Energy Live Expo 2012
Conjuntura Energética O Caso Português A matriz energética portuguesa é bastante diversificada. O petróleo é a energia primária com maior expressão (49,1% em 2010). As restantes energias primárias consumidas são o gás natural (19,7% em 2010), o carvão (7,2%em 2010) e as várias energias renováveis (23,1% em 2010). Portugal possui uma elevada (mas decrescente) taxa de dependência energética do exterior (76,5% em 2010), sobretudo de países em situação instável, como é o caso da Argélia ou da Nigéria. Além disso, existe uma indexação dos preços quer do gás natural, quer do carvão ao preço do petróleo, cuja actual tendência de subida tem efeitos negativos na economia nacional.
Recursos Endógenos Energias Renováveis Portugal apresenta um grande potencial energético das mais variadas fontes renováveis de energia, e o seu aproveitamento totaliza cerca de 23% no consumo de energia primária nacional. Os recursos renováveis cujo aproveitamento tem maior expressão são a Hídrica (com potência instalada superior a 10 MW), a Eólica e a Biomassa/RSU. Fonte: DGEG
Extensão da Plataforma Continental Em Maio de 2009, Portugal, através da EMEPC, apresentou às Nações Unidas (ONU) a proposta para a extensão da plataforma continental portuguesa. É objectivo alargar a Zona Económica Exclusiva (ZEE), fazendo com que esta passa dos actuais 1,727 milhões de quilómetros quadrados, para os 3,027 milhões de quilómetros quadrados. Caso a proposta seja aceite, Portugal torna-se no 10º país do mundo com a maior ZEE, imediatamente atrás do Brasil.
Recursos Endógenos Offshore Portugal, com o seu estatuto de país costeiro, e sendo aquele que possui a maior Zona Económica Exclusiva da Europa, não pode deixar de apostar na produção de electricidade utilizando os recursos offshore, como o vento, as ondas, e as correntes oceânicas. Destas as eólicas flutuantes e as ondas são as que estão a chegar á maturação.
Características Recursos de Energias Endógenos Marinhas Offshore - Exemplos Energia Eólica Offshore (flutuantes) Bom Potencial Energético O recurso eólico é mais estável (turbulência) no mar do que em terra Menos restrições que o eólico onshore (sobretudo espaciais) Turbinas maiores e com maior potência nominal Possibilidade de construção de megaparques Energia Limpa e Renovável Redução da dependência em combustíveis fosseis Redução das emissões de CO 2 Revitalização do Sector Marinho Criação de emprego local Desenvolvimento da Indústria Nacional Vasta distribuição, orientada para as necessidades e localização do consumo. Tecnologia madura, actualmente capaz de produzir energia a preços competitivos. Recurso a técnicas e métodos já utilizados na indústria do oil & gas Primeiro teste eólico offshore flutuante português instalado na Aguçadoura Windfloat.
Características Recursos de Energias Endógenos Marinhas Offshore - Exemplos Energia das Ondas Energia Limpa Sem emissão de CO 2 Renovável Grande Potencial Energético 30 a 40 kw por metro de onda near shore 100 kw por metro de onda em zonas mais distantes da costa Boa Previsão do Recurso As ondas estão sempre um movimento contínuo Têm boa previsibilidade (fenómenos de propagação) e continuidade Intermitência com períodos maiores Integração fácil na Rede Eléctrica, pouca intermitência. Ideal para zonas ultra-periféricas, especialmente as isoladas. Vários tipos de tecnologia distintos, apropriados para cada tipo de necessidade. Revitalização do Sector Marinho Criação de emprego local Desenvolvimento da supply chain nacional
Problemas Inerentes ao Desenvolvimento das Energias Oceânicas Falta de compreensão do meio marítimo o o o Poder destrutivo das Ondas e Vagas Fenómenos acentuados de corrosão (catódica) Vida Marinha Concepção do Projecto o o Tipicamente pensa-se no método de conversão de energia e só depois na sua aplicabilidade no mar Ideias megalómanas e de difícil execução Esquecimento da viabilidade económica dos projectos durante a fase de concepção o o Os custos de uma operação e manutenção no mar, quando comparada com a mesma operação em terra, são ordens de grandeza mais elevados e complexos Um projecto, para ter sucesso, deve ter em atenção o seguinte: MW produzido x Tarifa > custo da MQ + O&M + lucro
Descrição da Zona Piloto Portuguesa A Zona Piloto Portuguesa (ZP) engloba uma área de cerca de 320 km 2 e está situada perto de S. Pedro de Moel, entre a Figueira da Foz e a Nazaré. A Zona Piloto Portuguesa constitui o espaço marítimo delimitado sob soberania ou jurisdição nacional em águas de profundidades compreendidas entre 30 e 90 metros. O seu objectivo fundamental é tornar-se um espaço aberto, na costa atlântica, dedicado ao desenvolvimento de energias renováveis marinhas, com especial ênfase na energia das ondas.
Plano de Desenvolvimento da Zona Piloto Fase 1 (2011 2013): Criação de Zona de Testes: Desenvolvimento da ZP de modo a que possa receber, em Regime de demonstração de conceito, protótipos de geração de energia eléctrica (baseados em energia das ondas e ventos) no Verão de 2013. Objectivo Instalação da infra-estrutura eléctrica que permita a injecção na Rede de Distribuição de 12 MW (4x3MW). Fases 2 e 3 (conforme necessário): Pré-comercial (fase 2) Injecção até 80 MW Comercial (fase 3) Injecção até 250 MW
Configuração possível da Zona de Testes (ainda em estudo)
Trabalho Desenvolvido Caracterização Geofísica da Zona Piloto Portuguesa: Batimetria Imagem Acústica Periodo Energético vs. Altura Significativa Classe de Potência (P) Global Verão Inverno [kw/m] P 5 34,43 14,45 3,92 5 < P 10 15,68 55,46 26,33 10 < P 20 17,11 15,75 18,47 20 < P 50 18,90 10,63 27,19 50 < P 100 8,65 2,83 14,49 100 < P 200 4,02 0,80 7,25 P 200 1,21 0,08 2,35 Frequência relativa da distribuição da potência das ondas
Protótipos Testados em Portugal Pelamis (Aguçadoura, 750 kw) WaveRoller (Peniche, 13 kw) Windfloat (Aguçadoura, 2 MW) AWS (Aguçadoura, 2MW) Wells Turbine (Pico, 400 kw)
Projectos Endógenos Nacionais Projecto BlueSphere (Emove) Projecto WEGA (Sea for Life)
Projectos Endógenos Nacionais KymanAIR Projecto FLOW (Martifer) Turbina Biradial do Instituto Superior Técnico (patente a explorar pela Kymaner) Key facts of the KymanAIR turbine: Highest efficiency of known air turbines, over 80% Extremely compact axially Negligible aerodynamic noise Low rotational speed (under 1000 r.p.m.) Suitable for installations over 1W unit power Self starting Wide operational bandwidth in a large variety of sea states Energy storage capability through easy integration of a flywheel Mechanically simple and reliable
Considerações Finais Portugal deve reduzir a sua dependência energética do exterior e apoiar o desenvolvimento de tecnologias capazes de rentabilizar ao máximo o aproveitamento dos recursos energéticos endógenos, de forma sustentável, o que propiciará uma maior segurança no abastecimento de energia ao País. Dadas as características geofísicas de Portugal, é essencial perceber que o desenvolvimento das energias oceânicas é um passo fundamental para a resolução dos problemas energéticos do País e a par com os custos de referência da energia. A costa portuguesa é rica nos mais variados recursos, sobretudo energéticos e geológicos. Além disso, Portugal apresenta uma tradição marítima com mais de cinco séculos e, com a renovação da indústria naval, poderá assistir-se à criação de projectos de energias oceânicas rentáveis e fiáveis. No entanto, importa frisar que o meio marinho é um meio hostil para equipamentos e operações e que pouco ou nada tem a ver com o que se passa em terra. O desconhecimento das características intrínsecas do mar e a sua interacção com equipamentos e sistemas ainda é um grande obstáculo ao desenvolvimento e maturação de tecnologias offshore de produção de electricidade.
João Freire Cardoso Tel: +351 210 013 246 Email: joao.cardoso@ren.pt