ESTUDOS DAS PAERTAS NÃO TÉCNIAS NO SISTEMA ELÉTRICO E AS TECNOLOGIAS UTILIZADAS PARA SEU COMBATE

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Transcrição:

Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Eletrotécnica Curso de Engenharia Elétrica Curso de Engenharia de Controle e Automação ESTUDOS DAS PAERTAS NÃO TÉCNIAS NO SISTEMA ELÉTRICO E AS TECNOLOGIAS UTILIZADAS PARA SEU COMBATE Annemarlen Gehrke Castagna (Orientador), annemarlen_castagna@hotmail.com 1 Guilherme Key Nagamine (Aluno 1), guilherme.nagamine@gmail.com 2 1 UTFPR / 3165, Rua Sete de Setembro / CEP: 80.230-901 / Curitiba-PR 2 UTFPR / 3165, Rua Sete de Setembro / CEP: 80.230-901 / Curitiba-PR, Resumo: As Empresas de Distribuição de Energia Elétrica, apresentam grandes problemas com perdas financeiras relacinadas a fraudes, desvios de energia, roubo de materiais, roubo de equipamentos e outras irregularidades. Essas perdas financeiras também são chamadas de Perdas não Técnicas ou Perdas Comerciais. Este artigo apresenta o levantamento das perdas comerciais de algumas Concessionárias de Energia e as ações realizadas para o seu combate. Apresenta também algumas tecnologias utilizadas atualmente para o combate a essas perdas. Palavras-chave: Fraudes,Perdas Comerciais, Concessionária de Energia, 1. INTRODUÇÃO Denominam-se Perdas Técnicas de Energia, as perdas associadas ao transporte da energia pelas redes de transmissão e distribuição. As perdas não técnicas ou comerciais correspondem à diferença entre as perdas totais e as perdas técnicas, decorrentes de furto de energia, problemas na medição e faturamento, entre outros. As somas das perdas técnicas e das perdas não técnicas constituem as perdas elétricas. Em um sistema de distribuição de energia, ocorrem algumas perdas de energia elétrica. Pode-se dividi-las em dois tipos: as técnicas (PT), decorrentes da interação da corrente elétrica e de seus campos eletromagnéticos com o meio físico de transporte de energia, e as não técnicas (PNT) ou comerciais referentes à energia entregue, porém não faturada pela concessionária de energia. Essa última se origina tanto de erros de faturamento da distribuidora como de ações dos consumidores através de fraudes em medidores ou ligações clandestinas. Conforme Resolução Normativa da ANEEL n0 166 de 10 de outubro de 2005: XIII Perdas Elétricas do Sistema de Distribuição: perdas elétricas reconhecidas pela ANEEL quando da revisão tarifária periódica, compostas por: a) perdas na Rede Básica, correspondentes às perdas nos sistemas de transmissão, apuradas no âmbito da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica CCEE; b) perdas técnicas, correspondentes às perdas no transporte da energia na rede de distribuição; e c) perdas não técnicas, correspondentes à parcela de energia consumida e não faturada por concessionária de distribuição, devido a irregularidades no cadastro de consumidores, na medição e nas instalações de consumo. Quando há furto de energia elétrica, parte dos custos é incorporada na tarifa para suprir a compra de energia e investimentos adicionais na rede. 2. PROBLEMAS E PREMISSAS As perdas comerciais podem ser definidas como sendo a diferença entre a quantidade de energia consumida e a que foi faturada e estão relacionadas ao furto de materiais e equipamentos localizados na rede, desvios de energia no sistema de distribuição, fraudes realizadas por manipulação nos equipamentos de medição de energia e por inadimplências de alguns clientes. Essas perdas estão diretamente relacionadas ao modo de gestão comercial da concessionária distribuidora de Energia. Para a manutenção da qualidade do fornecimento de energia elétrica, o balanço econômico entre fornecimento e faturamento deve ser melhorado através de novas ferramentas de medição e controle. O equilíbrio econômico e

financeiro tem um impacto direto nas tarifas de energia, pois quanto mais energia vendida sem perdas, menor será a tarifa necessária para manter a qualidade dos serviços. A ANEEL apresentou indicadores de 61 empresas analisadas, após o ciclo da revisão tarifária: Perdas Técnicas: aproximadamente 4%; Perdas Não Técnicas: aproximadamente 23%. Custos das Perdas Não Técnicas no Brasil (considerando tarifa média de venda de R$ 252,59 Dez/2009): Energia R$ 2,2 Bilhões a.a. A figura abaixo mostra as perdas por Região no Brasil. Figura 1 - Perdas Por Região Fonte: BRACIER / CEB Seminário Internacional sobre Perdas em Sistemas de Distribuição (2010) A tabela seguinte apresenta as maiores Perdas de Energia por Concessionária no Brasil. Tabela 1 - Maiores Perdas de Energia por Concessionária no Brasil Fonte: BRACIER / CEB Seminário Internacional sobre Perdas em Sistemas de Distribuição (2010)

A ABRADEE (2009) afirma que o total de energia desviada no Brasil abasteceria um estado cuja demanda fosse da ordem de 1,2 GWh. A Resolução nº 456/2000 trata de procedimentos ilegais praticados, penalizando o infrator a pena de reclusão de 2 a 8 anos e multa conforme Art. 155, e reclusão de 1 a 5 anos e multa no caso de infração relativa ao Art. 171. Algumas das possíveis causas podem ser listadas como segue: erro de faturamento, erros de medição, falta de medição, falhas no cadastro, fraude, fraude interna e iluminação pública, estas sobre controle da concessionária. Desvio de energia, fraude e ligação clandestina são considerados fora do controle da concessionária. Pelo fato dos leituristas não terem fácil acesso a algumas áreas de favelas onde sabemos da existência de desvio de energia. A Figura abaixo apresenta as Perdas de Energia no Brasil em 2009. Figura 2 - Perdas de Energia no Brasil em 2009 Fonte: BRACIER / CEB Seminário Internacional sobre Perdas em Sistemas de Distribuição 2010 Os furtos de energia nas linhas de distribuição são realizados na maioria dos casos, através de ligações clandestinas ou mais popularmente conhecido por gatos. Figura 3 - Furto de Energia através de ligação direta na rede elétrica. Fonte: LANDIS+GYR 2010

Há também interferência nos equipamentos de medição de energia ou mais conhecido como fraude nos medidores de energia elétrica, como exemplificado na figura abaixo. Figura 4 - Deslocamento de Eixos Fonte: BRACIER / CEB Seminário Internacional sobre Perdas em Sistemas de Distribuição 2010 3. TECNOLOGIAS UTILIZADAS ATUALMENTE PARA COMBATE AS PERDAS COMERCIAIS O medidor eletrônico é uma das alternativas para o combate as perdas, pois possibilitam o combate às fraudes e roubos de energia utilizando-se de medição centralizada, bem como dispositivos anti-fraude. Na figura abaixo, um medidor eletrônico monofásico anti-fraude que mostra avisos luminosos e informações em seu display. Figura 5 - Medidor eletrônico anti-fraude. Fonte: ELECTROMETER 2010

O conjunto de Medição é outra alternativa utilizada atualmente. Consiste de um módulo composto por 3 TPs e 3 TCs que, acoplado a um medidor eletrônico e à telemetria, envia on-line os dados à central da concessionária, evitando furtos de maneira eficiente. A idéia principal de utilização do conjunto de medição é a de exteriorizar a medição da subestação do consumidor e colocar no poste próximo à rede de média tensão, conforme mostrado na figura 6. Figura 6 - Exteriorização da Medição. Fonte: SERTA 2011 A empresa Ampla, no intuito de combater as ligações clandestinas, dessenvolveu o sistema de Distribuição Aérea Transversal (rede DAT) é uma solução técnica para combater o furto de energia, que até 2005 causava à Ampla perdas comerciais de cerca de 15%. Além disso, a nova rede reduz também considerável parcela das chamadas perdas técnicas, atualmente da ordem de 10%, ocasionadas pela transformação e transporte da eletricidade no sistema de distribuição. A figura abaixo ilustra a rede com padrão DAT. Figura 7 - Rede com padrão DAT Fonte: LANDIS+GYR 2010 O Sistema de Medição Centralizada surgiu através do conceito fundamental da preservação da individualização da medição do consumo de energia associado à centralização dos dados de consumo, permitindo dessa maneira o compartilhamento de partes comuns e propiciando significativa redução do espaço físico. Este sistema realiza medição de cargas e a quantidade de energia fornecida e tarifada. Ele possibilita um gerenciamento eficaz das perdas comerciais em instalações, possibilitando o combate às perdas.

O sistema de medição centralizada é constituído por medidores eletrônicos de kwh agrupados conforme a concentração do número de consumidores existentes no equipamento, denominado concentrador secundário (CS). Neste equipamento há um módulo eletrônico cuja finalidade é armazenar o consumo de energia individualizado de cada consumidor, este sistema está conectado ao concentrador primário (CP), na qual todos os controles do concentrador secundário são feitos pelo concentrador primário que é responsável por todas as medições. Figura 2 - Esquema completo do Sistema de Medição Centralizada. Fonte: BRACIER / CEB Seminário Internacional sobre Perdas em Sistemas de Distribuição (2010) 4. CONCLUSÃO As perdas não-técnicas estudadas são ocasionadas por ligações clandestinas, fraudes, violação em medidores de energia, furtos de equipamentos e materiais da rede de distribuição. Para reduzir o problema, cabem as distribuidoras de energia, a missão de desenvolver e aplicar métodos de combate às perdas comerciais, e acompanhar a evolução e as novas tecnologias disponíveis no mercado. Para um trabalho mais eficaz, além do conhecimento tecnológico, é necessário conhecer todos os fatores que potencializam e incentivam o consumidor a cometer atos ilícitos para obter um ganho financeiro com as fraudes e roubos de energia. Além das tecnologias apresentadas nesse artigo, as Concessionárias de Energia e a empresas de tecnologia, estão trabalhando arduamente na pesquisa de novos métodos para combater as Perdas de Energia tão prejudiciais a saúde financeira das empreas e na qualidade de fornecimento de Energia. Entre as novas pesquisas podemos destacar o Sistema de Pré-Pagamento e o Smart-Grid tão em evidencia atualmente. 5. REFERÊNCIAS ABRADEE. Disponível em: <http://www.abradee.org.br/downloads/1_worshop_furtos/celg.pdf>. Acesso em 10 de janeiro de 2011. AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA: Cartilha sobre furto de energia. Disponível em:<http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idarea=551&idperfil=6>. Acesso em 10 de janeiro de 2011. Resolução ANEEL Nº 456, de novembro de 2000. Disponível em: < http://www.aneel.gov.br/cedoc/bres2000456.pdf >. Acesso em 17 de dezembro de 2010.. Atlas de Energia Elétrica do Brasil. 3ª Edição. 2008. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/visualizar_texto.cfm?idtxt=1687>. Acesso em: 1 jun. 2010. AMPLA. Disponível em: <http://www.ampla.com>. Acesso em 29 de março de 2010. BRACIER Seminário Internacional de Perdas em Sistemas de Distribuição de Energia Elétrica. Disponível em <http://bracier.org.br/pt/apresentacoes-perdas.html>. Acesso em: 25 de janeiro de 2011 ELECTROMETER Disponível em < http://www.electrometer.com.br/ >. Acesso em 10 de junho de 2010

ELETROBRÁS. Disponível em: <http://www.eletrobras.com.br/elb/portal/main.asp>. Acesso em 30 de janeiro de 2011. LANDIS+GYR. GridStream. Apresentação mapa de clientes. Curitiba. Jan. 2010.. Manual Medidor Trifásico Eletrônico. 53 f. Curitiba, 2008.. Handbook comercial. 28 f. Curitiba, 2008. SERTA. Disponível em: <http://www.wtsistemas.com.br/clientes/serta/produtos>. Acesso em 23 de junho de 2011. 6. DIREITOS AUTORAIS Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo do material impresso incluídos neste trabalho.