BRICS Monitor. Especial RIO+20. Os BRICS rumo à Rio+20: China. Novembro de 2011

Documentos relacionados
BRICS Monitor. Especial RIO+20. Os BRICS rumo à Rio+20: Rússia. Abril de 2012

BRICS Monitor. Especial RIO+20. Os BRICS rumo à Rio+20: África do Sul. Novembro de 2011

BRICS Monitor. Especial RIO+20. Os BRICS e a União Européia: antagonismos anunciados para a Rio+20. Outubro de 2011

BRICS Monitor. Especial RIO+20. Rio+20: a Índia e a Estrutura Institucional Internacional para o Desenvolvimento Sustentável.

A organização da ECO-92 foi solicitada pela resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas (dezembro, 1989);

Responsabilidade Socioambiental como estratégia de Desenvolvimento Sustentável (I)

A população mundial está crescendo a uma taxa exponencial de 1,2% ao ano. Gera crescimento e Desenvolvimento Econômico

Policy Brief. Especial RIO+20

BRICS Monitor. Os BRICS rumo à Rio+20: China. Novembro de 2011

Policy Brief. Especial RIO+20. Rio+20: a China e a Estrutura Institucional Internacional para o Desenvolvimento Sustentável.

Agenda 2030 Brasil Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) Alinhamento de Políticas Públicas aos ODS

AGENDA 2030 E OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Policy Brief. Especial RIO+20. Rio+20: a África do Sul e a Estrutura Institucional Internacional para o Desenvolvimento Sustentável.

PROJETO DE CONCLUSÕES DO CONSELHO

CONFERÊNCIAS SOBRE O MEIO AMBIENTE ESTOCOLMO

COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LINGUA OFICIAL PRTUGUESA. Declaração da CPLP à Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável RIO+20

Seminário sobre Sustentabilidade APIMEC RIO. Compromissos Empresariais pelo Desenvolvimento Sustentável Renata Araujo Gerente de Sustentabilidade

DECLARAÇÃO DE CASCAIS

Political Process. 8º Fórum Mundial da Água. Conferência sobre o Papel dos Parlamentos e o Direito à Água MANIFESTO DOS PARLAMENTARES

INSTANCIA GOVERNANÇA REGIONAL Apontamentos do encontro ocorrido no dia 07/04/2015

Primeira Reunião da Rede de Pontos Focais da Iniciativa Regional América Latina e o Caribe livre de trabalho infantil

Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento; Fez um balanço tanto dos problemas existentes quanto dos progressos realizados;

PROJETO DE LEI Nº 017/2015, 15 de Maio de 2015

NACIONAL DE TRABALHO DECENTE - PNTD

A visão da OIT sobre o Trabalho Decente

A Agenda 2030 e os ODS: O papel do setor de transportes brasileiro.

Metas Curriculares 3.º Ciclo do Ensino Básico (9.º ano)

CÚPULA DE ÁGUA DE BUDAPESTE: A CONTRIBUIÇÃO DA IBEROAMÉRICA PARA A CONSTRUÇÃO DOS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Proposta de Programa Latino-americano e Caribenho de Educação Ambiental no marco do Desenvolvimento Sustentável. Resumo Executivo

Plano Nacional de Trabalho Decente -

PACTO PARA O DESENVOLVIMENTO DO SECTOR AGRÁRIO NO CONTEXTO DO CAADP

Planificação. 9 º Ano Ano Letivo: 2016/2017

Professor Antônio Ruas. 4 créditos 60 horas. 1. Conceitos gerais de sustentabilidade. 2. Histórico da idéia de sustentabilidade.

1.º PERÍODO DOMÍNIO CONTEÚDOS TEMPOS Contrastes de Desenvolvimento

SISEMA. Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Marília Melo - janeiro, 2012

CONFERÊNCIAS INTERNACIONAIS SOBRE O MEIO AMBIENTE

IV REUNIÃO DE MINISTRAS DA IGUALDADE DE GÉNERO E EMPODERAMENTO DAS MULHERES DA COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA - CPLP

Panorama brasileiro

Levando em conta que:

AGENDA 2030 e os 17 ODS

PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS

DIREITO AMBIENTAL. Direito Internacional Ambiental. Parte 3. Professora Eliana Khader

Discurso de inauguración Eleonora Menicucci

SÉRIE UES: COMPARTILHANDO CONHECIMENTO OS 17 OBJETIVOS PARA DESENVOLVIMENTO AGENDA SUSTENTÁVEL

REFLEXÕES SOBRE UMA POLÍTICA AMBIENTAL NA UFRN

WP Council No. 143/06

A Agenda do Trabalho Decente no Brasil e a I CNETD

Geografia ação e transformação. Encontre bons resultados em aprendizagem. Conteúdo programático. Junte nossa experiência em fazer bons

Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável

AMPLIAÇÃO E ADEQUAÇÃO DE LINHAS DE PESQUISA VOLTADOS A PROTEÇÃO E PESQUISA SOBRE BIODIVERSIDADE

A Contribuição da CNODS à Agenda dos ODS

PLANIFICAÇÃO TRIMESTRAL GEOGRAFIA 9

- PIB (Produto Interno Bruto) em crescimento; Introdução

A Graduação de Angola da Categoria de Países Menos Avançados (PMAs): Desafios e Oportunidades

A Dimensão Social e o Conceito de Desenvolvimento Sustentável

Addis Ababa, ETHIOPIA P. O. Box 3243 Telephone : Fax :

PROPOSTA DE RESOLUÇÃO

Milénio (em particular do Objectivo 8), enquanto consenso internacional para a política

II Reunião de Ministros da Saúde da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa DECLARAÇÃO DO ESTORIL

MINISTÉRIO DA ENERGIA E ÁGUAS

O QUE SÃO OS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO (ODM)

Que futuro queremos?

CONFERÊNCIA DA UNIÃO Décima-sexta Sessão Ordinária de Janeiro de 2011 Adis Abeba, Etiópia EX.CL/654 (XVIII) Add.3 Original: Francês

CAPÍTULO 16 AGENDA 21

DÉLÉGATION PERMANENTE DU PORTUGAL AUPRÈS DE L'UNESCO. Portugal. Debate de Política Geral da 39ª Sessão da Conferência Geral da UNESCO

Sobre o Workshop: FAPESP BIOTA-BIOEn-Climate Change: Ciência e Política para uma economia mais verde no contexto do RIO+20

Participação social é método de governar. Secretaria-Geral da Presidência da República

Alimentação Sustentável e ODS: Contribuições da Embrapa

A Agenda do Trabalho Decente no Brasil e a I CNETD

Saúde em Todas as Políticas e Desenvolvimento Sustentável: agendas internacionais

A Nova Meta Chinesa de Crescimento

Declaração de Mendoza. As terras secas para Rio+20: a perspectiva da América Latina e o Caribe

A OIT e as Agendas de Trabalho Decente Oficina de Troca de Experiências para a Construção de Agendas Subnacionais de Trabalho Decente

Discurso para a sessão solene sobre o manifesto em defesa do Supremo Tribunal Federal

Planificação Anual. Professor: Maria da Graça Gonçalves das Neves Disciplina: Geografia Ano: 9º Turma: A e B Ano letivo:

Rio +20: Oportunidade de fazer valer alguns Princípios da Declaração Do Rio da Eco- 92

COPATROCINADOR UNAIDS 2015 UNESCO ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, HABITAT III e Cidades Feministas

Resolução Final. A Cúpula do G20 de Los Cabos:

INFORME Nº004/2011 INFORME COMPLEMENTAR AO MANUAL ORIENTADOR DA VIII CONFERÊNCIA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL.

IX REUNIÃO DOS MINISTROS DO TURISMO DA COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA. Declaração de Foz do Iguaçu

DISCURSO DA DIRETORA REGIONAL DA OIT, ELIZABETH TINOCO I CONFERÊNCIA NACIONAL DE EMPREGO E TRABALHO DECENTE BRASÍLIA, DF, 8 DE AGOSTO DE 2012

DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO

Luisa Madruga Oficial de Projeto Economia Verde

Lidiane Duarte Nogueira Advogada Divisão Sindical da CNC

A Agenda do Trabalho Decente no Brasil e a I CNETD

Objectivos de Desenvolvimento do Milénio

AMBIENTE E TERRITÓRIO 2 ª aula

BRICS Monitor. Especial RIO+20. A Participação dos BRICS na COP17. Março de 2012

Curso: INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL PARTICIPATIVA. Agenda 21 local : da teoria à prática

PROJECTO PROVISÓRIO DO PROGRAMA DE TRABALHO. Tema: Materializar o Potencial de África como um Pólo de Crescimento Global

Rio+20: avaliação e desdobramentos. I - Oficial: Conferência oficial (processo, objetivo e resultados)

Atualizado em 12 de abril de 2017

Seminário de divulgação. 1ª Edição

TEMA 3 TRABALHO DESIGUAL? NOVAS FORMAS DE DESIGUALDADE E A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Brasil em Visita à China Balanços Gerais

Gênese socioeconômica e histórico da Educação Ambiental. Prof.ª Drª Ana Maria Thielen Merck

PRIORIDADES EM SAÚDE GLOBAL. Experiências e reflexões da cooperação multi e bilateral da Fiocruz. Felix Rosenberg, MV, MMSc EPSJV / Fiocruz

Transcrição:

BRICS Monitor Especial RIO+20 Os BRICS rumo à Rio+20: China Novembro de 2011 Núcleo de Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade BRICS Policy Center / Centro de Estudos e Pesquisas BRICS

BRICS Monitor Especial RIO+20 Os BRICS rumo à Rio+20: China Novembro de 2011 Núcleo de Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade BRICS Policy Center / Centro de Estudos e Pesquisas BRICS

BRICS POLICY CENTER - BRICS MONITOR Autor: Sérgio Veloso Coordenação: Pedro Claudio Cunca Bocayuva 1. Introdução Uma das principais vitórias da Conferência das Nações Unidas sobre Meio-Ambiente e Desenvolvimento, sediada na cidade do Rio de Janeiro, em 1992, foi a conquista de consenso internacional no que diz respeito à promoção do desenvolvimento sustentável em todo o globo. Por meio dos princípios da Declaração do Rio 1 e da Agenda 21 2, estabeleceu-se que sustentabilidade remete à interdependência de três pilares centrais: econômico, social e ambiental. Ou seja, desenvolvimento sustentável seria a combinação de desenvolvimento econômico e social, visando o crescimento e aquecimento da atividade econômica ao mesmo tempo em que promove diminuição da desigualdade e da pobreza, com ampla proteção ambiental. Vinte anos depois, na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20, que acontecerá no mês de junho, novamente na cidade do Rio de Janeiro, a noção de sustentabilidade será analisada pelo prisma do conceito de economia verde. Conceito fluido e carente de definição sólida, economia verde, e uma moldura institucional internacional que possibilite sua existência, serão os dois pontos centrais das discussões e negociações que marcarão a Rio+20. Como parte do processo preparatório para a conferência, cada país participante enviou às Nações Unidas documentos que expressam sua posição individual e um conjunto de propostas a ser defendida durante o evento. Nesse BRICS Monitor, a fim de compreender o posicionamento dos países BRICS para a Rio+20, faremos um breve relato das propostas e princípios a serem defendidas pela República Popular da China como encontradas no documento National Submission of the People s Republic of China on the UN Conference on Sustainable Development in 2012. 2. Princípios gerais defendidos pelo governo chinês 3

BRICS POLICY CENTER - BRICS MONITOR O governo chinês argumenta que desde a Rio 92, passando pela Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, que aconteceu no ano de 2002, na cidade de Johanesburgo, África do Sul, a comunidade internacional progrediu na promoção do desenvolvimento sustentável global. Porém, avalia que faltam iniciativas concretas que realmente implementem medidas de sustentabilidade em escala global. Essa falta de iniciativa se expressa pela ausência de equilíbrio entre desenvolvimento econômico e social e pelo fato de ainda existirem quadros degradação e poluição ambiental em diversas regiões do globo. A Rio+20 seria uma oportunidade para a comunidade internacional criar meios de promover a cooperação para a concretização da sustentabilidade em todo o planeta. Nesse sentido, o governo chinês entende que cinco princípios básicos devem ser respeitados, são eles: i. Três dimensões da sustentabilidade: A conferência deve fortalecer o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e social, tendo sempre em vista a necessidade de proteção ambiental. ii. Princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas: O desenvolvimento sustentável é responsabilidade e missão de todas as nações. No entanto, as diferenças entre países desenvolvidos e em desenvolvimento devem ser levadas em consideração ao estipular a função de cada país na promoção da sustentabilidade. Países em desenvolvimento, com menor capacidade financeira e tecnológica, devem ter assegurado seu direito ao desenvolvimento econômico e social, e devem contar com a ajuda de países desenvolvidos para que se desenvolvam de forma sustentável. iii. Princípio dos modos diversos de desenvolvimento: Cada país apresenta especificidades e estratégias próprias de desenvolvimento. Dessa forma, é importante que sejam respeitadas as escolhas soberanas e independentes de cada país para o desenvolvimento sustentável. iv. Princípio da liderança governamental: O papel central dos governos nacionais na promoção do desenvolvimento sustentável deve ser assegurado. No entanto, a participação extensiva da sociedade civil e dos 4

BRICS POLICY CENTER - BRICS MONITOR setores privados não deve ser negligenciada. v. Princípio do consenso: As discussões e negociações na Rio+20 devem se esforçar para estabelecer um cenário de consenso. As visões e necessidades de todas as partes devem ser contempladas, com especial ênfase para aquelas dos países em desenvolvimento. 3. Economia Verde e Moldura Institucional Não há, no decorrer das oito páginas que compõem o documento, uma definição clara de economia verde. No entanto, há uma clara vinculação entre a noção de economia verde e a necessidade de se erradicar pobreza por vias sustentáveis. Além disso, vincula-se economia verde ao princípio sete da Declaração do Rio que versa sobre as responsabilidades comuns, porém diferenciadas. No documento, o governo chinês afirma que os países desenvolvidos devem possibilitar e promover o desenvolvimento de países em desenvolvimento por vias de transferência tecnológica, ajuda financeira e expansão de acesso aos mercados. Além disso, devem promover mudanças em seus padrões não-sustentáveis de consumo e produção. Uma moldura institucional que possibilite que a noção de economia verde se converta em realidade e guie estratégias desenvolvimentistas, deve, segundo a posição oficial do governo chinês, ter como objetivo principal a erradicação da pobreza no plano global e o combate ao protecionismo e a metas restritivas. Nesse sentido, ao invés da criação de novas agências internacionais reguladoras e fiscalizadoras para a sustentabilidade, o ECOSOC e o PNUMA devem ser fortalecidos. Além disso, as instituições financeiras internacionais devem ser incorporar noções de desenvolvimento sustentável em seus planos e programas e trabalhar de forma coordenada com outras agências das Nações Unidas. 4. Conclusão O governo da República Popular da China afirma a importância da Declaração do Rio, da Agenda 21, dos Objetivos do Milênio e do Plano de Implementação de Johanesburgo 3 para a conquista da sustentabilidade como realidade em todo o globo. Dessa forma, rechaça qualquer iniciativa de 5

BRICS POLICY CENTER - BRICS MONITOR reforma das agências ambientais das Nações Unidas e reafirma a centralidade do princípio 7 da Declaração do Rio. Através do discurso chinês, a sustentabilidade seria conquistada pelo fortalecimento do consenso já estabelecido nas conferências de 1992 e 2002. Dessa forma, caberia à Rio+20 encontrar formas concretas de implementá-lo na prática. 1 http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idestrut ura=18&idconteudo=576 (último acesso 19/11/2011) 2 http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idestrut ura=18&idconteudo=575&idmenu= 9065 (último acesso 19/11/2011) 3 www.mma.gov.br/estruturas/ai/_arquiv os/pijoan.doc (último acesso 19/11/2011) 6