O PMEC E SUA FUNÇÃO DENTRO DAS ESCOLAS PÚBLICAS ESTADUAIS: UMA ANÁLISE A PARTIR DA D.E. REGIÃO BAURU /SP 2012 Trabalho de Conclusão de curso apresentado ao curso de pós-graduação Lato Sensu em Ética, Valores e Cidadania na Escola, oferecido pela Universidade de São Paulo.
OBJETIVO DO ESTUDO O presente estudo tem por objetivo apresentar a figura do PMEC, com base no Sistema de Proteção Escolar, e em conformidade com a legislação pertinente. Dados e esclarecimentos sobre a função a ser desempenhada por este novo profissional atuante dentro da educação pública estadual paulista e o amparo legal para a criação da função fazem parte de objetivos mais específicos.
BIBLIOGRAFIA Da revisão bibliográfica fazem parte as obras da literatura fornecida e proposta pelo Sistema de Proteção Escolar criado pela Secretaria da Educação de São Paulo, para uso nas capacitações empreendidas e dirigidas aos professores mediadores escolares (PMEC), demais referenciais teóricos a respeito da temática da mediação (Araújo, Candau, Chrispino, Luckesi, Tébar) e a legislação específica e outras referentes ao assunto.
MÉTODO DE PESQUISA Em relação ao método de pesquisa, optou-se pelo método qualitativo, sendo utilizado um questionário como instrumento de coleta de dados, prontamente respondido pelos PMECs. Questionário disponibilizado por meio de correio eletrônico aos professores mediadores das escolas da Diretoria Ensino Região Bauru.
PMEC: UMA INOVAÇÃO NA ESCOLA PÚBLICA O estudo aborda uma inovação ocorrida na Educação Pública Estadual Paulista, dentro de um programa denominado Sistema de Proteção Escolar. O título anuncia o tema central do trabalho: o PMEC, pouco conhecido pelos integrantes do quadro do magistério, pelo apoio escolar, e por toda a população, um assunto de vasta importância para a busca de uma educação para a cidadania.
A educação, hoje, enfrenta diversos problemas, ligados às circunstancias de convivência entre os participantes do ambiente escolar, também no seu envolvimento com a sociedade em geral. Eis a motivação para a criação dessa nova função no quadro das escolas da rede estadual de São Paulo. Esse profissional é um professor e assume inovadora atribuição, amparada por legislação própria, publicada em Diário Oficial do Estado no ano de 2010.
SITUAÇÃO DA EDUCAÇÃO ATUAL Diante das circunstancias da educação nos dias atuais, e em conformidade com a Resolução SE nº 19, de 12 de fevereiro de 2010, publicada em 13/02/2010, foi instituído o Sistema de Proteção Escolar na rede estadual de ensino de São Paulo, considerando-se a necessidade da educação ocorrer em um ambiente escolar democrático, pacífico, tolerante e seguro.
Além disso, existe a responsabilidade da Administração Pública em zelar pela integridade física de alunos e servidores e do citado dever das escolas em promoverem modelos de convivência democrática e pacífica, adotando práticas de resolução de conflitos, com respeito ao pluralismo de ideias e à diversidade, conforme citado na referida resolução.
Na referida legislação, em seu artigo nono, ficou regulamentado o Sistema Eletrônico de Registro de Ocorrências Escolares (ROE), um instrumento de registro on-line, com acesso através do portal da Fundação para o Desenvolvimento da Educação FDE, com o propósito de serem registradas informações acerca dos itens mencionados na mesma.
A Resolução SE-1, de 20-1-2011, publicada no ano seguinte ao do lançamento do novo sistema, considera: [...] a necessidade de dar prosseguimento à implementação gradativa desse sistema, tendo em vista a eficácia e a eficiência de suas ações em escolas da rede pública estadual; a importância da função do Professor Mediador Escolar e Comunitário para o aprimoramento do sistema (SÃO PAULO, 2011).
O Secretário da Educação altera a redação da legislação anterior com a Res. SE -1/2011 Art. 1º - O artigo 7º da Resolução SE nº 19, de 12 de fevereiro de 2010, passa a ter a seguinte redação: Art. 7º - Na implementação das ações específicas do Sistema de Proteção Escolar, a escola poderá contar com até 2 (dois) docentes para atuarem como Professor Mediador Escolar e Comunitário, cujas atribuições consistem, precipuamente, em:
I - adotar práticas de mediação de conflitos no ambiente escolar e apoiar o desenvolvimento de ações e programas de Justiça Restaurativa; II - orientar os pais ou responsáveis dos alunos sobre o papel da família no processo educativo; III - analisar os fatores de vulnerabilidade e de risco a que possa estar exposto o aluno;
IV - orientar a família ou os responsáveis quanto à procura de serviços de proteção social; V - identificar e sugerir atividades pedagógicas complementares, a serem realizadas pelos alunos fora do período letivo; VI - orientar e apoiar os alunos na prática de seus estudos. (SÃO PAULO, 2011)
AUTOR ATENTO À MEDIAÇÃO Tébar (2011, pg. 28) no início de sua obra O Perfil do Professor Mediador, aponta para a complexidade da educação e as exigências surgidas com as transformações sofridas pela sociedade, além da necessidade da mudança no perfil do educador. Ele afirma: A educação é uma ciência multidisciplinar. Sua complexidade exige uma permanente revisão dos princípios e métodos em vigor. As necessidades dos educandos, os ambientes familiares, sociais, afetivos, normativos e
outros, em constantes mudanças, as carências e os desafios dos docentes, do currículo e das didáticas especiais, as novas competências exigidas pela evolução da nossa sociedade, a coerência das equipes e dos processos educativos, todos esses fatores resultam em uma lista interminável de problemáticas. Mas a ideia central do projeto recaía no tipo de educador que deve integrar todos os desafios e dinamizar todas as respostas. O motor da mudança é o educador, agora contemplado como mediador.
MUDANÇA SOCIAL CRISE E EDUCAÇÃO O autor também aborda a questão da crise social e se reporta a outros autores como Toffler (1990 apud TÉBAR, 2011, pg 31) o qual diz que o atual processo de mudança social constitui nada menos que uma revolução global. Tébar (2011, pg. 30) ainda relata: crise e educação foram dois termos que quase sempre andaram de mãos dadas, e o sistema educacional foi uma área que sempre passou por reformas recorrentes e sistemáticas.
A partir do início do ano de 2011, a abrangência do referido programa vinculado ao Sistema de Proteção Escolar se estendeu. Desde então, o número de escolas com PMEC praticamente duplicou, passando do total de 1000 escolas autorizadas inicialmente no estado, em meados do ano anterior (2010), para 1900 unidades no ano de 2011.
COMO FREIRE (1983) EXPÕE a educação pode igualar e recuperar a humanização, ou seja, é na escola que o ser humano se vê como igual, onde ele tem a possibilidade de ter sonhos e objetivos comuns, sem distinção de classe ou credo, porém vale a pena lembrar que não é de se estranhar que dentro de nossas escolas ocorram conflitos ligados à violência gerada fora de seus muros, problemas ligados à discriminação social, a qual esses alunos estão submetidos diariamente.
CONSIDERANDO as transformações sociais e a complexidade da leitura e interpretação do mundo, a mediação se apresenta como tema altamente relevante, especialmente para as situações ligadas ao convívio educacional. A escola é instituição com intensa necessidade das propostas da mediação. No ambiente escolar, estão os fatores intervenientes da diversidade étnica, cultural, econômica e social, e outros tantos detalhes da convivência entre seres humanos.
RESULTADOS E CONCLUSÃO Os resultados e a discussão apresentam as considerações acerca das funções desse novo trabalhador em algumas das escolas paulistas pertencentes à D. E. Bauru / SP. Os problemas observados pelos mediadores das escolas são, em linhas gerais, os mesmos, ressalvadas as particularidades relativas à faixa etária e nível sócio- econômico-cultural dos educandos.
O fenômeno bullying foi apontado nas respostas de todos os participantes. A conclusão apura as informações obtidas junto aos envolvidos na educação paulista ocupantes da função desempenhada pelo PMEC.
Para concluir, a análise de dados foi realizada conforme a fundamentação obtida com os autores pesquisados, e contando com a experiência por mim vivenciada frente à temática da mediação, no período da atuação como Gestor do Sistema de Proteção Escolar na D.E. Bauru, assim como, pelas experiências profissionais expostas pelos próprios mediadores (PMEC) no questionário e nas oportunidades criadas nas capacitações.
PMEC: UM EDUCADOR CONSCIENTE Foi possível observar, mediante as respostas e as considerações dos profissionais participantes deste estudo, por meio da presente pesquisa, o elevado nível de conscientização e esclarecimento acerca da real situação das unidades escolares e a demonstração de grande interesse e envolvimento no desempenho de sua função e cumprimento às suas atribuições.