CURSO DE RESOLUÇÃO DE QUESTÕES DE PROCESSO CIVIL PONTO A PONTO PARA TRIBUNAIS MÓDULO 5 COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS. CONTAGEM DOS PRAZOS. Professora: Janaína Noleto Curso Agora Eu Passo () Olá, pessoal! Chegamos ao nosso quinto módulo. Talvez o mais importante. Essa matéria (atos processuais) é a queridinha dos concursos para analista e técnico judiciários. Como as carreiras exigem do servidor público que conheça os trâmites processuais, a fim de que o procedimento aconteça regularmente, é muito comum que seja cobrado do candidato, na prova, o conhecimento das formas de comunicação dos atos e da contagem dos prazos. Então vamos lá! A nossa primeira questão trata da citação. Questão 1 - (FCC Analista Judiciário/Área Judiciária/TRF 1ª Região/2006) Considere as seguintes assertivas sobre a comunicação dos atos processuais, nos termos do Código de Processo Civil: I Em regra, a citação deverá ser feita pelo correio para qualquer comarca do país. II A carta de ordem será expedida para a prática de ato processual se o juiz for subordinado ao tribunal de que ela emanar. III Citação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa. IV A citação deve obrigatoriamente ser feita por oficial de justiça nas ações de estado. Está correta a que se afirma em a) I, II e III somente. b) I, II e IV somente. c) I, III e IV somente. d) II, III e IV somente. e) I, II, III e IV.
Resposta: item b. Comentário à assertiva I: correta A citação pode ser feita pelo correio, por oficial de justiça, por edital e por meio eletrônico. A assertiva está correta, já que realmente a citação deve ser feita pelo correio EM REGRA. É o que dispõe o art. 222 do CPC. As exceções à citação pelo correio são as seguintes: a) nas ações de estado; b) quando for ré pessoa incapaz; c) quando for ré pessoa de direito público; d) nos processos de execução; e) quando o réu residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência; f) quando o autor a requerer de outra forma. Portanto, numa ação de divórcio (ação de estado), a citação será feita pelo oficial de justiça. O mesmo ocorre numa ação proposta em face da Fazenda Pública. Num concurso para um tribunal federal, é possível que se narre a seguinte situação: João propôs ação contra o INSS, requerendo a condenação deste a conceder-lhe aposentadoria por invalidez. Nesta situação, a citação não pode ser feita pelo correio. Assertiva correta. Como autarquia (pessoa jurídica de direito público), o INSS não pode ser citado pelo correio, devendo ser expedido mandado de citação, a ser cumprido pelo oficial de justiça. Comentário à assertiva II: correta A cartas podem ser (art. 201, CPC): de ordem (se o juiz for subordinado ao tribunal de que ela emanar); rogatória (quando dirigida à autoridade judiciária estrangeira) precatória (nos demais casos);
Não confundam a comunicação dos atos processuais por carta, com a comunicação pelo correio. Quando o Código se refere à carta, está referindo-se a uma das três acima. Portanto, o Tribunal de Justiça do Ceará, se necessita que seja tomada determinada providência em comarca do interior, expede carta de ordem ao juízo da comarca, já que o juiz que receberá a carta é subordinado ao tribunal de que a carta emanou. Comentário à assertiva III: incorreta A citação, nos termos do art. 213 do CPC, é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender. O conceito na assertiva III é, na verdade, o conceito de intimação. Portanto, se a parte deve ser cientificada de determinado documento, para, querendo, manifestar-se, é INTIMADA, e não citada. A citação tem a finalidade específica de avisar ao interessado de que corre contra ele um processo, para que possa apresentar DEFESA. Comentário à assertiva IV: correta Realmente, a citação nas ações de estado têm que ser feitas por oficial de justiça, como vimos no comentário à assertiva I (art. 222, a, CPC). Na nossa segunda questão, iremos aprender a contar os prazos. Questão 2 - (CESPE ANALISTA TJ/RJ 2008) Os prazos processuais são contínuos e contados com exclusão do dia do começo e do vencimento, impedindo-se, assim, a redução do prazo legal. Se a intimação for feita por meio da imprensa e a publicação ocorrer no sábado, o termo inicial da contagem do prazo ocorrerá no primeiro dia útil, ou seja, na segunda-feira. Resposta: item incorreto. Comentários à questão Gente, de acordo com o art. 240 do CPC, os prazos contamse da intimação. Ocorre que, nos termos do art. 241 do CPC, o termo a quo do prazo varia a depender da forma de intimação. Vejamos: Art. 241 - Começa a correr o prazo:
I - quando a citação ou intimação for pelo correio, da data de juntada aos autos do aviso de recebimento; II - quando a citação ou intimação for por oficial de justiça, da data de juntada aos autos do mandado cumprido; III - quando houver vários réus, da data de juntada aos autos do último aviso de recebimento ou mandado citatório cumprido; IV - quando o ato se realizar em cumprimento de carta de ordem, precatória ou rogatória, da data de sua juntada aos autos devidamente cumprida; V - quando a citação for por edital, finda a dilação assinada pelo juiz. Portanto, se a intimação/citação foi feita por oficial de justiça, somente começa a correr o prazo quando o mandado for juntado aos autos. E qual seria o dia 01 (primeiro dia) do prazo? O primeiro dia do prazo é o dia seguinte à juntada do mandado, salvo se não for dia útil. Desta forma, se a juntada ocorre na segunda-feira, terçafeira é o primeiro dia. E por que não segunda-feira, quando foi juntado o mandado? Trata-se da regra do art. 184, caput, do CPC, segundo o qual, salvo disposição em contrário, computar-se-ão os prazos, excluindo o dia do começo e incluindo o do vencimento. Exclui-se, assim, a segunda-feira (data da juntada do mandado), sendo a terçafeira o primeiro dia do prazo. E se o mandado foi juntado na sexta-feira? Neste caso, o primeiro dia do prazo será a segunda-feira seguinte, pois, nos termos do 2º do art. 184 do CPC, os prazos somente começam a correr do primeiro dia útil após a intimação. Agora passaremos a analisar o último dia do prazo, ou dia do vencimento. Se o prazo é de 10 dias, e o mandado foi juntado na segunda-feira, o primeiro dia do prazo é a terça-feira. A contagem é a seguinte: 1º dia terça; 2º - quarto; 3º - quinta; 4º - sexta; 5º - sábado; 6º - domingo; 7º - segunda; 8º - terça; 9º - quarta; 10º - quinta. Quinta-feira será o último dia para a prática do ato processual. Na sexta-feira, já terá havido preclusão temporal (perda do direito de praticar determinado ato processual pelo decurso do prazo). Observe-se que, diferentemente do dia do começo, que é excluído, passando o prazo a correr do primeiro dia útil seguinte, o
dia do vencimento é incluído. É o último dia para a prática do ato. No dia seguinte, já não poderá mais ser praticado. Trata-se da prefalada regra do caput do art. 184 do CPC, segundo o qual, no cômputo dos prazos, exclui-se o dia do começo e inclui-se o do vencimento. E se na quinta-feira (10º dia) for feriado? Observe a redação do art. 184, 1º, do CPC: Art. 184-1º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se o vencimento cair em feriado ou em dia em que: I - for determinado o fechamento do fórum; II - o expediente forense for encerrado antes da hora normal. Se na quinta-feira é feriado, o prazo considera-se prorrogado até a sexta-feira (dia útil). Quanto ao item analisado na questão, está errado, porque os prazos não são contados com exclusão do dia do vencimento, apenas do dia do começo. O dia do vencimento é incluído. A nossa terceira questão trata da possibilidade de dilatação dos prazos processuais. Questão 3 - (FCC ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/TRF 4ª REGIÃO/2001) No que tange aos prazos processuais, podem as partes, de comum acordo, (A) reduzir e prorrogar apenas os prazos peremptórios. (B) reduzir ou prorrogar prazo, qualquer que seja a sua natureza. (C) apenas reduzir, mas não prorrogar os prazos processuais. (D) apenas prorrogar, mas não reduzir os prazos processuais. (E) reduzir ou prorrogar o prazo dilatório. Resposta: item e. Comentários à questão Os prazos processuais podem ser classificados em dilatórios e peremtórios. O dilatório, como deixa clara a etimologia da palavra,
pode ser prorrogado (dilatado) ou reduzido por acordo entre as partes. Dispõe o art. 181, caput, do CPC que a convenção para a dilatação (do prazo dilatório!) somente terá eficácia se, requerida antes do vencimento do prazo, fundar-se em motivo legítimo. Portanto, são duas as condições para que o juiz admita a prorrogação: 1. requerimento antes do vencimento do prazo; 2. motivo legítimo para a prorrogação. As partes podem convencionar a dilatação/redução do prazo, mas ao juiz cabe deferir o requerimento, bem como fixar o dia do vencimento do prazo da prorrogação ( 1º do art. 181). Por isso, mesmo que as partes requeiram a prorrogação por 30 dias, pode o juiz decidir que prorrogará por apenas 15. O prazo peremptório não admite prorrogação convencional. Todavia, o juiz pode alterar qualquer prazo (inclusive os peremptórios) nas comarcas onde for difícil o transporte, prorrogar quaisquer prazos, mas nunca por mais de 60 (sessenta) dias (art. 182). Observe-se que, apesar de o CPC dizer expressamente no art. 182 do CPC que o prazo não poderá NUNCA ser dilatado por mais de 60 dias, o mesmo CPC, no parágrafo único do mesmo artigo, cria uma exceção. Vejamos: Em caso de calamidade pública, poderá ser excedido o limite previsto neste artigo para a prorrogação de prazos. Portanto, atenção para essa pegadinha: em caso de CALAMIDADE PÚBLICA, o prazo pode sim ser prorrogado por mais de 60 dias! O item e está correto, pois os prazos dilatórios podem SIM ser reduzidos ou prorrogados. Exemplos de prazos dilatórios: falar sobre documento, especificar provas. Exemplos de prazos peremptórios: contestação, reconvenção, recurso. É isso, gente! A nossa aposta para qualquer concurso para carreiras de tribunais é exatamente essa matéria: ATOS PROCESSUAIS. Por isso, deem uma atenção especial à leitura dos artigos de lei relacionados ao assunto (arts. 154 a 257 do CPC). E qualquer dúvida, enviem e-mail para janaina@cursoagoraeupasso.com.br. Até mais!