64 ARTESANATO: CAIXAS ORGANIZADORAS EM MDF Débora Malu Grass 1 Valdir Eduardo Olivo 2 RESUMO O design não é apenas um desenho, abrange o projeto, a produção e a entrega de um produto. O design de móveis deve ser criativo e unir o funcional, o ergonômico, o confortável e atrativo aos olhos. O móvel brasileiro tem acompanhado as tendências do design internacional nos últimos anos. O material mais usado no mercado moveleiro atualmente é o MDF (Medium Density Fibeboard). O presente artigo usou deste material para a confecção de caixas organizadoras. O objetivo deste trabalho foi produzir um móvel com os conceitos e técnicas aprendidos na disciplina de Engenharia de Produção II, sendo que após a comercialização do produto, se obtivesse um lucro líquido mínimo de R$ 200,000 reais. Para a produção, uma chapa de MDF 3mm foi cortada de acordo com as dimensões do projeto, foram unidas com cola, pintadas e revestidas com material de acabamento. Ao total foram fabricadas treze caixas organizadoras, sendo que o custo de produção foi de R$ 293,40 reais, cada caixa foi vendida por R$ 40,00 reais cada, o lucro líquido final foi de R$ 226,72 reais. Palavras-chave: Design. Artesanato. Caixas Organizadoras. 1 INTRODUÇÃO O artesanato é está em alta nestes últimos anos para os ramos da moda e mobiliário. A busca por praticidade, e principalmente a reutilização de materiais contribui para a tendência de sustentabilidade. A composição com materiais que agridam de forma mais branda o ambiente, além da redução dos resíduos gerados na produção, ganham força nos estudos de Engenharia. Vários são os artigos que são fabricados artesanalmente, para este trabalho foi escolhido a caixa artesanal em MDF por ser um produto fácil de fazer, com muita utilidade, e devido a fácil comercialização. O objetivo deste trabalho foi desenvolver caixas artesanais organizadoras em MDF para comercialização e obtenção de lucro mínimo de R$ 200,00 reais, praticando as 1 Graduanda do curso Tecnologia em Produção Moveleira Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC. E-mail: deboragrass@hotmail.com. 2 Engenheiro Sanitarista e Ambiental, mestre em Ciências Ambientais. Professor da Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC. E-mail: eduardo@baseamb.com.br.
65 habilidades de marcenaria e conhecimentos de compra e venda de bens e serviços, tópicos estes que foram estudados na disciplina de Engenharia da Produção Moveleira II. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 O DESIGN A partir da Revolução Industrial, o desenvolvimento de produtos tornou-se uma tarefa feita por várias pessoas. Foi necessária então a padronização de fabricação, onde todos soubessem o que executar, surgindo assim o conceito de projeto e posteriormente de design (VENSKE, 2002). O design não é apenas um desenho, ele abrange a concepção do projeto, as fases de produção e a entrega ao cliente final. O móvel precisa ser ergonômico, funcional, confortável e ter aproveitamento de espaço (WITHELEY, 1998). A criatividade é determinante no design, deve conter atributos atrativos, como a liberdade, diversidade, pesquisa, inovação nos conceitos, na forma e nas escolhas dos materiais e técnicas, tudo isso sem deixar de agregar qualidade ao produto (FRANÇA, 2005). Outra grande questão do design é a geração de resíduos, deve-se pensar em soluções que combinem a reciclagem e o descarte de componentes dos produtos. Para obter-se um design sustentável todas estas questões devem ser analisadas antes da elaboração do projeto (CESAR, 2009). 2.2 O CENÁRIO DA PRODUÇÃO MOVELEIRA A industrialização do mobiliário brasileiro teve sua iniciação em 1875 pela produção de artesãos italianos. Os primeiros móveis eram de madeira maciça e quase sempre sob medida. Foi a partir de 1936 que as empresas moveleiras tiveram um desenvolvimento significativo (SILVA, 2005). Atualmente a madeira continua sendo a matéria prima mais típica para a construção de móveis. Porém com a grande demanda e escassa matéria prima, intensificou-se o uso de madeira reflorestada como o pinus e o eucalipto e o uso do MDF (Medium Density Fibeboard) e do compensado (BARROSO, 2007).
66 A indústria de móveis pode ser classificada de acordo com a categoria de uso: residencial, escritório e institucionais (BARROSO, 2007). 2.3 TENDÊNCIA DE MERCADO As empresas brasileiras de móveis produzem conforme a tendência de móveis europeia, e depois do desenvolvimento do produto vão adaptando os modelos a realidade brasileira. Observa-se assim, que o design próprio não tem grande importância, pois seriam necessárias pesquisas de novos materiais e pesquisa de adaptação por parte dos brasileiros, e para as empresas brasileiras de móveis este custo torna-se inviável (BARROSO, 2007). A demanda de móveis no Brasil varia de acordo com o nível de renda da população e a economia do país. Por ser muito sensível á mudança da economia nacional, o setor é o primeiro a sentir os efeitos de uma recessão (BARROSO, 2007). 2.4 MDF (Medium Density Fibeboard) O MDF é uma chapa produzida através da aglutinação de fibras de madeira com resinas sintéticas e ação conjunta de temperatura e pressão. A principal matéria prima empregada é o Pinus por ser uma madeira clara. A madeira é cortada em cavacos que em seguida são triturados por desfibriladores para a obtenção das fibras (SILVA, 2005). Começou a ser produzido no Brasil a partir de 1997, e hoje é amplamente utilizado na indústria moveleira do nosso país, este crescimento se deu pela política de incentivo ao reflorestamento, formando assim florestas plantadas de pinus. As principais fábricas de MDF no Brasil são: Duratex, Masisa, Placas do Paraná e Tafisa. (TEIXEIRA, 2010). O MDF tem boa estabilidade dimensional e grande facilidade para usinagem. Pode ser torneado, entalhado, perfurado e unido a outro material facilmente (BARROSO, 2007). Por não apresentar nós, o MDF é bastante utilizado na indústria moveleira, na confecção de frente de gavetas, portas, tampos de mesa, entre outros, e na fabricação de artigos de artesanato (FRANÇA, 2005). 2.5 ARTESANATO O artesanato após décadas de abandono voltou a ser valorizado no Brasil e no mundo inteiro. Essa valorização do artesanato baseou-se em nossas culturas tradicionais, abrindo
67 caminho para o design brasileiro, recuperando a confiança em nossa capacidade de criação (FRANÇA, 2005). O artesanato constitui uma opção a mais para o consumidor que procura cada dia mais o novo no antigo, o moderno no básico e a qualidade na criatividade, através do trabalho manual que serve até como tendência para a indústria (FRANÇA, 2005). 3 MÉTODOS 3.1 MATERIAIS Para a fabricação das caixas organizadoras, foram utilizadas duas chapas de MDF 3mmx2,75mx1,73m, um tubo de cola superciano vinte gramas, uma lata de tinta acrílica branca 3,6 litros, um corante para tinta preta cinquenta mililitros, um corante para tinha azul cinquenta mililitros, uma lixa grão n 240 de trinta centímetros, papel contato para decoração seis metros, dois rolos para pintura dez centímetros, um pincel tamanho quatorze. 3.2 MÉTODO Inicialmente foi desenhado o croqui da caixa artesanal (Figura 1). As dimensões de projeto foram de 35cmx35cmx10cm (comprimento x largura x altura). Optou-se por revestir a tampa da caixa com papel de contato, a fim de proporcionar um melhor acabamento e durabilidade da caixa. Figura 1: Croqui da Caixa Organizadora.
68 Fonte: Os pesquisadores. Para confeccionar as caixas, as chapas foram cortadas com o auxílio de serra circular. A caixa foi formada por cinco pedaços de MDF, sendo quatro pedaços de 35 cm de comprimento por 10 cm de altura, e um pedaço de 35 cm de largura por 35 cm de comprimento, (base da caixa). Para a tampa também foram cortados cinco pedaços de MDF, sendo, quatro pedaços de 36 cm de comprimento por 3 cm de altura e um pedaço de 36 cm de comprimento por 36 cm de largura. Após cortados, os pedaços de MDF foram lixados com a lixa de grão 240 para que fossem eliminadas possíveis farpas. Os pedaços de MDF foram unidos com cola superciano formando a estrutura da caixa e deixado secar por uma hora. Terminada a estrutura da caixa, o próximo passo foi a decoração. Em uma vasilha foram misturados a tinta acrílica branca e o corante preto e em outra a tinta acrílica e o corante azul. Três caixas foram pintadas por inteiro com a tinta acrílica branca, cinco com a mistura da tinta branca com o corante preto e cinco com a mistura da tinta branca com o corante azul. As tampas das caixas foram pintadas apenas com a tinta acrílica branca para que o papel contato tivesse melhor aderência. Por fim, as tampas foram revestidas com o papel contato decorativo. 4 RESULTADOS
69 Como resultado obtiveram-se treze caixas organizadoras em MDF 35cmx35cmx10cm, com tampa (tipo caixa de sapato), muito prática ao dia-a-dia para guardar objetos, tecidos, bijuterias ou maquiagens (Figura 2). Figura 2: Caixa organizadora finalizada. Fonte: Os pesquisadores. O custo total para a fabricação das caixas foi de R$ 293,40 reais (Quadro 1), estas foram vendidas pelo valor de R$ 40,00 reais cada, o lucro líquido final foi de R$ 226,72 reais. Quadro 1: Custo de Produção das Caixas em MDF. MATERIAL QUANTIDADE UNIDADE VALOR VALOR TOTAL
70 UNITÁRIO MDF 3mm 2 Chapas R$ 90,00 R$ 180,00 Cola superciano 2 Unidades R$ 8,90 R$ 17,80 Corantes (azul/preto) 2 Unidades R$ 3,90 R$ 7,80 Tinta acrílica branca 1 Unidades R$ 30,00 R$ 30,00 Lixa 1 Unidades R$ 0,80 R$ 0,80 Papel contato 6 Metros R$ 8,00 R$ 48,00 Pincel 1 Unidades R$ 4,00 R$ 4,00 Rolo pintura 2 Unidades R$ 2,50 R$ 5,00 TOTAL R$ 293,40 Fonte: Os pesquisadores. O cálculo de Tempo x Lucro, foi obtido através da contagem de tempo durante a execução das atividades (Quadro 2). Foram gastas 8 horas para fabricar 13 caixas de MDF, logo: 8horas/13caixas= 37 minutos/caixa, ou seja, em 37 minutos obteve-se um lucro de R$ 17,44 reais. Portanto, R$ 28,28 reais por hora trabalhada. Quadro 2: Cálculo do Tempo x Lucro. DATA HORÁRIO ATIVIDADE TEMPO 16/05/2015 15:00 ás 18:00 Cortar MDF 3 horas 23/05/2015 14:00 ás 18:00 Colar MDF e Pintar 4 horas 24/05/2015 10:00 ás 11:00 Decorar 1 hora TOTAL 8 horas Fonte: Os pesquisadores. 5 CONCLUSÕES Com o presente artigo conclui-se que o artesanato pode ser uma fonte extra de renda, pois se tratam de atividades relativamente fácil de ser produzidas além do baixo custo de matéria prima. Os produtos podem ser vendidos por valores pequenos, tornando assim a venda do mais fácil. Para conseguir o lucro máximo da produção, toda matéria prima foi pesquisada, trazendo conhecimento de orçamentos, compra e venda de bens e serviços. Foi de fundamental importância a decisão dos materiais a serem comprados, bem como a qualidade que os mesmos apresentam.
71 O esboço inicial trouxe uma visão ampla de quais seriam as etapas do processo, além das dimensões e planos de corte das chapas, pois as medidas já estavam definidas. O lucro obtido foi acima do esperado, sendo que a considerando a relação de tempo versus lucro, foi satisfatório o lucro de R$ 226,72 reais para as 8 horas utilizadas para fabricar as caixas. REFERÊNCIAS BARROSO, Deise Vilela. O setor de Móveis na atualidade: uma análise preliminar. Disponível em < https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/handle/1408/2469>. Acesso em: 14/05/2015. BRASIL, Thamara Chaves. A forte presença da geometria no artesanato. Disponível em < http://dspace.bc.uepb.edu.br:8080/jspui/bitstream/123456789/7220/1/pdf%20- %20Th%C3%A2mara%20Chaves%20Brasil.pdf>. Acesso em: 09/07/2015. CESAR, Sandro Fabio. Aplicação de Design com sustentabilidade na produção de Móveis a partir de madeira reciclada. Disponível em < http://www.elecs2013.ufpr.br/wpcontent/uploads/anais/2009/2009_artigo_026.pdf>. Acesso em 10/07/2015. FRANÇA, R. A. Design e artesanato: uma proposta social. Design em Foco, Bahia, 2005. SILVA, E. M. Análise do Alinhamento da Estratégia de Produção com a Estratégia Competitiva na Indústria Moveleira. Revista Produção, São Paulo, 2005. TEIXEIRA, Marcos de Freitas. Processo de fabricação de Móveis utilizando-se chapa de fibras de madeira de média densidade (MDF ou MDP). Disponível em < http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/k213728.pdf>. Acesso em: 15/07/2015. VENSKE, C. O eco design no setor moveleiro do Rio Grande do Sul. Read Edição Especial, São Leopoldo, 2002. WITHELEY, N. O designer valorizado. ARCOS, Inglaterra, 1998.