BRICS Monitor Especial RIO+20 Os BRICS rumo à Rio+20: China Novembro de 2011 Núcleo de Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade BRICS Policy Center / Centro de Estudos e Pesquisas BRICS
BRICS Monitor Especial RIO+20 Os BRICS rumo à Rio+20: China Novembro de 2011 Núcleo de Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade BRICS Policy Center / Centro de Estudos e Pesquisas BRICS
BRICS POLICY CENTER - BRICS MONITOR Autor: Sérgio Veloso Coordenação: Pedro Claudio Cunca Bocayuva 1. Introdução Uma das principais vitórias da Conferência das Nações Unidas sobre Meio-Ambiente e Desenvolvimento, sediada na cidade do Rio de Janeiro, em 1992, foi a conquista de consenso internacional no que diz respeito à promoção do desenvolvimento sustentável em todo o globo. Por meio dos princípios da Declaração do Rio 1 e da Agenda 21 2, estabeleceu-se que sustentabilidade remete à interdependência de três pilares centrais: econômico, social e ambiental. Ou seja, desenvolvimento sustentável seria a combinação de desenvolvimento econômico e social, visando o crescimento e aquecimento da atividade econômica ao mesmo tempo em que promove diminuição da desigualdade e da pobreza, com ampla proteção ambiental. Vinte anos depois, na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20, que acontecerá no mês de junho, novamente na cidade do Rio de Janeiro, a noção de sustentabilidade será analisada pelo prisma do conceito de economia verde. Conceito fluido e carente de definição sólida, economia verde, e uma moldura institucional internacional que possibilite sua existência, serão os dois pontos centrais das discussões e negociações que marcarão a Rio+20. Como parte do processo preparatório para a conferência, cada país participante enviou às Nações Unidas documentos que expressam sua posição individual e um conjunto de propostas a ser defendida durante o evento. Nesse BRICS Monitor, a fim de compreender o posicionamento dos países BRICS para a Rio+20, faremos um breve relato das propostas e princípios a serem defendidas pela República Popular da China como encontradas no documento National Submission of the People s Republic of China on the UN Conference on Sustainable Development in 2012. 2. Princípios gerais defendidos pelo governo chinês 3
BRICS POLICY CENTER - BRICS MONITOR O governo chinês argumenta que desde a Rio 92, passando pela Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, que aconteceu no ano de 2002, na cidade de Johanesburgo, África do Sul, a comunidade internacional progrediu na promoção do desenvolvimento sustentável global. Porém, avalia que faltam iniciativas concretas que realmente implementem medidas de sustentabilidade em escala global. Essa falta de iniciativa se expressa pela ausência de equilíbrio entre desenvolvimento econômico e social e pelo fato de ainda existirem quadros degradação e poluição ambiental em diversas regiões do globo. A Rio+20 seria uma oportunidade para a comunidade internacional criar meios de promover a cooperação para a concretização da sustentabilidade em todo o planeta. Nesse sentido, o governo chinês entende que cinco princípios básicos devem ser respeitados, são eles: i. Três dimensões da sustentabilidade: A conferência deve fortalecer o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e social, tendo sempre em vista a necessidade de proteção ambiental. ii. Princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas: O desenvolvimento sustentável é responsabilidade e missão de todas as nações. No entanto, as diferenças entre países desenvolvidos e em desenvolvimento devem ser levadas em consideração ao estipular a função de cada país na promoção da sustentabilidade. Países em desenvolvimento, com menor capacidade financeira e tecnológica, devem ter assegurado seu direito ao desenvolvimento econômico e social, e devem contar com a ajuda de países desenvolvidos para que se desenvolvam de forma sustentável. iii. Princípio dos modos diversos de desenvolvimento: Cada país apresenta especificidades e estratégias próprias de desenvolvimento. Dessa forma, é importante que sejam respeitadas as escolhas soberanas e independentes de cada país para o desenvolvimento sustentável. iv. Princípio da liderança governamental: O papel central dos governos nacionais na promoção do desenvolvimento sustentável deve ser assegurado. No entanto, a participação extensiva da sociedade civil e dos 4
BRICS POLICY CENTER - BRICS MONITOR setores privados não deve ser negligenciada. v. Princípio do consenso: As discussões e negociações na Rio+20 devem se esforçar para estabelecer um cenário de consenso. As visões e necessidades de todas as partes devem ser contempladas, com especial ênfase para aquelas dos países em desenvolvimento. 3. Economia Verde e Moldura Institucional Não há, no decorrer das oito páginas que compõem o documento, uma definição clara de economia verde. No entanto, há uma clara vinculação entre a noção de economia verde e a necessidade de se erradicar pobreza por vias sustentáveis. Além disso, vincula-se economia verde ao princípio sete da Declaração do Rio que versa sobre as responsabilidades comuns, porém diferenciadas. No documento, o governo chinês afirma que os países desenvolvidos devem possibilitar e promover o desenvolvimento de países em desenvolvimento por vias de transferência tecnológica, ajuda financeira e expansão de acesso aos mercados. Além disso, devem promover mudanças em seus padrões não-sustentáveis de consumo e produção. Uma moldura institucional que possibilite que a noção de economia verde se converta em realidade e guie estratégias desenvolvimentistas, deve, segundo a posição oficial do governo chinês, ter como objetivo principal a erradicação da pobreza no plano global e o combate ao protecionismo e a metas restritivas. Nesse sentido, ao invés da criação de novas agências internacionais reguladoras e fiscalizadoras para a sustentabilidade, o ECOSOC e o PNUMA devem ser fortalecidos. Além disso, as instituições financeiras internacionais devem ser incorporar noções de desenvolvimento sustentável em seus planos e programas e trabalhar de forma coordenada com outras agências das Nações Unidas. 4. Conclusão O governo da República Popular da China afirma a importância da Declaração do Rio, da Agenda 21, dos Objetivos do Milênio e do Plano de Implementação de Johanesburgo 3 para a conquista da sustentabilidade como realidade em todo o globo. Dessa forma, rechaça qualquer iniciativa de 5
BRICS POLICY CENTER - BRICS MONITOR reforma das agências ambientais das Nações Unidas e reafirma a centralidade do princípio 7 da Declaração do Rio. Através do discurso chinês, a sustentabilidade seria conquistada pelo fortalecimento do consenso já estabelecido nas conferências de 1992 e 2002. Dessa forma, caberia à Rio+20 encontrar formas concretas de implementá-lo na prática. 1 http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idestrut ura=18&idconteudo=576 (último acesso 19/11/2011) 2 http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idestrut ura=18&idconteudo=575&idmenu= 9065 (último acesso 19/11/2011) 3 www.mma.gov.br/estruturas/ai/_arquiv os/pijoan.doc (último acesso 19/11/2011) 6