A DÉCADA DAS REVOLUÇÕES À MODA DOS ANOS 60 NO MUNICÍPIO DE IBIRAMA

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Transcrição:

A DÉCADA DAS REVOLUÇÕES À MODA DOS ANOS 60 NO MUNICÍPIO DE IBIRAMA Introdução The Decade of Revolution - The 60's fashion in the city of Ibirama Isabella Pereira da Costa <bellalvesbr@icloud.com>, Isabela Dal-Bó <isabela.dalbo@ibirama.ifc.edu.br>, Monique Knoch <monique.knoch10@gmail.com> A palavra Mode, derivada do latim Modus, passou a ser utilizada frequentemente durante vários períodos da história. Esse conceito, que deixou de ser uma simples palavra, veio transformando seu significado e definição durante o tempo passou por mudanças e ganhou diferentes características, entre elas, a moda que conhecemos hoje. Segundo Pollini (2009, p. 18) O modo como as pessoas se vestiam em diferentes épocas está bastante relacionado com os aspectos sociais e culturais do período, assim, a maneira de pensar determina nossas escolhas estéticas. Á partir disso pode-se perceber a marcante influência e a importância da moda na história da humanidade. A pesquisa tratará desses aspectos culturais e sociais dentro da moda dos anos 60 no contexto mundial e aprofundando-se à moda na cidade de Ibirama. Moda e os anos 60 em contexto mundial Conforme Rainho (2014) esse período é conhecido como a década das revoluções e da exaltação da juventude, trouxe novos olhares, conceitos, costumes e ideias. Movimentos civis, trabalhistas e sociais aconteciam pelo mundo influenciando o mundo e as pessoas. Os jovens ganharam mais espaço e liberdade de expressão. Artistas e estilistas da época apresentavam ideias vanguardistas e futuristas. Estilos influenciados pela música, como o Rock e o Twist, motivaram os grandes ícones da época como os Rolling Stones e Beatles. O espírito livre trazido pela cultura hippie, paz, amor e liberdade, fazia o apelo contra as guerras. Usavam peças de tecidos leves, coloridos e não se preocupavam mais com a exposição do corpo. O moderno e o antigo andavam lado a lado. Ao mesmo tempo em que a inspiração futurista rodeava a cabeça das pessoas, com a ida do homem a lua, instigando o uso de vinis brilhantes e transparências plásticas nas passarelas. O clássico como o vestido tubinho de lã até o joelho ainda era muito usado. Vivia-se o descobrimento da diversidade e a ascensão da liberdade de escolha, gosto e estilo.

Figura 1Figura 1: Conceito Space Age de André Courrèges. (http://www.makeupmuseum.org/home/2015/05/couture-monday-courreges-for-estee-lauder.html), 1962. Moda e os anos 60 em contexto brasileiro O Brasil também passava por mudanças e enfrentava uma década marcada por repressão, censura e violência. Jovens e líderes de movimentos sociais lutavam pela democracia e liberdade de expressão. Além de revoluções políticas, culturalmente, no Brasil o auge era o movimento Tropicália e a Jovem Guarda, que teve grande influência nacional e internacional. Visando a liberdade e fazendo apelos a críticas sociais em letras poéticas, essas influências inovavam e mesclavam aspectos até então tradicionais e apresentavam novas tendências estéticas e culturais, como o estilo musical bossa-nova. Por volta de 1968, usavam-se roupas coloridas, psicodélicas, inspirações vanguardistas, jeans americano, minissaias e cabelos na testa. Mas também, ainda era presente o uso do clássico, tecidos e cortes elegantes como o tradicional tubinho e luvas altas. Nas boutiques se via a influência étnica, casacos de afegãos, túnicas floridas, acessórios, entre outros, faziam a mistura do retrô e pop. Os desfiles eram muito importantes para o surgimento de novos profissionais no ramo da moda brasileira. Foi criada a Fenit (Feira Nacional da Indústria Têxtil), onde eram realizados desfiles de peças estampadas em 2

parceria com artistas plásticos da época e assim, foi apresentado ao país um novo conceito de moda genuinamente brasileira. Moda e os anos 60 no estado de Santa Catarina O padrão catarinense cresceu. Com novos sistemas de crédito, investimentos, houve o surgimento de novas indústrias no estado. Além do notável crescimento destas indústrias, principalmente no ramo alimentício e têxtil. As praias catarinenses chamavam cada vez mais atenção. O uso do maiô estava em alta, acentuando as curvas femininas e mostrando as pernas com elegância e pudor. Os homens usavam os calções acima dos joelhos. As roupas de passeio continuavam com inspirações clássicas e românticas. Saias altas, nada muito acima do joelho e meia calça. A maioria dos cabelos tinham penteados armados e altos com tiaras. Um acessório indispensável para os homens era o chapéu. Os famosos concursos de beleza estavam começando a ganhar força, mostrando cada vez mais a feminilidade e liberdade da mulher, que agora, era vista com mais atenção e desejo. Usavam trajes elegantes com luvas altas, saias pouco acima do tornozelo e rodadas. Os homens em eventos sociais usavam ternos, camisas com gravatas, calça alta e o cabelo sempre bem penteado. As músicas eram apreciadas em bailes onde se encontravam dos vestidos simples até os mais elegantes. A moda mais revolucionária, como acontecia ao redor do mundo, não teve grande influência no sul do Brasil, predominando o clássico e elegante. Figura 2Figura 2: Candidata ao Miss Santa Catarina representando a capital nos anos 60. (http://www.ndonline.com.br), 1960 3

Moda e os anos 60 na cidade de Ibirama A cidade de Ibirama se originou da antiga Sociedade Colonizadora de Hamburgo. Caracterizada pela influência da cultura alemã, suíça, russa, polonesa entre outras, Ibirama enraizava em si fortes costumes nativos de seus imigrantes. Sendo assim, procuravam criar aqui uma identidade étnica teuto brasileira. Em sua maioria, colonos, professores, pastores, padres etc, que aqui viviam, comprometidas com a cultura local, realizavam seus trabalhos e tarefas na sociedade e viviam de forma simples. Sendo assim, via-se um forte conservadorismo, até mesmo por se tratar de uma cidade relativamente pequena, tradicional e ainda em crescimento. Em 1964 fundou-se o primeiro Centro Cultural de Ibirama onde eram apresentadas peças teatrais e atividades culturais. As atividades culturais daquela época, além de bailes e desfiles, eram em sua maioria voltadas para a família. Com base em pesquisas no Arquivo Público Municipal de Ibirama, podese perceber que as roupas eram comportadas e mostravam o lado elegante da mulher. Saia lápis na altura do joelho ou mais abaixo, cabelos armados, chapeis, casacos em estilo paletó, eram usados até mesmo pelas baixas temperaturas da região. Os homens usavam ternos, camisas sociais, tanto no dia a dia, com mangas mais curtas, quanto em ocasiões especias com gravatas e chapeis. Figura 3Figura 3: Vista do município de Ibirama (Arquivo Histórico) 1960 4

Considerações Finais 12º Colóquio de Moda- 9ª Edição Internacional Poucas pesquisas existem acerca da confecção e do ramo têxtil em Ibirama nessa década. Estudos mais afundo serão realizados através de uma projeto de pesquisa no Instituto Federal Catarinense Campus Ibirama e serão apresentadas mais informações sobre o assunto, como análise de fotos, entrevistas com costureiras da época e moradores. Buscando mostrar as influências que a moda teve nesse período, assim como as transformações, culturais, sociais e econômicas que aconteceram e que hoje, ainda podemos presenciá-las como fator influente na moda regional. Referências POLLINI, Denise. Breve História da Moda. São Paulo: Editoria Claridade, 2007. STEVENSON, NJ. Cronologia da moda: de Maria Antonieta a Alexander McQueen. Rio de Janeiro: Zahar, 2012. RAINHO, Maria do Carmo Teixeira. Moda e Revolução nos anos 1960. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2014. WIESE, Harry. Terra da fartura: história da colonização de Ibirama. Ibirama: Edigrave, 2007. 5