Agathe Catel. Categoria B. Més de 18 anys. Tudo bem, tudo bom.

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Transcrição:

Agathe Catel Categoria B. Més de 18 anys. Tudo bem, tudo bom.

Tudo bem? Tudo bom. Porque é que temos a tendência de responder que tudo está óptimo, quando na verdade, estamos com um mau humor tal que, se nos pusessem uma arma entre as mãos, seríamos capazes de matar alguém. Por costume? Por medo de confessar a verdade? Por hipocrisía? Ou será uma mistura de todas estas coisas? O que faz a rotina. Cada dia, ao ver as mesmas pessoas, fazemos e fazem-nos as mesmas perguntas e as respostas também são as mesmas. Mas isso significa que todos os dias são felizes? Se for assim, melhor ainda, mas não acho que seja provável. Então por que razão respondemos "tudo bom" se na verdade o que queremos dizer algum dia é: "tudo mal"! Talvez porque, então, as pessoas deixariam de perguntar-nos, não é? Veja-se a coitada da avó, enjoada da vida: se você cometer o erro de lhe perguntar: "Como está, vovó?" Então, ela começará o seu discurso, o mesmo de sempre, longo, muito longo, tão eterno como os seus coitados últimos dias... foi decidido não escrever aqui o discurso da vovó, para o leitor não ficar com vontade de abandonar o relato tão rapidamente. Além do mais, já se conhecem os típicos discursos pessimistas das avós que começam desta maneira: Oh!, sabes, minha filhinha, a vida de hoje, é muito dura, etc., etc. Ainda não deixou o relato?... Para os que continuam aqui: Já sabemos que "tudo bem?" é uma pergunta arriscada. Então que é que temos de fazer, deixar de perguntar? Não preciso de explicar isto, há muitas pessoas que entenderam o princípio do "não perguntar". Não nos interessarmos pela vida dos outros, isso é fácil. Já temos bastante com a nossa, não é? Mas uma vida centrada em nós mesmos é mesmo degradante. Há tantas coisas no mundo, e somos tão pequenos, acho que como mínimo deveríamos tentar engrandecer-nos, com as coisas que estão ao redor.

Mas enfim, porquê este "centralismo" na sua própria pessoa? Por egoísmo? Por medo? Eis a palavra chave do século XXI: medo. Brrr, parece que o céu se cobre de nuvens quando estou a escrevê-la. Medo de quê? Medo de tudo: da vida, do amanhã, da diferença, dos outros. Quem sabe se o meu vizinho não é um terrorista? E se houver um terremoto no meu jardim? Pode ser que amanhã eu não me possa deitar por culpa duma nova doença misteriosa transmitida pela televisão. Enfim, um grande delírio. Embora a coisa mais sensata que tenha dito até agora possa ser a da televisão transmitir uma doença: a imbecilidaditis. Uma infecção do cérebro, sim, sim. É possível. Já há muitas pessoas contaminadas. É triste, sou consciente, mas é a dura realidade da qual falava a vovó. Embora ela agora também veja muito a televisão. Voltando à vaca fria aqui quero agradecer a um professor que tive, é fácil reconhecer quem é, por ensinar-me esta expressão que tanto fazia rir alguns da aula naquela remota época do ano passado é curioso, as línguas são tão misteriosas. Sobretudo as latinas, o inglês, na minha opinião, é uma língua não só inútil mas...já todos os leitores devem estar a olhar para o texto com uns olhos exorbitados, o que é que ela está a dizer! Não pode ser! Etc. Efectivamente, sabe-se que não se pode afirmar que o inglês é um idioma inútil, porque se há uma coisa que não é, é inútil, já que não só é útil, mas agora é indispensável, obrigatório. Sim senhor, a língua do imperialismo, a do presidente mais inútil (ele sim!) da história, e que no fim de contas é a língua do único país na Europa que não quis a moeda europeia! Pois esta é a língua que agora temos de aprender todos, nós, coitados latinos. Grrr, (este é o som da fúria, contrariamente ao "brrr" de antes, que era o som do calafrio.) É possível transcrever um som assim, sem consultar a normativa? Acho que não, só um Saramago poderia permitir-se uma coisa assim, agora há normativa para tudo. Mas ainda falta a das onomatopeias. Deveria

haver uma a dizer: "Segundo o artigo tal, parágrafo tal, as pessoas de fala inglesa, vêm-se obrigadas a aprender o português, o francês e o espanhol, para o bem estar comum dos habitantes da Europa..." Isto chama-se utopia, não é? Poderíamos agora voltar às ovelhas? Não. Os franceses voltam às ovelhas, mas os portugueses voltam à vaca fria. Es os espanhóis? Parece-me que não é questão de animais esta expressão na Espanha. Enfim. O que queria dizer era: há neste mundo alguém ou alguma coisa que nos impõe o seu idioma e que, com ajuda da imprensa, nos faz ficar com medo. Sim senhor, temos o medo já tão metido na pele, tão lá no fundo de nós, que nem percebemos, e agora, além disso, a grande novidade é que faz cada vez mais calor, e isto nos atemoriza ainda mais. Claro, a nossa geração ainda se poderá livrar de comprar a água ao preço do petróleo, o mel ao preço do oro, mas e os nossos filhos? Para já nem falar dos filhos dos nossos filhos. Imaginem-se os pais que contavam contos para fazer sonhar os meninos... já têm a imagem em mente? Bem, terão de ter muita imaginação para os ditos contos não se tornarem deprimentes. _ "Que é um urso polar, papá?" _... É melhor não pensar senão ficaremos stressados. A palavra stress poderia ser a segunda candidata ao honorífico prémio de palavra chave do século XXI. Finalmente, se bem entendo a lógica do mundo actual, nos próximos anos falaremos todos inglês em fato de banho. Falar-se-á de antigas espécies muito curiosas que eram de cor branca como uma coisa antigamente chamada neve, que se poderia dizer que era água gelada. Mas como explicar gelada? A realidade muda, a linguagem também. Se uma coisa existe a partir do momento em que recebe um nome, este nome desaparece quando o referente que designa deixa de existir. Isto é um clássico de Robinson Crusoé. Os clássicos também desaparecerão?

Não se deixem deprimir pelas minhas fabulações, ainda que... visão futurista rime com pessimista. Tem de ter um conto uma moral? Assim teria de ser. Se lermos cada dia um conto com moral, tornar-nos-emos melhores? Notem aqui uma visão optimista. Enfim, se este conto tiver uma, não sei se seria de grande utilidade, mas aqui fica: Aproveitem o pouco tempo que uma força desconhecida decidiu conceder-nos arbitrariamente, falem português e comam mel! Mas sobretudo, se amanhã quando forem ao lugar em que costumam ir durante a semana, ou seja, ao trabalho origem etimológica tortura e lhes perguntarem: Tudo bem? Não percam o costume e respondam: Tudo bom! Porque vocês não estão a pretender mudar o curso do mundo, não é?...