FACULDADE DE DIREITO DE VITÓRIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO E PROCESSO DO TRABALHO LÍVS NEV MEDIDAS PARA ERRADICAR O TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL VITÓRIA 2012
LÍVS NEV MEDIDAS PARA ERRADICAR O TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL Pré-projeto de Monografia apresentado ao Curso de Direito do Trabalho e Processo do Trabalho da Faculdade de Direito de Vitória, como requisito parcial para a obtenção do título de prós graduado em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. VITÓRIA 2012
SUMÁRIO INTRODUÇÃO...3 1 PROBLEMA DA PESQUISA...5 2 OBJETIVOS...6 2.1 OBJETIVO GERAL...7 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...7 3 METODOLOGIA...8 3.1 TIPO DA PESQUISA...8 4 JUSTIFICATIVA...10 5 REFERENCIAL TEÓRICO...11 6 CRONOGRAMA...14 REFERÊNCIAS...15
INTRODUÇÃO A presente pesquisa tem como objetivo abranger os aspectos relativos às medidas de erradicação do trabalho escravo no Brasil, porquanto embora a abolição da escravatura no Brasil tenha ocorrido em 13 de maio de 1888, infelizmente, ainda nos dias atuais temos trabalhadores laborando em condições análogas a de escravo. O presente trabalho visa identificar medidas para erradicar essa chaga que submete a tratamento desumano centenas de pessoas, principalmente especialmente nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil. Algumas ações foram e vem sendo desenvolvidas, tais como a elaboração do Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (CONATRAE), a criação do Grupo Executivo de Repressão ao Trabalho Forçado (Gertraf) e do Grupo Móvel de Fiscalização, edição das Portarias nº 540/2004 e 1.150/2003 do Ministério da Integração Nacional. Entre as medidas se destacam a lista suja, ou seja, o cadastro de empregadores que tenham mantidos trabalhadores em condições análogas a de escravo, e a ação civil pública vidando a proteção dos direitos fundamentais no combate ao trabalho escravo. A medida para punir o trabalho em condições análogas de escravo é o artigo nº 149 do Código Penal Brasileiro que abrange todo o trabalho forçado degradante. Assim, após identificarmos as medidas que visam erradicar e punir o trabalho escravo serão identificadas, para após, verificamos se elas efetivamente contribuem para a erradicação do trabalho escravo. Por fim, a relevância do estudo se foca no fato que embora a escravidão tenha sido utilizada na colonização de nosso país, na atualidade esta pratica é ilegal, mas embora haja tipificação legal para punir os empregadores, as ações penais não têm
alcançado seu objetivo em relação aos condenados pelo crime de redução de alguém a condição análoga de escravo. Dessa forma, o objetivo principal do presente trabalho é identificar as formas de erradicação ao trabalho escravo, de modo a tutelar os direitos fundamentais da pessoa humana.
1 PROBLEMA DA PESQUISA Diantedo princípio constitucional da dignidade da pessoa humana é digno haver nos dias atuais pessoas laborando em condições análogas a de escravo? É aceitável que após séculos da abolição da escravidão possuímos em nossa pátria pessoas que são proibidas de largar definitivamente o trabalho no momento desejado, que são submetidas a maus tratos, que são exploradas aviltantemente, que laboram em condições precárias e sem higiene, que são castigadas com a finalidade de disciplinar o trabalhador rebelde e de servir de exemplo para os demais? É preciso extirpar esse tipo de trabalho desumano, a fim de garantirmos a dignidade da pessoa humana, assim temos como uns dos problemas do presente trabalho a ferramenta da ação penal, mas será que tal forma está atingindo sua finalidade? Será que a ficha suja que divulga os nomes dos empresários e empresas que explorem essa atividade criminosa tem efetividade na extirpação do trabalho escravo? Quais são os efeitos práticos decorrentes desse cadastro? As medidas que o Brasil criou através da elaboração do Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (CONATRAE), a criação do Grupo Executivo de Repressão ao Trabalho Forçado (Gertraf) e do Grupo Móvel de Fiscalização, edição das Portarias nº 540/2004 e 1.150/2003 do Ministério da Integração Nacional são eficazes para erradicação do trabalho escravo? A ação civil pública é um mecanismo eficaz no combate ao trabalho escravo?
2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Demostrar a origem do trabalho escravo no Brasil e se ele foi erradicado na atualidade; Identificar as possíveis medidas para erradicar o trabalho escravo no Brasil; Verificar quais são os mecanismos existentes para combater o trabalho escravo no Brasil; Identificar quais as formas mais eficazes de combater o trabalho escravo no Brasil; Discutir a respeito dos direitos humanos na perspectiva do trabalho análogo ao de escravo; 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Descrever o que é trabalho escravo; Observar a discussão a respeito da utilização do termo trabalho escravo; Analisaros princípios protetivos dos trabalhadores; Analisar as formas de erradicação do trabalho escravo; Avaliar e comparar as formas e mecanismos desenvolvidos para coibir a prática do trabalho escravo;
Averiguar se a ação civil pública é um mecanismo eficaz no combate ao trabalho escravo; Verificar se a lista negra é uma forma enérgica de coibir o trabalho escravo; Examinar se a ação penal está atingindo o fim pretendido;
3 METODOLOGIA 3.1 TIPO DA PESQUISA O presente trabalho utilizará a pesquisa bibliográfica e o modo dialético disciplinar.a referida pesquisa pretende abarcar toda a bibliografia em que enfoca o tema em estudo, constituindorespeitável técnica para municiar ao pesquisador a bagagem teórica que o habilita à produção de trabalhos originais e pertinentes. Através da pesquisa bibliográfica pretende-se buscar e narrar a história do Brasil objetivando narrar a forma de colonização da nação, bem como de identificar as formas de trabalho escravo no Brasil. Esse tipo de pesquisa visa colher dados bibliográficos que possam fornecer dados históricos, a fim de trazer base teórica para a sustentação do trabalho científico. Dessa forma, a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras (MARCONI; LAKATOS,2010, p.166). A pesquisa documental também será utilizada no presente trabalho de pesquisa,por meio da coleta de dados em fontes oficiais, como a legislação, tais como portarias, Código Penal Brasileiro, a Consolidação das Leis do Trabalho e Constituição Federal de 1988.Estas podem ser feitas no momento em que o fato ou fenômeno ocorre, ou depois (MARCONI; LAKATOS,2010, p.157). Inicialmente será coletado o tema em apreço em catálogos da biblioteca, das bibliografias, dos índices especializados, bem como periódicos, legislação pertinente, internet, etc, visando identificar o que será adequado ou não ao trabalho, visando contribuir para a pesquisa.
Portanto para narrar a história do trabalho escravo no Brasil e descrever as formas de erradicação do referido trabalho serão analisados os dispositivos legais relacionados a estes assuntos, tais como o Código Penal Brasileiro, a Consolidação das Leis do Trabalho e a Constituição Federal de 1988, bem como a doutrina pertinente, a fim de demonstrar as formas e medidas de erradicar o trabalho escravo no Brasil.
4 JUSTIFICATIVA Este projeto de pesquisa mostra sua relevância ao demonstrar que o trabalho escravo, embora abolido, existe nos dias atuais o qual devemos combater através das medidas que serão identificadas nesse trabalho para erradicar o trabalho escravo no Brasil.
5 REFERENCIAL TEÓRICO Quando o Brasil começou a ser colonizado, uns dos problemas enfrentados pelos portugueses foi a mão-de-obra, pois era necessário um grande número de trabalhadores para cultivar os latifúndios e a população de Portugal era reduzida de modo que tal mão de obra era bastante cara. Os portugueses para solucionar a questão começaram a praticar escambo como muita dificuldade com os índios, mas esses não estavam acostumados ao tipo de trabalho imposto pelos portugueses, pois sua subsistência não dependia dos brancos, e por tal razão houve muita dificuldade em sua escravidão. Assim, os portugueses traziam os negros africanos de suas colônias na África para utilizar como mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar do Nordeste. Os comerciantes de escravos portugueses vendiam os africanos como se fossem mercadorias aqui no Brasil. Nossa colonização teve como marco o trabalho escravo, entretanto esse tipo de trabalho foi abolido desde 13 de maio de 1888 com a publicação da Lei Aurea. Desse modo, a partir de então o trabalho escravo foi proibido e mesmo após centenas de anos, infelizmente convivemos nos dias atuais com o trabalho análogo as condições de escravo no Brasil, não da forma que existente naquela época, mas de uma maneira dissimulada, porém não menos cruel. Eliane Pedroso 1 em seu artigo Da negação ao reconhecimento da escravidão contemporânea 2 : A abolição da escravatura atingiu a propriedade da vida humana retirando-a das mãos de terceiros. Entretanto, esta figura se apresenta quase que reduzida à 1 Juíza do Trabalho Titular da 4ª Vara do Trabalho de Santo André/SP 2 Trabalho Escravo contemporâneo: o desafio de superar a negação. VELOSO, Gabriel; FAVA, Marcos Neves, coordenadores. São Paulo: Ltr, 2006, p.68-69.
extinção de um aspecto meramente oficial que acompanhava o trabalho escravo desde então, visto que não há mais a propriedade a unir senhores e escravos, mas estes continuam ligados através de artifícios vário, tais como dívidas, ameaças e violência e estas circunstancias, igualmente, cerceiam a liberdade individual. Os elementos desta antiga e desproporcional relação permanecem quase intactos através dos tempos, ainda que suas formas sejam cada vez mais dissimuladas. A proibição de largar definitivamente o trabalho no momento desejado, a exploração aviltante da força do trabalho humana, a submissão aos maus-tratos e à absoluta falta de higiene, o constrangimento físico ou moral e a sujeição a condições indignas, estão todas ainda bem presentes. A violência vibra tão intensamente quanto no antigo sistema escravocrata. Atualmente, também são executados castigos, agressões e até homicídios, tudo com a finalidade de disciplinar o escravo e também os demais em uma verdadeira ameaça direta. Hoje os escravos deixaram de ser negros ou índios, passando a ser a classe mais oprimida dos brasileiros, ou estrangeiros, que procuram uma fonte de renda para sua sobrevivência e de suas famílias. Os supostos empreiteiros de mão-de-obra que são na verdade recrutadores de trabalhadores, são conhecidos como gatos, que chegam aos locais de aliciamento, e fazem propostas tentadoras que as pessoas acabam acreditando e são levadas por ônibus para as fazendas onde o dinheiro prometido é retido para pagamento do transporte, equipamentos e alimentação. Nas cidades temos os trabalhadores que trabalham em confecções que exploram a mão-de-obra de trabalhadores imigrantes estrangeiros que vêm para nosso país iludidos com promessas tentadoras.
No Brasil tal conduta é ilegal, e o Código de Processo Penal prevê tal prática como crime, assim dispõe o referido dispositivo: Art. 149 - Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: (Alterado pela L-010.803-2003). Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Acrescentado pela L-010.803-2003) I cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; II mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: (Acrescentado pela L-010.803-2003) I contra criança ou adolescente; II por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. Entretanto questiona-se a eficácia do referido dispositivo legal, de modo que se discute a efetividade dessa medida nos dias atuais. Outras medidas foram criadas, as quais são o objetivo desse estudo nos capítulos que serão produzidos.
6 CRONOGRAMA O cronograma para elaboração da monografia será relativo a um período de 07 (sete) meses. As etapas para a elaboração da monografia serão da forma que se segue: ANO Meses 2012 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Levantamento bibliográfico X Encontros com o professor orientador X X X X X Leitura e fichamento do material bibliográfico X X X Redação do 1ºe 2º capítulos X X Redação do 3º e 4º capítulos X X x Redação do 4º, 5º e 6º capítulos X X X Redação do 7º capítulo e da conclusão X X X Revisão do texto X Depósito das cópias da monografia na Instituição X Apresentação da monografia (defesa pública) X
REFERÊNCIAS BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito de trabalho. 3ed. São Paulo: Lrt, 2007. BRANCO, Ana Paula Tauceda. A colisão de princípios constitucionais no direito do trabalho. São Paulo. Ltr, 2007. BRASIL Código Penal Brasileiro. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. CAPEZ, Fernando. Curso de direito Penal. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006.2 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Ação civil pública: comentários por artigo (Lei nº 7.347/85) Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2007. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 7ª ed. São Paulo: Ltr 2009. MEDEIROS NETO, Xisto Tiago de. Dano moral coletivo. São Paulo: Ltr, 2004. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Disponível em http: // http://portal.mte.gov.br/trab_escravo/plano-nacional-para-erradicacao-do-trabalhoescravo.htm. Acesso em: 19/12/2011. Produção, consumo e escravidão restrições econômicas e fiscais. Lista suja, certificados e selos de garantia de respeito às leis ambientais trabalhistas. Trabalho escravo contemporâneo: desfio a superar a negação. VELLOSO, Gabriel; FAVA, Marcos Neves, coordenadores. São Paulo: Ltr, 2006, p.224. Trabalho Escravo Contemporâneo: O desafio de superar a negação. VELLOSO, Gabriel; FAVA, Marcos Neves, coordenadores. São Paulo: Ltr, 2006, p.68-69.
VIANA, Márcio Túlio. Trabalho escravo e lista suja : um modo original de se remover uma mancha. Revista Ltr, v. 71, nº 8 agosto de 2007.