REVISÃO DE LITERATURA SOBRE SISTEMAS DE ABERTURA DE SULCO EM SEMEADORAS: HASTE SULCADORA E DISCO DUPLO

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Transcrição:

49 ISSN: 23170336 REVISÃO DE LITERATURA SOBRE SISTEMAS DE ABERTURA DE SULCO EM SEMEADORAS: HASTE SULCADORA E DISCO DUPLO OSTA, A.N. 1, CAMPOS, L.H. 11, VIEGAS NETO, A.L 2 RESUMO: Por ser um tema de grande relevância, esse estudo tem o objetivo de mostrar as características de dois tipos de mecanismos de abertura de sulco, como a haste sulcadora e o disco duplo. Os resultados encontrados em pesquisa a outros artigos que tratam desse assunto são da grande diferença da qualidade da semeadura e do rendimento operacional, que no qual a haste sulcadora é mais apropriada para solos compactos e livre de tocos, e tratores com alta potência que possa arrastar semeadoras com esse mecanismo. O disco duplo se adapta bem em solos de área recém desmatada e solos com pouca compactação, contando também com o uso de tratores de baixa potência. PALAVRAS-CHAVE: Plantio direto, mecanismos sulcadores, semeadoras Literature review on groove opening mechanisms: planter shank and double disc ABSTRACT: As such an important theme, this study aims to show the characteristics of two kinds of groove opening mechanisms, the planter shank and the double disc. The results obtained in research in other articles regarding this subject are from the huge difference of seeding quality and operational performance, which the planter shank is more appropriate for compact soils and stumps free, and tractors with high potency that can drag seeders with this mechanism. The double disc is well adapted in recently deforested areas of soils with low compaction, also counting on the use of low power tractors. KEY-WORDS: no-tillage, seed drills, seeder. INTRODUÇÃO O sistema de produção baseado na semeadura direta das culturas comumente conhecido como plantio direto, é o mais utilizado, pelo menos para as culturas de verão, com grandes implicações na sustentabilidade da produção e na preservação do meio ambiente. O plantio direto tem sido amplamente adotado no Brasil, com uma ampliação de área de 2,02 milhões de hectares em 1992 para quase 25,5 milhões de hectares atualmente (FRANCHINI, 2007). No sistema de plantio direto a semeadura é realizada com revolvimento mínimo do solo, preservando a cobertura vegetal sobre sua superfície (SIQUEIRA, et al. 2001). Um dos aspectos relevantes para o sucesso da lavoura no plantio direto é o desempenho da semeadora-adubadora, no que se refere ao corte eficiente dos restos culturais, a 1 Acadêmicos do curso de Tecnologia em Produção Agrícola (UNIGRAN), E-mails: Aurycosta2012@gmail.com e Luizhenrique@soyagro.com.br. 2 Mestre Docente do curso de Tecnologia em Produção Agrícola e Agronomia (UNIGRAN), E-mail: antonio-viegas@hotmail.com

50 abertura do sulco e a colocação da semente e do fertilizante em profundidades corretas no solo e a manutenção da cobertura vegetal sob o solo. Também é importante que as máquinas apresentem adequada regularidade, com distribuição precisa de sementes e fertilizantes (EMBRAPA, 1994). A semeadura direta, obtida por meio de semeadoras-adubadoras, passou a ser a operação que provoca maior revolvimento do solo, na linha de semeadura. Essas máquinas possuem regulagens que podem proporcionar maior ou menor mobilização na linha. Um dos fatores que mais influenciam nesta mobilização é o uso de hastes sulcadoras ou de mecanismos análogos, os discos duplos, que têm a finalidade de posicionar fertilizantes ao solo, similares aos que atuam na deposição das sementes (PETRIN, 2013). Muito se fala nos prós e contras de cada tipo de mecanismo de abertura de sulco, como a haste sulcadora e o disco duplo, causando controvérsias e dúvidas entre os produtores de soja e milho, sem saberem muitas vezes qual mecanismo deve-se utilizar. Nesse sentido, o presente estudo tem por finalidade fazer uma revisão de literatura sobre a eficiência de cada mecanismo de abertura de sulco e também mostrar as principais características das semeaduras feitas por esses dois mecanismos. MATERIAIS E MÉTODOS Para a realização desse estudo foi necessário embasamento teórico em artigos científicos e livros. Os resultados obtidos foram retirados de fundamentos teóricos de pesquisadores, cujos artigos, revisões de literatura e livros estão disponíveis na internet. RESULTADOS E DISCUSSÃO Segundo Balastreire (2005), os sulcadores se destinam a abrir sulcos no solo para a colocação de adubos, sementes ou mesmo defensivos agrícolas, à profundidades adequadas a cada espécie. Machado et al.(1996)testaram mecanismos sulcadores em más condições de uso e chegaram a conclusão que para efetuar corretamente suas funções, é necessário que os elementos sulcadores estejam em bom estado de conservação, já que desgastados, tendem a abrir sulcos irregulares, tanto no formato, como na profundidade. De acordo com Portella et al.(1983),os facões ou hastes são normalmente utilizados em terrenos que já sofreram preparo e livre de tocos, pedras ou restos de cultura sobre a superfície. Já os sulcadores de discos duplos aliam a capacidade de

51 trabalhar em terrenos com restos de cultura e têm uma boa precisão de abertura de sulco. Segundo as pesquisas de Reis et al.(2004), quando se utilizam diferentes mecanismos de abertura de sulco, como disco duplo e haste sulcadora, espera-se que ocorram diferenças na relação solo-semente e na qualidade da semeadura. Para Portella et al. (1997), deve-se buscar sempre uma adequação das semeaduras a realidade de cada produtor. Devido as diferentes características dos solos existentes no Brasil, buscou-se mais de uma alternativa de abertura de sulco. Segundo os estudos de Silva (2003), as semeadoras-adubadoras existentes no mercado para plantio direto têm apresentado problemas de desempenho, principalmente em solos com alto teor de argila. A alta resistência mecânica do solo à penetração dos componentes rompedores tem exigido constantes adaptações das máquinas às condições locais de trabalho. Mello et al. (2002) avaliando a condição física do solo com diferentes tipos de mecanismos sulcadores, mostraram que a haste apresentou maior capacidade de romper o solo na linha de semeadura, provocando redução na densidade e resistência à penetração; aumento na macro porosidade do solo e um aumento de 11,3% na produção do milho, em relação ao mecanismo sulcador tipo disco duplo. Landers et al. (1995), testando mecanismos de abertura de sulco, chegou a conclusão que quando o solo tem tendência de compactar, o emprego do mecanismo sulcador tipo haste sulcadora, apresenta-se como melhor opção para semeadura. Segundo Casão Jr et al, (1997) e Araújo et al, (1998) as semeadoras-adubadoras para plantio direto têm apresentado problemas de desempenho em solos com altos teores de argila. A resistência à penetração dos componentes rompedores, associada à retenção de água, tem exigido constante adaptação das máquinas às realidades regionais. Como consequência, são frequentes os problemas com o corte irregular da vegetação, embuchamentos, abertura inapropriada do sulco, aderência do solo aos componentes, profundidade de semeadura desuniforme e cobertura e contato inadequados do solo com as sementes, afetando a uniformidade de emergência das plantas. O que leva o produtor de grãos à determinar a escolha do mecanismo de abertura de sulco na hora do plantio é o conhecimento das caraterísticas dos solos de sua propriedade, escolhendo sempre o mecanismo que será mais viável em relação ao

52 rendimento operacional das máquinas, o rendimento do plantio e a uniformidade do estande de plantas. De acordo com Silveira (1989), a haste sulcadora é uma peça desprovida de elementos móveis, sendo o sulco aberto quando ele desliza no solo. É mais utilizada em terrenos que tenham sido preparados convencionalmente, sem restos de cultura. A lâmina é composta de uma haste que possui em sua extremidade uma ponta triangular que facilita sua penetração no solo. O disco duplo é composto de peças móveis, não sofre embuchamentos, permite a abertura em terrenos pesados e terras novas ou mal preparadas, além dos locais com restos de cultura. Possui limpador que evita o acúmulo de terra entre os discos, permitindo penetração mais eficiente na abertura dos sulcos. Portella et al. (1997) e Reis (2003) avaliaram a profundidade de semeadura de milho utilizando semeadoras com mecanismos do tipo haste sulcadora e discos duplos e encontraram maiores profundidades de colocação da semente para mecanismos do tipo disco duplo. No entanto Silva (2000) encontrou maior profundidade de semeadura, quando utilizou o mecanismo de abertura tipo haste sulcadora; esta divergência entre os resultados pode ser explicada pelas variações de tipos de solo encontrados no Brasil. Com o passar do tempo, as semeadoras foram sofrendo adaptações até chegar aos modelos que existem hoje no mercado. Casão Juníor et al. (1997) verificaram o desempenho de semeadoras-adubadoras de plantio direto em solos com altos teores de argila, e concluíram que o aumento de resistência à penetração dos componentes rompedores nestes solos, em associação com uma grande retenção de umidade, tem exigido uma constante adaptação das máquinas, afetando a uniformidade de emergência de plantas. Machado et al. (1996) avaliaram o desempenho das hastes sulcadoras e chegaram a conclusão de que elas apresentam melhores resultados em solos bem drenados, que não possuam restos vegetais, tocos ou pedras, pois este poderá sofrer embuchamento ou danificar-se, levando a irregularidade na abertura dos sulcos e na deposição de sementes e adubo. Os autores dizem ainda que o mecanismo sulcador tipo haste sulcadora, sendo comparado com o de disco duplo, exige maior esforço de tração. Os discos duplos adaptam-se bem a terrenos mais pesados e que apresentem grande quantidade de cobertura vegetal, com um pequeno esforço de tração e desgaste. Segundo Koakoski et al. (2007) a adoção de mecanismo rompedor de solo tipo haste em semeadoras-adubadoras de plantio direto pode ocasionar aumento de 24,3% na

53 porosidade do solo. O uso da haste proporciona também, menores valores de resistência à penetração na linha de semeadura, especialmente na camada de 100 a 150 mm. O mecanismo de abertura de sulco do tipo haste, comparadas ao uso do disco duplo, pode favorecer o aumento da produtividade de grãos (KANEKO et al., 2010). A profundidade de atuação dos mecanismos sulcadores interfere na patinagem dos rodados do trator em todos os estados de umidade do solo (CEPIK et al., 2005). Santos et al. (2008) avaliaram o rendimento operacional das máquinas agrícolas e concluíram que o mecanismo sulcador tipo haste utilizado para a abertura de sulcos para a deposição de fertilizante aumenta as exigências de forca da barra de tração na barra, e potência por haste nas semeadoras, quando comparado aos sistemas de aberturas de sulcos do tipo disco duplo para as áreas de coxilha. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através dos estudos obtidos, conclui-se que os dois mecanismos de abertura de sulco (haste sulcadora e disco duplo) possuem grandes diferenças em relação a uniformização da semeadura. Se a área que irá ser semeada estiver com o solo compactado e livre de tocos e raízes, é preferível que o produtor opte em usar a haste sulcadora, desde que o trator tenha potência suficiente para arrastar, pois a semeadora com haste depende de muita força para ser arrastada, sem contar que pode diminuir a vida útil do trator, dependendo de sua potência. Se a semeadura for feita pela primeira vez em uma área de destoca e se esse solo não estiver compactado, a melhor opção de abertura de sulco é o disco duplo, pois evita parar o andamento do serviço durante a semeadura, sem ter o problema de ficar quebrando os pinos que seguram a haste sulcadora. Antes de o produtor decidir sobre qual mecanismo utilizar para realizar a semeadura, ele deve ter os mínimos conhecimentos sobre sua terra e seus tratores (potência), porque ambos os mecanismos de abertura de sulco possuem suas determinadas características de uso. Se os mecanismos forem usados de forma correta, com certeza o produtor de grãos obterá mais rendimento de serviço durante a semeadura e consequentemente um maior retorno financeiro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, A. G.; CASÃO JUNIOR, R.; MEDEIROS, G. B.; CASTRO FILHO, C; DORETTO, M.; BERTÉ, A. A.; CAVIGLIONE, J. H.; FIGUEIREDO, P. R. A.

54 Identificação das restrições para expansão do plantio direto na região da represa de Itaipu. In: III Encontro Latino-Americano sobre Plantio Direto na Pequena Propriedade, 1998, Pato Branco, PR. Trabalho apresentado. Pato Branco: IAPAR, 1998. 18 p. BALASTREIRE, L.A. Máquinas agrícolas. São Paulo: Manole, 1990. 307 p. CASÃO JUNIOR, C; ARAÚJO, A. G. de A.; MEDEIROS, G. B. de; CASTRO FILHO, C. de; DORETTO, M.; FIGUEIREDO, P. R. A. de; CAVIGLIONE, J. H. Viabilização da mecanização do sistema de plantio direto nos municípios à margem da represa Itaipu - definição das linhas de trabalho e estratégia de ação - Relatório da terceira fase (final). Londrina: IAPAR, 1997. 32 p. CEPIK, C. T. C.; TREIN, C. R.; LEVIEN, R. Força de tração e volume do solo mobilizado por haste sulcadora em semeadura direta sobre campo nativo, em função do teor de água do solo, profundidade e velocidade de operação. Engenharia agrícola. Jaboticabal, v. 25, n. 2 p. 447-57. 2005. EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Avaliação do desempenho de plantadoras diretas para culturas de verão. Centro Nacional de Pesquisa de Trigo. Passo Fundo: EMBRAPA, 1994. s.p. FRANCHINI.; et al.contribuição de sistemas de manejo do solo para a produção sustentável da soja.3, ed. Brasília: Embrapa, 2007. KANEKO F.H, ARF O, GITTI D.C, ARF M.V, FERREIRA J.P, BUZETTI S (2010) Mecanismos de abertura de sulcos, inoculação e adubação nitrogenada em feijoeiro em sistema plantio direto. Bragantia. 69(1):125-133. KOAKOSKI, A.; SOUZA, C.M.A.; RAFULL, L.Z.L.; SOUZA, L.C.F. & REIS, E.F. Desempenho de semeadora-adubadora utilizando-se dois mecanismos rompedores e três pressões da roda compactadora. Pesq. Agropec. Bras., 42:725-731, 2007. LANDERS, J.N. Fascículo de experiência de plantio direto no cerrado. Goiânia: Associação do Plantio Direto no Cerrado, 1995, 261 p. MACHADO, A.L.T.; REIS, A.V. dos; MORAES, M.L.B. de; ALONÇO A. dos S.; Máquinas para preparo do solo, semeadura, adubação e tratamentos culturais. Pelotas: UFPel, 1996. 229f. MELLO, L. M. M.; TAKAHASHI, C. M.; YANO, E. H. Condicionamento físico do solo na linha de semeadura de milho em plantio direto: mecanismos sulcadores e rodas compactadoras. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 31., 2002, Salvador. Anais... Salvador: Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola, 2002. 1 CD-ROM PETRIN, Oswaldo. Quando usar haste sulcadora e disco duplo em plantio direto. IAPAR, disponível em:<http://www.iapar.br/modules/noticias/article.php?storyid=1427>. Acesso em: 10 de dezembro de 2015.

55 PORTELLA, J.A.; SATTLER, A.; FAGANELLO, A., 1997, Desempenho de elementos rompedores de solo sobre o índice de emergência de soja e de milho em plantio direto do sul do Brasil. Engenharia na Agricultura, Viçosa, Vol. 5, n. 3, pp 209-217. PORTELLA, J.A. Um estudo preliminar das forças atuantes em elementos rompedores de semeadoras diretas comerciais. Campinas: UNICAMP, 1983. 69f. Dissertação (Mestrado) - Universidade de Campinas, Campinas, 1983. REIS, E.F. dos; FERNANDES, H.C.; SCHAEFER, C.E.G.R.; ARAÚJO, E.F. Avaliação de mecanismos rompedores e compactadores em semeadura direta. Revista Engenharia na Agricultura, v.12, p.212-221, 2004. REIS, E.F. dos, 2003. Ambiente solo-semente em um Latossolo Vermelho-Amarelo com diferentes mecanismos rompedores e compactadores de uma semeadora de plantio direto na cultura do milho, Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, pp 66. SILVA, S. L., 2000, Avaliação de semeadoras de plantio direto: demanda energética, distribuição longitudinal e profundidade de deposição de sementes em diferentes velocidades de deslocamento. Tese (Doutorado) - Botucatu, SP, Faculdade de Ciências Agronômicas, pp 123. SILVEIRA, G.M. da, 1989, As máquinas de plantar: aplicadores, distribuidores, semeadoras, plantadoras, cultivadores. Rio de Janeiro: Globo, pp 257. SIQUEIRA, R. et al. Desempenho energético de semeadoras-adubadoras de plantio direto na implantação da cultura da soja (Glycinemax L.). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 30., 2001, Foz do Iguaçu.