3 Procedimento Experimental

Documentos relacionados
3 Programa Experimental

7 RESULTADOS EXPERIMENTAIS

Materiais de Construção II

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC CENTRO DE ENGENHARIA, MODELAGEM E CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES (BC 1105)

Materiais de Construção II

Introdução 27. Compósitos cimentícios. Tipos de reforços: Naturais. Tipo de cimento: CP. Fibras curtas: Fibra de sisal

5.6. Ensaios de caracterização do enrocamento como meio granular

3 Programa Experimental

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES (BC 1105) ENSAIOS MECÂNICOS ENSAIOS DE TRAÇÃO E FLEXÃO

3 Materiais e métodos

4 Desenvolvimento Experimental

Conteúdo. Resistência dos Materiais. Prof. Peterson Jaeger. 3. Concentração de tensões de tração. APOSTILA Versão 2013

Pontifícia Universidade Católica de Goiás

8º CONGRESSO IBEROAMERICANO DE ENGENHARIA MECANICA Cusco, 23 a 25 de Outubro de 2007

Comportamento em fadiga de compósitos cimentícios reforçados por polpa de bambu

3URFHGLPHQWR([SHULPHQWDO

LABORATÓRIO de MECÂNICA dos SOLOS - Noções de Resistência à Compressão - Ensaio de Compressão Simples e Diametral

Fundação Carmel itana Mário Pal mério MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL II ENSAIOS MECÂNICOS. Professor: Yuri Cardoso Mendes

O tubo extrator do equipamento compõe-se de um material rígido (tubo de PVC-PBA rígido marrom) com diâmetro interno de 20,5cm, diâmetro externo de

3. MODELOS MATEMÁTICOS PARA FORÇAS DE CONTATO E DE REMOÇÃO

3 Análise experimental

3 Material e Procedimento Experimental

ENSAIOS DE APLICAÇÃO RESISTÊNCIA À FLEXÃO

MONTAGEM E EXECUÇÃO DE ENSAIOS DE PLACA EM LABORATÓRIO

7 Conclusão. 1) Processo de fabricação

2 Fundamentos para a avaliação de integridade de dutos com perdas de espessura e reparados com materiais compósitos

DOSAGEM DE CONCRETO. DOSAGEM é o proporcionamento adequado. e mais econômico dos materiais: Cimento Água Areia Britas Aditivos

5 Apresentação e Análise dos Resultados

MÉTODO NUMÉRICO PARA A DETERMINAÇÃO DO MÓDULO DE TENACIDADE DE MATERIAIS A PARTIR DE ENSAIOS DE TRAÇÃO

Problema resolvido 4.2

3 Conexões de Reparo Injetadas com Mistura de Resina Epóxi e Cimento

3 Análise experimental

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

3 Estudo experimental

ENSINO DE TÉCNICAS DE REUTILIZAÇÃO E APLICAÇÃO DE RESÍDUOS DE CELULOSE (PAPELÃO E JORNAL) COMO AGREGADOS DE ARGAMASSA DA CONSTRUÇÃO CIVIL

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

Prof. Willyan Machado Giufrida Curso de Engenharia Química. Ciências dos Materiais. Propriedades Mecânicas dos Materiais

7 Ensaios de laboratório

ENSAIOS DE LABORATÓRIO

USO DE POLPA DE BAMBU COMO REFORÇO DE MATRIZES CIMENTÍCIAS

a) Os três materiais têm módulos de elasticidade idênticos. ( ) Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia PMT 3110

7. APLICAÇÃO DE MODELOS PARA PREVISAO DA FORÇA DE CONTATO PIG / TUBO E COMPARAÇÃO COM RESULTADOS EXPERIMENTAIS

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Capítulo 3: Propriedades mecânicas dos materiais

INFLUÊNCIA DO TEOR DE FIBRAS DE AÇO NA TENACIDADE DO CONCRETO CONVENCIONAL E DO CONCRETO COM AGREGADOS RECICLADOS DE ENTULHO

AVALIAÇÃO DO MÉTODO DE ENSAIO BRASILEIRO PARA MEDIDA DA RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA À TRACÇÃO DE REVESTIMENTOS DE ARGAMASSA

4 Determinação Experimental das Propriedades Estatísticas das Fibras de Carbono

Reforço de Rebocos com Fibras de Sisal

Fundação Carmel itana Mário Pal mério MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL II LABORATÓRIO 04. Professor: Yuri Cardoso Mendes

Resistência dos Materiais

4. Programa experimental

COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS PARTE I

Capítulo 3 Propriedades Mecânicas dos Materiais

1º TESTE DE TECNOLOGIA MECÂNICA I Licenciatura em Engenharia e Gestão Industrial I. INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE FABRICO

3. Experimentos de laboratório em halita

TÍTULO: ANÁLISE DO EFEITO DA SUBSTITUIÇÃO DA ÁGUA DE AMASSAMENTO POR VINHAÇA IN NATURA NA PRODUÇÃO DE TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO

RESISTÊNCIA A TRAÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL DE MISTURAS ASFÁLTICAS COMPACTADAS

COMPORTAMENTO MECÂNICO DE COMPÓSITOS CIMENTÍCIOS REFORÇADOS COM TECIDO DE BASALTO

Mão-de-obra desempenha um papel fundamental

UNIDADE 9 Propriedades Mecânicas I

Universidade de Lisboa

RELATÓRIO DE ENSAIO LCP

Figura Elemento Solid 187 3D [20].

Curso: Superior de Tecnologia em Controle de Obras - Disciplina: Concreto e Argamassa - Professor: Marcos Valin Jr Aluno: - Turma: 2841.

6 Ensaios de Resistencia

$SUHVHQWDomRHDQiOLVHGRVUHVXOWDGRV

3. Descrição de materiais, vigas de teste e ensaios

Resposta Questão 1. Resposta Questão 2

RELAÇÃO DE ITENS - PREGÃO ELETRÔNICO Nº 00006/ SRP

1. Inverta a relação tensão deformação para materiais elásticos, lineares e isotrópicos para obter a relação em termos de deformação.

ENSAIO DE IMPACTO UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CAMPUS DE GUARATINGUETÁ DEPARTAMENTO DE MATERIAIS E TECNOLOGIA

Pressão Interna + Momento Fletor e Esforço Axial.

Tensões. Professores: Nádia Forti Marco Carnio

Flexão Vamos lembrar os diagramas de força cortante e momento fletor

Professor do curso de Engenharia Civil da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões em Santo Ângelo/RS

Argamassa de assentamento e revestimento de paredes e tetos - Caracterização reológica pelo método squeeze-flow

PROCESSO SELETIVO 2016 ÁREA: ENGENHARIA DE INFRAESTRUTURA. Prova Objetiva

RELATÓRIO TÉCNICO PRELIMINAR. LUCIANO MÓDENA (Engº Civil) PRÉ-ENSAIO DE LAJES PRÉ-MOLDADAS E MOLDADAS IN-LOCO COM ARMAÇÃO TRELIÇADA.

3. Metodologia experimental

ÁREA DE TECNOLOGIA - LABORATÓRIO RELATÓRIO DE ENSAIO N O

Introdução Conteúdo que vai ser abordado:

AULA 12: DEFORMAÇÕES DEVIDAS A CARREGAMENTOS VERTICAIS E A TEORIA DO ADENSAMENTO. Prof. Augusto Montor Mecânica dos Solos

7 Análise Método dos Elementos Finitos

SILICATO DE SÓDIO E/OU RESINA FENÓLI CA ALCALINA PARA FUNDIÇÃO - DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA À TRAÇÃO DA MISTURA PADRÃO

COLA PARA FUNDIÇÃO DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA À TRAÇÃO APÓS CÂMARA ÚMIDA DE CORPOS DE PROVA COLADOS AO AR

Ensaio de compressão

ESCOAMENTOS UNIFORMES EM CANAIS

Estudo teórico-experimental sobre a estabilidade estrutural de painéis de cisalhamento ( Shear Wall ) do sistema construtivo Light Steel Framing

COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS

Propriedades mecânicas dos materiais

RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS II 6º CICLO (EEM 6NA) Profa. Ms. Grace Kelly Quarteiro Ganharul

RESINA CAIXA QUENTE PARA FUNDIÇÃO DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA À TRAÇÃO APÓS CÂMARA ÚMIDA E ESTUFA

COLA PARA FUNDIÇÃO DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA À TRAÇÃO IMEDIATA E APÓS CÂMARA ÚMIDA DE CORPOS DE PROVA COLADOS EM ESTUFA

Q RT. Lista de Exercícios 9. Comportamento Mecânico dos Materiais - Parte II

Notas de aula prática de Mecânica dos Solos I (parte 10)

COMPACTAÇÃO 05/04/ COMPACTAÇÃO PRINCÍPIOS GERAIS TC-033 LABORATÓRIO DE MECÂNICA DOS SOLOS AULA 3. Prof. Caroline Tomazoni

RESÍDUO CERÂMICO INCORPORADO AO SOLO-CAL

MÉTODO NUMÉRICO PARA A DETERMINAÇÃO DO MÓDULO DE TENACIDADE DE MATERIAIS A PARTIR DE ENSAIOS DE TRAÇÃO

Fundamentos da mecânica de fratura e suas potenciais. Falhas

Transcrição:

3 Procedimento Experimental O presente capítulo descreve a metodologia adotada no trabalho, desde a confecção dos corpos de prova até os ensaios executados. A princípio, seriam produzidos corpos de prova para os diferentes ensaios nas proporções de 8 e 14 % de polpa refinada e 8 e 14 % de polpa não refinada. Na prática, a confecção de corpos de prova entalhados com polpa não refinada tornou-se inviável, pois na desfôrma dos corpos de prova havia quebra dos mesmos. Foram feitas várias tentativas de contornar o problema sem alterar as condições estipuladas, mas nenhuma das tentativas foi capaz de solucionar o problema. 3.1. Produção dos compósitos Este trabalho dá continuidade à dissertação de mestrado de Dos Anjos (2002), assim utilizou-se o método Hatschek, em escala laboratorial, aprimorado por Dos Anjos (2002) e por Rodrigues para a confecção dos compósitos. Por este método obtêm-se espécimes de pequena espessura (placas), no entanto os corpos de prova necessários para os ensaios propostos precisam ser robustos, logo se utilizaram placas ainda úmidas como matéria prima. 3.1.1. Dispersão da polpa seca Para utilização da polpa é necessário dispersá-la em água, tendo em vista que o transporte desde a fábrica até o laboratório da PUC-Rio causou aglutinação dos filamentos. Essa dispersão foi realizada na proporção de 1 grama de polpa para cada 100 ml de água, utilizando um agitador mecânico (adaptado por uma furadeira com uma haste inserida no lugar da broca conforme mostrado na Figura 3-1), operada a uma velocidade de 2000 rpm. A dispersão foi realizada por 10

Procedimento Experimental 42 minutos, e em seguida a mistura foi peneirada (peneira nº 100), e acondicionada em sacos plásticos armazenados na geladeira. Figura 3-1 Equipamento utilizado para a dispersão da polpa. 3.1.2. Moldagem das placas O compósito produzido é composto exclusivamente de cimento (CP2E), polpa de bambu e água. As fibras da polpa úmida foram dispersas no mesmo equipamento utilizado para a sua dispersão durante aproximadamente 5 minutos e em seguida foi adicionado o aglomerante de tal forma que sempre se obtenha um licor com teor de 25% a 30% em massa de material sólido (cimento + polpa). Este licor foi misturado por mais 5 minutos e em seguida transferido rapidamente para a câmara de moldagem de dimensões 120 x 120 x 100 mm. A câmara foi submetida a uma subpressão em sua face inferior através do acionamento de uma bomba de vácuo. Devido à sucção, utiliza-se sobre a tela da câmara uma manta de poliéster (geotêxtil da marca BIDIN OP 40) e papel de filtro quantitativo, evitando a perda do material sólido. Quanto à água succionada, esta foi armazenada em um recipiente adaptado à bomba.

Procedimento Experimental 43 Para uma melhor regularização da superfície da placa, aplicou-se 60 golpes em toda a sua superfície com um soquete metálico. A sucção foi aplicada durante aproximadamente 5 minutos, resultando numa placa com superfície sólida. A Figura 3-2 mostra o aparato utilizado. Figura 3-2 Câmara de moldagem e recipiente e bomba. 3.1.3. Moldagem dos corpos de prova cilíndricos Espécimes cilíndricos foram moldados a partir de placas obtidas conforme apresentado em 3.1.2 com o intuito de caracterizar melhor o comportamento à compressão desse material. Logo após a retirada das placas da câmara, estas foram quebradas em pedaços e colocadas dentro de um molde cilíndrico de 50 x 100 mm como mostra a Figura 3-3, em aproximadamente quatro camadas as quais foram adensadas com 60 golpes para homogeneizar o material e dar-lhe a forma cilíndrica. Após os golpes os moldes foram levados para a máquina de prensagem, onde com o auxilio de um cilindro de aço foi aplicada uma pressão de 3 MPa durante 5 minutos (Figura 3-3), a pressão aplicada e o tempo de aplicação foi o mesmo utilizado por Dos Anjos (2002). A prensagem foi realizada para retirar o excesso de água que restou nas placas após a sucção e que tenha sido absorvida pela polpa. Este procedimento proporciona um material mais compacto e com menos vazios em comparação com o material sem compactação onde a água que não reage com o cimento é eliminada pela evaporação.

Procedimento Experimental 44 Em seguida os corpos de prova, ainda nos moldes, foram acondicionados em sacos plásticos, mantendo a umidade constante e evitando a perda de água para o ambiente. Após 24 horas, faz-se a desfôrma e a cura por imersão durante 27 dias. Antes de ensaiar os corpos de prova, foi necessário fazer uma inspeção nos mesmo, onde normalmente foi necessário fazer regularização das faces para que estas ficassem niveladas e sem rebarbas (que eventualmente adquiridas na compactação do material). Para o acabamento do corpo de prova utilizou-se uma lixa 80 acoplada numa lixadeira de cinta (Figura 3-4). Figura 3-3 Moldagem e compactação dos corpos de prova cilíndricos. Figura 3-4 Lixadeira de cinta.

Procedimento Experimental 45 3.1.4. Moldagem dos corpos de prova prismáticos para flexão Para levantar dados sobre a tenacidade e a resistência à flexão, foram utilizados corpos de prova prismáticos, entalhados ou não, com dimensões de (300 x 50 x 45) mm. Nos corpos de prova de flexão com entalhe, adotou uma razão a/w = 1/2, onde a é a profundidade do entalhe e W a largura do corpo de prova. O entalhe escolhido foi do tipo reto com arredondamento na ponta e foram estabelecidos os valores de 0,5;1,5 e 2,4 mm para os raios de curvaturas da ponta. As fôrmas de madeira, desenvolvidas por Fujiyama (1997) e utilizadas nesse trabalho (Figura 3-5), são compostas por quatro laterais e o fundo, sendo que uma das laterais apresenta um macho de acrílico para a confecção do entalhe. Todas as partes foram encapadas com papel contact, protegendo a madeira da umidade e permitindo sua reutilização nas diversas moldagens. Por fim, as laterais são parafusadas ao fundo do molde e uma camada de vaselina é aplicada na paredes internas da fôrma inclusive no macho, facilitando a desfôrma. O procedimento de moldagem das placas é repetido da maneira descrita em 3.1.2. As placas assim obtidas foram quebradas em pedaços e então colocadas dentro de um molde prismático, num total de aproximadamente oito camadas as quais foram adensadas manualmente. Após os golpes os moldes foram levados para a máquina de prensagem, onde com o auxilio de um punsão de aço foi aplicada um pressão de 3 MPa durante 5 minutos (Figura 3-6). Os demais procedimentos de cura e armazenamento foram os mesmos utilizados para os corpos de prova de compressão. A inspeção e padronização das formas dos corpos de prova também são válidos para os corpos de prova prismáticos. Tem-se que ressaltar que as fôrmas possuem altura de 50 mm, mas devido a compactação do material, houve uma redução de mais ou menos 5 mm na altura dos mesmos.

Procedimento Experimental 46 Figura 3-5 Molde prismático com entalhe. Figura 3-6 Detalhe dos punsões para compactação do corpos de prova. 3.1.5. Moldagem dos corpos de prova prismáticos para impacto Os corpos de prova para este ensaio têm uma forma prismática e de dimensões (20 x 20 x 150) mm. O procedimento de moldagem dos prismas para flexão descrito em 3.1.4 foi adotado até o ponto de cura. Após a cura, os corpos de prova foram cortados em uma serra circular nas dimensões citadas (Figura 3-7.) e acabados em lixadeira de cinta.

Procedimento Experimental 47 Figura 3-7 Serra circular para corte e detalhe do corpo de prova. 3.2. Ensaios 3.2.1. Ensaio de compressão Foram realizados ensaios de compressão em espécimes do compósito de cimento reforçado com polpa nas porcentagens de 8 % e 14 % de polpa refinada e não refinada. O principal objetivo deste ensaio foi à determinação do módulo de elasticidade e do coeficiente de Poisson do conjugado. Foram ensaiados três espécimes para cada propriedade sendo todos instrumentados com strain gage tipo L para a determinação das curvas tensão versus deformação axial, lateral e volumétrica. As deformações axiais (ε a ) e laterais (ε l ) foram lidas diretamente dos extensômetros, já a deformação volumétrica, ε v, foi calculada através da relação 3-1. ε = ε + 2ε (3-1) v a l O coeficiente de Poisson, ν, foi calculado segundo a equação 3-2.

Procedimento Experimental 48 ε l ν = ε a (3-2) O módulo de elasticidade, E, foi calculado considerando a lei de Hooke, dada pela equação 3-3. σ E a = a ( 1+ ν)( 1 2ν) 2 [( 1 ν) ε + ν( ε )] l (3-3) onde σ a é a tensão axial calculada a partir da carga aplicada. 3.2.2. Ensaio de Flexão 3.2.2.1. Ensaio de flexão em corpos de prova sem entalhe O principal objetivo deste ensaio é comparar o comportamento à flexão dos materiais utilizados. Para tanto o ensaio de flexão em três pontos (Figura 3-8) foi executado numa máquina Instron 5500R com uma velocidade de deslocamneto do travessão de 1mm/min, obtendo-se a carga aplicada em função do deslocamento do travessão. Com base nas curvas carga-deslocamento obtidas nos ensaios juntamente com as características geométricas dos corpos de prova, foi possível determinar a resistência do compósito à flexão (σ c ) e o módulo de elasticidade na flexão (E), conforme as equações 3-4 e 4-5. σ = 3PL 2ΒW 2 (3-4) Sendo P a carga máxima atingida, L (270 mm)o vão entre os apoios, B e W espessura e largura dos corpos de prova, respectivamente.

Procedimento Experimental 49 3 ml E = 4ΒW 3 (3-5) onde m é a inclinação da curva carga-deflexão, já corrigida conforme o procedimento apresentado 2.6.1. Figura 3-8 Ensaio de flexão para corpos de prova sem entalhe. 3.2.2.2. Ensaio de flexão em corpos de prova com entalhe Neste ensaio procura-se observar a influência da geometria do entalhe no início da fissuração, bem como conhecer o comportamento (deformação) do material logo em frente da ponta do entalhe. Para tanto foi utilizado um extensômetro na ponta do mesmo (Figura 3-9), objetivando medir as deformações locais naquela região.

Procedimento Experimental 50 Figura 3-9 Ensaio de flexão para corpos de prova com entalhe. Para o cálculo da resistência à flexão utiliza-se a relação 3-4 variando apenas a dimensão referente à largura dos espécimes, que com o entalhe fica reduzida à metade do seu valor original. A colocação do entalhe visa proporcionar a concentração de tensões na proximidade de sua ponta, e utilizando a relação 3-6 a seguir pode-se expressar a tensão máxima na ponta, σ máx, como: σ máx = Kσσ N (3-6) onde K σ é o fator de concentração de tensões e σ N a tensão nominal. No que se refere a estimativa da integral J, foi feita à partir da área sob a curva carga deslocamento através da equação 2-14. 3.2.3. Ensaio de impacto O ensaio de impacto seguiu o procedimento do ensaio de impacto Charpy, com as diferenças ficando por conta da não utilização do entalhe e da adoção de diferentes dimensões dos corpos de prova, Figura 3-10. O ensaio foi dividido em duas etapas. A primeira foi a verificação da filosofia do ensaio, onde utilizaram-se corpos de prova de várias seções quadradas e mediu-se a energia de fratura. Verificou-se que a energia por unidade de área era a mesma, assim sendo

Procedimento Experimental 51 poderíamos adotar um corpo de prova com seção maior que a utilizada no ensaio Charpy sem modificar o significado físico do teste. Adotou-se a seção quadrada de 20 x 20 mm, e executou-se o ensaio para os teores de polpa programados. A utilização desta seção foi simplesmente adotada pela facilidade na confecção dos corpos de prova, tendo vista que em seções menores, 10 x 10 mm, a confecção dos corpos de prova era dificultada pela quebra freqüente dos mesmos. Figura 3-10 Ensaio de impacto. 3.2.4. Análise fractográfica e microestrutural Utilizando-se o microscópio eletrônico de varredura (MEV), do laboratório do CETEM, e uma Lupa estereográfica, do laboratório de Geotecnica da PUC- Rio, foi possível visualizar a superfície de fratura dos corpos de prova. As amostras foram preparadas a partir dos espécimes ensaiados na flexão e no impacto. Para a análise fractográfica no MEV, as amostras foram cortadas (2 x 2) cm recobertas com uma fina camada de ouro antes de serem examinadas. Vale lembrar que, como as amostras são altamente higroscópicas, foram necessárias 24 horas para a obtenção do vácuo na deposição do ouro e mais 12 horas no MEV. Já para a utilização da lupa, as amostras foram examinadas e fotografadas sem nenhuma preparação prévia.