de 41.007,89 m² de área construída em um terreno de aproximadamente 7.212,41m² sendo uma única torre com 4 pavimentos de escritório (zona baixa), 11 pavimentos de escritório zona alta e 3 subsolos e está localizada à Av. Brigadeiro Faria Lima nº 4440 - Bairro Vila Olímpia São Paulo. Vale ressaltar que se trata de uma região densamente ocupada como mostra a foto do satélite do entorno da obra (Figura 6.1). LOCAL Figura 6.1 Foto de Satélite Vila Olímpia São Paulo Fonte: Google (2009)..

44 6.2 Projetos Para o projeto de fundação e contenção, foram solicitadas sondagens para reconhecimento do solo, levando em conta o tipo de edificação a ser construída no local (edificação de com 15 pavimentos + 3 subsolos). Foram executadas 10 pontos de sondagens à percussão, nas quais foram usados tubos 2 ½ de diâmetro nominal como revestimento, e atingindo um total perfurado de 241,50m. Na sondagem encontrou-se uma camada superficial de aterro de argila, sobreposta a uma camada de argila orgânica siltosa, na qual encontram-se as cabeças da 1º linha de tirantes. Abaixo uma camada de areia fina. O nível d água esta à uma profundidade aproximada de 2,5m. No que se diz respeito ao projeto de fundações, foi projetado para o corpo do edifício estacas escavadas de grande diâmetro (estacões) e na estrutura de periferia sapatas. Quanto ao projeto de contenção (Figura 6.2), foi projetada uma parede diafragma atirantada provisoriamente, com espessura de 40cm, 14m de altura e 132m de comprimento, que corresponde ao desnível entre o pavimento térreo e o 3º subsolo, acrescidos de 3,80m de altura de ficha. Foi especificado um concreto com resistência característica maior ou igual a 20MPa e consumo de 400kg de cimento por metro cúbico de concreto.

45 RUA ELVIRA FERRAZ RUA CHIPRE Figura 6.2 Croqui Contenção e Divisa do terreno No atirantamento provisório, foram projetados 3 linhas de tirantes provisórios, sendo a primeira e segunda linha à 2,0 e 3,6m respectivamente, do topo da parede, com carga de trabalho de 60tf na primeira linha, 90tf na segunda linha e 100tf na terceira linha e com inclinações de 20º à 25º na primeira linha, 15º à 20º na segunda linha e 10 à 15º na terceira linha todas com relação à horizontal. Foi especificado o uso de cordoalhas de aço CP 190 RB, para a composição dos tirantes, sendo variado o número de cordoalhas de 6 a 10 cordoalhas com diâmetro de 12,5cm cada. 6.3 Ocorrências Relevantes Ocorreram dois episódios, que seram relatados a seguir (Figura 6.3).

46 RUA ELVIRA FERRAZ RUA CHIPRE Figura 6.3 Locais da Primeira e Segunda Ocorrência 6.3.1 Primeira Ocorrência O primeiro episódio ocorreu em um dos trechos da parede. Sendo que nessa primeira ocorrência houve abaulamento no painel conforme ilustrado na (Figura 6.2).

47 Figura 6.4 Abaulamento do Painel da Parede Diafragma. Fonte: SDI (2009). A primeira ocorrência, ocorreu no dia 30 de Julho de 2009, durante a execução e foi informado ao engenheiro residente no dia. O fato ocorreu devido ao aparecimento de um obstáculo durante a escavação, impedindo a ferramenta de escavação clamshell em escavar o trecho. O procedimento foi acompanhado pelo engenheiro residente e o mestre de obras no momento, onde foi tomada a decisão de deslocar a execução da lamela da parede diafragma em mais ou menos 30cm para desviar da obstrução que impedia o prosseguimento da execução. O que provavelmente poderia ser o agente causador desse impedimento é a existência de formações de rochas. Depois de tomada a decisão o procedimento de execução foi retomado e pode ser concluído. Tendo como resultado uma diferença de alinhamento dos painéis, o que caracteriza o abaulamento contrário na parede conforme ilustrado na (Figura 6.2). 6.3.2 Segunda Ocorrência O segundo episódio (Figura 6.3) ocorrido foi precedido de uma forte precipitação pluviométrica no fim do dia 11 de agosto de 2009. Chegando na obra por volta das

7:00 hs do dia 12 de Agosto o mestre pode visualizar o problema, onde por percolação da água pelo piso de concreto, provocando um vazio no solo na parte posterior da parede diafragma justamente no local onde sua seção estava estrangulada, ocorreu a ruptura parcial do painel devido a carga depositada sobre o piso. 48 Figura 6.5 Ruptura Parcial do Painel da Parede Diafragma Fonte: SDI (2009). 6.4 Danos causados pelas ocorrências. 6.4.1 Primeira Ocorrência Na primeira ocorrência, não houve danos a imóveis vizinhos e a terceiros na obra, visto que esse incidente, não pode ser tratado como um acidente, e sim um ônus da solução tomada no momento.

49 6.4.2 Segunda Ocorrência Na segunda ocorrência houve alguns danos na obra e aos imóveis vizinhos, pelo fato da parede diafragma nessa lateral da obra não estar alinhada à divisa do terreno (. O dano para a obra, no caso do segundo acidente foi o afundamento do piso localizado atrás da parede diafragma e perda do material que se encontrava sob o piso de concreto. 6.5 Projeto e recuperação dos trechos afetados. 6.5.1 Primeira Ocorrência No caso da primeira ocorrência, foi consultado o projetista da fundação e contenção com relação ao problema de deslocamento da lamela, que resultou no abaulamento contrário, o mesmo atestou que o problema é apenas estético sem nenhum impacto na funcionabilidade da parede. Sendo assim o problema será resolvido com o revestimento da parede. 6.5.2 Segunda Ocorrência No caso da segunda ocorrência, a obra finalizou a escavação, para cota de execução da terceira e última linha de tirantes de baixo para cima. Após a verificação dos engenheiros atuantes na obra, projetista da parede diafragma e fundações, engenheiro fiscal da empresa executora, engenheiro residente e engenheiro coordenador técnico da obra, em conjunto, tomaram a decisão de verificar a carga de protensão dos tirantes no local da segunda ocorrência, e deslocar a execução dos serviços de escavação para o local e remanejar o material retirado da escavação para aterrar o trecho da parede com ruptura parcial (segunda ocorrência). No trecho onde ocorreu o colapso parcial (segunda ocorrência) foi projetada uma nova parede, composta por estacas tipo raiz com diâmetro de 40cm, justapostas em linha ao longo da extensão da parede e travadas ao nível do piso do último subsolo,

e essa solução ainda conta as duas linhas de tirantes já executadas e mais a terceira linha de tirantes que será executada, posteriormente após a escavação no nível da terceira linha de tirantes. Essas estacas foram executadas susbstituindo a lamela (parede) danificada, sendo executadas por trás da lamela. Todo esse processo de reforço foi acrescido da reprotensão dos tirantes próximos a nova parede executada, e colocação de longarinas metálicas horizontais de perfis de aço W 250 x 80 no atirantamento dos tirantes existentes com a parede e a linha de estacas, o que distribui melhor as tensões de tração ao longo das paredes. 50 O processo de recuperação e todo seu projeto foi uma solução sugerida pelo projetista de fundações e contenção, aceita de comum acordo pelos profissionais da incorporadora e construtora que está executando a obra.

51 7. ANÁLISE DOS FATORES DAS OCORRÊNCIAS 7.1 Laudo 1 Construtora São apresentados na sequência, dados dos relatórios feitos pela construtora e pela incorporadora, com a análise que possa ter contríbuido para a ocorrência dos fatos. O responsável pelas análises foi um engenheiro da construtora. Em seu laudo, foram analisados os requisitos geotécnicos estruturais sobre as condições do empuxo atuante e do dimensionamento da parede diafragma. O resultado da verificação da capacidade de carga dos tirantes, teve como resultado as mesmas 60 toneladas na primeira linha de tirantes, e 90 toneladas na segunda linha de tirantes, que era exatamente a carga de projeto, e verificou ainda, os comprimentos da ancoragem e posicionamento dos bulbos, concluindo também que estavam em conformidade. Por fim, o engenheiro concluiu que a parede diafragma, foi executada conforme o projeto original, além de apresentar os resultados das análises, as seguintes normalidades: As paredes foram executadas conforme o projeto apresentado no que se refere às dimensões, cotas da mureta guia e de fundo, espessura e comprimento total; O concreto empregado corresponde ao projetado: slump 200mm ± 20mm, com consumo de 400kg/m³ e resistência de 20MPa previstos no projeto; Os tirantes apresentaram resultados dentro da normalidade, sendo ensaiados conforme a norma NBR/5629; Concluindo que o sistema de contenção projetado, constituído de parede diafragma atirantada provisoriamente, foi adequado e bem dimensionado ao tipo de solo e profundidade da escavação de projeto. Quanto ao trecho (segunda ocorrência) o

engenheiro da construtora julgou não ser possível apontar o conjunto de causas que levaram a ocorrência. 52 Diante das conclusões do laudo da construtora, a incorporadora realizou um novo laudo, tendo como responsável um profissional de sua confiança. 7.2 Laudo 2 Incorporadora O engenheiro responsável da incorporadora analisou as mesmas premissas verificadas pela construtora, os tirantes a partir da parede diafragma e os empuxos fornecidos pela empresa responsável pelo projeto da mesma, além de verificar os comprimentos da ancoragem e posicionamento dos bulbos. Nas análises feitas, o engenheiro da incorporadora concluiu que os tirantes foram dimensionados com uma certa folga, a mesma conclusão feita pelo engenheiro da construtora. Após as verificações o engenheiro da incorporadora concluiu que o projeto da parede diafragma está dentro da normalidade. Foi analisada pelo engenheiro da incorporadora, uma hipótese não levantada no laudo da construtora, que seria o controle dos processos de execução da parede diafragma. O mesmo então, solicitou relatórios de acompanhamento de execução da parede diafragma junto a construtora, que tinha por obrigação acompanhar a execução mediante a estes relatórios com a empresa contratada que executou os serviços. O relatório foi rastreado pela construtora referente ao dia da execução da lamela em questão (segunda ocorrência), e apresentado a incorporadora. O documento apresentava indícios de adulteração, que foi percebida após análise da incorporadora, o que reforça a hipótese de contratempo ou problema, durante a execução do referido trecho da parede diafragma. Outro documento que foi analisado, após a descoberta do fato relatado anteriormente, foram as notas fiscais da empresa fornecedora do concreto no dia da execução do trecho em questão. O intervalo excessivo entre o horário de carga das betoneiras, constatados nas notas

fiscais do concreto usado na concretagem da lamela, reforça a hipótese de que houve uma interrupção prolongada no fornecimento do concreto, que possibilitou a decantação de siltes e areia fina presentes na lama, acima da superfície do concreto já lançado. Em contato com a lama bentonítica contaminada pelo cimento, essas partículas formam uma espécie de borra, que se desloca pelo concreto fresco, quando do reinício da concretagem ou recobertas por ele. 53 O engenheiro da incorporadora conclui por fim que diante dos fatos possa ter ocorrido um estrangulamento da seção da parede diafragma no trecho em questão. Mesmo diante da demora para apresentar o relatório de acompanhamento da execução, o que gerou a hipótese de fraude, não houve como comprovar de fato o que aparentemente aconteceu.

54 8. CONCLUSÕES A técnica de contenção apresentada neste trabalho, a parede diafragma atirantada, vem sendo cada vez mais utilizada, por ser a melhor solução para execução de contenção em obras com subsolos profundos em áreas densamente ocupadas. Podendo ser executada na presença de água, evitando assim a descompressão do solo pelo rebaixamento do lençol freático e formação de vazios no solo e posterior recalque da fundação o que pode comprometer a integridade da edificação. No processo de execução da parede diafragma, a lama bentonítica já vem sendo substituída pela aplicação de polímeros por algumas empresas. Devido ao fato de seu componente principal a bentonita, causar problemas a saúde de quem a manuseia ao longo do tempo. Porém por uma questão de custo, ainda há uma certa resistência na substituição da bentonita pelos polímeros. Com relação ao estudo de caso, e a primeira ocorrência na execução da parede diafragma, concluiu se que a decisão tomada pelo corpo técnico da construtora no momento da execução, foi a solução mais correta a ser tomada no momento gerando apenas uma diferença notada visualmente no alinhamento das lamelas da parede diafragma, o que pode ser resolvido posteriormente no revestimento da contenção utilizada. Na segunda ocorrência, a metodologia proposta pelo projetista para recuperação do trecho, atendeu a contento as condições impostas pela incorporadora na ocasião. Visto que, após a execução da parede composta por estaca raiz, com longarinas metálicas em todos os tirantes com reprotensão, foi satisfatório. E depois de executada, com posterior travamento pelas lajes de periferia na contenção não apresentará mais qualquer risco. Podendo ser retiradas as longarinas dos tirantes provisórios. Em vista das diversas análises, fatores e hipóteses intervenientes na segunda ocorrência, levantadas neste trabalho, concluiu-se que o colapso da estrutura da parede diafragma pode não estar ligado só ao fator da execução falha e falta de controle, e sim, a soma de diversos pequenos fatores.

O estudo mostrou um insucesso na execução de uma parede diafragma atirantada, servindo este caso como um alerta para a engenharia, quanto aos riscos em obras geotécnicas, e o problema causado na falta de acompanhamento e controle da execução. 55

56 9. RECOMENDAÇÕES Diante das ocorrências fica a recomendação para que se tenha um acompanhamento técnico mais rigoroso durante a execução de todas as fases da obra, e não apenas da fase de contenção, que é relativa ao tema do trabalho em questão. E que seja seguido rigorosamente os procedimentos estabelecidos na norma.

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