EFICIÊNCIA DE INSETICIDAS NO CONTROLE DE PERCEVEJO DO GRÃO E PERCEVEJO DO COLMO NA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO 1 MACHADO, Rodrigo Tascheto 2 ; GUEDES, Jerson Vanderlei Carús 3 ;JUNGES, Emanuele 4 ; ARRUÉ, Adriano 2 ; STURMER, Glauber 4 ;PERINI, Clerison 5 ; CAMPOS, Paulo Vitor 6 ; MALLMANN, Felipe 5 1 Trabalho de Pesquisa _UFSM 2 Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 3 Prof. Dr. Departamento de Defesa Fitossanitária/Centro Ciências Rurais (UFSM) 4 Programa de Pós-Graduação em Agronomia (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 5 Acadêmico do Curso de Agronomia (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 6 Engenheiro Agrônomo E-mail: rodrigotm@yahoo.com.br ; jerson.guedes@gmail.com ; manujunges@yahoo.com.br ; adrianoarrue@hotmail.com ; glautec@yahoo.com.br ; clegaucho@hotmail.com ; paulovitorc@gmail.com ; felipejmallmann@hotmail.com RESUMO A produção de arroz na região sul vem aumentado ano após ano, novas cultivares são desenvolvidas, produtores cada vez mais investem em conhecimento, máquinas são aprimoradas para reduzir perdas nas lavouras, produtos novos são lançados para combate de plantas daninhas, doenças e pragas. Entretanto aos especialistas cabe o manejo de todos estes meios, para que diminuam-se as perdas causadas por estas injúrias. O presente trabalho foi desenvolvido na depressão central do estado, o delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso com sete tratamentos e quatro repetições, tendo como objetivo avaliar o percentual de controle de inseticidas utilizados no combate as infestações de Oebalus poecilus e Tibraca limbativentris na cultura do arroz irrigado. Dos produtos tomados como padrão nessa pesquisa, somente ENGEO PLENO e MOVENTO PLUS nas doses de 200 ml e 250 ml de p.c./ha respectivamente, atingiram controle satisfatório (100%) aos 14 DAT para o controle de Tibraca limbativentris. Palavras-chave: Oebalus poecilus; Tibraca limbativentris; Percevejos do arroz. 1. INTRODUÇÃO A cultura do arroz é uma das mais importantes atividades agrícolas do sul do Brasil, segundo dados da Compania Nacional de Abastecimento a perspectiva da safra brasileira de arroz indica produção de 13.135 milhões de toneladas. A área plantada com arroz na safra 2010/11 foi estimada de 2.866 milhões de hectares, ante 2.764 milhões semeados na safra 2009/10. A produtividade das lavouras foi estimada em 4.583 mil quilos por hectare, superior em 8,7% aos 4.218 mil quilos por hectare na temporada passada (PLANETA ARROZ, 2011). 1
O Rio Grande do Sul, principal estado produtor, deve ter uma safra de 8.459 milhões de toneladas, equivalendo a um avanço de 15,6%. A área prevista é de 1.158 milhões de hectares, 7,3% superior aos 1.079 milhões de hectares de 2009/10, com rendimento esperado de 7.300 quilos por hectare, ante 6.781 quilos da anterior (PLANETA ARROZ, 2011). A ação de pragas é um dos principais fatores que afetam a produtividade e rentabilidade da orizicultura irrigada no país, causando danos e impedindo assim que as cultivares atualmente no mercado expressem todo seu potencial produtivo. Segundo estimativas, além das perdas anuais de produção de grãos, que variam de 10 a 35%, dependendo do sistema de cultivo, existem os riscos de impacto ambiental, em decorrência do uso irracional de inseticidas químicos (EMBRAPA, 2005). Dentre os principais insetos-pragas que ocorrem em áreas de cultivo de arroz irrigado, destacam-se os percevejos, como Oebalus poecilus Dallas, 1851 e Tibraca limbativentris Stal, 1860 ou vulgarmente conhecidos como percevejo-do-grão e percevejodo-colmo respectivamente (GALLO et al., 2002). O Pentatomidae Oebalus poecilus, apresenta como principal característica a sucção de seiva nos grãos do arroz. O ataque na fase de grão leitoso gera a formação de grãos chochos, podendo acarretar perdas na produção de grãos. O ataque, a partir da fase de grão pastoso, gera grãos manchados ou gessados. Neste caso, as perdas na massa de grãos colhidos não são expressivas, porém os grãos ficam estruturalmente enfraquecidos quebrando com facilidade no beneficiamento, prejudicando a tipificação do arroz beneficiado, diminuindo assim seu valor comercial (FERREIRA, 2006). Já o Pentatomidae Tibraca limbativentris ao sugar a haste (geralmente o inseto é encontrado com a cabeça voltada para baixo), acarreta o seu estrangulamento, provavelmente devido à inoculação de toxina, pela inserção de seu estilete. Em plantas na fase vegetativa, determinam o secamento da folhas centrais ou mais conhecido como coração morto. Em plantas que o ataque ocorre na fase reprodutiva acarreta alta porcentagem de panículas brancas, com espiguetas vazias (panículas brancas) (FERREIRA, 2006). Portanto o objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência agronômica de inseticidas no controle de percevejos Pentatomidae na cultura do arroz. 2. MATERIAL E MÉTODOS Visando o controle de percevejos foi instalado um experimento, em 04/03/2011, na safra agrícola 2010/2011, na localidade de Cortado, município de Novo Cabrais, RS, em 2
lavoura comercial de arroz irrigado da cultivar IRGA 424. A lavoura foi conduzida segundo as Indicações Técnicas da Cultura do Arroz Irrigado. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com sete tratamentos e quatro repetições; cada parcela estava constituída por 6 m x 10 m (largura x comprimento). Os inseticidas foram aplicados no estágio de grão pastoso, utilizando um pulverizador costal de pressão constante (CO 2 ), com ponta do tipo leque, 110015, calibrado para 130 litros de calda/ha. Tratamento Produto Doses ml/ha Concentração Form. i.a. P.C. TESTEMUNHA ------------ ---- ---- ---- ENGEO Lambda-cialotrina 106 g/l + Thiamethoxam PLENO 141 g/l SC 21,2 + 28,2 200 ENGEO Lambda-cialotrina 106 g/l + Thiamethoxam PLENO 141 g/l SC 26,5 + 35,25 250 ACTARA 250 WG Thiamethoxam 250 g/kg WG 62,5 250 Chorantraniliprole 100 g/l + Thiamethoxam VOLIAN FLEX* 200 g/l SC 30 + 60 300 Espirotetramate 120 g/l + Imidacloprido MOVENTO 360 g/l PLUS* SC 30 + 90 250 KARATE ZEON Lambda-cialotrina 50 g/l CS 4,25 85 50 Quadro 1: Tratamentos e respectivas doses do produto comercial. *Produtos em fase de registro. As amostragens dos percevejos foram feitas aos 3, 7, e 14 dias após a aplicação dos tratamentos, além de uma avaliação prévia da população. Para estas avaliações foram contados os percevejos-do-grão capturados com a ajuda da rede entomológica (20 lances de rede/parcela)* e os percevejos do colmo através de análises visuais em 1m 2 entre os colmos dentro de cada parcela. Os dados foram transformados em raiz quadrada e submetidos à análise da variância e ao teste Duncan (P=0,05) usando o aplicativo estatístico SASM-Agri (CANTERI et al, 2001). Adotou-se a fórmula de ABBOTT (1925) para cálculo da eficiência agronômica, ou seja, Eficiência (E%)= t-p/t * 100 onde t é a infestação nas testemunhas e p é a infestação na parcela tratada. *Rede entomológica com diâmetro de 0,40 m. 3
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Não se verificou variação na distribuição da população na avaliação prévia, na qual se verificou que a população de percevejos estava uniformemente distribuída nas unidades experimentais, em razão de que não se verificou diferença estatística entre tratamentos (tabela 1). Com relação aos tratamentos utilizados para o controle do percevejo do grão, constata-se que não houve diferença entre os mesmos (tabela 1). O tratamento Movento Plus na dose de 250 ml de p.c./ha, (Espirotetramate 120 g/l + Imidacloprido 360 g/l) aos 3 e 14 DAT mesmo não diferindo dos demais foi o que obteve os melhores percentuais de controle, variando entre 100% e 87,5% respectivamente. Tabela 1 Número de percevejos e eficiência agronômica de tratamentos no controle de Oebalus poecilus em arroz irrigado. Novo Cabrais, RS. Safra agrícola 2010/2011. Número médio de Oebalus poecilus capturados/parcela Tratamentos Doses Pré-contagem 03 DAT 3 07 DAT 14 DAT p.c 1./ha Média EA 2 Média EA Média EA Média EA TESTEMUNHA --- 2,00 a *----- 0,75 a ----- 0,75 a ---- 2,0 a ---- ENGEO PLENO 200 2,25 a ----- 1,00 a 0 1,75 a 0 1,25 a 37,5 ENGEO PLENO 250 2,25 a ----- 0,75 a 0 1,00 a 0 1,25 a 37,5 ACTARA 250 WG 250 2,50 a ----- 0,50 a 33,3 1,75 a 0 2,25 a 0 VOLIAM FLEX 300 2,25 a ----- 0,50 a 33,3 1,00 a 0 2,75 a 0 MOVENTO PLUS 250 3,25 a ----- 0,00 a 100 0,50 a 33,3 0,25 a 87,5 KARATE ZEON 50 CS 85 2,00 a ----- 0,25 a 66,6 1,75 a 0 1,5 a 25 CV (%) 0,71 0,35 0,46 0,8 1 Produto comercial; 2 Eficiência agronômica (ABBOTT,1925); 3 Dias após tratamentos; *Médias, nas colunas, seguidas pela mesma letra, não diferem estatisticamente entre si (Duncan 5%); Entre os 3 e 14 DAT elevou-se a eficiência de controle indicando claramente a ação lenta, porém crescente destes inseticidas, diferindo-se dos demais tratamentos. Aos 14 DAT, ENGEO PLENO na dose de 200 ml p.c./ha (Lambda-cialotrina 106 g/l + Thiamethoxam 141 g/l) e MOVENTO PLUS na dose de 250 ml p.c./ha (Espirotetramate 120 g/l + Imidacloprido 360 g/l), foram eficientes no controle do percevejo-do-colmo (tabela 2). 4
ENGEO PLENO, ACTARA 250 WG,VOLIAM FLEX E KARATE ZEON 50 CS, nas doses de 250 ml, 250 g, 300 ml e 85 ml de p.c./ha respectivamente, não lograram eficiência satisfatória ( 80%). Tabela 2 Número de percevejos do colmo (Tibraca limbativentris) na cultura do arroz irrigado sob efeito de diferentes tratamentos. Novo Cabrais, RS. Safra agrícola 2010/2011. Número médio de Tibraca limbativentris detectados visualmente em 1m 2 /parcela Tratamentos Précontagem Doses 03 DAT 3 07 DAT 14 DAT p.c.¹/ha Média EA 2 Média EA Média EA Média EA TESTEMUNHA --- 0,25 a *---- 0,25 a ---- 1,00 a ---- 1,50 a ---- ENGEO PLENO 200 0,00 a ---- 0,25 a 0,00 0,50 a 50,0 0,00 b 100 ENGEO PLENO 250 0,50 a ---- 0,25 a 0,00 0,25 a 75,0 1,00 ab 33,3 ACTARA 250 WG 250 0,25 a ---- 0,25 a 0,00 0,50 a 50,0 0,75 ab 50,0 VOLIAM FLEX 300 0,75 a ---- 0,25 a 0,00 0,25 a 75,0 0,75 ab 50,0 MOVENTO PLUS 250 0,25 a ---- 0,25 a 0,00 0,50 a 50,0 0,00 b 100 KARATE ZEON 50 CS 85 1,00 a ---- 0,75 a 0,00 1,75 a 50,0 0,75 ab 50,0 CV (%) 0,30 0,29 0,31 0,41 1 Produto comercial; 2 Eficiência agronômica (ABBOTT,1925); 3 Dias após tratamentos; *Médias, nas colunas, seguidas pela mesma letra, não diferem estatisticamente entre si (Duncan 5%); 5. CONCLUSÃO Em função dos resultados obtidos concluiu-se que: ENGEO PLENO, ACTARA 250 WG,VOLIAM FLEX E KARATE ZEON 50 CS nas doses de 200ml e 250 ml, 250 g, 300 ml e 85 ml de p.c./ha respectivamente, não controlaram (PC 80%) o percevejo Oebalus poecilus na cultura do arroz irrigado. Dos produtos tomados como padrão nessa pesquisa, somente ENGEO PLENO na dose de 200 ml de p.c./ha e MOVENTO PLUS na dose de 250 ml de p.c./ha atingiram controle satisfatório (100%) a partir dos 14 DAT para o controle de Tibraca limbativentris. 5
No período de avaliação dos tratamentos e respectivas dosagens, não foi observado efeito fitotóxico. REFERÊNCIAS ABBOTT, W.S. A method of computing the effectiveness of an inseticide. Journal of Economic Entomology, College Park, v. 18, n. 1, p. 265-267, 1925. CANTERI, M. G., ALTHAUS, R. A., VIRGENS FILHO, J. S., GIGLIOTI, E. A., GODOY, C. V. SASM - Agri : Sistema para análise e separação de médias em experimentos agrícolas pelos métodos Scoft - Knott, Tukey e Duncan. Revista Brasileira de Agrocomputação, V.1, N.2, p.18-24. 2001. EMBRAPA CLIMA TEMPERADO. Pragas do arroz irrigado, 2005. Disponível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/fonteshtml/arroz/arrozirrigadobrasil/cap13.html>. Acesso em 04.08.2011. FERREIRA, E. Fauna prejudicial. In: SANTOS, A. B. dos; STONE, L. F.; VIEIRA, N. R. de A. (Ed.). A cultura do arroz no Brasil. 2ª ed. rev. ampl. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2006. p. 485-560. GALLO, D. et al. Entomologia agrícola. Piracicaba; FEALQ, 2002. PLANETA ARROZ. Conab amplia ainda mais a expectativa de produção de arroz para a safra 2010/11. Disponível em: <http://www.planetaarroz.com.br/site/noticias_detalhe.php?idnoticia=9321>. Acesso em: 05 08 2011. 6