PROCEDIMENTO ALTERNATIVO PARA DETERMINAÇÃO DA BORDA-LIVRE DAS DRAGAS E BALSAS DOTADAS DE DISPOSITIVOS DE DESCARGA PELO FUNDO 1 - APLICAÇÃO Os procedimentos estabelecidos no presente anexo poderão ser aplicados em substituição ao estabelecido no capítulo 06, a critério do engenheiro responsável pelo projeto, para a atribuição de uma borda-livre de dragagem para embarcações dotadas de dispositivos de descarga pelo fundo e empregadas exclusivamente no serviço de dragagem nas Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB), até o limite de 20 milhas da costa. 2 - DEFINIÇÕES a) Permeabilidade de um compartimento é a razão entre o volume do compartimento que se assume que seja ocupado pela água (na condição de alagado) e o volume total do referido compartimento. b) Boca (B) é a maior largura do navio, medida na seção de meio navio até a linha moldada da caverna, expressa em metros. c) Carga é todo material recolhido pela draga durante sua operação e armazenado em seus porões. 3 - ESTABILIDADE INTACTA A embarcação deverá cumprir os seguintes critérios de estabilidade intacta: a) A altura metacêntrica inicial (GM o ) deverá ser maior ou igual a 0,15m; b) O braço de endireitamento máximo deverá ser maior ou igual a 0,20 m; c) A área sob a curva de estabilidade estática compreendida entre os ângulos de inclinação de 0 e 30 não deverá ser inferior a 0,055 m.rad; d) A área sob a curva de estabilidade estática compreendida entre os ângulos de inclinação de 0 e 40, ou entre 0 e o ângulo de alagamento (θ f ), caso este seja menor do que 40, não deverá ser inferior a 0,090 m.rad; e e) A área sob a curva de estabilidade estática compreendida entre os ângulos de inclinação de 30 e 40, ou entre 30 e o ângulo de alagamento (θ f ), caso este seja menor do que 40, não deverá ser inferior a 0,030 m.rad. As diretrizes para aplicação destes critérios estão definidas no apêndice I. 4 - ESTABILIDADE EM AVARIA A embarcação deverá atender ao critério de avaria, considerando-se o alagamento da praça de máquinas ou de qualquer outro compartimento. Para os cálculos de estabilidade em avaria, pode ser assumido que a carga será alijada imediatamente após a colisão e que os dispositivos de descarga do fundo serão mantidos abertos, comunicando diretamente os porões com o mar, desde que: a) Seja possível a abertura efetiva dos dispositivos de descarga pelo fundo em menos de um minuto; b) Haja uma fonte de energia de emergência para o mecanismo acionador de dispositivos de descarga que não abram por gravidade, sendo que ambos os sistemas, principal e de emergência, devem poder ser operados do comando; c) Sejam previstos mecanismos que impeçam que o alijamento da carga seja feito de maneira assimétrica; Nas condições anteriormente descritas, os seguintes critérios de estabilidade deverão - 6-N-1 - NORMAM-02/DPC/20005
ser atendidos: a) A altura metacêntrica inicial (GM o ) após o alagamento deverá ser maior ou igual a 0,05m; b) A borda inferior de qualquer abertura pela qual possa haver um alagamento progressivo (por exemplo, portas, janelas, escotilhas de acesso) deve, no estágio final de alagamento, estar acima da linha d água de avaria; c) Os valores positivos de braço de endireitamento na curva de estabilidade estática deverão se estender por uma faixa de no mínimo 20 o além da posição de equilíbrio, em associação com um braço de endireitamento residual máximo de, no mínimo, 0,1m na mencionada faixa; d) No estágio final de alagamento, o ângulo de inclinação não deve exceder 15, ou 17 quando não houver imersão do convés principal. As diretrizes para aplicação destes critérios estão definidas no apêndice II. 5 - REQUISITOS ADICIONAIS a) A embarcação deverá possuir resistência estrutural adequada à operação no calado correspondente à borda-livre calculada; b) A embarcação deverá ser dotada de um indicador de calado no comando e ter indicação, no aparelho ou ao lado deste, da borda-livre correspondente; c) As portas estanques situadas abaixo do convés de borda-livre deverão ser do tipo deslizante e devem poder ser operadas de ambos os lados das portas e de um ponto situado acima do convés de borda-livre, além de ser instalado um indicador da situação das portas (abertas ou fechadas) no comando; d) Nos casos em que o cálculo de estabilidade em avaria indicar que as soleiras das portas estanques situadas abaixo do convés de borda-livre permanecerão acima da linha d água de avaria, tais portas não necessitarão ser do tipo deslizante e não será necessária a instalação do indicador exigido pela alínea c); e e) Além dos requisitos das alíneas anteriores, a embarcação deverá ser dotada de material de segurança em conformidade com o capítulo 4 da Normam 01, sendo para tal classificada como embarcação não-solas. 6 - CÁLCULO DA BORDA-LIVRE DE DRAGAGEM Para deslocamentos entre portos brasileiros em lastro, a borda-livre das embarcações para as quais este anexo se aplica deve ser calculada em conformidade com o disposto na convenção internacional de linhas de carga (LL66) para embarcações do tipo B, sendo necessário apenas o cálculo das seguintes linhas de carga: - tropical - verão Deverá ser também atribuída à embarcação uma borda-livre de dragagem equivalente à metade do valor calculado para a borda-livre de verão. 7 - CERTIFICADO DE BORDA-LIVRE PARA DRAGAGEM a) Aplicação As embarcações que atendam todos os requisitos estabelecidos neste anexo deverão ser portadoras de um Certificado Nacional de Borda-Livre para Dragagem, de acordo com o modelo apresentado no apêndice III. b) Emissão O certificado será emitido pelas entidades especializadas ou sociedades classificadoras reconhecidas para atuarem em nome do governo brasileiro na navegação interior. - 6-N-2 - NORMAM-02/DPC/20005
c) Validade O certificado terá validade de no máximo cinco anos, sujeito a endossos anuais. 8 - PROCEDIMENTOS a) A entidade especializada ou sociedade classificadora que emitir o Certificado Nacional de Borda-Livre para Dragagem deverá encaminhar uma cópia para a DPC e para o órgão de inscrição da embarcação com maior brevidade possível. b) Deverão ser observados os procedimentos constantes na LL/66 para a emissão, renovação e perda de validade do certificado, assim como para a realização das vistorias e inspeções. c) É responsabilidade do proprietário e do seu preposto a manutenção das condições de atribuição previstas na LL/66 e neste anexo e que foram consideradas ou avaliadas por ocasião do cálculo para emissão do certificado ou das vistorias e inspeções regulamentares. 9 - MARCA DA LINHA DE CONVÉS a) Características É uma linha horizontal de 300 mm de comprimento e 25 mm de largura, fixada em ambos os bordos da embarcação, centrada na meia-nau e com aresta superior coincidindo com a interseção entre prolongamento da face superior do convés da borda-livre e a face externa do chapeamento do costado (Figura 6-0.1). FIGURA 6-0.1: Marcas de Linha de Convés e de Linha de Carga FIGURA 6-0.2: Posicionamento da Linha de Convés b) Localização (Casos Especiais) 1) Nas embarcações com o convés de borda-livre descontínuo, nas quais a parte superior desse convés se estenda além da meia-nau, a aresta superior da linha convés deverá ser posicionada coincidindo com o prolongamento da face superior da parcela mais baixa desse convés, paralela à parte superior do mesmo. - 6-N-3 - NORMAM-02/DPC/20005
2) Nas embarcações com bordas arredondadas ou com quaisquer outros dispositivos que impossibilitem a fixação da marca no local estabelecido, sua posição deverá ser determinada com referência a outro fixo no costado da embarcação, desde que a bordalivre sofra a correção correspondente (Figura 6-0.1). 10 - DISCO DE PLIMSOLL a) Características Para embarcações com comprimento de regra (L) menor que 24 m, consiste de um anel de 180 mm de diâmetro externo e 25 mm de largura, cruzado por uma linha horizontal de 300 mm de comprimento e 25 mm de largura, cuja face superior passa pelo centro do anel (Figura 6-0.1). Para as embarcações com comprimento de regra maior ou igual a 24 m, deverá ser cumprido o disposto na LL/66. b) Localização Os discos deverão ser fixados em ambos os bordos da embarcação, de forma que o centro do anel seja colocado à meia-nau e a uma distância vertical abaixo da aresta superior da Linha do Convés igual a borda-livre de verão calculada de acordo com a LL/66. (Figura 6-0.2) 11 - MARCA DAS LINHAS DE CARGA São as linhas de carga em que a embarcação estará autorizada a efetuar deslocamentos entre portos nacionais, sempre até o limite de 20 milhas da costa. As seguintes marcas deverão ser fixadas em ambos os bordos da embarcação a uma distância vertical abaixo da aresta superior da linha do convés calculada de acordo com a LL/66 (Figura 6-0.3): - tropical - verão Figura 6-0.3 - Marcas das Linhas de Carga 12 - MARCA DA LINHA DE CARGA DE DRAGAGEM É a linha de carga em que a embarcação estará autorizada a operar durante a dragagem, em deslocamentos nos limites da navegação interior e até o ponto de despejo da carga, desde que o mesmo encontre-se a menos de 20 milhas da costa. É uma linha horizontal de 300 mm de comprimento e 25 mm de largura, fixada em ambos os bordos da embarcação, centrada na meia-nau e a uma distância vertical abaixo da aresta superior da linha do convés igual a borda-livre de dragagem atribuída (metade da borda-livre de verão calculada de acordo com a LL/66). Deverão ser ainda afixados a vante da linha de carga de dragagem os caracteres DR, sendo que cada letra deverá medir 35 mm de altura e 25 mm de largura. 13 - MARCA DA AUTORIDADE RESPONSÁVEL - 6-N-4 - NORMAM-02/DPC/20005
Quando a borda-livre for atribuída por uma entidade especializada ou sociedade classificadora deverão ser fixadas as letras correspondentes à cada entidade à esquerda e à direita da marca de linha de carga e acima da linha horizontal, cada uma medindo 35 mm de altura e 25 mm de largura para indicar a autoridade responsável pelas medições, cálculos e atribuição da linha de carga. FIGURA 6-0.4: Marca da Autoridade Responsável 14 - DETALHES DE MARCAÇÃO a) Todas as marcas devem estar permanentemente fixadas em ambos os bordos da embarcação, sendo que para os navios de aço devem ser soldadas ou buriladas de forma permanente. b) As marcas serão pintadas em branco ou amarelo quando fixadas em fundo escuro ou em preto com fundo claro. c) Todas as marcas devem ser facilmente visíveis e, se necessário, arranjos especiais devem ser feitos com este propósito, a critério da DPC. - 6-N-5 - NORMAM-02/DPC/20005
APÊNDICE I CÁLCULO DOS BRAÇOS DE ENDIREITAMENTO 1. A estabilidade estática da embarcação deverá ser avaliada para as seguintes condições: a) Porões carregados homogeneamente até o limite superior de sua braçola; b) Porões parcialmente carregados com carga homogênea de peso específico igual a 2,2 t/m 3 ; c) Porões parcialmente carregados com carga homogênea com densidades compreendidas entre os valores definidos nas alíneas a) e b), sendo a diferença entre dois valores consecutivos de no máximo 0,2 t/m 3. 2. Deverá ser considerada a movimentação da carga em qualquer ângulo de inclinação, sendo o ângulo de inclinação da carga (θ r ) dependente do ângulo de banda da embarcação (θ g ) e do peso específico da carga (λ) de acordo com a seguinte tabela: θ r = θ g se λ 1 θ r = θ g (3 - λ)/2 se 1 < λ < 3 θ r = 0 se λ 3 3. Os cálculos devem levar em conta o derramamento da carga e, se for o caso, o embarque de água pela parte superior da braçola dos porões de carga. 4. Em todas as condições de carregamento deverá ser considerado o efeito de superfície livre da carga, devendo a mesma para este efeito ser considerada como um líquido. - 6-N-6 - NORMAM-02/DPC/20005
APÊNDICE II ESTABILIDADE EM AVARIA Para o cálculo de estabilidade em avaria exigido no item 4 do anexo, deverá ser assumido o seguinte: a) A extensão vertical da avaria em todos os casos deve ser assumida como sendo igual ao pontal da embarcação no compartimento alagado em questão. A flutuabilidade de qualquer superestrutura ou casaria situada diretamente acima do compartimento alagado deve ser desconsiderada; b) A extensão transversal da avaria deve ser considerada igual a B/5, (medida do costado para dentro, perpendicularmente ao plano vertical de simetria da embarcação, ao nível da linha d água correspondente à borda livre de dragagem). Caso uma avaria de menor extensão resultar em uma condição mais severa, tal avaria deve ser assumida; c) Deve-se assumir a extensão longitudinal da avaria como igual a 1/3(L 2/3 ); d) Quando dutos, redes ou túneis estiverem situados dentro da extensão da avaria determinada na alínea b), devem ser feitos arranjos de modo que um alagamento não possa se estender além dos limites assumidos para os cálculos das condições de avaria, e e) Não poderão ser adotados valores para permeabilidade dos compartimentos menores do que especificados a seguir: Compartimento Permeabilidade mínima Paióis 0,60 Praça de máquinas 0,85 Acomodações 0,95 Duplo fundo, tanques de óleo, tanques de lastro, espaços vazios, etc. 0 ou 0,95, o que resultar na condição mais desfavorável - 6-N-7 - NORMAM-02/DPC/20005
APÊNDICE III CÓDIGO - / / CERTIFICADO NACIONAL DE BORDA-LIVRE PARA DRAGAGEM (EMITIDO DE ACORDO COM A NORMAM 02) REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL MARINHA DO BRASIL DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS Nome do Navio Indicativo do Navio (número ou letras) Porto de Inscrição Arqueação Bruta TIPO DE SERVIÇO: NAVEGAÇÃO A QUE SE DESTINARÁ: DISTÂNCIA DA PARTE SUPERIOR DA LINHA DO CONVÉS DA BORDA LIVRE ATÉ A LINHA DE CARGA DE VERÃO: mm LINHA DE CARGA TROPICAL: mm LINHA DE CARGA DE DRAGAGEM: mm A ARESTA SUPERIOR DA LINHA DO CONVÉS ESTÁ SITUADA A SUPERIOR DO CONVÉS AO LADO. O CENTRO DO DISCO ESTÁ SITUADO A mm DA FACE mm DO BICO DE PROA. O PRESENTE CERTIFICADO É EXPEDIDO PARA ATESTAR QUE O NAVIO ACIMA FOI INSPECIONADO E QUE A SUA BORDA LIVRE E LINHA DE CARGA INDICADAS ACIMA FORAM APOSTAS E SERÃO CONTROLADAS CONFORME AS DISPOSIÇÕES EM VIGOR. VÁLIDO ATÉ de de EXPEDIDO EM em de de Assinatura e carimbo do responsável NÚMERO DO CERTIFICADO ORIGINAL EMITIDO: (SOMENTE PARA RENOVAÇÃO) - 6-N-8 - NORMAM-02/DPC/20005
Este documento é para certificar que a inspeção periódica, requerida pelo anexo da Normam 02, foi efetuada e que esta embarcação se encontra de acordo com as prescrições relevantes da norma. 1 Inspeção / / Periódica Assinatura e carimbo do vistoriador Local Data 2 Inspeção / / Periódica Assinatura e carimbo do vistoriador Local Data 3 Inspeção / / Periódica Assinatura e carimbo do vistoriador Local Data 4 Inspeção / / Periódica Assinatura e carimbo do vistoriador Local Data - 6-N-9 - NORMAM-02/DPC/20005