ESTATUTO DO DESARMAMENTO (LEI / 03)

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Transcrição:

ESTATUTO DO DESARMAMENTO (LEI 10.826/ 03)

1. HISTÓRICO: Até 1997, as condutas envolvendo armas de fogo eram meras contravenções penais. A Lei n. 9.437/97 Lei de Arma de Fogo as contravenções tornaram-se crimes. No art. 10 punia posse, disparo, venda ilegal etc. Todos juntos. Havia crítica por isso, dizia que havia violação do princípio da proporcionalidade. O Estatuto do Desarmamento Lei n. 10.826/03 de 23.12.03 distinguiu todos os crimes, tipificando-os cada um em tipo. Com isso observou a proporcionalidade e a individualização, porque essa acontece em 3 momentos (na fase legislativa, aplicação da pena e na sua execução). Como estatuto houve observância do princípio da individualização no momento da cominação abstrata do crime 2. CONCEITO DE ARMA DE USO PERMITIDO E DE USO RESTRITO: Conceito de arma de fogo: engenho mecânico que cumpre com a função de lançar a distância com grande velocidade corpos pesados, chamados projéteis, utilizando a energia explosiva da pólvora. a) Arma de uso proibido: uso proibido: a antiga designação "de uso proibido" é dada aos produtos controlados pelo Exército designados como "de uso restrito"; (Art. 3 LXXX, Dec. 3665/00). Ex: canhão, tanque de guerra, etc. c) Arma de uso permitido: é a arma cuja utilização é permitida por pessoas físicas ou jurídicas, de acordo com a legislação normativa do exército. (Art. 10, Dec. 5123/04 e Art. 3 XVII, Dec. 3665/00). Ex: revolver calibre 38, pistola calibre 380, ou espingarda calibre 12. 3. COMPETÊNCIA NA LEI 10.826/06: STJ /STF decidiram que em regra a competência dos crimes do estatuto é da justiça estadual, salvo se atingir interesse direto da União (funcionário infrator). Exceção: tráfico internacional de armas é crime genuinamente federal. 4. DIFERENÇA ENTRE POSSE E PORTE: 4.1 A posse ocorre no interior da residência do infrator ou nas dependências dela ou no local de trabalho do qual o infrator seja o proprietário ou o responsável legal. (Art. 5º e 12 da Lei 10.826/03). 4.2 O porte ocorre em qualquer outro local que não seja residência ou local de trabalho que o dono da arma seja o proprietário. Art. 5º Lei 10.826/03 O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa. b) Arma de uso restrito: arma de uso restrito: arma que só pode ser utilizada pelas Forças Armadas, por algumas instituições de segurança, e por pessoas físicas e jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas pelo Exército, de acordo com legislação específica; (Art. 11, Dec. 5123/04 e Art. 3 XVIII, Dec. 3665/00). Ex: revolver calibre 357, pistola calibre.40, armas automáticas, armas com aparência de objetos inofensivos (caneta-revolver, bengala-pistola). 2

CRIMES EM ESPÉCIE 5. POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO (art. 12): Art. 12, Lei 10.826/03 Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa: Pena detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa 5.1 Objeto Jurídico: A incolumidade pública, segurança coletiva. 5.2 Sujeito Ativo: qualquer pessoa, crime comum (tese majoritária) CAPEZ; 5.3 Sujeito Passivo: é a coletividade, porque é ela que é a titular do bem jurídico segurança pública. Assim, crime de posse de arma de fogo é crime vago. 5.4 Objeto Material: Arma de fogo, acessório ou munição. Obs: Tais objetos devem ser permitidos (o particular pode usar desse calibre caso tenha a devida permissão de possuir arma de fogo). Se for arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido, a posse configura o crime do art. 16 da mesma lei. 5.5 Elemento normativo do tipo: Em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Obs: Só é crime a posse irregular; a posse regular (com registro da arma) é fato atípico. 5.6 Resultado: não existe resultado esperado basta ter a arma sob a posse. 5.7 Elemento espacial do tipo penal: a posse tem que ocorrer: a) No interior da residência do infrator ou; b) No local de trabalho do qual ele seja o proprietário ou o responsável legal 6. PORTE ILEGAL DE ARMA PERMITIDA (ART. 14): Art. 14 Lei 10.826/03 Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente. 6.1 Objeto Jurídico: A incolumidade pública, segurança coletiva. 6.2 Sujeito Ativo: qualquer pessoa. Trata-se de crime comum, não exige-se qualidade especial do sujeito ativo. 6.3 Sujeito Passivo: é a coletividade, porque é ela que é a titular do bem jurídico segurança pública. Assim, crime de posse de arma de fogo é crime vago. 6.4 Objeto Material: Arma de fogo, acessório ou munição. Obs: Tais objetos devem ser permitidos (o particular pode usar desse calibre caso tenha a devida permissão de possuir arma de fogo). Se for arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido, a posse configura o crime do art. 16 da mesma lei. 6.5 Elemento normativo do tipo: Em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Obs: Só é crime o porte irregular; o porte regular (com registro da arma) é fato atípico. 6.6 Resultado: não existe resultado esperado basta estar portando arma. 3

6.7 Elemento espacial do tipo penal: o porte tem que ocorrer em qualquer lugar a não ser: a) No interior da residência do infrator ou; b) No local de trabalho do qual ele seja o proprietário ou o responsável legal 6.8 Conduta: Trata-se de crime de conduta múltipla ou de conteúdo variado ou de tipo misto alternativo ou seja, se praticada mais de uma conduta no mesmo contexto fático, trata-se de crime único (princípio da alternatividade). Ex.: sujeito adquire, transporta e oculta arma de fogo responderá apenas por um crime 6.9 Vedação a fiança: o art. 14 diz ser o crime inafiançável, salvo se a arma estiver registrada no nome do agente. Tal parágrafo único foi declarado inconstitucional pelo STF ADIn 3112. Ou seja, cabe fiança em qualquer caso (mesmo que a arma não esteja registrada em nome do infrator). A fundamentação do STF foi de que a vedação da fiança fere o princípio da razoabilidade ou proporcionalidade, pois crimes de igual ou menor gravidade são afiançáveis. OBS.1: É necessário exame pericial da arma para comprovar se ela era apta a disparar? R.: na jurisprudência do STJ e STF o exame pericial da arma para comprovar se ela era apta a disparar é desnecessário, por se tratar de crime de perigo abstrato (STF HC 93188/RS de 03.02.2009; STJ RESP 1103293/RJ de 23.04.2009). OBS.2: Arma de fogo desmuniciada configura crime ou não? R.: STJ é pacífico de que arma de fogo desmuniciada é crime, haja ela ou não pronta condições de municiamento. STF HC 93188 1ª turma, julgado de 03.02.2009 entendeu que arma desmuniciada configura crime (votação unânime); HC 87819/SP. 2ª turma, julgado de 09.06.2009 arma de fogo desmuniciada e sem condições de pronto municiamento não configura crime (informativa 550) votação não unânime. OBS.3: O porte apenas de munição configura crime? R.: Existe uma tese de que o porte de munição isolado (desacompanhado de arma) não possui nenhuma lesividade, portanto, criminalizá-lo fere o princípio constitucional da ofensividade ou lesividade. Mas no STJ prevalece que porte de munição configura crime, trata-se de crime abstrato. 7. PORTE ILEGAL DE ARMA PROIBIDA (ART. 16 CAPUT): Art. 16. Lei 10.826/03. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Aplica-se tudo que foi dito quanto aos crimes de posse e de porte dos arts. 12 e 14 desta lei. Há uma única diferença é que o objeto material do delito do artigo 16 é a arma é de uso proibido ou restrito. Atentar que o art. 16 pune no mesmo tipo penal a posse e o porte. Se for arma permitida, posse art. 12. Se for arma permitida, porte art. 14. Se for arma proibida ou restrita posse ou porte art. 16. 8. ART. 16, PARÁGRAFO ÚNICO. Art. 16, Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: I suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer 4

sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; II modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; III possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar; IV portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; V vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e revogou tacitamente o art. 242 do ECA VI produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo. Obs: É unânime o entendimento de que o parágrafo único constitui crime penal autônomo e independente do caput, ou seja, pode ter como objeto material arma de fogo proibida ou permitida. Inciso I: pune a conduta de quem altera a ou suprime a marca a numeração ou qualquer identificação da arma. Inciso II: pune a conduta de quem modifica as características da arma de fogo, tornando-a equivalente a arma de calibre superior. Inciso III: pune a conduta de quem possuir, portar ou vender artefato explosivo ou incendiário. Envolve granadas, dinamites etc. Se o crime deixar vestígios necessitará da perícia. O objeto material em relação aos crimes anteriores (não se fala em arma, munição ou acessório). Inciso IV: pune a conduta de quem modifica as características da arma de fogo, tornando-a equivalente a arma de calibre superior. Inciso V: pune a conduta de quem vende, entrega dolosamente arma, acessório ou munição a criança ou adolescente. É indispensável que o sujeito saiba que a vítima seja criança ou adolescente. Se ele, por erro escusável, supõe que se tratava de um adulto, tratar-se-á de erro de tipo. OBS.: O explosivo também está previsto como objeto material. OBS.: Vender fogos de artifício à criança ou adolescente incide no ECA Inciso VI: pune a conduta de quem produz ou recarrega munição. 9. OMISSÃO DE CAUTELA (ART. 13, CAPUT). Art. 13 Lei 10.826/03. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade: Pena detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. 9.1 Objeto Jurídico: a) Objeto jurídico imediato é a incolumidade pública. b) Objeto jurídico mediato é a vida e a integridade física do menor de 18 anos e do doente mental. 9.2 Sujeito Ativo: só pode ser o proprietário ou possuidor da arma de fogo ele que tem o dever de cautela na guarda da arma (trata-se de crime próprio). 9.3 Sujeito Passivo: a) Sujeito passivo primário é a coletividade. b) Sujeito passivo secundário é o menor de 18 anos ou deficiente mental. 9.4 Objeto Material: Arma de fogo de uso permitido ou proibido, porque o tipo penal não especifica a espécie de arma. 9.5 Elemento normativo do tipo: Em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Obs: Só é crime o porte irregular; o porte regular (com registro da arma) é fato atípico. 5

9.6 Resultado: não existe resultado esperado basta estar portando arma. b) Objeto jurídico mediato é o Estado que tem seu controle sobre as armas desrespeitado. 9.7 Elemento subjetivo: É punido a título de culpa (não pode ele ter a intenção da criança se apoderar da arma). Se ele tiver dolo na conduta comete o crime do artigo 16, paragrafo único, inciso V, sendo a pena de reclusão de 3 a 6 anos. 9.8 Conduta: É deixar de observar as cautelas necessárias significa: quebra do dever de cuidado objetivo. 10.2 Sujeito Ativo: proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores. (trata-se de crime próprio). 10.3 Sujeito Passivo: a) Sujeito passivo primário é a coletividade. b) Sujeito passivo secundário o Estado (pois coloca em risco o controle de armas de fogo no Brasil). OBS.1: Não importa se o menor de 18 anos já adquiriu a maioridade civil. OBS.2: Deixar a arma ao alcance de pessoa portadora de deficiência física é fato atípico. OBS.3: O tipo penal não exige nenhuma relação de parentesco entre o sujeito passivo e o sujeito ativo. Ex.: um amigo vai à casa do outro amigo e deixa a arma próximo ao filho de 15 anos do proprietário da casa. OBS.4: Omitir a cautela em relação a acessório ou munição é fato atípico, pois o tipo penal só traz o elemento arma de fogo. 10. OMISSÃO DE COMUNICAÇÃO (ART. 13, PARAGRAFO ÚNICO): Art. 13 Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato. 10.1 Objeto Jurídico: a) Objeto jurídico imediato é a incolumidade pública. 10.4 Objeto Material: Arma de fogo, acessório ou munição de uso permitido ou restrito, porque o tipo penal não especifica a espécie. 10.5 Resultado: não existe resultado esperado basta deixar de comunicar. 10.6 Elemento subjetivo: Prevalece de forma amplamente majoritário de que o crime é doloso deve deixar de comunicar de forma proposital. 10.7 Conduta: A consumação se dá após 24 horas depois de ocorrido o fato (deve o agente comunicar neste horário o sumiço da arma) trata-se de um crime a prazo. A doutrina faz uma correção ao artigo deve-se ler: 24 horas depois da ciência do fato e não 24 horas depois do fato, como está escrito no tipo. 11. DISPARO DE ARMA DE FOGO (ART. 15): Art. 15. Lei 10.826/03. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime: Pena reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. 11.1 Objeto Jurídico: é a incolumidade pública, segurança coletiva. 6

11.2 Sujeito Ativo: qualquer pessoa. Trata-se de crime comum, não exige-se qualidade especial do sujeito ativo. desacordo com determinação legal ou regulamentar: 11.3 Sujeito Passivo: é a coletividade, porque é ela que é a titular do bem jurídico segurança pública. Assim, crime de disparo de arma de fogo é crime vago. 11.4 Elemento espacial do tipo: o disparo tem que ocorrer em lugar habitado ou suas adjacências, em via pública ou em direção a ela. 11.5 Elemento subjetivo: Prevalece de forma amplamente majoritário de que o crime é doloso se o disparo ocorrer por culpa não há crime. 11.6 Conduta: Disparar arma de fogo ou acionar munição (ou seja, mesmo que não efetuado o disparo). OBS.1: Indivíduo que efetua disparo de arma de fogo em lugar ermo (lugar vazio) pratica fato atípico. OBS.2: Dois ou mais disparos configura crime único a quantidade de disparos será levada em conta na dosagem da pena. OBS.1: Trata-se de crime de perigo abstrato para a maioria da doutrina. Assim, não é necessário que o disparo cause perigo real a alguém. Não confundir o perigo do crime com o lugar ermo! Ex.: disparo em lugar habitado, mas não causou perigo real, pois a via pública estava vazia no momento do disparo responde pelo crime. 11.7 Consumação: Dar-se-á com o mero disparo ou com o acionamento da munição. A tentativa é possível. 12. COMERCIO ILEGAL DE ARMAS (ART. 17). Art. 17. Lei 10.826/03. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em Pena reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Parágrafo único. Equipara se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência. 12.1 Objeto Jurídico: é a incolumidade pública, segurança coletiva. 12.2 Sujeito Ativo: Comerciante ou industrial, legal ou clandestino, de arma de fogo, acessório ou munição (crime próprio). 12.3 Sujeito Passivo: é a coletividade, porque é ela que é a titular do bem jurídico segurança pública. 12.4 Objeto Material: Arma de fogo, acessório ou munição de uso permitido ou restrito. 12.5 Elemento subjetivo: o crime é doloso. 12.6 Consumação: A consumação se dá com a prática de qualquer uma das condutas do tipo. A tentativa é perfeitamente possível, exceto nas modalidades que constituem crimes permanentes. OBS.1: Este crime é habitual? R.: Não. Ele exige a condição de comerciante ou industrial de armas, mas uma única comercialização ilegal já configura o crime. Ex.: comerciante de armas no shopping; vende 30 armas legalmente e vende uma arma ilegalmente já responde pelo o crime do art. 17. OBS.2: O dono do restaurante vende sua arma para o seu cliente? R.: Não praticou o crime do art. 17, pois ele não é comerciante do ramo de armas de fogo. Responderá pelo 7

o art. 14 ou 16, a depender se a arma é de uso permitido ou restrito. 13. TRAFICO INTERNACIONAL DE ARMAS (ART. 18): Art. 18. Lei 10.826/03. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente: Pena reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Antes do Estatuto do Desarmamento o tráfico internacional de arma de fogo configurava o crime de contrabando. Arts 14 a 18 a pena será aumentada se praticadas por integrantes de órgãos previstos no art. 6º do ED (Art. 20). 15. VEDAÇÃO A LIBERDADE PROVISÓRIA (ART. 21): Art. 21. Lei 10.826/03. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade provisória. O STF, por maioria de votos, declarou a inconstitucionalidade, da vedação a liberdade provisória, trazida pelo artigo 21. (DOU de 10-5-2007). Pelo o princípio da especialidade, aplica-se o art. 18 da lei. Competência para julgamento É da Justiça Federal. O Brasil é signatário de tratados internacionais comprometendo-se a reprimir o tráfico internacional de drogas. OBS.: Indivíduo entrou com 2 munições no bolso no território brasileiro; a defesa alegou o princípio da insignificância. O STJ não concedeu; ou seja, não se aplica o princípio da insignificância (HC 45099). 14. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA (ART. 19 E 20) Art. 19. Lei 10.826/03 Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito. Art. 20. Lei 10.826/03 Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei. Nos crimes dos arts. 17 e 18 (comércio ilegal e tráfico internacional) se a arma, acessório ou munição for de uso proibido ou restrito, a pena é aumentada da metade (Art. 19). 8