Caracterização Geofísica da Folha Iguatu (Região Centro-Sul do Estado do Ceará) Integrando Dados Aerogeofísicos, Geológicos e de Imagens de Satélite

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Transcrição:

Universidade de São Paulo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Departamento de Geofísica Caracterização Geofísica da Folha Iguatu (Região Centro-Sul do Estado do Ceará) Integrando Dados Aerogeofísicos, Geológicos e de Imagens de Satélite Marcelo Russo Bendelak Orientador: Eder Cassola Molina Tese apresentada junto ao Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Doutor em Ciências. Área de concentração: Geofísica. São Paulo 08/2004

Abstract Gold mineralization is known to occur associated with shear zones cutting Early Proterozoic rocks in Ceará State, Northern Brazil. The regional geologic setting of these occurrences is not well established and the available geologic mapping is generally at a scale of 1:250,000 to 1:100,000. This project focuses on the region of Iguatu Sheet (SB.24-Y-B) where one of these gold occurrences is known, named Fortuna, in milonitic zones associated with quartz veins with pyrite, hosted by sericite-quartz schists. Available regional geological data for this area includes 1:250,000 geologic and metallogenetic maps produced by CPRM, airborne geophysics of the Iguatu Project, including gamma spectrometry and magnetometry, and Landsat Thematic Mapper multispectral remote sensing data (path/row 217/64 and 217/65). The objective of this work is to carry out an integrated analysis of these data for gold exploration, looking for evidences of potential areas. To pursue this objective, textual and lithological information was extracted from Landsat/TM, as well as spectral information related to the occurrence of hydrothermal alteration affecting the rocks. Gamma-ray data provided information on the compositional variation of the rocks, thus defining the main lithological and tectonic units. Magnetic data was used to define the main structural features of the region, and the analysis of lineaments. The information obtained from this dataset was then integrated using digital methods, allowing an assessment of their combined use and characterizing areas of greater potential for gold mineralization in the Iguatu Sheet region (SB.24-Y-B).

Resumo Neste trabalho é abordada a utilização conjunta de três tipos de informações (geológicas, aerogeofísicas e Landsat 5/TM), com enfoque principal na caracterização geofísica da área e no estudo da distribuição de zonas anômalas que possam indicar possíveis mineralizações, utilizando como área de estudo a região da Folha Iguatu na porção centro-sul do Estado do Ceará, delimitada pelas coordenadas: 40 30 W / 5 00 S - 39 00 W / 7 00 S (Figura 1). Foram analisados os aspectos estruturais, litológicos e mineralógicos através do processamento e análise das informações texturais das imagens LANDSAT 5/TM e dados aeromagnéticos. Utilizando as informações tonais das imagens LANDSAT 5/TM integradas aos dados aerogamaespectrométricos, foi possível identificar e diferenciar a composição litológica da área estudada, além de evidenciar possíveis assinaturas das zonas favoráveis a diversos tipos de mineralizações contidas nesses dados. A área de estudo possui mapeamentos geológicos anteriores nas escalas 1:500.000, 1:250.000 e 1:100.000, além do levantamento aerogeofísico realizado pela NUCLEBRAS em 1976 e 1977 (Projeto Iguatu), com dados gamaespectrométricos e magnetométricos. A existência desses dados de mapeamento proporciona uma base de comparação entre os dados preexistentes e os resultados deste trabalho. Pela grande complexidade geológica da área de estudo (Folha Iguatu), neste trabalho optou-se pela identificação mais detalhada de áreas com características favoráveis à formação de mineralizações de ouro por influência de alterações hidrotermais nas rochas, vinculadas a zonas de cisalhamento.

Agradecimentos Aqui expresso os mais sinceros agradecimentos às pessoas e entidades que contribuíram para esta tese de doutoramento: Ao orientador Prof. Dr. Eder Cassola Molina, pela amizade, grande incentivo, apoio e orientação. À FAPESP, pelo apoio financeiro sem o qual não seria possível a realização deste trabalho. À Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e à Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), pela colaboração com a cessão, liberação e envio dos dados aerogeofísicos, além de informações sobre a geologia da área de estudo. À Companhia de Desenvolvimento do Ceará (CODECE) pelas imagens de satélite disponíveis em seu banco de dados e ao senhor Alex Araújo, Diretor-Presidente / Iplance. Ao Instituto de Geociências da Universidade de Campinas (IGE/UNICAMP). À amiga e Profa. Dra. Silvia Rolim do IG/UFRGS, pelos conselhos e conversas sobre diversos assuntos durante a tese. A todos os professores do Departamento de Geofísica do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas e em especial à Profa. Dra. Naomi Ussami, ao Prof. Dr. Carlos Alberto Mendonça e ao Prof. Dr. Wladimir Shukowsky. Aos funcionários do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas, em especial às secretárias Maria Perpétua e Virgínia e ao técnico Edilson Brito. A todos os colegas do IAG, pelas discussões e sugestões. Aos amigos Álvaro Crósta, Aderbal Correia, Wellington Borges, Emilson Leite, Alexandre Jorge, George Sand, Luciano Kozen, Henrique Dal Pozzo e os outros que porventura eu tenha esquecido o nome, mas que me lembrarei depois com certeza. À minha irmã, Michelle Russo Bendelak, pela amizade e carinho. Ao meu pai, Teobaldo Contente Bendelak e à minha mãe Celeste Russo Bendelak, pelo amor e apoio que me deram durante todos os momentos de minha vida. À minha amada esposa Nilma Sarubbi Bendelak por seus conselhos e por ser uma pessoa maravilhosa, amorosa e compreensiva. A Deus, por tudo.

Índice Lista de figuras Lista de tabelas 1 Introdução 01 1.1 - Considerações gerais 01 1.2 - Objetivos e justificativas 02 1.3 - Área de estudo 03 1.4 - Aspectos fisiográficos 03 2 Contexto geológico e geotectônico 05 2.1 - Geologia regional 05 2.1.1 - O Maciço de Tróia 06 2.1.2 - O Maciço Rio Piranhas 08 2.1.3 - Faixa de dobramentos Jaguaribeana 09 2.1.4 - Faixa de dobramentos Piancó-Alto Brígida 11 2.1.5 - Os terrenos Meso-Cenozóicos 12 2.2 Geologia local 12 2.2.1 - Complexo Cruzeta 15 2.2.2 - Complexo Granjeiro 16 2.2.3 - Complexo Ceará 17 2.2.4 - Rochas plutônicas do Paleoproterozóico 17 2.2.5 - Grupo Orós 18 2.2.6 - Grupo Cachoeirinha 19 2.2.7 - Granitóides do Neoproterozóico 19 2.2.8 - Grupo Rio Jucá 20 2.2.9 - Grupo Iguatu 21 2.2.10 - Diques básicos Mesozóicos 23 2.2.11 - Formação Moura 23 2.2.12 - Coberturas colúvio-eluviais 23 2.2.13 - Aluviões 24 2.3 Geologia estrutural 24 2.4 Modelo tectônico 26 2.5 Alteração hidrotermal 28 2.5.1 - Introdução 28 2.5.2 Principais produtos de alteração 30 2.5.3 Processos devidos à alteração hidrotermal 30 2.5.4 Classificação de alterações hidrotermais 32 2.6 Mineralizações de ouro conhecidas na região 34 3 Dados utilizados 36 3.1 Imagens LandSat 5/TM 36 3.2 Cartas topográficas 40 3.2.1 Características das cartas topográficas 41 3.3 - Dados aerogeofísicos 42 3.3.1 Dados magnetométricos 45 3.3.2 Dados gamaespectrométricos 47 3.4 Mapas geológicos e metalogenéticos 48 3.5 Fluxograma de atividades 50

4 - Sensoriamento remoto 51 4.1 Evolução 51 4.2 Espectro Eletromagnético 52 4.3 Fontes de radiação eletromagnética 54 4.4 Atenuações atmosféricas 55 4.5 Sistemas sensores 55 4.6 Sistemas orbitais 55 4.7 Processamento digital de imagens 57 4.8 Característica das imagens de sensoriamento remoto 57 4.9 Histograma 59 4.10 Técnicas de processamento 59 5 Modelagem digital de elevação do terreno 64 5.1 Introdução 64 5.2 Conceitos sobre modelos digitais 64 5.3 Aquisição de dados 65 5.4 Digitalização dos dados disponíveis 66 5.5 Geração de malhas regulares 69 5.6 Representação do modelo digital de elevação 72 6 Aerogeofísica 74 6.1 Magnetometria 74 6.1.1 Introdução 74 6.1.2 O campo magnético terrestre 75 6.1.3 Propriedades magnéticas dos minerais 77 6.1.4 Magnetômetros 78 6.1.5 Pré-processamento dos dados 80 6.1.6 Processamento dos dados magnetométricos 83 6.2 Gamaespectrometria 88 6.2.1 Introdução 88 6.2.2 Pré-processamento dos dados 90 6.2.3 Processamento dos dados gamaespectrométricos 91 7 Resultados e discussões 94 7.1 Imagens multiespectrais do Landsat 5/TM 94 7.1.1 Composições coloridas 94 7.1.2 Razão entre bandas 101 7.1.3 Análise por principais componentes 104 7.1.4 Análise de lineamentos estruturais 106 7.1.5 Balanced Contrast Enhancement Technique (BCET) 108 7.1.6 Técnica Feature - Oriented Principal Component Selection (FPCS) 109 7.2 Interpretação das imagens aerogeofísicas gamaespectrométricas 111 7.2.1 Canais radiométricos de U, Th e K 113 7.2.2 Razão entre os canais radiométricos 115 7.2.3 Diferenciação litológica utilizando dados aerogamaespectrométricos 118 7.3 Interpretação das imagens aeromagnéticas 121 7.3.1 Imagem do campo magnético residual em falsa cor 122 7.3.2 Filtros de continuação para cima 124 7.3.3 Filtro de redução ao equador 124 7.3.4 Filtros de derivadas verticais 126 7.3.5 Sinal analítico 126 7.4 Modelo digital de elevação 127

8 - Integração dos resultados 132 8.1 Introdução 132 8.2 Interpretação das imagens e elaboração de mapa geológico 132 8.3 Integração da imagem de satélite com os dados aeromagnéticos 134 8.4 Integração entre dados gamaespectrométricos e Landsat-5/TM 137 8.5 Integração de dados magnéticos e gamaespectrométricos 139 8.6 Integração de dados magnéticos, gamaespectrométricos e Landsat 5/TM 151 8.7 Etapa de campo 168 9 Conclusões 172 10 - Bibliografia 175 OBSERVAÇÃO: ACOMPANHAM O VOLUME IMPRESSO DESSA TESE DE DOUTORADO 4 TRANSPARÊNCIAS A SEREM UTILIZADAS PARA VISUALIZAÇÃO DAS PRINCIPAIS ESTRUTURAS GEOLÓGICAS E LINEAMENTOS DA REGIÃO DE ESTUDO, E DAS PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS DE MINERALIZAÇÕES E POSSÍVEIS ZONAS DE HIDROTERMALISMO. OS MAPAS REPRESENTADOS NESTAS TRANSPARÊNCIAS ENCONTRAM-SE NA MESMA ESCALA DOS MAPAS DO CAPÍTULO 8.

Lista de figuras Figura 1.1 Mapa de contorno do Estado do Ceará, com a localização geográfica da Folha Iguatu representada por uma composição colorida em RGB das bandas 321do satélite Landsat 5/TM. 04 Figura 2.1 Províncias Estruturais do Brasil (seg. Almeida et al., 1977). 1 Rio Branco; 2 Tapajós; 3 São Francisco; 4 Tocantins; 5 Mantiqueira; 6 Borborema; 7 Amazônica; 8 Parnaíba; 9 Paraná; 10 Província Costeira e Margem Continental. (Modificado de Vasconcelos et al.; 1998) 06 Figura 2.2 Principais elementos geológicos da Província Borborema, modificado de Vasconcelos et al. (1998) 07 Figura 2.3 Mapa geológico simplificado da Folha Iguatu (modificado de Vasconcelos et al., 1998). 15 Figura 2.4 Bacias sedimentares mesozóicas da Folha Iguatu (1 - Iguatu; 2 - Malhada Vermelha; 3 - Lima Campos; 4 - Lavras da Mangabeira; 5 - Bastiões) 21 Figura 2.5 Elementos estruturais e domínios tectônicos da Folha Iguatu, modificado de Vasconcelos et al. (1998) 25 Figura 2.6 - Modelo esquemático simplificado dos principais estágios da evolução tectono-estrutural na área estudada. (Vasconcelos et al., 1998) 27 Figura 2.7 - Associações de minerais de alteração comuns em sistemas hidrotermais (Cobertt e Leach, 1998). 33 Figura 3.1 Localização das imagens sobre o estado do Ceará, com as respectivas órbitas e pontos. 37 Figura 3.2 - Imagens brutas do satélite Landsat 5/TM em RGB321 217/64 de 22 de agosto de 1988 38 Figura 3.3 - Imagens brutas do satélite Landsat 5/TM em RGB321 217/65 de 24 de agosto de 1992 38 Figura 3.4 Imagens 217/64 e 217/65 do satélite Landsat 5/TM corrigidas e representadas por uma composição colorida RGB 321, com a área de estudo (Folha Iguatu) representada pela banda 4 em falsa cor sobreposta às composições coloridas. 39 Figura 3.5 Localização das cartas plani-altimétricas utilizadas neste trabalho. 41 Figura 3.6 Mapa representativo das curvas de nível retiradas das cartas topográficas em escala 1:100000, que foram utilizadas para a confecção de um modelo digital de elevação do terreno proposto para a área. 42 Figura 3.7 - Localização dos dados aerogeofísicos do Projeto Iguatu. 43 Figura 3.8 Foto ilustrativa de um avião de aerolevantamento. 46 Figura 3.9 Dados magnetométricos representados por uma imagem do campo magnético residual sem correções em falsa cor, abrangendo toda a área do Projeto Iguatu (Encal S/A 1977) e com a área inserida sobre a folha Iguatu contornada em vermelho e sombreada. 46 Figura 3.10 Dados gamaespectrométricos representados por uma imagem do canal radiométrico de contagem total em falsa cor, abrangendo toda a área do Projeto Iguatu (Encal S/A 1977) e com a área inserida sobre a folha Iguatu contornada por uma linha vermelha e sombreada. 48 Figura 3.11 Mapa geológico simplificado da Folha Iguatu (SB-24.Y.B) baseado no mapa proposto por Vasconcelos et al ;(1998) através do Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil. 49 Figura 3.12 - Fluxograma representando as etapas de desenvolvimento do trabalho. 50

Figura 4.1 - Trajetórias e interações da radiação eletromagnética entre a fonte e o sensor. 52 Figura 4.2 Representação gráfica da radiação eletromagnética. 53 Figura 4.3 Esquema do espectro eletromagnético. 54 Figura 5.1 Tipos de pontos amostrais: a) Irregular, b) Aerolevantamento, c) Regular e d) Pela Drenagem 66 Figura 5.2 Representação das cartas topográficas em escala 1:100000 utilizadas na confecção do modelo digital de elevação do terreno, que estão inseridas na área de estudo composta pela folha Iguatu em escala 1:250000 67 Figura 5.3 - Carta topográfica Cedro (SB24-Y-B-VI) transformada para o formato digital e utilizada no processo de vetorização das curvas de nível para a formação do banco de dados do modelo digital de elevação do terreno proposto para a área de estudo. 69 Figura 5.4 Curvas de nível digitalizadas a partir das cartas topográficas em escala 1:100000. 70 Figura 5.5 Representação em cores da malha regular gerada com as curvas de nível no formato digital, onde a cor azul representa a menor altitude e a cor vermelha a maior. 73 Figura 5.6 Representação do modelo digital de elevação em falsa cor, com exagero vertical de 2000%, onde as maiores altitudes estão representadas pela cor rosa e as mais baixas pela cor azul. 73 Figura 6.1 Campo magnético da Terra aproximado a um dipolo. 76 Figura 6.2 Elementos do campo magnético da Terra. 77 Figura 6.3 Princípio do magnetômetro fluxgate. 79 Figura 6.4 Magnetômetro de vapor de rubídio. 80 Figura 6.5 - Uma onda senóide de alta freqüência representada pela linha tracejada, dependendo da escolha de pontos amostrais, sobre ela representados por círculos negros, pode induzir a interpretações semelhantes a ondas de freqüência mais baixas representadas pela linha contínua. Modificado de Davis (1986). 82 Figura 6.6 - A) Representação de uma linha deslocada para SE; B) Linhas sobrepostas e sem o espaçamento padrão de 1 km proposto no levantamento; C) Linhas de vôo truncadas e com erro de posicionamento; D) Linhas de vôo com deslocamento para NW. 82 Figura 6.7 A) dados magnéticos antes da correção das linhas de vôo. B) dados magnéticos depois da correção das linhas de vôo C) imagem gerada da subtração da grade original pela grade com as linhas corrigidas, realçando apenas as linhas modificadas pela correção. 84 Figura 6.8 - Janela de energia de gamaespectrometria entre 0 e 3 MeV. 89 Figura 7.1 Gráficos representando as combinações entre as 6 bandas das duas imagens Landsat 5/TM utilizadas (A-217/64 e B-217/65) e os valores calculados para o OIF (Optimum Index Factor). 95 Figura 7.2 - Composição colorida 357 RGB, onde pode ser observada a maior quantidade de informações espectrais não correlacionáveis entre as 6 bandas estudadas nas duas imagens. 96 Figura 7.3 Área de detalhe da composição colorida 357 RGB para uma melhor visualização das informações contidas nesta imagem. 96 Figura 7.4 - Composição colorida 147 RGB, onde pode ser observada a maior diferenciação entre as litologias de uma área com características áridas. 97 Figura 7.5 - Composição colorida 135 RGB, bastante utilizada para a

diferenciação de litologia. 98 Figura 7.6 - Composição colorida 543 RGB, útil para a interpretação fotogeológica da área. 98 Figura 7.7 - Composição colorida 157 RGB, representa a predominância dos minerais ricos em hidroxila nos tons claros da imagem. 99 Figura 7.8 - Composição colorida 431 RGB, serve par definir solos ricos em óxido de ferro. 99 Figura 7.9 Detalhe da composição colorida 431 RGB demonstrando os contatos litológicos que podem ser observados na imagem, favorecendo a interpretação fotogeológica e a identificação de áreas com possíveis concentrações de óxidos de ferro. 100 Figura 7.10 Detalhe da composição colorida 431 RGB, onde podem ser vistos os contatos litológicos com linhas de contorno coloridas, elaborados a partir da interpretação fotogeológica das composições coloridas utilizadas neste 101 trabalho. Figura 7.11 - Razão 1/5, utilizada para realçar a litologia bem exposta (tons claros) e a rugosidade do terreno (tons mais escuros) 102 Figura 7.12 - Razão (4-3)/(4+3), utilizada para realçar a localização e quantificar a abundância de vegetação, que é mais abundante nos tons mais escuros da imagem. 102 Figura 7.13 - Razão 5/7, utilizada para realçar minerais ricos em hidroxilas e carbonatos na forma de tons claros. 103 Figura 7.14 - Razão 3/1, utilizada para realçar minerais ricos em óxido de ferro na forma de tons claros. 103 Figura 7.15 Imagem da primeira principal componente em tons de cinza obtida das seis bandas (1 a 5 e 7) representando as informações diferentes contidas nas 6 bandas. 104 Figura 7.16 Imagem da sexta principal componente em tons de cinza obtida das seis bandas (1 a 5 e 7) representando as informações similares contidas nas 6 bandas, caracterizando o ruído contido nas imagens. 105 Figura 7.17 Composição colorida composta pelas PC1, PC2 e PC3 em RGB obtidas das seis bandas (1 a 5 e 7) representando informações sobre a drenagem e diferenças na litologia da área de estudo. 105 Figura 7.18 Mapa retirado das imagens apresentando lineamentos estruturais, zonas de falha e dobras. 107 Figura 7.19 Diagramas em roseta representativos dos lineamentos contidos na área de estudo.: A Zonas de falhamento com influência regional, B Foliação principal com direção NE-SW, C Foliação secundaria com direção NW-SE, D Todas as estruturas (3703 lineamentos). 107 Figura 7.20 - composição colorida 531 com a técnica de BCET (Balanced Contrast Enhancement Technique), desenvolvida por Liu (1991). 109 Figura 7.21 Composição colorida resultante da Técnica Feature - Oriented Principal Component Selection combinada à banda 4 no canal de intensidade, mostrando áreas com zonas de concentrações de minerais ricos na molécula hidroxila com coloração avermelhada, concentrações de óxidos e hidróxidos de ferro em tons azulados e as áreas de possíveis alterações hidrotermais em branco. Figura 7.22 Detalhe retirado da figura 7.20 onde as áreas brancas podem representar zonas de alteração hidrotermal e o x amarelo representa o ponto mineralizado em ouro presente na região (Mina de fortuna). 112 112

Figura 7.23 - Imagem em falsa cor do canal de urânio em contagem por segundo (CPS). A imagem está dividida em três domínios de acordo com a intensidade das anomalias. 114 Figura 7.24 - Imagem em falsa cor do canal de tório em contagem por segundo (CPS). A imagem está dividida em três domínios de acordo com a intensidade das anomalias. 114 Figura 7.25 Imagem em falsa cor do canal de potássio em contagem por segundo (CPS). A imagem está dividida em três domínios de acordo com a intensidade das anomalias. 115 Figura 7.26 Razão entre os canais radiométricos de urânio e potássio. 116 Figura 7.27 Razão entre os canais radiométricos de tório e urânio. 116 Figura 7.28 Razão entre os canais radiométricos de potássio e tório, com a área mineralizada em ouro conhecida na região marcada pelo quadro. 117 Figura 7.29 - Detalhe da figura 7.28 mostrando o ponto mineralizado em ouro (mina de Fortuna) representado sobre a anomalia na razão entre os canais do K e Th. 117 Figura 7.30 - Imagem em falsa cor de contagem total com o mapa de contorno litológico interpretado das imagens de satélite superposto. 119 Figura 7.31 - Composição colorida em RGB dos canais radiométricos de U, K e Th com um gráfico de cores triangular para melhor visualização das combinações entre os radioelementos presentes na imagem. 119 Figura 7.32 Classificação não supervisionada utilizando os canais radiométricos de U, K, Th, Contagem Total e as razões U/K, Th/U e K/Th, subdividida em 19 classes representadas por cores diferentes na imagem. 121 Figura 7.33 A) Espectro da imagem original.; B) Espectro da imagem com filtro 0.5; C) Espectro da imagem com filtro 1.5; D) Espectro da imagem com filtro 2.0. 122 Figura 7.34 Imagem em falsa cor, do campo magnético residual, após os processos de correção da etapa de pré-processamento. 122 Figura 7.35 Imagem do campo magnético residual em falsa cor combinada a estruturas da área. 123 Figura 7.36 - Imagem do campo magnético residual com filtro de continuação para cima, apresentando as medidas a 1000m, combinada a lineamentos estruturais de grande porte encontrados na área e que estão representados na imagem. 125 Figura 7.37 - Imagem do campo magnético residual com filtro de redução ao equador combinada a lineamentos estruturais de grande porte encontrados na área, e que estão representados na imagem. 125 Figura 7.38 Imagem do campo magnético residual com filtro de primeira derivada vertical, combinada a lineamentos estruturais de grande porte encontrados na área, representados na imagem. 127 Figura 7.39 Imagem em falsa cor da amplitude do sinal analítico do campo magnético residual, combinada a lineamentos estruturais de grande porte encontrados na área e que estão representados na imagem. 128 Figura 7.40 - A) Imagem representativa dos dados de altimetria retirados das cartas topográficas em escala 1:100000, onde as áreas com maiores altitudes estão representadas pela cor vermelha e as mais baixas pela cor azul, do qual foi elaborado o MDE da folha Iguatu. B) Modelo digital de elevação do terreno proposto para a área com exagero vertical de 2000% C) Ponto utilizado para a visualização e comparação entre o modelo digital de elevação e fotos

mostrando a realidade da topografia da área de estudo. 129 Figura 7.41 A) composição de 3 fotos da área com a visualização do horizonte no ponto C da Figura 7.40 com vista na direção W. B) Representação no modelo digital de elevação em falsa cor com as maiores altitudes em vermelho e as menores em azul da região visualizada nas fotos anteriores. C) Representação no modelo digital de elevação primeiro combinado a uma composição colorida (321 RGB) 131 Figura 8.1 Mapa geológico elaborado com a interpretação das imagens de satélite integrada aos dados aerogeofísicos. 133 Figura 8.2 Imagem em tons de cinza representando a primeira derivada vertical do campo magnético residual combinado aos lineamentos retirados da imagens Landsat 5-TM 135 Figura 8.3 Vista em perspectiva mostrando o modelo digital de elevação combinado com o campo magnético residual em pseudo cor e com os lineamentos retirados da área. 136 Figura 8.4 Composição colorida dos canais U, K e Th em RGB combinado com a banda 4 no canal de intensidade, representando as informações sobre o relevo. 138 Figura 8.5 Composição colorida dos canais U, K e Th em RGB, combinada com os contatos litológicos e as mega-estruturas da área, superposta ao modelo digital de elevação. 140 Figura 8.6 Composição colorida RGB dos canais de U, K e Th superposta ao campo magnético residual no canal de intensidade tendo superpostos os lineamentos estruturais retirados tanto de imagens de satélite como de dados geofísicos. 141 Figura 8.7 Exemplos de mapas de localização de pontos mineralizados. 143 Figura 8.8 Mapa do campo magnético residual em tons de cinza, mostrando os pontos de ocorrências de ferro em vermelho. 144 Figura 8.9 Área em detalhe com o campo magnético residual em falsa cor e os pontos pretos identificando ocorrências de ferro. 145 Figura 8.10 Sinal analítico do campo magnético residual em falsa cor, com os pontos pretos identificando ocorrências de ferro. 145 Figura 8.11 Contagem total em falsa cor e os pontos pretos identificando ocorrências de ferro. 146 Figura 8.12 Canal gamaespectrométrico de potássio em falsa cor e os pontos pretos identificando ocorrências de ferro 146 Figura 8.13 Canal gamaespectrométrico de tório em falsa cor e os pontos pretos identificando ocorrências de ferro. 147 Figura 8.14 Canal gamaespectrométrico de urânio em falsa cor e os pontos pretos identificando ocorrências de ferro. 147 Figura 8.15 Razão entre os canais K/Th em falsa cor e os pontos pretos identificando ocorrências de ferro. 147 Figura 8.16 Razão entre os canais U/Th em falsa cor e os pontos pretos identificando ocorrências de ferro. 147 Figura 8.17 Razão entre os canais K/U em falsa cor e os pontos pretos identificando ocorrências de ferro. 147 Figura 8.18 - Sinal analítico em pseudocor com o perfil representativo sobre duas ocorrências de ferro em ambientes distintos. 147 Figura 8.19 Perfil AB da figura 8.18 na forma gráfica com os respectivos valores para o campo magnético residual (MAG), sinal analítico (SA),

contagem total (CT), canais radiométricos (K, U, Th) e suas razões (K/Th U/Th e U/K). Os pontos pretos representam o ponto central das áreas mineralizadas em Fe. 149 Figura 8.20 Mapa de possíveis mineralizações da folha Iguatu. 150 Figura 8.21 Pontos ricos em ametista combinados às interpretações de áreas de possíveis alterações hidrotermais retiradas das imagens de satélite. 152 Figura 8.22 Imagem resultante do processamento da Técnica PCFS mostrando na área central em branco uma possível área de alteração hidrotermal onde está localizada a mina de Fortuna. 153 Figura 8.23 Imagem resultante da razão entre as bandas dos canais radiométricos de K e Th mostrando na área central em vermelho uma possível área de alteração hidrotermal onde está localizada a mina de Fortuna, com mesma escala da Figura 8.22. 153 Figura 8.24 Ponto de exploração de ouro (Mina de Fortuna) e a localização do perfil AB. 153 Figura 8.25 Perfil representado na figura 8.25 dos canais radiométricos de contagem total (CT), potássio (K), tório (Th) e urânio (U) 155 Figura 8.26 Perfil representado na figura 8.25 das razões entre os canais radiométricos de potássio (K), tório (Th) e urânio (U) 156 Figura 8.27 Perfil representado na figura 8.25 do campo magnético residual e do sinal analítico obtido com este campo. 156 Figura 8.28 Imagem representativa da técnica FPCS com as regiões com maiores concentrações de óxido de ferro contornadas pela cor azul, argilominerais contornadas pela cor vermelha e as possíveis alterações hidrotermais contornadas pela cor amarela. 158 Figura 8.29 Imagem representativa da técnica FPCS sobreposta ao modelo digital de elevação do terreno (MDE) vista em planta, com as regiões com maiores concentrações de óxido de ferro contornadas pela cor azul, argilominerais contornadas pela cor vermelha e as possíveis alterações hidrotermais contornadas pela cor amarela. 159 Figura 8.30 Imagem representativa da técnica FPCS sobreposta ao modelo digital de elevação do terreno (MDE) vista em perspectiva e com um exagero vertical de 1500%. 160 Figura 8.31 Imagem representativa da razão K/Th em falsa cor, integrada ao modelo digital de elevação do terreno (MDE) vista em planta, com as regiões com maiores concentrações de óxido de ferro contornadas pela cor azul, argilominerais contornadas pela cor vermelha e as possíveis alterações hidrotermais contornadas pela cor amarela. 162 Figura 8.32 Imagem representativa da técnica FPCS combinada com a razão K/Th, sobrepostas ao modelo digital de elevação do terreno (MDE) vista em perspectiva e com um exagero vertical de 1500%. 163 Figura 8.33 Imagem do campo magnético residual em tons de cinza com os lineamentos estruturais e as regiões com maiores concentrações de óxido de ferro contornadas pela cor azul, argilo-minerais contornadas pela cor vermelha e as possíveis alterações hidrotermais contornadas pela cor amarela. 164 Figura 8.34 Imagem representativa da técnica FPCS combinada ao campo magnético residual sobrepostos ao modelo digital de elevação do terreno (MDE) vista em perspectiva e com um exagero vertical de 1500%. 165 Figura 8.35 - Detalhe do ponto mineralizado sobreposto pelas interpretações mostrando três pontos demarcados com o GPS na etapa de campo. 166

Figura 8.36 Mapa de lineamentos contendo as regiões com maiores concentrações de óxido de ferro contornadas pela cor azul, argilo-minerais contornadas pela cor vermelha e possíveis zonas de alteração hidrotermal contornadas pela cor amarela. 167 Figura 8.37 Foto do açude construído na área do ponto 4 da figura 8.26 caracterizado como um ponto de interesse para o estudo de possíveis alterações hidrotermais. 168 Figura 8.38 Foto da principal frente de lavra do garimpo, agora desativado. 169 Figura 8.39 1) Trincheira aberta por garimpeiros seguindo o veio de quartzo. 2) Detalhe mostrando o veio de quartzo mineralizado. 3) No ponto B, foram observados Box Works nos cristais de quartzo. 170 Figura 8.40 Amostra retirada de um veio de quartzo na mina de Fortuna CE, mostrando no ponto A um possível ponto contendo ouro e no ponto B Box Works. 171

Lista de tabelas Tabela II.I - Coluna estratigráfica proposta por Vasconcelos et al. (1998) 14 Tabela II.II - Produtos de processos de alteração hidrotermal relacionados às rochas 30 Tabela II.III - Comportamento típico dos elementos maiores durante a alteração hidrotermal em rochas vulcânicas reagindo com um fluido 31 Tabela III.I Análise estatística da imagem 217/64 40 Tabela III.II Análise estatística da imagem 217/65 40 Tabela III.III - Representação dos vértices dos polígonos, cujas coordenadas formam as subáreas I, II e III do projeto Iguatu 43 Tabela III.IV Características técnicas do Projeto Iguatu (Encal S/A 1977) 44 Tabela III.V Disposição dos canais radiométricos e magnetométricos nos arquivos do Projeto Iguatu fornecidos pela CNEN 45 Tabela IV.I Características do Landsat 56 Tabela V.I Tabela dos parâmetros estatísticos observados na grade regular gerada com a utilização do mapa plani-altimétrico em formato digital 72 Tabela VI.I - Janela de energia de gamaespectrometria 89 Tabela VII.I Valores de desvio padrão obtidos através da análise estatística das imagens 217/64 e 217/65 do Landsat 5/TM 94 Tabela VII.II Valores encontrados nos lineamentos das imagens divididos em grupos a cada 15 108 Tabela VII.III Coeficientes de autovetores para as bandas 1, 3, 4 e 5 (resposta espectral de óxidos e hidróxidos de Fe³ + ) da imagem 217/64 LandSat 5/TM 110 Tabela VII.IV Coeficientes de autovetores para as bandas 1, 4, 5 e 7 (resposta espectral dos minerais portadores da molécula hidroxila) da imagem 217/64 LandSat 5/TM 110 Tabela VII.V Coeficientes de autovetores para as bandas 1, 3, 4 e 5 (resposta espectral de óxidos e hidróxidos de Fe³ + ) da imagem 217/65 LandSat 5/TM 110 Tabela VII.VI Coeficientes de autovetores para as bandas 1, 4, 5 e 7 (resposta espectral dos minerais portadores da molécula hidroxila) da imagem 217/65 LandSat 5/TM 110 Tabela VIII.I Lista resumida dos minerais observados por Bendelak (1999) com o número de ocorrências para cada mineral 142 Tabela VIII.II Lista resumida dos minerais observados por Bendelak (1999) com o número de ocorrências para cada mineral e os pontos com possíveis mineralizações relacionadas a cada mineral obtidas pelo processamento dos dados 148 Tabela VIII.IV Valores dos canais radiométricos, razões entre os elementos e magnéticos (campo residual e sinal analítico) encontrados sobre o ponto mineralizado com ouro 154

1 Introdução 1.1. - Considerações gerais O conhecimento sobre as ocorrências de ouro do Estado do Ceará é ainda limitado, necessitando de pesquisas sobre sua distribuição, gênese e forma de ocorrência. Existem poucas informações sobre mineralizações de ouro primário e as investigações nos depósitos detríticos são superficiais e em áreas muito restritas. Apesar de vários indícios e faixas mineralizadas conhecidas, o Estado do Ceará tem se mostrado pouco atrativo para a mineração de ouro, devido ao elevado grau metamórfico das rochas do seu embasamento cristalino, bem como ao precário conhecimento geológico deste embasamento, com poucos mapas geológicos em escalas de detalhe como 1:100.000 a 1:50.000. No Estado do Ceará é comum a ocorrência de faixas contendo anfibolitos e metabasitos, com evidências de agentes concentradores de minerais com importância econômica, como metassomatismo e hidrotermalismo. Estas ocorrências muitas vezes estão associadas com falhamentos de caráter regional. Tais características reforçam a idéia do potencial favorável para mineralizações auríferas, potencial este atestado pelas várias ocorrências de ouro em municípios da região. Esse conjunto de fatores justifica uma pesquisa mais aprofundada focalizando as mineralizações auríferas neste estado. As tecnologias de sensoriamento remoto multiespectral aplicadas ao estudo dos recursos minerais vêm sendo utilizadas e desenvolvidas desde o início dos anos 70. Os sensores remotos que operam nas faixas do visível, infravermelho próximo e termal do espectro eletromagnético são capazes de produzir informações espectrais e texturais sinópticas em âmbito regional, possibilitando desta forma a interpretação da geologia e geomorfologia das superfícies imageadas. Os dados geofísicos obtidos por sensores aerotransportados vêm sendo utilizados em conjunto com as informações de sensores remotos, contribuindo significativamente para o mapeamento geológico de grandes áreas, auxiliando nos trabalhos exploratórios para metais básicos e preciosos. A literatura apresenta diversos trabalhos utilizando dados de sensores remotos e aerogeofísicos (magnetométricos e/ou aerogamaespectrométricos) de forma integrada como subsídio a estudos geológicos. Entre eles se encontram Isles et al. (1990), Liu (1991) Valente e Veneziani (1993), Rolim et al. (1993), Duarte (1998), Castro (1997), Cainzos et 1

al. (1997), Klein et al. (1997), Osako et al. (1997), Castro et al. (1997), Oliveira e Rodrigues (1997), Davis et al. (1997), Soriga et al. (1997), Garcia et al. (1998) e Osako e Amaral (1998). Muitos desses estudos vêm demonstrando o valor da integração destes dados na localização de estruturas em terrenos de diversas naturezas (Anderson e Nash, 1997; Leber e Häusler, 1997; Bullock e Isles, 1994; Lima, 1993), no estudo de mineralizações auríferas (Soriga, op cit.; Nash, 1994; Dow e Gemuts, 1967; Dentith et al. 1993) e no mapeamento de seqüências vulcano-sedimentares do Proterozóico (Nash et al. 1996). Segundo Gonzalez e Wintz (1987), os melhores resultados na aplicação de imagens multiespectrais de satélite em mapeamentos geológicos são geralmente obtidos em áreas de clima árido, uma vez que a vegetação é geralmente esparsa e de pequeno porte, não encobrindo excessivamente os afloramentos rochosos. Estas características são encontradas na área de estudo e favorecem a aplicação destas técnicas para prospecção mineral na região. 1.2 Objetivos e justificativas Este trabalho tem como objetivo caracterizar geofisicamente áreas favoráveis à ocorrência de mineralizações de importância econômica, utilizando como área de estudo a região inserida na folha Iguatu em escala 1:250.000, no centro sul do Estado do Ceará. É abordada a utilização conjunta de três tipos de informações (geológicas, aerogeofísicas e Landsat/TM), com enfoque principal no estudo da distribuição de zonas de alteração com possíveis mineralizações auríferas. São analisados tanto os aspectos estruturais, possíveis condicionantes das mineralizações auríferas, através da análise das informações texturais das imagens Landsat/TM e dados magnetométricos, quanto os aspectos litológicos e mineralógicos. Além destes aspectos, as informações tonais obtidas de imagens Landsat/TM e de dados gamaespectrométricos servem para identificar evidências de possíveis assinaturas das zonas favoráveis a mineralizações contidas nesses dados. Nos últimos anos o conhecimento geológico do Brasil sofreu um considerável avanço, graças aos diversos levantamentos de prospecção geoquímica e geofísica e mapeamentos geológicos em diferentes escalas. O presente trabalho visa a extração da 2

maior quantidade possível de informações a partir desses dados preexistentes, aplicando e testando técnicas modernas de processamento e análise, visando a otimização de custos em eventuais campanhas de prospecção mineral para ouro na região, e busca contribuir para o conhecimento geológico da área. 1.3 - Área de estudo Para este estudo foi selecionada uma área onde são conhecidas algumas ocorrências minerais de ouro, situada no sul do Estado do Ceará, inserida na folha Iguatu. Esta folha é delimitada pelas coordenadas: 40º30 00 W, 6º00 00 S; 39º00 00 W, 6º00 00 S; 39º00 00 W, 7º00 00 S; 40º30 00 W, 7º00 00 S (Figura 1.1). A área de estudo foi mapeada pela CPRM em 1980, através do Projeto Lavras da Mangabeira, realizado em convênio com o DNPM, nas escalas de 1:250.000 e 1:100.000, com algumas sub-áreas detalhadas em 1:50.000. Em 1998 foi concluído pela CPRM um novo mapeamento da Folha Iguatu na escala 1:250.000, que fará parte do novo mapa geológico do Ceará em escala 1:1.000.000. Os resultados deste mapeamento auxiliaram na interpretação dos corpos geológicos, proporcionando uma base para comparação entre os dados pré-existentes e os resultados obtidos neste trabalho. A região da folha Iguatu apresenta características favoráveis à utilização de técnicas de sensoriamento remoto devido ao seu clima árido e reduzida cobertura vegetal (caatinga). 1.4 Aspectos fisiográficos A área estudada encontra-se localizada na região fisiográfica do sertão nordestino, cujo clima dominante é o semi-árido, com duas estações bem definidas: uma chuvosa com precipitações pluviométricas de janeiro a maio (com máximas nos meses de março e abril) e a outra seca no restante do ano. Normalmente as chuvas são irregulares, principalmente nas regiões mais planas. As precipitações médias anuais oscilam em torno de 800 mm, sendo que nas zonas de elevada altitude superam os 1.000 mm anuais. A temperatura na região estudada oscila entre 20 e 38 C, com médias entre 27 e 28 C. O vento na região é predominantemente leste-oeste, atingindo maior velocidade no mês de outubro e menor no mês de abril. 3

Figura 1.1 Mapa de contorno do estado do Ceará, com a localização geográfica da Folha Iguatu representada por uma composição colorida em RGB das bandas 321do satélite Landsat 5/TM. A vegetação predominante na região é a caatinga, típica do semi-árido nordestino, com domínio de cactáceos e remanescentes arbóreos de médio porte. A drenagem dominante é do tipo dendrítica e muito densa, em função da impermeabilidade dos terrenos cristalinos. A carência de recursos hídricos está ligada ao clima semi-árido e a escassez de chuvas contribui para que os cursos d água sejam intermitentes, irregulares e de fraquíssimo potencial energético. Na região, o solo é condicionado pela litologia. Onde predominam rochas cristalinas, como gnaisses, migmatitos e granitos, os solos assumem tonalidades claras e composição arenosa e ou areno-argilosa. Já os solos derivados de filitos e micaxistos são argilosos, com coloração avermelhada, apresentando óxido de ferro e cascalhos de granulometria variada, oriundos da desagregação de veios de quartzo. Nos aluviões, principalmente nos sedimentos contendo argila, bem como sobre rochas básicas e ultrabásicas, o solo assume coloração cinza e marrom escuro, respectivamente, e conteúdo altamente argiloso. 4

2 Contexto geológico e geotectônico 2.1 - Geologia regional O trabalho realizado por Vasconcelos et al. (1998) sobre a área de estudo (Folha Iguatu) com mapeamento geológico na escala de 1:250.000 serviu como base para a caracterização geológica deste trabalho tendo em vista ser o mais detalhado sobre a região. A folha Iguatu está inserida na Província Borborema (Figura 2.1) que ocupa grande parte dos terrenos do nordeste brasileiro. Esta província é caracterizada por intrincadas evoluções geológicas de rochas com idade arqueano-proterozóicas, podendo ser observadas feições estruturais e plutonismo granitóide diretamente relacionados ao Ciclo Brasiliano (Neoproterozóico). Vários autores vêm estudando as rochas desta região, no que diz respeito ao metamorfismo e chegando a conclusões diferenciadas. Novas proposições foram feitas por Brito Neves et al. (2000 e 2001) e Van Schmus et al. (2003), que concordam em parte com proposições feitas anteriormente por outros autores, mas como são de âmbito regional, preferiu-se utilizar o trabalho de Vasconcelos et al (1998) por ter sido feito sobre a área de estudo, levando em conta as características locais da geologia observada. Para Jardim de Sá e Hackspacher (1980), Souza et al. (1979) e Jardim de Sá (1987 e 1988) os cinturões de xistos (Grupos Seridó e Cachoeirinha, e Complexo Casa Nova) sofreram a influência de processos deformacionais e metamórficos no Paleoproterozóico. Em contra partida, Brito Neves (1975) e Almeida et al. (1976) defendem para estas rochas uma evolução completa no Ciclo Brasiliano. Foram feitas observações por Caby (1985) e Arcanjo e Salim (1986) que sugerem sucessões paleoproterozóicas, relacionadas aos estágios finais de intrusões granitóides anorogênicas e características deformacionais do Neoproterozóico, nestas rochas. Em 1981, Brito Neves observou processos vulcano-sedimentares, deformacionais e metamórficos combinados, em rochas localizadas nas faixas de dobramentos Sergipana e Médio Coreaú, inclusas em sucessões molássicas e em feições de plutonismo granitóide. Estudando os Grupos Ceará, Martinópole e Cachoeirinha, Cavalcante et al. (1983) propuseram uma evolução ocorrida no Mesoproterozóico para estes grupos, combinada a processos deformacionais e metamórficos. 5

Podem ser observados na Província Borborema maciços gnáissico-migmatíticograníticos formados entre o Arqueano e o Paleoproterozóico, com processos de retrabalhamento e inclusões granitóides do Neoproterozóico. Figura 2.1 Províncias Estruturais do Brasil (seg. Almeida et al., 1977). 1 Rio Branco; 2 Tapajós; 3 São Francisco; 4 Tocantins; 5 Mantiqueira; 6 Borborema; 7 Amazônica; 8 Parnaíba; 9 Paraná; 10 Província Costeira e Margem Continental. (Modificado de Vasconcelos et al; 1998) Regionalmente as rochas que compõem Província Borborema são muito variadas, sendo que as que possuem maior relação com as encontradas na Folha Iguatu (SB 24 Y B) estão inseridas nos maciços de Tróia e Rio Piranhas, nas faixas de dobramentos Jaguaribeana e Pianco-Alto Brígida, além de rochas sedimentares e ígneas básicas (Figura 2.2). 2.1.1 - O Maciço de Tróia Santos e Brito Neves (1984) e Brito Neves (1986), consideram o Maciço de Tróia formado por rochas de alto grau metamórfico com retrabalhamento no Ciclo Brasiliano e o classificam como um complexo gnáissico-migmatítico-granítico. Segundo Pessoa et al. (1986) o Maciço de Tróia seria formado pelo Grupo Cruzeta, unidades Pedra Banca e Mombaça com idades arqueanas e pelas unidades Tauá e granítica de Cedro do Paleoproterozóico. 6

Baseados nesta subdivisão, Oliveira e Cavalcante (1989 e 1993) consideram a seqüência de Tróia e Pedra Branca como divisões do Complexo Cruzeta e a unidade Mombaça similar ao complexo gnáissico-migmatítico. Figura 2.2 Principais elementos geológicos da Província Borborema, modificado de Vasconcelos et al, (1998) As idades encontradas para as unidades Tróia e Pedra Branca estão entre 2,8 e 2,54 Ba (Pessoa et al., 1986). Podem ser observadas rochas com 2,0 Ba, além das rochas relacionadas à unidade granítica de Cedro com cerca de 1,7 a 2,1 Ba. Para a unidade Mombaça, foram encontradas idades de 2,6 a 2,0 Ba (Pessoa et al., op cit.). As feições estruturais da área seguem direções SW-NE e SSW-NNE, concordantes as feições observadas no âmbito regional. Em estudos localizados realizados por Pessoa e Archanjo (1984) puderam ser observados três etapas de deformação. A primeira fase deformacional apresenta grau metamórfico do fácies xisto verde, com bandamento gnáissico penetrativo e impondo um paralelismo entre as estruturas primárias, seguida de uma fase metamórfica relacionada ao retrometamorfismo do fácies xisto verde, formando dobras recumbentes, estruturas em nappes e isoclinais invertidas e apertadas. A terceira fase contém dobramentos suaves com clivagem plano-axial espaça e irregular para NE. 7

2.1.2 - O Maciço Rio Piranhas Brito Neves (1975), classificou estas rochas como um maciço mediano e o subdividiu em três estágios, o inferior representado por rochas do Complexo São Vicente, seguido por rochas do Complexo Caicó, e o superior com rochas do Grupo Jucurutu. Em pontos restritos e localizados Hackspacher e Sá (1984) e Hackspacher et al. (1986) diferenciaram litoestratigraficamente o embasamento Caicó do Grupo Seridó, e reconheceram os grupos São Vicente e Caicó como unidades formadoras dos terrenos arqueanos. A partir de 1990, áreas datadas como arqueanas passaram a ser consideradas de idade paleoproterozóica. Para Hackspacher et al. (1990), Hackspacher et al. (1992) e Dantas et al. (1991) ocorreu a geração da crosta primitiva na Província Borborema no final do Arqueano. Para Dantas et al. (1991), a evolução do Complexo Caicó é marcada pelo metamorfismo do fácies anfibolito-alto, com características sin-tectônicas, associados à intensa migmatização. Para Macedo et al. (1991) a evolução do Complexo Caicó ocorreu entre 2,24 a 2,15 Ba, com um lapso de tempo de 100 a 150 Ma para a deposição e deformação do Grupo Seridó. Hackspacher et al. (1992) consideram o embasamento formado pela Formação Jucurutu, sobreposta pelos Grupos São Vicente e Caicó, anfibolitos e por uma seqüência granitóide, posicionados discordantemente sob a Formação Seridó. Nas regiões centrais e ocidentais formadas por gnaisses e migmatitos estão relacionadas as rochas da Formação Jucurutu, mas para Gomes et al. (1981) elas pertencem ao Complexo Nordestino, com segmentos da Formação Jucurutu e do Grupo Ceará. Jardim de Sá et al. (1982) encontraram um embasamento composto por gnaisses bandados e ortognaisses granodioríticos a tonalíticos, por debaixo do Grupo Ceará. Vasconcelos et al. (1998) subdividiram as rochas encontradas no Rio Grande do Norte em três seqüências, basal (metaconglomerados), média (xistos) e superior (quartzitos puros e com pirita). Para Bezerra et al. (1992) a área entre Jaguaribe(CE) e Limoeiro(CE), constitui uma zona transicional com a Faixa de Dobramentos Jaguaribeana, composta por gnaisses migmatíticos e uma seqüência supracrustal de metassedimentos. 8

As rochas mais antigas do Maciço Rio Piranhas apresentam grau metamórfico que varia do fácies anfibolito até a anatexia, superpostas por associações do fácies xisto-verde. Hackspacher e Sá (1984) observaram para o embasamento (complexos Caicó e São Vicente) três estágios deformacionais e para as supracrustais (Grupo Seridó) quatro, extensivas para o embasamento, em contra partida Jardim de Sá et al. (1982) observaram apenas duas para o embasamento e três para as supracrustais. Segundo Brito Neves (1975), as idades mais antigas estão entre 2,6 e 1,7 Ba, obtidas em rochas paleossomáticas e dioríticas. Outra idade de 1,03 Ba foi encontrada pelo mesmo autor na Zona de Cisalhamento Patos. Para Santos e Brito Neves (1984) as rochas do Maciço Rio Piranhas foram geradas no Transamazônico, com vestígios de protólitos arqueanos. 2.1.3 - Faixa de Dobramentos Jaguaribeana Brito Neves (1975) insere a Faixa de Dobramentos Jaguaribeana no Estado do Ceará com pequenas feições no Piauí e Pernambuco, representando a entidade de maior área e complexidade geológica da Província Borborema e a menos estudada em escalas de detalhe e semidetalhe. A faixa de dobramentos está geologicamente dividida em: a) Terrenos Gnáissico-Migmatíticos São constituídos pelos Complexo Caicó e Complexo Trindade. Denominações de Complexo Gnáissico-Migmatítico e Pré-Cambriano indiferenciado são utilizadas por Souza et al., (1986). Caby e Arthaud (1986) agruparam as rochas com características supracrustais e metassedimentares no Grupo Ceará e as consideraram produtos de deformações e metamorfismo do Brasiliano. Quanto à geocronologia esses terrenos, foram relacionados ao Paleo e Mesoproterozóico (Gomes et al., 1981) e ao Arqueano (Benevides, 1983 e 1984). b) Os Terrenos Supracrustais de Baixo a Alto Grau São representados por rochas metamórficas que chegam a atingir a anatexia, do Grupo Ceará. Para a Subfaixa Rio Curu-Independência, Barreto (1967) reconheceu, uma 9

seqüência parametamórfica de gnaisses migmatíticos com intercalações distintas, constituída pelos grupos Cruzeta, Independência e Ematuba. Brasil (1971) e Santos (1972) incluíram no Grupo Ceará, as supracrustais xistosas do Sistema de Dobramentos Jaguaribeano, reafirmadas em parte pela coluna estratigráfica de Braga et al. (1977). Gomes et al. (1981), Mendonça et al. (1982), Schobbenhaus (1982) e Santos et al. (1984) dividem as rochas do Grupo Ceará entre o Complexo Lavras da Mangabeira, Complexo Orós, Grupo Ceará e Grupo Cachoeirinha. Braga e Mendonça (1984) e Mendonça e Braga (1987) observam que o Grupo Orós, formado por rochas com características do fácies xisto verde e anfibolito baixo, está limitado por uma seqüência vulcano-sedimentar, e para Sá (1992) as meta-vulcânicas concentram-se na seção inferior do Grupo Orós e estão associadas a metagrauvacas e ortognaisses. Quanto às idades das rochas formadoras do Grupo Ceará podem ser consideradas do Paleo a Mesoproterozóico (Jardim de Sá, 1984; Benevides, 1984) ou do Pré-Cambriano Superior (Gomes et al., 1981 e Brasil, 1971), ou ainda Pré-Cambriano indiferenciado (Braga et al., 1977; Barbosa et al., 1977). As correlações litoestratigráficas são feitas com várias unidades como os grupos Seridó, Cachoeirinha, Salgueiro e Complexo Casa Nova. Cavalcante (1987) sugere uma mudança de grupo para supergrupo da unidade Ceará; enquanto isso, Oliveira e Cavalcante (1993) consideram o Complexo Ceará formado por supracrustais proterozóicas. O Grupo Orós apresenta idade média de 1,4 Ba, e de 1,8 e 1,7 Ba para as intrusões e extrusões magmáticas e do fechamento do sistema (Sá, 1992). Para Mendonça e Braga (1987), o ambiente vulcano-sedimentar de Orós é do tipo rifte intracontinental com possíveis indícios de greenstone. Quanto ao quadro estrutural, tem-se observado variações de três a cinco fases de dobramentos, sendo localmente relacionadas ao Ciclo Brasiliano, com a formação de estruturas em nappes (Arthaud e Hartmann, 1986) e também chegara a anatexia. Sá (1992) coloca toda a estruturação tectônica do Grupo Orós no Ciclo Brasiliano. 10