Discurso proferido pelo deputado GERALDO RESENDE (PMDB/MS), em sessão no dia 28/02/2012. SEGURANÇA NA FRONTEIRA JÁ! Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, O Tribunal de Contas da União (TCU) divulgou, na semana passada, relatório que aponta uma grande deficiência na estrutura de trabalho da Polícia Federal nas regiões fronteiriças do Brasil, principalmente na divisa com Bolívia e o Paraguai, no meu Estado, Mato Grosso do Sul. É uma situação preocupante, que já alertamos por diversas vezes no ano passado.
Mesmo com os dados negativos, quero crer, no entanto, que o recente termo de adesão de onze Estados ao Plano Estratégico de Fronteiras, coordenado pelo Ministério da Justiça em parceria com o Ministério da Defesa possibilite o acesso aos recursos, da ordem de R$ 37 milhões para investimentos em segurança, principalmente no combate ao tráfico de armas e drogas provenientes dos países vizinhos. O que pretendo com este pronunciamento, é repercutir as conclusões do relatório do TCU, para que providências sejam tomadas no âmbito do Plano Estratégico de Fronteiras. Assim, destaco a situação da delegacia da Polícia Federal em Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul, cujo prédio apresenta pontos de alagamento, goteiras, infiltrações e até instalações elétricas comprometidas, que podem provocar sérios acidentes. Segundo o relatório o
trabalho policial de combate ao tráfico de drogas é realizado em locais, por vezes, de difícil acesso, distantes e isolados, e em condições pouco satisfatórias, dada a especificidade dessa região. Auditores do TCU apontaram ainda que na área de fronteira de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso com Paraguai e a Bolívia, traficantes invadem o espaço aéreo brasileiro com aeronaves carregadas de drogas e também entram no País, por meio da fronteira seca, com veículos e pessoas a serviço do tráfico. Assim, o relator do documento, ministro Aroldo Cedraz, recomenda ao Departamento da Polícia Federal que dote as delegacias localizadas na região de fronteira, especialmente as de Ponta Porã (MS), Corumbá (MS), Vilhena (RO) e Naviraí (MS), com estrutura física adequada para o trabalho de repressão ao tráfico de drogas.
É importante relembrar pronunciamentos que fiz em julho e agosto do ano passado, nesta Casa, no qual apontei informações semelhantes à do relatório, como por exemplo, de que o efetivo da Polícia Federal não é suficiente para atender toda a região de fronteira em seu trabalho de combate ao tráfico de drogas. É importante lembrar que a área que faz fronteira com grandes países produtores de maconha e cocaína Paraguai, Bolívia, Peru e Colômbia totaliza 11,6 mil quilômetros e envolve os Estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Acre, Rondônia, Paraná e Amazonas, cuja extensão conta apenas com 14 delegacias federais, 116 delegados e 708 agentes. Por outro lado, embora haja a disponibilidade de mais de três mil vagas, oriundas de exonerações e aposentadorias, estima-se que somente 1,2 mil profissionais deverão ingressem na Polícia Federal, ainda este ano, por meio de
concurso público, fato que precisa ser reavaliado com urgência. Na questão da estrutura física, o relatório do TCU apontou, ainda, que a Polícia Federal não dispõe equipamentos essenciais para a segurança e o desempenho profissional na quantidade necessária. Coletes balísticos, binóculos de visão noturna, caminhonetes com tração nas quatro rodas e rastreadores não são disponibilizados em número suficiente. Concluindo este alerta, lembro aos nobres pares que articulamos, no ano passado, a criação da Frente Parlamentar em Defesa dos Municípios da Faixa de Fronteira, conquistando o apoio de diversos deputados e senadores. Precisamos, portanto, concluir os entendimentos para que esse novo fórum de levantamentos e debates seja,
finalmente, formalizado, o que faremos nas próximas semanas, reforçando o entendimento de que é necessário definir estratégias para aprimorar a qualidade de vida dos brasileiros que moram nas regiões de fronteira, com enfoque não apenas na segurança, mas também na saúde, educação e cultura. Muito obrigado pela atenção. Deputado GERALDO RESENDE PMDB/MS