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Transcrição:

FisioterapiaBrasil ano1-n 2 o Novembro/Dezembro de 2000 Neurologia O processo de degeneração walleriana Pneumologia Rastreamento do ângulo de Charpy em crianças asmáticas e não asmáticas Otoneurologia Vertigem: A abordagem da fisioterapia Oncologia Morbidade após o tratamento para câncer de mama Pós-graduação Cursos de mestrado e doutorado www.atlanticaeditora.com.br

Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 1 - Setembro/Outubro de 2000 3 Fisioterapia Brasil Índice (vol.1, nº1, set/out 2000) EDITORIAL Uma revista de referência para as produções científicas da Fisioterapia Brasileira, Marco Antonio Guimarães da Silva... 5 CREFITO-2 em prol do desenvolvimento científico, Regina Maria de Figueirôa... 7 RESUMOS DE TRABALHOS E CONGRESSOS... 8 Fisioterapia prática ARTIGOS CIENTÍFICOS E REVISÕES A aplicação da eletroestimulação transcutânea diafragmática em indivíduos normais, Patrícia Nascimento, Esperidião Elias Aquim... 15 Método para prescrição de exercícios terapêuticos no trabalho, José Henrique Ferreira Alves... 19 Distúrbio respiratório na doença de Parkinson, João Santos Pereira, Sonia Regina Cardoso... 23 Principais alterações e sintomas do sistema crâniosacral em pacientes portadores de disfunções crâniomandibulares, Sandra Regina Paes da Silva... 27 Desmame do ventilador mecânico: Sucesso ou insucesso? Carlos Alberto Caetano Azeredo... 33 Ginástica Laborativa A corporeidade e a relacionalidade do ser humano, Felismar Manoel... 39 RESUMOS DE DISSERTAÇÕES E TESES... 44 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO... 47 CALENDÁRIO DE EVENTOS... 50 Nas proximas edições de Fisioterapia Brasil serão detalhados os cursos de mestrado e doutorado para o fisioterapeuta.

4 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 1 - Setembro/Outubro de 2000 Fisioterapia Brasil Fisioterapia Brasil é um jornal dirigido à classe dos fisioterapeutas e a todos os especialistas das ciências da reabilitação, dos esportes e da terapia ocupacional. Fisioterapia Brasil edita artigos originais, revisões, cartas, resumos e críticas de artigos internacionais, resumos de teses, informações sobre as novas técnicas e tecnologias, em conformidade com os padrões das edições científicas internacionais. Para os profissionais, Fisioterapia Brasil é um veículo de informação e formação continuada sobre os conhecimentos científicos da especialidade e favorece a discussão multidisciplinar com as ciências conexas. Fisioterapia Brasil Editor científico: Prof. Dr. Marco Antonio Guimarães da Silva Editor: Dr. Jean-Louis Peytavin, Faculdade de Medicina de Lyon (França) Publicidade e Marketing: René Caldeira Delpy Jr. (Rio de Janeiro), Maurício Galvão Costa Anderson (São Paulo) Administração: Claudiane Benavenuto Conselho Científico Presidente Prof. Dr. Marco Antonio Guimarães da Silva, Med. Dr. Sci. - RJ Membros Prof. Dr. Guillermo Scaglione, Med. Dr. Sci. - Arg Prof. Dr. Hugo Izarn, Dr. Sci. - Arg Prof. Dr. Mario Baraúna, Dr.Sci. - MG Prof. Dr. Nivaldo Antonio Parizotto, Dr. Sci. - SP Conselho Consultivo Dr. Antonio Neme Khoury - RJ Dr. Carlos Alberto Caetano de Azeredo - RJ Dr. Espiridião Elias Aquim - PR Dr. Farley Campos - RJ Dr. Hélio Pio - RJ Prof. Dr. João Santos Pereira - RJ Dr. José Roberto Prado Jr. - RJ Dra. Marisa Moraes Regenga - SP Dr. Nilton Petrone - RJ Dra. Regina Maria de Figuerôa - RJ ATLANTICA EDITORA www.atlanticaeditora.com.br Rio de Janeiro Rua General Glicério, 71/304 22245-120 Rio de Janeiro - RJ Tel/fax: (21) 557-7304 redacao@atlanticaeditora.com.br São Paulo Avenida São João, 56, sala 7 12940-000 Atibaia SP Tel/fax: (11) 7871-7629 Cel: (11) 9219-0570 marketing@atlanticaeditora.com.br Ilustração da capa: Menelaw Sete, acrílico sobre tela, 80x60cm, sem título. Redação e administração: (Todo o material a ser publicado na revista deve ser enviado para o seguinte endereço) Jean-Louis Peytavin Rua General Glicério, 71/304 22245-120 Rio de Janeiro - RJ Tel/fax: (21) 557-7304 redacao@atlanticaeditora.com.br Publicidade: Rio de Janeiro - René C. Delpy Jr. - (21) 557-7304 Cel.: (21) 9662-9411 São Paulo - Maurício Galvão C. Anderson (11) 7871-7629 - Cel: (11) 9219-0570 Assinaturas 6 números ao ano + 1 CD-ROM R$ 70,00 www.atlanticaeditora.com.br/assinaturas I.P. (Informação publicitária): As informações são de responsabilidade dos anunciantes. ATMC - Atlântica Editora Ltda - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética médica, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante.

Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 1 - Setembro/Outubro de 2000 5 Editorial Uma revista de referência para as produções científicas da Fisioterapia Brasileira Marco Antonio Guimarães da Silva* O método científico é a arte de bem dispor uma série de diversos pensamentos, seja para descobrir uma verdade que ignoramos, seja para levar para outros uma verdade que conhecemos. René Descartes * Coordenador científico de Fisioterapia Brasil, professor titular de cursos de mestrado recomendado pela CAPES, professor visitante de cursos de doutorado no Exterior A partir dos anos 50 a nossa profissão começa a tomar forma, inicialmente, sob forte influência de um grupo de médicos e com um curso de formação que iria no futuro reclamar um tempo maior. Os anos avançaram e rapidamente nos conscientizamos de que seria preciso reestruturar a grade curricular e criar uma forte organização para vencer os obstáculos impostos por uma série de circunstâncias e pessoas contrárias à autonomia da nova profissão. Mas a Fisioterapia desde o principio se impunha com muita personalidade. A primeira vitória, em 1969, com a regulamentação da profissão, seguida pela criação do Conselho Federal e Conselhos Regionais em 1975, acabou por determinar e oferecer os mecanismos de que precisávamos para lutar e conquistar o nosso lugar na sociedade. A partir de então, a Fisioterapia conseguiu alcançar uma posição no campo profissional de fazer inveja a qualquer outro país do mundo. Além disso, o desenvolvimento dos inúmeros recursos fisioterapêuticos consagrou a profissão como especialidade indispensável em hospitais, clínicas, clubes desportivos, empresas e outras instituições afins. A formação da massa crítica não pode acompanhar, com a mesma velocidade, as conquistas obtidas na área trabalhista que projetaram a fisioterapia brasileira no cenário mundial. Atualmente o país possui um número muitíssimo grande de cursos de graduação, uma quantidade significativa de cursos de pós-graduação lato sensu e apenas um curso de pós-graduação stricto sensu - nível de mestrado - recomendado pela CAPES. O número de Doutores em diversas áreas vem aumentando consideravelmente nos últimos anos e a fisioterapia brasileira parece inserir-se, ainda que lentamente, nesse contexto, conquistando o seu lugar no universo acadêmico, apesar da grande lacuna ainda existente na área do stricto sensu. O número de fisioterapeutas doutores e doutorandos aumentou nos últimos anos e a continuar assim a profissão poderá ocupar, nos próximos dez anos, uma posição mais confortável no meio científico. É evidente que os indicadores que consolidam uma profissão no meio acadêmico passam não só pela formação de sua massa crítica, mas também por sua produção acadêmica. A organização de simpósios, congressos e as publicações são indicativos do avanço de uma profissão no meio cientifico. Há um vínculo muito íntimo entre a formação da massa crítica e as publicações, já que o investigador, produto final dessa formação, passará a produzir pesquisas e, inevitavelmente, publicá-las em periódicos correntes ou apresentá-las nos congressos científicos.

6 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 1 - Setembro/Outubro de 2000 À medida que os recém Doutores se envolvam com as atividades de docência e investigação no stricto sensu e passem, por forças circunstanciadas à produção exigida pela CAPES, a ter que publicar, será imperativo que os veículos divulgadores destas produções possam atender a esta nova demanda. Publicar em revistas no exterior significa, de um modo geral, submeter-se a uma espera que pode tardar mais de 18 meses e com a agravante de que, pelas restrições de idioma e de circulação, não se dá oportunidade de que os resultados obtidos pelos trabalhos realizados e publicados atinjam ao real público interessado, o corpo discente, docente e pesquisador da área de fisioterapia do Brasil. A Revista Fisioterapia Brasil, com um corpo editorial constituído por professores Doutores do Brasil e exterior e com um comitê de consultores formado por especialistas de renome nacional e internacional, nasce com a preocupação de participar dessa nova etapa e buscará através de suas publicações ser o elo entre as produções do pesquisador e os colegas que trabalham em atividades clínicas. Outra característica que a distingue será a de divulgar em suas edições informações sobre eventos, análises de publicações, resumos de artigos publicados em periódicos internacionais, dissertações e teses defendidas por fisioterapeutas. Esperamos assim o mais rapidamente possível nos inserir no contexto acadêmico nacional e internacional avançando mais uma etapa na consagração da nossa profissão. O número que agora publicamos reúne artigos de colegas de renomada experiência e reconhecimento, resumos de dissertações de mestrados recomendados pela CAPES e apresentados por fisioterapeutas. A partir do próximo número esperamos iniciar a publicação de artigos originais que traduzam os resultados de pesquisas experimentais realizadas por nossos colegas de profissão. Desejamos, portanto, ser o veículo responsável pela inserção desses resultados no núcleo de conhecimentos da comunidade científica. Descartes (1596-1650) ao definir o método cientifico como a arte de bem dispor uma série de diversos pensamentos, seja para descobrir uma verdade que ignoramos, seja para levar para outros uma verdade que conhecemos parecia, ainda que não intencionalmente, especificar com muita precisão a importância da divulgação cientifica para o pesquisador e para a ciência. A partir dessa idéia a revista Fisioterapia Brasil trabalhará, oferecendo pistas que o investigador necessita para levar adiante a sua pesquisa e, ao mesmo tempo, permitindo que as descobertas e criações deste pesquisador sirvam como trilhas para os que lhe seguem e que estão a descobrir novas verdades científicas. Bem vindo.

Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 1 - Setembro/Outubro de 2000 7 CREFITO-2 em prol do desenvolvimento científico Foi com enorme satisfação que recebemos a notícia da criação da Revista Fisioterapia Brasil e, maior ainda, a nossa alegria em apoiar esta iniciativa. O Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 2ª Região (CREFITO-2) há muito vem se preocupando com a carência de publicações científicas nas áreas da Fisioterapia e da Terapia Ocupacional. Por isso, reconhece a grande importância de uma revista que terá um papel relevante na divulgação dos avanços tecnológicos e científicos da Fisioterapia, que devem ser compartilhados com todos aqueles que buscam o crescimento profissional e o aprimoramento da qualidade assistencial. O próprio CREFITO-2 já teve aprovada, em Plenária, a edição de uma revista com o objetivo de divulgar e incentivar a realização de trabalhos científicos. Tal idéia, no entanto, mostrou-se, posteriormente, inviável ao Conselho, que tem sob sua responsabilidade inúmeras atribuições que dizem respeito à sua missão como órgão fiscalizador e regulador do exercício profissional. Contudo, ao longo desses anos, o CREFITO-2 vem fomentando o desenvolvimento científico de Fisioterapeutas, Terapeutas Ocupacionais e acadêmicos, promovendo a sua Jornada Científica que, neste ano, chega à sua oitava edição. Com data marcada para os dias 2, 3 e 4 de outubro, a VIII Jornada Científica de Fisioterapia e Terapia Ocupacional do CREFITO-2 será realizada na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e marcará as comemorações dos 25 anos de criação do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Nesses anos, apesar das dificuldades encontradas, foram incontáveis as conquistas obtidas em prol da boa assistência à saúde e da dignidade profissional. Este é um compromisso do Conselho, que tem trabalhado para superar e vencer desafios. Graças a este comprometimento, conseguimos o respeito e a credibilidade da população e da comunidade científico-profissional no exercício do controle social das profissões de Fisioterapeuta e de Terapeuta Ocupacional e dos campos assitenciais da Fisioterapia e da Terapia Ocupacional. Como defensores das prerrogativas do Fisioterapeuta e do Terapeuta Ocupacional, temos procurado promover a construção do conhecimento e a instrumentalização dos profissionais sobre seus direitos e deveres, assim como temos incentivado a busca de valores profissionais fundamentados na ética e na responsabilidade social. Estamos certos de que a Revista Fisioterapia Brasil será mais um parceiro do CREFITO-2 e desejamos uma longa trajetória em prol da excelência acadêmica e científica. Dra. Regina Maria de Figueirôa Presidente do CREFITO-2

8 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 1 - Setembro/Outubro de 2000 Resumos de congressos e trabalhos G. Noël, L. A. Verbruggen, E. Barbaix, W. Duquet, Manual Therapy, p 102-107, volume 5, número 2, maio de 2000 Adicionando compressão à mobilização em um programa de reabilitação após cirurgia do joelho. Estudo preliminar de observação clínica A carga cíclica da cartilagem, a qual ocorre durante o uso normal de uma articulação, estimula as atividades biossintéticas dos condrócitos. Portanto, o estímulo funcional pode contribuir para a cura da junta. Neste estudo os pesquisadores adicionaram mobilização com compressão ao programa padrão de reabilitação em pacientes se recuperando de cirurgia reconstrutiva intra-articular do ligamento cruzado anterior. Trinta pacientes foram tratados com um programa padrão de terapia física após a cirurgia. Para metade dos pacientes, a mobilização sobre compressão foi adicionada ao programa de reabilitação. O grau de movimento da flexão do joelho (GMFJ) foi medido usando-se um goniômetro. Os pacientes que receberam mobilizações com compressão atingiram uma meta preestabelecida de 130 º de GMFJ após seis sessões de tratamento comparado com 11 sessões do grupo controle. Esta rápida progressão foi caracterizada por um aumento significativo do GMFJ nas duas primeiras sessões de tratamento. A explicação para tal efeito pode estar nos rápidos processos de resposta que poderiam incluir mudanças reológicas no fluído sinovial, aumento do turnover entre fluídos sinoviais e matriz de cartilagem ou maior turnover sinovial em lugar de um fenômeno metabólico complexo. A recuperação mais rápida da meta preestabelecida (130 º de GMFJ) no grupo recebendo mobilizações com compressão poderia justificar futuros estudos clínicos investigando o potencial de benefícios de somar estas técnicas a programas correntes de reabilitação. M. Krause, K. M. Refshauge, M. Dessen, R. Boland, Manual Therapy, p 72-81, volume 5, número 2, maio de 2000 Tração da coluna lombar: avaliação dos efeitos e aplicação recomendada para tratamento A despeito do largo uso da tração, pouco é conhecido o seu modo de efeito, e a aplicação continua largamente folclórica. A eficácia da tração também não é clara em virtude do desenho geralmente pobre dos estudos clínicos até o momento e porque o subgrupo de pacientes mais prováveis de se beneficiarem não foi especificamente estudado. Estas observações levaram a esta revisão, cujo propósito é avaliar os mecanismos pelos quais a tração pode trazer benefícios e diretrizes racionais para a aplicação clínica da mesma. A tração tem sido utilizada para separar as vértebras e parece que não é requerida grande força. A separação vertebral poderia dar alívio dos sintomas radiculares

Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 1 - Setembro/Outubro de 2000 9 pela remoção direta da pressão ou forças de contato do tecido neural sensitivo. Outros mecanismos propostos para explicar os efeitos da tração (por ex: redução da protrusão do disco ou pressão intradiscal alterada) não ocorreram. Concluímos que a tração deve beneficiar especialmente pacientes com dor aguda radicular (menos de 6 semanas de duração) com déficit neurológico concomitante. A aparente falta a de uma relação dose-resposta sugere que baixas doses provavelmente são suficientes para obter benefícios. Henry Wajswelner, Kim Bennell, Ian Story, Joan McKeenan, Physical Therapy in Sport, p 75-84, volume 1, número 3, agosto de 2000. Ação muscular e stress nas costelas em remadores Objetivo: A ação muscular dos músculos peitorais tem sido proposta como uma causa das fraturas de costela de stress em remadores. O objetivo foi examinar a seqüência da atividade eletromiográfica (EMG) do pico muscular peitoral e a compressão da caixa torácica durante a remada. Modelo: Foi usado um modelo de medições repetidas dentro de um grupo. Pessoas e local: 74 remadores (34 homens e 40 mulheres) de níveis de competição de elite, e de clubes e escolas foram testados no Australian Institute of Sport de Canberra ou na Escola de Fisioterapia da Universidade de Melbourne. Método: EMG de superfície foi usada para medir o tempo da atividade de pico do músculo serrátil anterior (SA) e do oblíquo externo do abdome (OEA).Um extensômetro indicou o tempo máximo de compressão da caixa torácica (CT). As pessoas usaram um ergômetro de remo e a seqüência destes eventos foi examinada. Resultado: O pico da atividade do SA ocorre justamente antes da captura enquanto o pico da atividade do OEA ocorre no final da remada. CT seguiu OEA bem de perto e não é coincidente com o pico da atividade SA. Os resultados foram consistentes em todos os níveis da experiência de remo. Conclusão: Uma seqüência consistente de pico de atividade muscular e CT foi encontrada, com a CT seguindo de perto a atividade OEA. Isto indica que as costelas podem sofrer compressão via atividade do OEA em vez de atividade do SA no remo. Denise T.S. Dias, Maria Ignêz Z Feltrim, Antonio P Mansour, Instituto do Coração (InCor) HC- FMUSP São Paulo SP, 55 o Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Rio de Janeiro, RJ, 30 de julho a 2 de agosto de 2000, A inserção da fisioterapia em um programa multiprofissional de orientação ao paciente coronariopata O programa multiprofissional de orientação ao paciente coronariopata (PamCor) visa a orientação sobre os fatores de risco relacionados a doença coronariana e estratégias para mudança de hábitos. O programa se desenvolve integrando as diferentes áreas de atuação multiprofissional, sendo a Fisioterapia parte integrante, objetivando influenciar mudanças nas

10 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 1 - Setembro/Outubro de 2000 atividades físicas e corporais. Este trabalho objetiva mostrar o resultado do relato dos pacientes frente às orientações realizadas. No período de outubro/98 a dezembro/99 foram orientados 135 pacientes, divididos em 35 grupos, que receberam três sessões de orientações sobre atividade física, postura corporal e tabagismo, com duração de 20 minutos cada sessão. No grupo de 135 pacientes, 51% era do sexo feminino e 78% dos pacientes relatavam a prática de algum tipo de atividade física, sendo a caminhada a modalidade de maior freqüência, presente em 88%. O restante, 22% eram sedentários. Após as sessões de orientação fisioterápica, 46% dos pacientes que já praticavam atividade física, apresentou aumento na freqüência de realização do exercício e mesmo incorporação de alguma nova modalidade. Dos pacientes sedentários, 12% iniciou alguma atividade física sendo a modalidade predominante a caminhada. Concluímos que um programa educativo e de esclarecimento da doença cardiovascular e seus fatores de risco, acompanhado de orientações sobre meios de combate-los, traz benefícios aos pacientes, que uma vez motivados, passam a praticar regularmente atividade física e a cuidar melhor do próprio corpo, melhorando seu bem-estar e sua qualidade de vida. Sagiv, M., D. Ben-Sira, E. Goldhammer, M. Soudry. Med. Sci. Sports Exerc, 32;7:1197-1201, julho de 2000. Contratibilidade do ventrículo esquerdo e função no pico de exercícios aeróbico e anaeróbico Objetivo: O presente estudo comparou e avaliou a função ventricular esquerda e contratibilidade em pico incrementado de exercício aeróbico e esforço anaeróbico explosivo em jovens saudáveis treinados. Métodos: 22 indivíduos jovens saudáveis treinados (19 ± 1 ano) foram estudados por eletrocardiografia módulo-m bidimensional em exercícios no pico aeróbico e em picos não anaeróbicos, efetuados em bicicleta ergométrica. Resultados: Todos os indivíduos completaram o estudo sem nenhuma anormalidade no eletrocardiógrafo. Diferenças significativas (P < 0,05) entre os esforços aeróbico e anaeróbico foram notadas no resultado do pico cardíaco (24 ± 2,0 e 15.0 ± 1,1 l.min -1, respectivamente), relação pressão-volume ventricular esquerda (5,8 ± 0,6 e 4,7 ± 0,5 respectivamente), volume final sistólico (33 ± 4 e 42 ± 5 ml, respectivamente), fração de ejeção (79 ± 7 e 66 ± 5% respectivamente) e resistência periférica total (RPT) (367 ± 90 e 704 ± 90 dynes.s -1.cm -5, respectivamente). Conclusões: Estes dados indicam que os esforços ventriculares esquerdos no pico não anaeróbico foram marcadamente diferentes daqueles observados no exercício no pico aeróbico. Estas diferenças são presumivelmente devidas às diferentes respostas pós-carga entre os dois modelos de exercício. Portanto, sugere-se que o esforço tipo anaeróbico seja feito com maior cautela nos indivíduos jovens saudáveis normais.

Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 1 - Setembro/Outubro de 2000 11 Darren E. R. Warburton, Robert C. Welsh, Mark J. Haykowsky, Dylan A. Taylor, Dennis P. Humen, Vladimir Dzavik, Med. Sci. Sports Exerc., volume 32, número 7, 1208-1213, julho de 2000. Efeitos da competição tipo half-ironman no desenvolvimento de potenciais tardios Objetivos: O p-ndo propósito foi examinar se os PTs são a expressão eletrocardiográfica de uma maior massa miocardíaca. Métodos: 9 triatletas homens assintomáticos (idade ± SD, 32 ± 5 anos) foram examinados usando-se ECG 48-72h antes (PRE), imediatamente após (POST), e 24-48h (recuperação) pós completar o meio triatlon Ironman. Potenciais tardios foram considerados estar presentes se duas das seguintes anomalias ECG fossem observadas: 1) Um prolongado complexo QRS filtrado (> 114 ms), 2) uma duração prolongada do sinal de baixa amplitude (SBA) (>38 ms), e/ou 3) uma baixa voltagem raiz quadrada média (RQM) dos últimos 40 ms do complexo QRS (< 20 mv). As dimensões do ventrículo esquerdo foram determinadas PRE usando-se o módulo-m da cardiografia. Resultados: Não houve diferenças significativas entre PRE, POST e RECUPERAÇAO na duração do QRS, na duração do SBA ou a voltagem RQM. Dois atletas apresentaram uma única anormalidade ECG durante PRE e duas anormalidades ECG (i.e. PTs) durante POST. Potenciais tardios permaneceram em um dos dois atletas durante RECUPERAÇAO. Existiu uma relação moderada entre QRS e a massa ventricular esquerda (r = 0,67, P < 0,05). Conclusões: Treinamentos e/ou eventos de ultra-endurance não levam a PTs na maioria dos atletas que não tenham arritmia ventricular. Entretanto um pequeno número de triatletas mostram anormalidades ECG as quais são aumentadas por um evento de ultra-endurance e podem persistir mesmo depois da recuperação do mesmo. A massa ventricular esquerda não afeta totalmente os parâmetros ECG. Omri Inbar, Paltiel Weiner, Yair Azgad, Arie Rotstein, Yitzhak Weinstein, Med. Sci. Sports Exerc., volume 32, número 7, pp. 1233-1237, julho de 2000. Treino específico dos músculos inspiratórios em atletas de endurance bem treinados Objetivo: Tem sido reportado que ocorre dessaturização do O 2 arterial durante exercício aeróbico máximo nos atletas de endurance de elite e que isto pode estar associado com fadiga muscular respiratória e hipoventilação relativa. Nós adotamos a hipótese de que o treinamento muscular inspiratório específico (TMIE) resultará na melhoria do funcionamento muscular respiratório e consequentemente na capacidade aeróbica em atletas de endurance bem treinados. Métodos: 20 atletas bem treinados se apresentaram como voluntários para o estudo e foram distribuídos em 2 grupos: 10 atletas formaram o grupo em treinamento e receberam TMIE e 10 atletas formaram o grupo controle e receberam falso treinamento. O treinamento de inspiração foi feito usando-se um treinador de limiar muscular inspiratório, por meia hora/dia, 6 vezes por semana durante 10 semanas. Os indivíduos do grupo de controle receberam falso

12 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 1 - Setembro/Outubro de 2000 treino com o mesmo esquema, mas sem resistência. Resultados: A força muscular inspiratória (PI max ) aumentou significativamente de 142,2 ± 24,8 para 177,2 ± 32,9 cm H 2 O (P < 0,005) no treinamento, mas permaneceu sem mudança no grupo controle. A resistência muscular inspiratória também aumentou bastante, de 121,6 ± 13,7 para 154,4 ± 22,1 cm H 2 O (P < 0,005), no grupo em treinamento mas não no grupo controle. A melhoria de desempenho muscular inspiratório no grupo de treino não foi associada ao aumento do pico V(dot) Emax, V(dot)O 2max, reserva respiratória, ou saturação do O 2 arterial (% SaO 2 ), medidos durante ou no pico do teste de exercício. Conclusões: Pode-se concluir que 10 semanas de TMIE podem aumentar o desempenho do músculo respiratório em atletas bem treinados. Entretanto, este aumento não foi associado a melhoria na capacidade aeróbica, como determinado pelo V(dot)O 2max, ou na dessaturação arterial de O 2 durante o grau máximo de desafio. O significado de tais resultados é incerto e mais estudos são necessários para elucidar o papel do treinamento muscular respiratório na melhoria do exercícios tipo aeróbicos. L. Jerome Brandon, Lisa W. Boyette, Deborah A. Gaasch, e Adrienne Lloyd, Journal of Aging and Physical Activity, volume 8, número 3, julho de 2000. Efeitos do treino na força da extremidade inferior sobre mobilidade funcional em adultos idosos Esse estudo avaliou os efeitos de um programa de treinamento da força da extremidade inferior para a mobilidade de idosos. 85 pessoas idosas (43 experimental, ES, e 42 comparativo, CS) com idade média de 72,3 anos participaram. Os ES treinaram a força dos flexores plantares (FP), flexores do joelho (FJ) e extensores do joelho (EJ) 1 hora por dia, 3 dias por semana durante 4 meses. Ambos os ES e CS foram avaliados pela força dos FP, FJ e EJ e o tempo requerido para completar o levantamento do chão, levantamento da cadeira, andar 50 pés, e subir e descer escadas antes e depois do treinamento. Os ES aumentaram (P < 0,05) em ambas força absoluta (51,9%) e relativa após treinamento. Somente os atos de levantamento do chão e da cadeira melhoraram significativamente após o treinamento. A mobilidade no início e pós-treino teve resultados baixos ou moderados. Estes resultados sugerem que a força é necessária para a mobilidade, mas o aumento da força acima da linha-base proporciona apenas pequena melhoria na mobilidade para idosos. Ching Lan, Jin-Shin Lai, Ssu-Yuan Chen, May-Kuen Wong, Arch Phys Med Rehabil;81:604-607, maio de 2000. Tai chi chuan para melhorar a força muscular e resistência em indivíduos idosos: um estudo piloto Objetivo: Avaliar o efeito do treino de um programa de TAI CHI CHUAN (TCC) na força e resistência do extensor muscular do joelho em adultos idosos. Esquema: Experimento pré-pós. Local: Centro comunitário. Participantes: 41 indivíduos residen-

Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 1 - Setembro/Outubro de 2000 13 tes na comunidade com idades de 61,1 ± 9,8 anos participaram de um programa de TCC. 9 desistiram durante o estudo. As medidas pré e pós treino foram obtidas de 15 homens e 17 mulheres. Intervenção: Os indivíduos participaram num programa TCC de 6 meses. Cada sessão consistiu de 20 minutos de aquecimento, 24 minutos de treino TCC estruturado e 10 minutos de exercícios de resfriamento. Resultados: O torque máximo dominante e não dominante dos extensores do joelho foi testado a velocidades de 60 o, 180 o e 240 o /segundo, concêntrica e excentricamente. A resistência muscular do extensor do joelho foi testada à velocidade de 180 º por segundo. No grupo de homens, o torque máximo concêntrico do extensor do joelho aumentou de 15,1% a 20,0% e o torque máximo excêntrico aumentou de 15,1% a 23,7%. O grupo de mulheres também apresentou aumentos, variando de 13,5% a 21,8% no torque máximo concêntrico, e de 18,3% a 23,8% no torque máximo excêntrico. Além disso, a média de resistência do extensor do joelho aumentou de 9,6% a 18,8% nos homens e de 10,1% a 14,6% nas mulheres. Conclusão: O treino de TCC pode intensificar a força e resistência dos extensores do joelho em indivíduos idosos. Chi SC, Corradini A, Goldman DV, Raborar RM, Harwood K; American Physical Therapy Association Conference, 14-17 de julho de 2000, Physical Therapy, vol. 80 no. 5, maio de 2000. O efeito do treino na percepção do peso da carga durante o levantamento manual por indivíduos, homens e mulheres, saudáveis Objetivo: Levantar peso manualmente é a principal causa de injúria na região lombar. Programas educacionais dirigidos a maior cuidado para determinar cargas de segurança são freqüentemente empregados. Infelizmente, pouca pesquisa se encontra disponível descrevendo o grau de precisão da percepção de carga de alguém e se ela pode ser aumentada com treinamento. O objetivo deste estudo foi determinar o grau de precisão e treinabilidade da percepção de carga durante o levantamento manual de indivíduos saudáveis. Pessoas: O estudo usou um esquema quase experimental, 20 estudantes saudáveis de ambos os sexos com idade entre 23-40 anos (média 26,25 anos) e pesando 50-71 kg (média 61,7 kg) participavam do estudo. Métodos e materiais: O estudo consistiu de três fases: pré-treino, treino e póstreino. Durante a fase pré-treino, os indivíduos fizeram um total de seis levantamentos e estimaram o peso das caixas em número de kg. Os levantamentos representaram 5%, 15% e 25% do peso do indivíduo e foram apresentados numa seqüência casual. Durante a fase de treinamento, eles fizeram um total de 20 levantamentos com pesos representando 7%, 12%, 17%, 22% e 27% numa seqüência ao acaso. Disperso entre cada levantamento estava um peso-referência (17% do peso do indivíduo) conhecido do indivíduo antes do levantamento. O conhecimento dos resultados só foi dado durante a fase de treinamento. A fase pós-treinamento seguiu o mesmo procedimento da fase pré-treino. Todos os levantamentos foram efetuados do nível do joelho ao peito. Uma semana mais tarde, as fases pré-treino, treino e pós-treino foram

14 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 1 - Setembro/Outubro de 2000 repetidas para todos indivíduos. Análises: Os dados foram analisados usando estatísticas descritivas e medidas repetidas com ANOVA. Resultados: A porcentagem de erro na percepção de carga do indivíduo antes e depois do treino no 1 º dia foi 40,15% e 17,91% respectivamente, e no 2 º dia 22,66% e 15,59% respectivamente. A análise dos dados mostrou significância estatística entre os significados percentuais de erro na percepção de carga (por dia, p < 0,001; por fase, p < 0,001, por dia e fase, p < 0,001). Conclusões: Os resultados demonstraram que a precisão da percepção de carga de alguém pode ser melhorada através de treinamento. Além disso, os indivíduos demonstraram boa retenção da arte de percepção aprendida com apenas leve perda de precisão após uma semana. Físico-terapeutas ativos na prevenção primária da dor lombar podem empregar esta estratégia para aumentar a percepção do cliente para níveis arriscados de carga. Gerson Cipriano Jr., Graziella França B., Instituto do Coração/ Santa Casa de Misericórdia, Presidente Prudente, SP, Universidade do Oeste Paulista, Presidente Prudente, SP, 55 o Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Rio de Janeiro, RJ, 30 de julho a 2 de agosto de 2000. Avaliação quanto a eficácia da estimulação elétrica transcutânea na produção de analgesia no pós-cirúrgico cardiovascular A Estimulação Nervosa Elétrica Transcutânea (TENS) é uma corrente de baixa freqüência, utilizada pela fisioterapia visando produzir analgesia através de modulações no sistema neurofisiológico, chamado controle das comportas, descrito por Melzack e Wall desde 1965. O objetivo da pesquisa foi comprovar a eficácia do TENS quanto à produção de analgesia e suas interferências no quadro disfuncional. Foram analisados 11 indivíduos submetidos à cirurgia cardiovascular, via esternotomia mediana, sem contra-indicação para utilização do TENS, que foi utilizado do 1 o ao 5 o dia pós-operatório, por um período diário de 4 horas. A amostra foi dividida em três grupos, o Grupo I, controle, não submetido à aplicação do TENS (n=3), Grupo II, que utilizou TENS em modalidade contínua (n=4) e Grupo III, em modalidade BURST (n=4), sendo todos avaliados diariamente quanto à dor, através das escalas Análogo Visual e Quantitativa Verbal. Os procedimentos cirúrgicos tiveram duração média de 5 horas e 20 minutos. A análise quantitativa da dor sobre a amostra geral demonstrou como resultado médio dos 3 primeiros dias pós-operatório que 54% dos indivíduos relataram dor em intensidade fraca, 18% moderada, 9% forte e 9% permaneceram sem dor desde o 1 o dia pós-operatório. O Grupo II teve como resultado médio pósterapêutico, ausência de dor em 50 % dos indivíduos, persistência de dor, em intensidade fraca, em 25% e os demais 25% permaneceram sem dor desde o início. No Grupo III, reportamos ausência de dor em 100% dos indivíduos como resultado médio pósterapêutico. A regressão do quadro álgico no grupo controle foi em média dois dias mais tardia em relação aos demais grupos. Concluímos que os resultados da pesquisa sugerem a adoção do TENS como terapêutica analgésica aos pacientes em pósoperatório de cirurgia cardiovascular.

Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 1 - Setembro/Outubro de 2000 15 A aplicação da eletroestimulação transcutânea diafragmática em indivíduos normais Patrícia Nascimento*, Esperidião Elias Aquim** Palavras-chave: eletroestimulação transcutânea, diafragma, endurance, velocidade de condução. Resumo Através desta pesquisa, buscou-se acrescentar a eletroestimulação transcutânea diafragmática como uma técnica respiratória, capaz de melhorar a função diafragmática. As eletroestimulações foram realizadas em dez (10) indivíduos higidos, com diafragmas normais (grau III), durante dez (10) sessões de 14 minutos. Por meio de uma breve revisão bibliográfica e estudo da relação da eletroestimulação e a fisiologia pulmonar, pôde-se chegar à alguns critérios para uma melhor atividade diafragmática e uma melhor capacidade de endurance. Constatou-se que todos os indivíduos obtiveram melhora dos parâmetros avaliados após as eletroestimulações. Acreditamos que a eletroestimulação transcutânea diafragmática pode melhorar a função diafragmática, bem como a velocidade de condução do estímulo e a capacidade de endurance. Abstract Key-words: transcutaneous stimulation, diaphragm, endurance, speed conduction. Through this research, it was looked for add the transcutaneous stimulation of diaphragm like a technique of respiratory therapy, capable to improve the diaphramg s function. The stimulations were accomplished in ten (10) people, with normal diaphragms (Degree III), during ten (10) sessions of fourteen minutes. By means of a brief bibliographical revision and study of the relationship of the stimulation and the lung physiology, it could be arrived to some approaches for a better activity of the diaphragm and a better endurance capacity. It was verified that all the individuals obtained an improvement of the parameters evaluated after the stimulations. We believed that the transcutaneous stimulation of diaphragm can improve the diaphragm s avtivity, as well as the speed conduction from the stimulus and the endurance capacity. * Fisioterapeuta pós graduada em fisioterapia cardio-respiratória pela Universidade de Tuiuti - PR. ** Doutorando em Fisioterapia pela Universidade de Buenos Aires - Argentina, Professor das Universidades: Tuiuti do Paraná; Unifor - Fortaleza; UNB - Universidade Nacional de Brasília. Endereço para correspondência: Patrícia Nascimento Rua Paulo Setubal, 5.263 Curitiba - PR harder@bbs2.sul.com.br

16 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 1 - Setembro/Outubro de 2000 Introdução O homem só existe quando um certo número de funções ditas como indispensáveis são asseguradas. Funções como circulação, digestão, respiração, são alguns exemplos. O funcionamento do músculo diafragma é essencial, não fosse apenas por sua função respiratória. Buscamos com este trabalho acrescentar opções entre as técnicas de terapia respiratória e ao mesmo tempo, despertar o interesse de pesquisa de outros profissionais na área da eletroestimulação que tem muito à oferecer. Tendo em vista, o índice elevado de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, fato este levando à debilitação de sua capacidade respiratória, acarretando em um maior período de convalescência sendo passível de reabilitação, o estudo dos dados desta pesquisa, pode possibilitar a redução da disfunção diafragmática no pós-operatório, decorrente do processo cirúrgico. Em virtude da diversidade de fatores que interferem na função diafragmática e, consequentemente na função pulmonar, este assunto ainda merece ser aprofundado para que a eletroestimulação transcutânea diafragmática possa contribuir no tratamento de complicações respiratórias. Materiais e métodos As eletroestimulações foram realizadas em dez indivíduos normais, sendo 80% mulheres e 20% homens, com diafragma direito e esquerdo grau III. Estas dez pessoas foram divididas em dois grupos. O primeiro grupo foi chamado de grupo experimental (grupo A), e o segundo de grupo placebo (grupo B). Em todos os indivíduos foram usados como parâmetros de avaliação pré e pós eletroestimulação, a espirometria mensurando a Capacidade Vital Forçada (CVF), a Relação Ti / Ttot, a Ventilação Voluntária Máxima (VVM) e o Volume Expirado Forçado no 1º segundo (VEF1); e a manuvacuômetria mensurando a Pressão Inspiratória (PI) e a Pressão Inspiratória Máxima (PI máx). O espirômetro utilizado foi o Pony Spirometer do fabricante Cosmed, e o manuvacuômetro da marca Gerar. Foi considerado na avaliação pré eletroestimulação que todos os parâmetros utilizados estavam dentro da normalidade. Estes parâmetros para avaliação, foram mensurados na 1ª e na 10ª sessão de eletroestimulação. As eletroestimulações foram realizadas em cada grupo, num período de 10 dias não consecutivos. No grupo experimental foi utilizado o aparelho Omni Pulse ( Gerador Universal de Impulsos), com uma corrente TENS, sendo que o Tempo de Pulso (Tp) foi de 0,10 ms, o Tempo de Repouso (Tr) de 0,5 ms, o Toff de 1,5 s e o Ton de 1,0 s. Este grupo foi informado do objetivo das eletroestimulações. Todas as pessoas deste grupo, apresentaram uma contração visível e palpável do músculo diafragma durante a eletroestimulação. No grupo placebo também foi utilizado o aparelho Omni Pulse e a corrente TENS, porém com um Tp= 0,20 ms, Tp= 7,0 ms, Toff e Ton estavam ausentes. Este grupo também teve conhecimento do objetivo das eletroestimulações. As pessoas deste grupo sentiram apenas um formigamento no local da aplicação da eletroestimulação. A técnica utilizada para ambos os grupos, foi com um eletrodo adesivo na região da 3ª ou 4ª vértebra lombar, e o outro eletrodo em forma de caneta com a extremidade coberta com gaze umedecida, que foi colocado no ponto motor do músculo diafragma, entre o 6º e 7º espaço intercostal na linha axilar anterior, acesso às fibras diafragmáticas. O decúbito adotado para a realização das eletroestimulações foi dorsal. Resultados e discussão Esta pesquisa teve por finalidade aferir os resultados da espirometria e da manuvacuômetria, antes e depois das eletroestimulações, para a averiguação de alteração da função diafragmática e comparálos entre os dois grupos de amostras. Todos os indivíduos, de ambos os grupos, apresentaram uma melhora da CVF, do VEF1,

Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 1 - Setembro/Outubro de 2000 17 da VVM, da PI e da PI máxima, sendo que apenas a relação Ti /Ttot não teve grande alteração após as eletroestimulações. No grupo experimental os resultados foram muito mais positivos, pois este grupo obteve uma melhora real dos parâmetros avaliados. A ação da corrente TENS, produziu um efeito excitomotriz muito maior do que no grupo placebo. O fato de que todos sabiam que uma melhora da função diafragmática era esperada, e que todos estavam mais familiarizados com o espirômetro e com o manuvacuômetro na 2ª avaliação, também contribuíram para que se obtivesse tal melhora. As pessoas do grupo placebo obtiveram uma melhora dos parâmetros avaliados; acreditamos que estas modificações foram resultantes da auto-sugestão de melhora, além de estarem, familiarizados com os aparelhos na realização da 2ª avaliação de espirometria e manuvacuômetria. Tanto a Capacidade Vital Forçada quanto o Volume Expirado Forçado no 1º Segundo têm uma relação com o fluxo. Considerando que o fluxo é igual ao volume dividido pelo tempo. Esta relação está ligada à força de contração e consequentemente, à velocidade de condução do estímulo. Uma vez que 90% das pessoas obtiveram uma melhora da CVF e do VEF1, todos melhoraram a taxa de fluxo, bem como a velocidade de condução do estímulo. A Ventilação Voluntária Máxima é uma prova de resistência aeróbia. O diafragma precisa essencialmente de resistência, pois trabalha 24 horas por dia. Quando a VVM está diminuída, mostra que o indivíduo tem pouca capacidade resistiva, o que leva mais rapidamente à fadiga muscular. Observou-se que 10% das pessoas não apresentaram alteração da VVM e, 90% apresentaram um aumento da sua capacidade de resistir ao movimento. A Relação Ti / Ttot varia de 0,33 a 0,42, o que mostra que dentro desta variação, a pessoa tem boa mecânica ventilatória. Nesta pesquisa, a Relação Ti / Ttot não apresentou alterações importantes, o que indica que a eletroestimulação não influencia na mecânica ventilatória e sim, apenas no potencial de explosão do músculo. A Pressão Inspiratória corresponde à pressão gerada pelos músculos durante uma respiração tranqüila, sendo 25 20 15 10 5 0 40 30 20 10 0 Figura Figúra1 I-Valores - da Espirometria espirometria 10,2 8,2 22 que, deve ser menor ou igual à 50% da Pressão Inspiratória Máxima. A PI máxima gerada na boca, durante esforço máximo contra a via aérea ocluída, avalia a força dos músculos inspiratórios. Nesta pesquisa, 90% das pessoas apresentaram melhora da PI máxima. Os gráficos que se seguem demonstram o quanto, em porcentagem (%), cada grupo melhorou. Conclusão 5,25 19,6 3,25 3,2 3,25 CVF VVM VEF1 Ti / Ttot 29 PI 15,4 38,5 PI m x Grupo Experimental Grupo Placebo Figura Figúra 2 II - Valores da Manuvacuômetria manuvacuômetria Grupo Experimental Grupo Placebo 19,5 Atualmente, diversas formas de terapia são realizadas visando melhorar a função ventilatória que o músculo diafragma desempenha, e a eletroestimulação transcutânea diafragmática pode ser mais uma técnica para auxiliar e melhorar a função diafragmática.

18 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 1 - Setembro/Outubro de 2000 A eletroestimulação transcutânea diafragmática tem uma vantagem, que é a sua administração sobre porções musculares específicas com respostas localizadas. Pôde-se observar nesta pesquisa, que todos os indivíduos obtiveram uma melhora dos parâmetros avaliados após as eletroestimulações, sendo que apenas algumas pessoas mantiveram os mesmos valores em alguns dos parâmetros avaliados. É oportuno observar, que segundo os resultados obtidos, houve realmente uma melhora da função muscular diafragmática e portanto, uma melhora da velocidade de condução do estímulo e também, uma melhora da capacidade de endurance. Acreditamos que a eletroestimulação pode ser uma importante alternativa terapêutica para pacientes em condições de pré ou pós operatórios, para atletas e para pacientes imobilizados que se encontram acamados, uma vez que a eletroestimulação é capaz de melhorar o potencial de explosão do músculo diafragma, mesmo este sendo normal. Sugerimos que novos trabalhos com a aplicação da eletroestimulação transcutânea diafragmática sejam realizados, com maior amostragem, para que se possa pesquisar quanto tempo as pessoas que melhoram com a eletroestimulação permanecem com os valores obtidos, ou seja, a partir de quanto tempo elas começam a regredir para seus valores iniciais. Referências Bibliográficas - Guyton AC, Tratado de Fisiologia Médica. 8ª ed., Rio de Janeiro, Editora Guanabara Koogan, 1992. - Silveira, IC, O Pulmão na Prática Médica. 3ª ed., Rio de Janeiro, Editora de Publicações Médicas, 1992. - West JB, Fisiologia Pulmonar Moderna. São Paulo, Editora Manole Ltda., 1990. - Cuello AF, Arcodaci CS, Bronco Obstrução. São Paulo, Editora Médica Panamericana, 1987. - Azeredo CAC, Fisioterapia Respiratória Moderna. 2ª ed., Editora Manole Ltda., 1990. - Brodal A, Anatomia Neurológica com Correlações Clínicas. 3ª ed., São Paulo, Editora Roca, 1984. - Robinson AJ, Snyder-Mackler L, Clinical Electrophysiology: electrotherapy and electrophysiologic testing. 2 nd Edition, s.1., Ed. Samstache, s.d.. - Kittchen S, Bazin S, Eletroterapia de Clayton. 10ª ed., São Paulo, Editora Manole Ltda., 1996. - Souchard PE, O Diafragma. 2ª ed., São Paulo, Editora Summus, 1989. - Cuello AF, et al. Estimulacion Diafragmatica Electrica Transcutanea. Medicina Intensiva, 1991;3:194-202. - Tarantino AB, Diafragma Normal e Patológico. Rio de Janeiro, Jornal Brasileiro de Medicina, 1984;46:1. - Buosi D, Eletroestimulação Diafragmática. Curitiba, 1997, (p. 9-20). Monografia (Curso de Especialização) Faculdade de Fisioterapia, Universidade Tuiuti do Paraná. Assine Fisioterapia Brasil atlantica@openlink.com.br (21) 557-7304

Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 1 - Setembro/Outubro de 2000 19 Ginástica Laborativa Método para prescrição de exercícios terapêuticos no trabalho José Henrique Ferreira Alves* Resumo Sinônimo de qualidade de vida no trabalho, a Ginástica laborativa tem sido o sonho de consumo dos profissionais de RH da nova geração, que conhecem seus resultados motivacionais junto aos funcionários da empresa. Verdadeira coqueluche em bancos e escritórios, deve ser encarada por fisioterapeutas como uma ferramenta bem mais que apenas motivacional. É necessário que se observem critérios quanto à sua prescrição, utilização, enfoque terapêutico e contra-indicações. O termo ginástica laborativa e o fato de serem atividades coletivas acabam sugerindo ligação com a educação física, mas exercícios físicos têm sido chamados de ginástica desde a Grécia antiga. O enfoque fisioterapêutico diz respeito à prevenção de Distúrbios Musculoesqueléticos Ocupacionais (DMO) através de exercícios terapêuticos; o enfoque da educação física refere-se à promoção da saúde em pessoas hígidas. Como já virou jargão, e invendável com outro nome por enquanto, a também chamada Ginástica Laboral Compensatória ou até Educação Física Ocupacional, carece de definição, abrangência, área de atuação, conhecimentos prévios necessários e etapas de implantação. Esta matéria pretende servir de referencial, sanando as dúvidas de profissionais, administradores e trabalhadores que se encontram envolvidos nesta atividade, seja contratando, implementando ou executando. * Fisioterapeuta, MBA em bio-segurança e ergonomista Endereço para correspondência: José Henrique Ferreira Alves Rua Firmino do Amaral, 321 22745-310 - Rio de Janeiro - RJ

20 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 1 - Setembro/Outubro de 2000 Definição e objetivo São exercícios terapêuticos executados com o objetivo de prevenir Distúrbios Musculoesqueléticos Ocupacionais (DMO) ou de facilitar atos motores. Também têm bom resultado em outros estados mórbidos relacionados com o trabalho (stress, hipertensão, depressão) por provocarem relaxamento mental, integração e elevação da auto-estima. Utilizam técnicas de aquecimento, relaxamento, alongamento e fortalecimento muscular, conforme definição clássica dos exercícios terapêuticos [1], além da psicomotricidade e ludoterapia. Efeitos fisiológicos e psicossociais Ativam a circulação periarticular com aquecimento tecidual e neuromuscular (imprescindíveis às atividades que exigem atenção e tomadas de decisão que resultam em atos motores), promovem ganho de força pelo alongamento muscular restaurador do potencial contrátil, melhoram o retorno venoso e a capacidade ventilatória (eliminam metabólitos), reduzem o stress, melhoram a postura e promovem a sociabilização. Público alvo Por se chamar laborativa, é executada com trabalhadores, coletivamente, geralmente mas não exclusivamente no ambiente de trabalho, durante o expediente (como nas pausas) ou fora dele (nos casos de preparação para jornadas de trabalho). No entanto, é importante verificar quais são os grupos musculares mais utilizados pelos trabalhadores, para identificação correta dos exercícios terapêuticos a recomendar, assim como em que ângulos devem ser executados, para que não ocorra stress articular deflagrador de processo mórbido. A separação de grupos de trabalhadores em condições de executá-los é imprescindível (grupos 1 e 2 - vide figura 1). Contra-indicações Os grupos de trabalhadores que já apresentam algum grau de comprometimento musculoesquelético, por menor que seja, não se encontram plenamente habilitados a atividades coletivas. Podem executar algumas modalidades de exercícios terapêuticos, mas não a chamada ginástica laborativa, por esta ser coletiva. Estes indivíduos devem receber orientação individual, além do devido tratamento. Antes da implantação dos exercícios Sempre que um programa de ginástica laborativa é implementado numa empresa, já são de conhecimento dos profissionais de Saúde Ocupacional, Engenharia de Segurança do Trabalho e RH, os problemas que levaram a solicitá-lo. Na maioria das vezes associados a prejuízo com absenteísmo médico, baixa produtividade, causas trabalhistas, ou acidentes do trabalho, esses problemas não podem ser sanados apenas com os exercícios, como se esses fossem a panacéia. Necessitam de programas mais amplos de Gestão de Custos Humanos do Trabalho, de preferência aqueles que partam de ferramentas diagnósticas precisas, como a avaliação ergonômica. Separação de 4 grupos para trabalho: Grupo 1: Assintomáticos sem risco ergonômico; Grupo 2: Assintomáticos de risco; Grupo 3: Sintomáticos leves; Grupo 4: Sintomáticos críticos; Reabilitacional Curativo Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Fortalecimento Fig. 1 - Nível e Conduta por grupo Ginástica Laborativa Nível de Atuação Preventivo Alongamentos Treinamento Treinamento Funcional Reinserção