DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL NOS ESFIGMOMANÔMETROS ANERÓIDES EM USO DE UNIDADES DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE GUARAPUAVA PR

Documentos relacionados
4 Confiabilidade metrológica na área da saúde

País Referência Total Aprovados Reprovados Maior Erro Brasil [8] % 61% 33 mmhg Inglaterra [16] % 19% 30 mmhg

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC

Aula 6 Medidas de Repouso

R 7 termômetros clínicos de mercúrio em vidro, com dispositivo de máxima; R 16-1 Esfigmomanômetros mecânicos não-invasivos e R 16-2 Esfigmomanômetros

Guia de Boas Práticas para a Metrologia na Saúde: INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL. Ana Luísa Silva

da pressão arterial Sociedade Brasileira de Hipertensão Avenida Paulista, 2073, Salas CEP: São Paulo/SP

3 Esfigmomanômetros Esfigmomanômetro mecânico de coluna de mercúrio

CONTROLE DE QUALIDADE DOS ESFIGMOMANÔMETROS ANERÓIDES DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE GRANDE PORTE

Setor: Todos os setores Responsável pela prescrição do POP Médico, Enfermeiro Responsável pela execução do POP Auxiliar ou Técnico em Enfermagem

ANÁLISE DA VERACIDADE E REPETIBILIDADE DO TEMPO DE EXPOSIÇÃO EM EQUIPAMENTOS DE RAIOS X

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC

JOÃO ALZIRO HERZ DA JORNADA Presidente do Inmetro

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC

A experiência brasileira no controle metrológico de esfigmomanômetros.

Medidas de Pressão Arterial. Paola Florio Pedro Felipe Lucato Pedro Henrique Silva Bertolli Tiago Souza Gomes

VERIFICAÇÃO METROLÓGICA EM MEDIDORES DE GÁS CENÁRIO ATUAL SÃO PAULO. 28 a 30 de Setembro de 2010 Centro de Convenções Frei Caneca São Paulo BRASIL

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS PONTA GROSSA METROLOGIA II

Portaria Inmetro/Dimel n.º 0074, de 03 de maio de 2012.

Apreciação Técnica de Modelo de Esfigmomanômetros Digitais

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC

PESQUISA DESCRITIVA DOS MÉTODOS E INSTRUMENTOS METROLÓGICOS NO APOIO ÀS CIÊNCIAS DA SAÚDE

ANEXO I - TERMO DE REFERÊNCIA

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL CAMPUS RIO GRANDE INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL

CERTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA DE COLCHÕES E COLCHONETES DE ESPUMA

PALESTRA 4-13h30min às 14h20min

05/08/2014. Posso confiar no que o sistema de medição indica? CALIBRAÇÃO. Slides baseados no livro FMCI - Professor Armando Albertazzi

WORKSHOP PARA USUÁRIOS Convênio FNS/USP 2209/2008

Portaria Inmetro n.º 096, de 20 de março de 2008.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC

COLCHÕES E COLCHONETES DE ESPUMA FLEXÍVEL DE POLIURETANO. Portarias Inmetro nº 79/2011, nº 387/2011 e 386/2013 Códigos SGI e 3794

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC

Carga Máxima. (Max) (kg)

Motivação. Posso confiar no que o sistema de medição indica? CALIBRAÇÃO. definição do mensurando. procedimento de medição. resultado da medição

QUALIDADE DOS ESFIGMOMANÔMETROS ANEROIDES UTILIZADOS POR PROFISSIONAIS DE SAÚDE NAS UNIDADES DO SUS DE CACOAL RO

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC

Programas de Avaliação da Conformidade regulamentados pelo Inmetro

MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, DO COMÉRCIO E DO TURISMO EXTERIOR - MDIC

Portaria Inmetro /Dimel nº 144, de 15 de abril de 2009.

Diagnóstico & Classificação

REMESP Informa. A importância da Metrologia na área da Saúde. Publicação Trimestral Ano IV - Nº 11 - Maio de 2016

para Produtos para Saúde

Portaria Inmetro nº 46, de 27 de janeiro de CONSULTA PÚBLICA

REGULAMENTAÇÃO ESPECÍFICA QUE DEFINE OS NÍVEIS MÍNIMOS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE LÂMPADAS FLUORESCENTES COMPACTAS

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC

Sextante Ltda. Rua da Assembléia, 10 sala 1817 Rio de Janeiro RJ (21) Programa Setorial da Qualidade

4 Confiabilidade Metrológica 4.1. Metrologia

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E TECNOLOGIA INMETRO

5 Metodologia. Figura 1 Laboratório de Metrologia do CEFET Química de Nilópolis RJ

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial Inmetro

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC

PRIMEIROS SOCORROS. Profa. Silene Barbosa Montoro

1º ENCONTRO TÉCNICO DE COMPONENTES CERÂMICOS PARA ALVENARIA

RESPONSABILIDADE TÉCNICA: Dicas essenciais para a inspeção de material hospitalar

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC

Instituto Português da DMET/UML

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO DIVISÃO DE ENFERMAGEM

ERROS DE MEDIÇÃO. Vocabulário; Erros de Medição; Calibração.

GERENCIAMENTO DE RISCO APLICADO AO DESEMPENHO DE EQUIPAMENTOS ELETROMÉDICOS: SUGESTÃO DE APLICAÇÃO

INSPEÇÃO EM SERVIÇO EM USINAS NUCLEOELÉTRICAS

Coordenação Geral de Acreditação ORIENTAÇÕES SOBRE VERIFICAÇÃO INTERMEDIÁRIA DAS BALANÇAS. Documento Orientativo DOQ-CGCRE-036. (Revisão: 00 DEZ/2012)

Portaria Inmetro nº 528, de 03 de dezembro de 2014.

ERROS DE MEDIÇÃO. Vocabulário; Erros de Medição; Calibração.

Andraplan Serviços Ltda. A essência da consultoria.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC

Portaria Inmetro nº 528, de 03 de dezembro de 2014.

ESTUDO DA VARIAÇÃO DA MASSA ESPECÍFICA DE DETERGENTES UTILIZANDO UM DENSÍMETRO DIGITAL

1. SISTEMAS METROLÓGICOS PADRÕES

COMO MEDIR A PRESSÃO ARTERIAL

CRITÉRIOS PARA A CONCESSÃO DO SELO PROCEL DE ECONOMIA DE ENERGIA PARA SISTEMAS E EQUIPAMENTOS PARA AQUECIMENTO SOLAR DE ÁGUA

MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, DO COMÉRCIO E DO TURISMO - MICT

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC

Instituto Português da DMET/UML

OUVIDORIA. Relatório Síntese / Novembro

Implementação e viabilidade econômica da substituição dos aparelhos com mercúrio na Fundação HEMOMINAS

PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº xxx, DE xx DE xxxxx DE 2010

RDC Nº 32, DE 29 DE MAIO DE 2007

6 Validação Metrológica

Entidade Gestora Técnica PROGRAMA SETORIAL DA QUALIDADE DE BLOCOS DE CONCRETO E PEÇAS DE CONCRETO PARA PAVIMENTAÇÃO TEXTO DE REFERÊNCIA DO PSQ

Esfigmomanômetro Aneróide cm CIRCUNFERÊNCIA. Foto meramente ilustrativa MANUAL DE INSTRUÇÕES. Saúde e bem-estar

Pré-qualificação de Produtos

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR MDIC

COPEIRO. - Manter o ambiente de trabalho higienizado e organizado, de modo a facilitar a operação e minimizar o risco de contaminação alimentar;

Portaria INMETRO Nº 066/2005

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E QUALIDADE INDUSTRIAL - INMETRO

PORTARIA Nº 294, DE 29 DE JUNHO DE 2018

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC

Painéis de Engenharia 11ª ed. O Futuro da Segurança Contra Incêndio

REGULAMENTO TÉCNICO MERCOSUL PARA A VERIFICAÇÃO DO CONTEÚDO LÍQUIDO DE FÓSFOROS E PALITOS DE DENTE

Aplicativo do aparelho de calibração automático de esfigmomanômetros

MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, DO COMÉRCIO E DO TURISMO - MICT

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC

Anexo I REGULAMENTAÇÃO ESPECÍFICA QUE DEFINE OS NÍVEIS MÍNIMOS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE FOGÕES E FORNOS A GÁS. Capítulo I CARACTERIZAÇÃO DO PRODUTO

Mínima x500x22

Submódulo Certificação de padrões de trabalho

Qn (m³/h) DN Comprimento (mm) Classe Metrológica 1,5 15 / / 110 A (V) 2,5 15 / / 110 A (V)

Marca do Inmetro, selos de identificação da conformidade e uso publicitário

Transcrição:

DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL NOS ESFIGMOMANÔMETROS ANERÓIDES EM USO DE UNIDADES DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE GUARAPUAVA PR Padilha, Hélio 1, Oliveira, Mariele dos S. 2 1 Universidade Federal do Paraná - UFPR, Curitiba - PR, Brasil, helio.padilha@ufpr.br 2 Guarapuava - PR, Brasil, santos_mariele@yahoo.com.br Resumo: O esfigmomanômetro aneróide consiste num sistema para compressão arterial composto por uma bolsa inflável de borracha de formato laminar envolvida por uma capa de tecido inelástico (braçadeira) e, conectada por um tubo de borracha a um manômetro e por outro tubo a uma pêra, que tem a finalidade de insuflar a bolsa pneumática. A medição da pressão arterial consiste em um procedimento de execução cotidiana pelos profissionais de saúde e erros são cometidos durante essa medição por vários fatores, tais como: descalibração do manômetro aneróide, más condições dos esfigmomanômetros utilizados, erros na realização da técnica, entre outros. Neste estudo foi feito um diagnóstico da situação atual dos esfigmomanômetros aneróides utilizados em unidades de saúde do município de Guarapuava PR, o qual revelou que 16% dos aparelhos analisados não apresentaram problemas técnicos aparentes, portanto passariam pela verificação periódica, porém, 84% dos aparelhos analisados reprovariam mediante o exame administrativo/e ou exame visual. Os resultados revelados deixam clara a importância das ações que vêm sendo desenvolvidas pelo INMETRO no sentido de exigir dos fabricantes a calibração dos esfigmomanômetros disponíveis no mercado e também exigir a calibração periódica dos instrumentos em uso, para verificar se estão funcionando de acordo com os erros máximos permitidos. Palavras-chave: pressão arterial, esfigmomanômetros, metrologia legal, aneróide, hipertensão. 1. INTRODUÇÃO A pressão sanguínea arterial é um indicador importante do estado de saúde, pois possibilita a tomada de decisões no diagnóstico, prognóstico e terapias com base na sua aferição [1]. O método de aferição intra-arterial possibilita um resultado mais preciso, mas por ser invasivo seu uso é mais restrito. O método mais utilizado é o não invasivo que vem acompanhado da técnica auscultatória de Korotkoff [2]. A hipertensão arterial em sua fase inicial pode ser diagnosticada apenas com a aferição da pressão arterial. Na Austrália esse diagnóstico é encontrado em 8,6% dos exames em geral e, se não tratado adequadamente pode levar a doenças cardiovasculares que em 2002 representou 38% das mortes naquele país [3]. Com um erro de ±3mmHg na aferição da pressão diastólica tem-se um aumento de 83% no número de pacientes com diagnóstico de pressão acima de 95mmHg, ou seja, para cada 5 pacientes diagnosticados com hipertensão, outros 4 poderiam ser diagnosticados como hipertensos incorretamente [4]. O método não invasivo possui algumas características que influenciam o resultado da leitura, entre elas estão: a experiência do profissional que realiza a leitura, a falta de calibração dos aparelhos, largura do manguito utilizado e, o repouso prévio do paciente são alguns exemplos que potencialmente podem interferir na [5]. Pierin [2] relata em seu trabalho uma pesquisa realizada que apontou erro de calibração em 60% dos esfigmomanômetros do tipo aneróide e 21% dos de coluna de mercúrio. Em levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial INMETRO em 1997, em quatro grandes hospitais, constatou que 61% dos esfigmomanômetros avaliados estavam em desacordo com o Regulamento Técnico Metrológico [6]. A confiabilidade metrológica dos equipamentos biomédicos com realização de calibrações rastreadas a padrões internacionais garante não somente a segurança dos diagnósticos e tratamentos, mas também a desejável comparabilidade internacional nas biomedições. Os equipamentos biomédicos no Brasil, conforme sua classificação quanto ao potencial de risco à saúde de seus usuários (pacientes e/ou operadores), necessitam de registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para que os fabricantes os lancem no mercado consumidor. A exigência do registro da ANVISA implica numa prévia certificação de conformidade a normas técnicas específicas, emitida por Organismos de Certificação de Produtos (OCP) acreditados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO). A Certificação da Conformidade resulta não somente na proteção da integridade física dos usuários, como também na implementação de um ciclo virtuoso entre os sistemas regulador e produtivo. A adaptação dos

equipamentos e de seus fabricantes aos regulamentos técnicos estimula melhorias qualitativas nos produtos e processos de fabricação [7]. A Portaria INMETRO nº 153 de 12 de Agosto de 2005, estabelece as condições mínimas a que devem satisfazer os esfigmomanômetros mecânicos de medição não-invasiva, que se destinem a medir a pressão arterial humana. Este Regulamento se aplica aos esfigmomanômetros aneróides e aos esfigmomanômetros que utilizam líquido manométrico, portáteis ou não. Já a Norma nº NIE-DIMEL- 006, estabelece os procedimentos que devem ser adotados na realização das verificações dos esfigmomanômetros mecânicos. 2. OBJETIVOS Fazer um diagnóstico da situação atual nos esfigmomanômetros aneróides em uso de unidades de saúde no município de Guarapuava PR. 2.1. Objetivos específicos Realizar uma análise dos esfigmomanômetros aneróides utilizados em unidades de saúde, visando obter as seguintes informações: com modelo aprovado;, atendendo o que a NIE-DIMEL-006 exige no exame administrativo, mediante exame visual, rejeitando os esfigmomanômetro que não atendam a qualquer um dos requisitos: - Indicação do Zero; - Inscrições; - Escala. possuindo trincas ou defeitos físicos visuais; em bom estado de conservação em relação à braçadeira com manguito, pêra e mangueira; com verificação válida. Com base nessas informações pretende-se comprovar a importância das ações desenvolvidas pelo INMETRO, no sentido de exigir dos fabricantes/importadores de esfigmomanômetros a aprovação prévia do modelo, a verificação metrológica inicial dos aparelhos fabricados e a verificação metrológica periódica dos aparelhos em uso. 3. METODOLOGIA O trabalho foi realizado mediante autorização da Secretaria Municipal de Saúde e com o auxílio do Instituto de Pesos e Medidas (IPEM). Foram visitadas trinta e três (33) unidades de saúde no município de Guarapuava PR, que atendem a grande parte da população, entre as quais estão: - Unidades Guarapuava Distrito Sanitário Santana (CIA Santana e PSF São Miguel); Distrito Sanitário Morro Alto (CIA Morro Alto, PSF Adão Kaminski, PSF Residencial 2000 e PSF Jardim Araucária); Distrito Sanitário Bonsucesso (Cia Bonsucesso, PSF Recanto Feliz, PSF São Cristovão e PSF Parque das Árvores); Distrito Sanitário Primavera (Cia Primavera e PSF Ferroz); Distrito Sanitário Xarquinho (Cia Xarquinho, PSF Pinheiros e PSF Dourados); Distrito Sanitário Vila Carli (Cia Vila Carli e PSF Paz e Bem); Distrito Sanitário Vila Bela (Cia Vila Bela, PSF Colibri e PSF Jardim das Américas); Distrito Sanitário Boqueirão (Cia Boqueirão, PSF Tancredo Neves, PSF Campo Velho e PSF Planalto); Distrito Sanitário Santa Cruz (Cia Santa Cruz e PSF Concórdia). - Unidades no interior PSF Jordão; CIA Entre Rios; PSF Entre Rios. - Outras unidades de saúde AMPDS; CISGAP; Urgência Municipal; SAMU. Tratou-se de um estudo em que se verificou as condições dos esfigmomanômetros aneróides. Foi utilizada como técnica de coleta de dados a observação, a qual teve como roteiro um formulário previamente preparado para anotação dos dados sobre as condições do aparelho, sendo este baseado na NIE-DIMEL-006 aprovada em maio de 2008. Esta norma estabelece os procedimentos que devem ser adotados na realização das verificações dos esfigmomanômetros mecânicos. Os dados obtidos nesta pesquisa foram agrupados e relacionados de acordo com sua especificidade e tratados com índices percentuais e números de ocorrências. Posteriormente os dados foram analisados utilizando a estatística e os resultados apresentados em forma de gráficos e fotografias.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES As condições dos aparelhos não se mostraram satisfatórias, revelando valores preocupantes. Um total de 16% dos esfigmomanômetros aneróide não apresentou problemas aparentemente, portanto passariam pela verificação periódica. Dos 84% que apresentaram alguma discrepância (figura 1), 55% apresentaram somente um problema técnico e 45% apresentaram de dois até cinco problemas técnicos de uma só vez (figura 2). Evidenciando a magnitude da importância da obtenção de valores corretos da pressão arterial, Pierin [8] alerta para os riscos potenciais para valores errôneos tais como leituras incorretas, não só pela realização da técnica da maneira inadequada como também por alterações no equipamento. Fig.3. Indicação inadequada de zero. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 84 Esfigmomanômetros com problemas aparentes 16 Esfigmomanômetros sem problemas aparentes Conforme a Portaria INMETRO nº 153 de 12 de Agosto de 2005, nos Itens 2.11 e 2.12, a braçadeira é um elemento flexível e ajustável, utilizado juntamente com o manguito (componente ou parte inflável da braçadeira) para obstruir o fluxo de sangue na artéria, para que estes instrumentos venham passar por uma verificação periódica os mesmos teriam que estar em bom estado de conservação, ao contrario que foi visto a braçadeira com manguito apresentaram problemas como furos ou a má conservação das mesmas em 35% dos esfigmomanômetros aneróides vistos (Figuras 4 e 5), portanto estes instrumentos não poderiam passar por tal verificação. Fig. 1. Esfigmomanômetros aneróides em uso nas unidades de saúde no município de Guarapuava - PR. 70 60 68 Inscrições Obrigatórias 50 40 30 20 10 0 25 6 35 12 Indicação de zero Defeitos físicos, visuais e/ou trincas Problemas com braçadeiras/ma nguitos Fig. 4. Braçadeira em mau estado. Principais problemas encontrados com os aparelhos de pressão aneróides Pêra em estado ruim Fig. 2. Principais problemas encontrados com os aparelhos de pressão aneróides. Nos aparelhos verificados o maior problema encontrado (68%), foi a indicação do zero, pois o ponteiro não se encontrava exatamente em 0 (zero) mmhg (0 kpa) ou dentro da faixa de tolerância em torno do zero (figura 3). Fig. 5. Pêra com defeito.

Além dessas avaliações, verificou-se também que 12% dos instrumentos não possuíam modelo aprovado (figura 6), selo do INMETRO e muito menos as inscrições obrigatórias, sendo que, o Instituto Nacional de Pesos e Medidas estabeleceu normatização prevendo que todos os manômetros aneróides tenham selo de garantia emitido por este órgão para serem comercializados [2]. Fig. 6. Instrumento sem aprovação de modelo. Outra avaliação foi verificar a janela do mostrador com rachaduras, trincas ou defeitos físicos visuais, se os componentes internos do esfigmomanômetro estavam protegidos, de modo que não ficasse possível sua exposição à poeira observou-se que 6% apresentaram-se este tipo de problema técnico (Figura 7). Fig. 7. Instrumento apresentado rachadura. Os resultados obtidos são bem próximos do estudo efetuado por PIERIN [2, 8] e pelo estudo realizado por ZATAR [9] em Hospitais e Clinicas de cidades do estado de Mato Grosso que indicou que 79% dos equipamentos avaliados apresentavam pelo menos um tipo de problema técnico, por pesquisa realizada pelo setor de Bioengenharia do Hospital das Clinicas de Uberlândia que obteve 60,5% dos aparelhos de pressão com não conformidade em estudo apresentado por SOUZA et all [10] e pelo estudo realizado pelo INMETRO em quatro Hospitais de São Paulo, Juiz de Fora e do Rio de Janeiro, que apresentaram 61% dos manômetros descalibrados. A taxa de instrumentos não conformes é alta e mesmo com o fato que as assistências técnicas bem como o INMETRO vêm comunicando e ensinando os usuários da importância de possuir o instrumento calibrado periodicamente. A Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos em Saúde (REBLAS) considera o prazo de seis meses para calibrar o aparelho de pressão aneróide como satisfatório (ANVISA, 2010). O INMETRO exige a calibração ao menos uma vez ao ano conforme o item 7.2.2, Portaria INMETRO nº 153 de 12 de Agosto de 2005. 5. CONCLUSÃO O estudo revelou que as condições dos esfigmomanômetros aneróides nas unidades de saúde no Município de Guarapuava-PR não se mostraram satisfatória sendo que, 16% dos aparelhos analisados não apresentaram problemas técnicos aparentemente, portanto passariam pela verificação periódica, porem, 84% dos aparelhos analisados reprovariam mediante ao exame administrativo/e ou exame visual, desses, 55% apresentaram somente um problema técnico e 45% apresentaram de dois ate cinco problemas técnicos de uma só vez. Os resultados revelados pelas verificações efetuadas deixam clara a importância das ações que vêm sendo desenvolvidas pelo INMETRO no sentido de exigir dos fabricantes modelos dos esfigmomanômetros disponíveis no mercado para aprovação prévia e exigir a calibração periódica dos em uso, para verificar se estão devidamente calibrados, ou seja, de acordo com os erros máximos permitidos. Faz-se necessária uma articulação do INMETRO com as entidades representativas dos hospitais, com a classe médica e com os fabricantes objetivando por em prática as ações idealizadas. Paralelamente, é importante a divulgação dos resultados ora observados, estimulando a população a verificar junto aos médicos se os esfigmomanômetros em uso estão devidamente calibrados, envolvendo os consumidores na melhoria da qualidade dos serviços prestados. A colaboração de todos os envolvidos no processo é fundamental para que o INMETRO possa fazer sua parte na proteção à saúde do cidadão. AGRADECIMENTOS Agradecemos ao Prof. MSc. Mauricio Martinelli Reche, Chefe da Divisão de Desenvolvimento e Regulamentação Metrológica da Diretoria de Metrologia Legal, INMETRO pela contribuição e orientação nas diretrizes do estudo realizado.

REFERÊNCIAS [1] TOLEDO, M. A. V. et al. Validade dos esfigmomanômetros utilizados por profissionais de saúde do Hospital Universitário da Universidade de Brasília. Brasília Médica. v. 39. 2002. [2] PIERIN, A. M. G; JÚNIOR, D. M. Como avaliar a calibração dos aparelhos de medida da pressão arterial. Revista Brasileira de Hipertensão. v. 7, n. 4. p. 2, 2000. [3] TURNER, M. J; SPEECHLY, C; BIGNELL, N. Sphygmomanometer Calibration: Why, How and often? Australian Family Physician. v. 36, n. 10, 2007. [4] TURNER, M. J; KAM, P.C; BAKER, A. B. Metrology in Medicine. 2004. [5] HOLANDA, H. E. M; JÚNIOR, D. M; PIERIN, A. M. G. Medida da Pressão Arterial. Critérios Empregados em Artigos Científicos de Periódicos Brasileiros. In:. Arquivo Brasileiro de Cardiologia, v. 68, 1997. [6] INMETRO, Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. Esfigmomanômetro: aparelho de pressão. 1997. Disponível em: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/esfigmo. asp>. Acesso em: 15/07/2010a. [7] GUTIERREZ, R. M. V; ALEXANDRE, P. V. M. Complexo Industrial da Saúde: Insumos e Equipamentos de Uso Médico. BNDES Setorial. Rio de Janeiro. n. 19. p. 119-155, 2004. [8] PIERIN, A. M. G. Medidas da pressão arterial no ambulatório pelo cliente, enfermeira e médico comparadas a registro domiciliares. Tese. Escola de Enfermagem. Universidade de São Paulo. São Paulo, 1992. [9] ZATTAR, H. Avaliação do Desempenho dos Aparelhos Esfigmomanômetros Aneróides Utilizados em Hospitais e Clinicas de Cidades do Estado de Mato Grosso. Departamento de Engenharia Elétrica. Universidade Federal do Mato Grosso. T. 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Biomédica ISBN: 978-85-60064-13-7. 2008. [10] SOUZA, D. B. et al. Avaliação do Controle de Qualidade de Esfigmomanômetros do Hospital de Clínicas de Uberlândia. Gerência de Bioengenharia. Hospital de Clínicas de Uberlândia e Faculdade de Engenharia Elétrica. Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia: MG. 2006.