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Transcrição:

Jumento É Quem Pensa Que Eu Sou Jumento 1 José Amazonílio Reis Coutinho FILHO 2 Bybyanne Adienev Matias Lopes LEMOS 3 Milena de Lima Fassanaro RICCI 4 Monisa Costa de LIMA 5 Alessandra Oliveira ARAÚJO 6 Universidade de Fortaleza, Fortaleza, CE RESUMO Os sons são componentes de poder incomparável no nosso universo. Tendo como base estudos sobre rádio, radioteatro, música e sociologia, foi criado um produto radiofônico adaptado a partir da obra literário-musical Os Saltimbancos, que visa rebuscar a cultura local nordestina e também entreter os ouvintes por meio de um enredo cheio de emoção e sentimento, utilizando-se do teor sedutor do rádio. PALAVRAS-CHAVE: saltimbancos; rádio; radioteatro; adaptação; reterritorialização. INTRODUÇÃO Neste primeiro momento falar-se-á não sobre a história do rádio e do radioteatro, mas da capacidade humana de apreensão de sons, do poder desses sons sobre o indivíduo e do rádio como meio de comunicação com forte teor de sedução em relação aos seus ouvintes. Desde que nascemos, até mesmo antes, no ventre materno, o cérebro dedica-se a armazenar e a classificar todos os efeitos de som que chegam à sua cabine. Somos capazes de distinguir, com perfeição, meio milhão de sinais de áudio com diferentes significados. (VIGIL, 2003 p. 31). Tamanha é a capacidade do ser humano de identificar, materialmente, os sons que chegam ao ouvido como também de atribuir significados subjetivos a esses sons. Dessa forma, o rádio se fez (e ainda se faz) uma poderosa arma de comunicação no mundo moderno. Dando continuidade ao pensamento de Vigil, saibamos que: 1 Trabalho submetido ao XXII Prêmio Expocom 2015, na Categoria Rádio, TV e Internet, modalidade RT03 Radioteatro (avulso). 2 Aluno líder do grupo e estudante do 6º. Semestre do Curso de Publicidade e Propaganda, email: amazonilioreis@gmail.com. 3 Estudante do 6º. Semestre do Curso de Publicidade e Propaganda, email: bianelemos@hotmail.com. 4 Estudante do 6º. Semestre do Curso de Publicidade e Propaganda, email: riccimilena94@gmail.com. 5 Estudante do 6º. Semestre do Curso de Publicidade e Propaganda, email: costamonisa@gmail.com. 6 Orientadora do trabalho. Professora do Curso de Publicidade e Propaganda, email: alessandraoliveira@unifor.br. 1

E assim comparando e descartando dados, lembrando outras experiências sonoras, o cérebro nos oferece em milésimos de segundo uma imagem mental da fonte do som e determinada emoção diante dela. Faz vibrar outra membrana, a alma. (VIGIL, 2003 p. 32). Assim sendo, é nesse sentido que o som opera como um produtor de sentimentos e emoções, estando aí a sua mais forte e usada característica para fins de comoção do público. Tendo esse raciocínio em mente, ressaltemos que o rádio, em comparação a outras mídias, trabalha somente com estímulos auditivos, permitindo que o ouvinte desenvolva suas próprias ligações com o que está sendo dito, sem interferência direta de uma imagem (como na televisão, por exemplo) que possa tendenciar de forma tão estrita a mente de cada ouvinte para outros tipos de mensagens. Dessa forma, apesar de a ideia que se segue parecer paradoxal, o rádio [...] é um meio eminentemente visual. Isso só é possível porque os seres humanos não têm dois olhos, mas três. O ouvido também vê. [...]. (VIGIL, 2003 p. 36). Considerando-se tudo isso, é necessário que agora se faça um rápido paralelo com a música, que está inserida tanto no contexto interno quanto no externo ao rádio. A música é, por excelência, uma combinação de sons e de outros elementos, ficando então explícita também a sua capacidade comovedora. A partir dessa perspectiva emotiva, comovedora e sedutora do rádio e de outras questões que serão abordadas mais à frente, foi desenvolvida Jumento É Quem Pensa Que Eu Sou Jumento, uma adaptação da faixa dois, chamada de O Jumento, do disco infantil Os Saltimbancos, originalmente criado por Luis Enríquez Bacalov e adaptado ao português por Chico Buarque de Holanda. OBJETIVO Por em prática, por meio da produção de um radioteatro a partir da adaptação de uma obra musical, os conteúdos que foram assimilados ao longo da disciplina de Produção Publicitária em Rádio, visando rebuscar traços de cultura nordestina para o entretenimento da população e rebuscar, também, o sentimento de pertencimento a essa cultura, assim como, finalmente, uma conservação de suas características. JUSTIFICATIVA 2

Considerando-se que vivemos em um mundo onde existe uma grande mescla de culturas e que essa mescla se dá de forma muito rápida por conta da globalização e dos avanços tecnológicos, principalmente no que concerne a tecnologia da comunicação, existem dois fenômenos que são descritos por Néstor García Canclini como desterritorialização e reterritorialização: As buscas mais radicais sobre o que significa estar entrando e saindo da modernidade são as dos que assumem as tensões entre desterritorialização e reterritorialização. Com isso refiro-me a dois processos: a perda da relação "natural" da cultura com os territórios geográficos e sociais e, ao mesmo tempo, certas relocalizações territoriais relativas, parciais, das velhas e novas produções simbólicas. (CANCLINI, 1997 p. 12). Com essa passagem, Canclini (1997) quer dizer que desterritorialização é o fato de o sujeito estar em contato e em processo de identificação com culturas de outros locais que não são, necessariamente, geograficamente próximos do local de onde esse sujeito habita. Dentro de uma única cidade é possível encontrar pessoas que se identificam com os mais diferenciados aspectos culturais ao redor do mundo. Dessa forma, a reterritorialização é o grande foco agora. Como as culturas estão cada vez mais globalizadas e padronizadas, existe, porém, um movimento contrário ao da desterritorialização: a reterritorialização. Esse segundo fenômeno tem como característica a rebusca daquilo que é considerado como cultura local. Então, se no nosso presente contexto nos encontramos incorporando aquilo que é primeiramente parte de uma cultura externa, há também um momento em que surge a necessidade de preservar aquilo que é próprio ou característico da cultura local. Dessa forma, é assim que se justifica a criação de Jumento É Quem Pensa Que Eu Sou Jumento, pois é um produto que tem caráter cultural nordestino forte e rebuscado, fazendo assim com que as pessoas que vivem no Nordeste e que se identificam com essa cultura saibam que ela é valorizada e que ainda existe um espaço para ela no mundo. MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS A adaptação começou primeiramente com uma análise do enredo da música O Jumento do CD infantil Os Saltimbancos, e posteriormente foi feito um mapeamento das características de um radioteatro para que se pudesse, então, fazer um roteiro fidedigno tanto à obra em questão como ao gênero do radioteatro. 3

No que concerne a pré-produção, foi relativa à seleção da obra que seria adaptada, e no caso foi a música O Jumento. Porém, como no CD existem outras músicas com outras personagens que possuem suas próprias histórias, viu-se que havia a necessidade de incorporá-las mesmo que minimamente na adaptação, além da criação de cenários, ambientação e do enredo em si, sem esquecer-se do caráter de rebusca da cultura nordestina. Em relação às vozes que seriam selecionadas, elas já estavam predefinidas e foram usadas quatro pessoas (o autor e as coautoras deste trabalho) para fazer uma variedade de sete personagens. Sobre a elaboração do roteiro, seguiu-se o modelo de rádio, em que há uma estrutura própria, para melhor entendimento e organização. Uma vez finalizado o roteio, partimos para a gravação. Tratando-se da produção, ela deu-se de forma em que todos estavam presentes simultaneamente nas gravações. Esse fato tornou as gravações tanto mais difíceis quanto mais proveitosas, pois havia muitos erros de sequência e muitos cortes precisaram ser feitos no momento de pós-produção. Entretanto, quando um dos atores recebia a direção para como fazer corretamente uma entonação, por exemplo, os outros davam atenção e já desempenhavam melhor o seu papel. No que se refere à pós-produção (utilizando o programa Sound Forge), foram feitos cortes dos erros de gravação, seleção dos melhores registros (uma vez que os atores precisaram gravar mais de uma vez a mesma fala em determinados momentos), inserção de sons para ambientação, sequenciamento espacial e temporal, expressões e acontecimentos, além da vinheta e de músicas com cunho cultural nordestino, pois são todos esses elementos que fazem com que o ouvinte liberte a sua imaginação e crie verdadeiros cenários visuais em sua mente. Como afirma Vigil: A arte de falar pelo rádio consiste, precisamente, em usar palavras concretas, que podem ser vistas, ser tocadas, que podem ser mordidas, que possuem peso e medida. Palavras materiais. Palavras que pintam a realidade. [...] A linguagem radiofônica é obrigatoriamente descritiva, narrativa, sensual. [...] No rádio não só fazemos os cegos verem, fazemos cheirar sem nariz, acariciar sem mãos e saborear a distância [...]. (VIGIL, 2003 p. 37.). DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO Jumento É Quem Pensa Que Eu Sou Jumento é um produto que foi elaborado como trabalho acadêmico para a Universidade de Fortaleza, realizado a partir de pré- 4

produção (roteiro e mapeamento), produção (gravação em si) e pós-produção (edição de forma geral). É uma adaptação radiofônica que teve inspiração na música O Jumento do CD infantil Os Saltimbancos, obra original de Luis Enríquez Bacalov que foi adaptada ao português por Chico Buarque de Holanda. O produto possui uma média de tempo de sete minutos, está no formato de áudio mp3 e traz em si características marcantes da cultura nordestina, como o sotaque e a forma de falar, sua vinheta no gênero musical do forró, e também serve como meio de reterritorialização dessa cultura. CONSIDERAÇÕES A elaboração desse produto foi fruto da capacidade de assimilação, por parte dos integrantes da equipe, dos conteúdos ministrados na disciplina de Produção Publicitária em Rádio. Isso, somado à infraestrutura da Universidade de Fortaleza, nos possibilitou a melhor produção possível no tempo que tivemos, juntamente à grande competência da professora orientadora em ministrar suas aulas. Além da capacidade de assimilação dos conteúdos por parte dos integrantes, também foi muito importante o trabalho em equipe, principalmente no que se diz respeito às etapas de produção. Além disso, à capacidade de direção de uma integrante em especial foi um ponto chave para o sucesso desta produção, que se fez muito trabalhosa e exigente. A importância da elaboração de um trabalho como esses se dá pelo aprendizado profundo das teorias e técnicas da disciplina, que dificilmente serão esquecidos ao longo do tempo. Ao fim, foi muito gratificante chegar ao resultado obtido e também receber o retorno positivo da professora orientadora, dos colegas de sala e também da própria equipe. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CANCLINI, Néstor García. Culturas híbridas, poderes oblíquos In: CANCLINI, Néstor García. Culturas híbridas estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: EDUSP, 1997. p. 283-350. VIGIL, Jose Ignacio Lopez. Manual urgente para radialistas apaixonados. 2. ed. Editora Paulinas. 528 páginas. 5