Curso para Explanadores: 2 de julho de 2011, das 9h00 às 12h00 Carta aos Irmãos (TC n 514, junho de 2011)

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Transcrição:

Curso para Explanadores: 2 de julho de 2011, das 9h00 às 12h00 Carta aos Irmãos (TC n 514, junho de 2011) A. Cenário Histórico Escrita em 16 de abril de 1275 (portanto, já no Monte Minobu), aos 54 anos de idade Daishonin retornou do exílio da Ilha de Sado em março de 1274 Em maio de 1274 deixou Kamakura e se estabeleceu em Monte Minobu Endereçada aos irmãos Ikegami Mais velho: Ikegami Uemon no Tayu Munenaka Mais novo: Ikegami Hyoe no Sakan Munenaga Foram os primeiros discípulos de Daishonin, logo após o estabelecimento do verdadeiro budismo: Munenaka, converteu-se provavelmente em 1256 Munenaga, logo depois Ambos praticavam sinceramente juntos com suas esposas Clã Ikegami: proeminente família de samurais que se dedicava, como empreiteira, à construção de importantes obras públicas a pedido do governo. O pai - Ikegami Saemon no Tayu Yasumitsu fiel seguidor do bonzo Ryokan (contrário a Nitiren Daishonin), prior do templo Gokuraku da escola Preceitos - Verdadeira Palavra. Opôs-se veementemente à fé dos seus filhos, os irmãos Ikegami Quando foi escrita esta carta (1275): Já eram seguidores por quase 20 anos (desde 1256) Os dois irmãos já eram pessoas de meia idade, casados, com família (não eram adolescentes) Daishonin escreveu esta carta por ter tomado conhecimento do que o pai Yasumitsu havia deserdado o seu filho mais velho Munenaka, após ter ordenado abandonar a fé O que significava ser deserdado: Na sociedade feudal e na classe dos samurais da época, ser deserdado era uma sanção de extrema gravidade. significava perda da posição social e do sustento econômico. E, ainda a perda dos direitos de sucessão (direito do filho mais velho de herdar a riqueza e o prestígio social da família: existiam medidas sociais e econômicas totalmente inflexíveis contra pessoas deserdadas) Além do mais, nesse caso em particular, como somente o filho mais velho havia sido deserdado, para o mais novo isso representava a oportunidade de ocupar o lugar e herdar ao pai, caso aceitasse abandonar a fé. Estava claro que se tratava de uma tática astuta do pai para enfraquecer a fé e a determinação do filho caçula. Portanto, era uma situação de extrema gravidade difícil de imaginar, tanto para o mais velho Munenaka como para o mais novo Munenaga e suas esposas. Manter a fé diante destes obstáculos Embora tenha sido perdoado, mais tarde em 1277 foi deserdado pela 2ª vez - 1 -

B. Resumo É um escrito que ensina a atitude da prática da fé para vencer os obstáculos com coragem: prática da fé para superar as dificuldades Do início da explanação do presidente Ikeda (TC 503, julho/2010): Carta aos Irmãos é um escrito que meu mestre e eu estudamos juntos como texto imprescindível para aprender a postura correta na fé. Nele, Nitiren Daishonin expõe aos seguidores como atingir o estado de Buda e como triunfar sobre todas as funções da maldade seja as que se apresentem sob a forma dos três obstáculos e das quatro maldades, seja como funções do Rei Demônio do Sexto Céu. Ele nos exorta a fazer isso empenhando-nos na fé com o mesmo comprometimento que ele manteve e firmemente unidos com nossos companheiros. Podemos dizer que esse escrito é a base ou a fonte das cinco diretrizes eternas da Soka Gakkai. A função da maldade tenta destruir a harmonia entre os praticantes (Munenaka e Munenaga com suas esposas) Se não triunfarmos na luta contra as funções maléficas, não poderemos conquistar a verdadeira harmonia, felicidade, saúde, longevidade ou vitória objetivos que representam o coração dessas cinco diretrizes. Nesta primeira parte da explanação e nas duas subsequentes, vamos analisar Carta aos irmãos e aprender a fórmula para a vitória total que Nitiren Daishonin revela a seus seguidores. Nas páginas deste escrito, Nitiren Daishonin ensina aos irmãos Ikegami que: os obstáculos que tinham diante deles eram consequência inevitável da firme fé no Sutra de Lótus o caminho para atingir o estado de Buda só poderia ser encontrado na luta contra as funções da maldade de acordo com o Sutra. (TC 505, setembro/2010): Em outras palavras, os obstáculos e as funções malignas surgem para atacar os que praticam o ensinamento correto. Daishonin ensina aqui um ponto importante para a vitória em nossa prática budista pois somente pelo reconhecimento dessa verdade e estando prontos a combater esses obstáculos com coragem e triunfar quando eles surgirem é que será possível realizarmos nossa transformação interior. Na Carta aos Irmãos, Daishonin ensina o porquê do surgimento dos obstáculos: 1. Oportunidade para manifestar uma forte fé a fim de se libertar do carma negativo: amenizar o efeito cármico 2. São maus amigos (influências negativas) que tentam obstruir a prática das pessoas 3. Função negativa do rei Demônio do Sexto Céu que se apossa dos pais de uma pessoa ou de outras com a finalidade de destruir sua fé Nesta carta, Daishonin elucida o surgimento dos Três Obstáculos e Quatro Maldades, citando Tien tai: Grande Concentração e Discernimento: A doutrina dos Três Mil Mundos num Instante Momentâneo da Vida revelada no quinto volume do Grande Concentração e Discernimento é especialmente profunda. Se propagá-la, os demônios surgirão sem falha. Se isso não acontecesse, não haveria maneira de saber que esse é o ensino correto. Em uma passagem do mesmo sutra consta: Conforme a prática progride e a compreensão aumenta, os três obstáculos e as quatro maldades se manifestam de forma confusa, competindo uns com os outros para interferir... A pessoa não deve ser nem influenciada nem amedrontada por eles. Se for influenciada, a pessoa será conduzida para os maus caminhos. Se ficar amedrontada, sua prática será obstruída. Essa afirmação não somente se aplica a mim, mas também é um direcionamento para os meus seguidores. Faça deste o seu louvável ensino e transmita-o como o eixo da fé para as futuras gerações. - 2 -

Os três obstáculos e quatro maldades: surgem como prova do ensino correto; A luta contra as funções das maldades é o caminho para atingir o estado de Buda Os três obstáculos e quatro maldades surgem de uma forma imperceptível para as pessoas (pelo ponto fraco da pessoa, etc) Surgem de uma só vez, sem planejamento e sem aviso É por isso que se deve desenvolver uma prática da fé para não ser influenciado pela ação dos três obstáculos e quatro maldades No escrito As Perseguições ao Buda: Fortaleça sua fé dia após dia, e mês após mês. Se enfraquecer mesmo um pouco, demônios aproveitar-se-ão (END v.i, p.304) Não deve ser influenciada e não deve ser amedrontada Daishonin descreve detalhadamente de uma forma prática e concreta aplicada à própria vida dos irmãos Ikegami, como por exemplo (no trecho da página 46 da TC): Obstáculos ou impedimentos causados pela esposa ou filhos Obstáculos ou impedimentos provocados pelo soberano ou pelos pais Funções do Rei Demônio do Sexto Céu Nesta carta, podemos observar a clara visão do Buda Nitiren Daishonin em relação aos fatos que aconteciam com os irmãos Ikegami: os obtáculos, as funções da maldade, o demônio do Sexto Céu; tudo isso, do distante Monte Minobu onde Daishonin se encontrava retirado há cerca de um ano. Na parte final do Gosho: Esta carta foi escrita particularmente para Hyoe no Sakan. Ela também deve ser lida por sua esposa e pela de Tayu no Sakan. A prática da fé do irmão mais novo era fundamental para vencer as maldades Caso contrário, destruiria a união harmoniosa, a chave para vencer as maldades Devem perseverar em meio a essa provação e comprovar por si próprios os benefícios do Sutra de Lótus. Eu, Nitiren, também vou convocar insistentemente os deuses celestiais. Agora, mais do que nunca, não devem demonstrar nem sentir qualquer temor. As mulheres são fracas, e suas esposas devem provavelmente ter abandonado a fé. Não obstante, cerrem seus lábios e jamais esmoreçam em sua fé. Vocês, esposas, não devem guardar ressentimentos mesmo que seus maridos lhes causem algum mal por acreditarem neste ensino. Se as duas se unirem para encorajar a fé de seus maridos, vocês estarão no mesmo caminho da filha do rei dragão e se tornarão um modelo de mulheres que atingiram a iluminação na era maléfica dos Últimos Dias. Independentemente do problema que enfrentar, considere-o simplesmente como um sonho, e pense apenas no Sutra de Lótus. O ensino de Nitiren foi particularmente difícil de acreditar na primeira vez, mas agora que minhas profecias foram concretizadas, aqueles que cometeram calúnias infundadas acabaram se arrependendo. Daishonin oferece orientação e alento incansáveis aos discípulos que estavam sendo pressionados a escolher entre a fé e a devoção filial. - 3 -

A verdadeira devoção filial consiste em, como filho, atingir o estado de Buda seguindo o supremo ensino budista e, desse modo, conduzir os pais à felicidade eterna. Os irmãos Ikegami mantiveram a fé exatamente como o mestre lhes ensinou, e triunfaram de maneira esplêndida sobre todas as dificuldades e todos os obstáculos que se ergueram diante deles: convertendo o pai após cerca de 22 anos (1278): comprovação da prática da fé de harmonia familiar Quando Munenaka foi deserdado pela segunda vez, 2 anos mais tarde em 1277: Novamente Daishonin escreveu uma carta a Hyoe no Sakan (Munenaga), afirmando que desta vez ele iria abandonar a sua crença. Orienta minuciosamente sobre o verdadeiro significado de devoção filial: Desta vez, estou certo de que o senhor cairá na descrença. Caso isso aconteça, não tenho a menor intenção de reprová-lo por isso. Semelhantemente, o senhor também não deverá reprovar a mim, Nitiren, quando tiver caído no inferno. Caso isso aconteça ao senhor, não será de modo algum minha responsabilidade.. (END v.i, p.248) O senhor, que está apenas interessado nos problemas do momento, obedecerá a seu pai, e as pessoas desiludidas irão dessa forma elogiá-lo pela devoção filial. (...) Se o senhor obedecer o seu pai, que é inimigo do Sutra de Lótus, e rejeitar seu irmão, que é devoto do supremo ensino, estará sendo filial? Em análise final, o que o senhor deve fazer é decidir de mente única seguir o caminho do budismo exatamente como o seu irmão está fazendo.. (END v.i, p.249) Após orientar minuciosamente como deveria se comportar diante do pai, até com as palavras que deveria lhe dizer, Daishonin afirma: Faça isso com coragem e sem medo em seu coração. Foi essa falta de coragem que o impediu até agora de atingir o Estado de Buda, embora o senhor tenha professado a fé no Sutra de Lótus muitas vezes, desde o mais remoto passado até o presente.. (END v.i, p.250) Trechos da explanação do presidente Ikeda (TC 505, setembro/2010) O fundador e primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunessaburo Makiguti (1871 1944), disse certa ocasião: Fazemos de nossa vida a morada do Buda que nos conduz à felicidade ou, em vez disso, a convertemos em função maléfica que nos leva à infelicidade? Temos de escolher entre uma e outra opção. Se combatemos ativamente as funções negativas em nós e as vencemos, isso nos conduzirá à felicidade e ao Kossen-rufu. (...) Havia um membro da Soka Gakkai, um jovem professor, que recebeu cartas de incentivo e orientação do sr. Makiguti quase todo mês, em 1938. Muitos anos depois, ele viria a recordar: A cada três cartas, mais ou menos, o sr. Makiguti citava estas palavras [de Tient ai que constam nos escritos de Daishonin]: Conforme a prática progride e a compreensão aumenta, os três obstáculos e as quatro maldades1 se manifestam de forma confusa, competindo uns com os outros para interferir. E ele não foi o único a ficar impressionado com essa característica do primeiro presidente da Soka Gakkai. O sr. Makiguti sempre enfatizava aos membros sobre a importância de praticar a fé com a firme disposição de combater os três obstáculos e as quatro maldades e de triunfar sobre eles. Isso porque a fé é a própria essência do Budismo de Nitiren Daishonin. Herdando o espírito destemido do sr. Makiguti de lutar contra as funções malignas, os membros da Soka Gakkai têm praticado o ensinamento correto do budismo exatamente como Daishonin instrui. O segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, devotado discípulo do sr. Makiguti, liderou a Soka Gakkai com o mesmo comprometimento inabalável para combater as funções malignas e bradar pelo que é correto. [Durante a Segunda Guerra Mundial, o sr. Toda e o sr. Makiguti foram presos pelas autoridades militares japonesas por terem se recusado a comprometer suas crenças, e o presidente Makiguti faleceu na prisão em novembro de 1944.] Após ser libertado (em julho de 1945), o sr. Toda - 4 -

jurou triunfar sobre as opressivas forças do autoritarismo responsáveis pela morte de seu mestre. Ele se ergueu como um indomável defensor da Lei Mística, e levou corajosamente a bandeira do Kossenrufu sozinho. Como discípulo do sr. Toda, eu fiz o máximo que pude para apoiá-lo e ajudá-lo. Vencendo a tempestade de obstáculos que combatemos juntos como mestre e discípulo, o sr. Toda enfim assumiu como segundo presidente da Soka Gakkai (em maio de 1951). Ele deu início a uma revolução religiosa sem precedentes, uma batalha para livrar o mundo do sofrimento e da infelicidade, dissipando a escuridão ou ignorância fundamental inerente na vida das pessoas a causa primordial de todo o mal e livrando assim a humanidade do sofrimento decorrente da pobreza, do ódio, da violência e de outras circunstâncias negativas. (...) Combater as funções malignas é a própria essência da orientação dos três primeiros presidentes da Soka Gakkai durante a luta que empreenderam em prol do Kossen-rufu em exato acordo com os ensinamentos de Daishonin. Se essa fé para desafiar as funções malignas for mantida agora e no futuro, sem dúvida, o Kossen-rufu será concretizado. O escrito Carta aos irmãos apresenta a fórmula para isso. Nesta parte, discutiremos sobre a batalha contra os três obstáculos e as quatro maldades, a importância de estarmos unidos no mesmo propósito e a fé embasada no compromisso compartilhado entre mestre e discípulo. (...) Em outro escrito, Daishonin cita a mesma passagem de Grande Concentração e Discernimento sobre o surgimento dos três obstáculos e das quatro maldades, mas inclui ainda esta frase: No entanto, o senhor deve ser como a montanha dourada que brilha ainda mais quando arranhada por um javali, como o mar que envolve todos os vários riachos, como o fogo que aumenta sua chama à medida que a lenha é adicionada, ou como o inseto kalakula que aumenta de tamanho quando o vento sopra. Combater as funções malignas faz com que nossa fé seja polida. Exatamente como uma montanha dourada brilha com ainda mais esplendor, como o oceano fica mais cheio, como o fogo arde com mais intensidade e como o kalakula fica ainda maior. A forte fé no Sutra de Lótus faz manifestar o magnífico benefício da Lei Mística da transformação do veneno em remédio, convertendo, assim, o infortúnio em boa sorte. Daishonin diz em outro trecho: O devoto do Sutra de Lótus é como o fogo e o kalakula, ao passo que as perseguições que ele sofre são como a lenha e o vento ; e Quanto piores forem as adversidades que recaírem sobre ele [o devoto do Sutra de Lótus], maior será a alegria que sentirá devido a sua forte fé. Os grandes obstáculos fortalecem a vida dos genuínos praticantes do Sutra de Lótus. Ao enfrentar corajosamente esses desafios, eles conseguem fazer seu estado de Buda brilhar com ainda mais esplendor. C. A superioridade do Sutra de Lótus (TC p. 27) O Sutra de Lótus é o coração dos oitenta mil ensinos e a essência das doze divisões das escrituras. Os budas de todas as três existências atingem a iluminação porque tomam esse sutra como seu mestre. Os budas das dez direções conduzem os seres vivos empregando o ensino do veículo único [do Sutra de Lótus] como seus olhos. Podemos deduzir que Daishonin começa a esclarecer o significado da fé desse modo em virtude da gravidade da situação em que os irmãos se encontravam. Ensina que a determinação para superar qualquer adversidade deriva da convicção e da alegria que uma pessoa sente quando reconhece profundamente o valor supremo de praticar o Sutra de Lótus. O Buda Nitiren prossegue analisando diversos pontos de vista das graves consequências de abandonar a fé no Sutra de Lótus. A razão de o abandono a esse ensino ser uma grave falta é que o Sutra de Lótus representa os olhos de todos os budas. É o verdadeiro mestre do Buda Sakyamuni, o lorde dos ensinos (WND, v. 1, p. 494). Em outras palavras, abandonar a fé é descartar o ensino supremo. Num nível mais profundo, abandonar o Sutra de Lótus equivale a rechaçar os princípios fundamentais que o Sutra incorpora, como a iluminação universal, o respeito a todas as pessoas e - 5 -

a convivência harmoniosa. Quando nos comportamos dessa forma, intensificamos em nossa vida os três venenos avareza, ira e estupidez ações contrárias à Lei suprema, e somos facilmente dominados pela escuridão e destinados a transitar pelos estados inferiores da existência. Daishonin procura conscientizar os irmãos Ikegami da importância da fé absoluta no Sutra de Lótus, explicando-lhes que seria uma gravíssima ofensa desprezar uma palavra ou mesmo um traço do sutra (Cf. WND, v. 1, p. 494). Nessa admoestação, sentimos a imensa benevolência do Buda. Por todos os meios possíveis, ele procura convencer os irmãos a jamais pensar em abandonar a fé naquele momento decisivo para a vida deles. (TC p. 28) Além disso, é extremamente difícil encontrar uma pessoa que exponha esse sutra exatamente como ele ensina. Isso é ainda mais difícil que uma tartaruga de um único olho encontrar um pedaço de madeira de sândalo flutuando, ou alguém suspender o Monte Sumeru com um fio do caule de um lótus. a importância das pessoas que expõem e praticam o Sutra de Lótus. Isso está expresso na declaração do Buda Nitiren: A Lei não se propaga por si só. Por ser propagada pelas pessoas, tanto as pessoas como a Lei são dignas de respeito ( Hyaku Rokka Sho [As Cento e Seis Comparações], Gosho Zenshu, p. 856). A pessoa ou o mestre mencionado aqui é o devoto do Sutra de Lótus e, especificamente, se refere a Nitiren Daishonin. Do mesmo modo, é difícil que as pessoas da era posterior à morte de Daishonin possam se encontrar com um autêntico líder budista que propague a Lei Mística, a essência do Sutra de Lótus, exatamente como o Buda Nitiren ensina. Para mim, não há alegria maior do que ter nascido neste mundo, encontrado o Sr. Toda o grande mestre do Kossen-rufu e o adotado como mestre. o Quando conheci o Sr. Toda, soube instintivamente que poderia confiar nele. o Ter um mestre na fé é condição vital para se praticar corretamente. Além disso, a Lei se transmite quando os discípulos atuam com o mesmo espírito que o mestre. o A relação de mestre e discípulo é a base do Budismo Nitiren Nossa rede da SGI, atualmente, está presente no mundo inteiro. Milhões de membros, transcendendo diferenças de idiomas e etnias, concentram esforços para expor esse sutra exatamente como ele ensina. Manter e transmitir a nobre herança de mestre e discípulo, e avançar com a Soka Gakkai, é edificar uma vida realmente sublime e significativa. Todos os que assim fizerem, merecerão o supremo louvor de Nitiren Daishonin. D. A luta contra as funções do Rei Demônio (TC p. 30) Sendo assim, os seguidores do Sutra de Lótus devem temer aqueles que tentam obstruir sua prática mais do que aos bandidos, arrombadores, assaltantes noturnos, tigres, lobos ou leões mais até que a invasão dos mongóis. A quem, nós, praticantes do Sutra Lótus, realmente deveríamos temer? Mesmo os eruditos haviam, em determinado momento, reconhecido a superioridade do Sutra de Lótus, mas, no fim, descartaram qualquer manifestação de fé nesse sutra. A origem dessa rejeição ao Sutra de Lótus, afirma, residia no fato de se deixarem enganar por alguém que era má influência, um mau amigo ou mau mestre. Aqueles que tentam obstruir sua prática nada mais são que influências negativas. O que os torna tão temíveis é que eles podem corromper a mente de uma pessoa e destruir a fé dela. Se os praticantes do Sutra de Lótus se deixarem influenciar pelas funções negativas ou forem enganados pelos maus mestres, perdendo assim o compromisso com o caminho correto da fé, não poderão atingir o Caminho do Buda. Do contrário, se mantiverem firme o juramento e o compromisso, com o tempo poderão superar inclusive as piores situações mediante a força da fé. Na verdade, conforme Daishonin sempre diz, o que - 6 -

importa é o coração. Para nos fortalecermos interiormente e repelirmos todas as influências negativas, devemos ter sabedoria necessária para discernir essas funções destrutivas e combatê-las com bravura. A fé é uma luta contra as funções do Rei Demônio (TC p. 31) Este mundo é a morada do rei demônio do sexto céu. Todas as pessoas têm sido governadas pelo rei demônio desde o tempo sem início. Ele não somente construiu a prisão dos vinte e cinco domínios da existência nos seis caminhos e confinou a humanidade nesse espaço, mas também transformou esposas e filhos em algemas, e pais e soberanos em redes que escondem os céus. A fim de enganar a mente da verdade da natureza de Buda, ele induz as pessoas a beberem o vinho da ganância, da ira e da estupidez e as alimenta somente com os pratos do mal que as fazem ficar prostradas no chão dos três maus caminhos. Quando encontra as pessoas que mudaram seus corações para o bem, ele age para detê-las. Nesta e nas passagens seguintes, Daishonin esclarece que as funções do Rei Demônio do Sexto Céu são influências prejudiciais, as quais os praticantes deveriam temer. O Rei Demônio representa as forças negativas que manipulam a vida das pessoas a seu bel-prazer, além de obstruir o bem e fazê-las caírem nos maus caminhos. As funções maléficas privam os seguidores do Sutra de Lótus do benefício da prática budista e impedem que a sabedoria flua na vida deles. Destroem ainda as raízes da bondade ou do bem que eles têm cultivado, e fazem-nos transmigrarem pelos seis caminhos do mundo tríplice. As forças do Rei Demônio também concebem diversas manobras para impedir o avanço das forças do Buda. Nitiren Daishonin enuncia três exemplos específicos de funções insidiosas orquestradas pelo Rei Demônio: (1) transformar esposas e filhos em algemas; (2) transformar pais e soberanos em redes que escondem os céus; (3) induzir as pessoas a beber o vinho da ganância, da ira e da estupidez para enganar a mente delas sobre a verdade da natureza de Buda. Esses três tipos de impedimentos correspondem aos três obstáculos: do carma, da retribuição e dos desejos mundanos. Em outro escrito [ A Grande Batalha ], ele diz: O Rei Demônio do Sexto Céu armou dez tipos de exército e, em meio ao mar dos sofrimentos de nascimento e morte, trava uma luta contra o devoto do Sutra de Lótus para impedi-lo de tomar posse desta terra impura [o mundo saha], onde habitam pessoas comuns e veneráveis e expulsá-lo dela. Mais de vinte anos se passaram desde que enfrentei essa situação e comecei a grande batalha. Em nenhum momento pensei em retroceder (WND, v. 2, p. 465). O Rei Demônio comanda os dez exércitos, trava uma batalha para impedir que o devoto do Sutra de Lótus adquira influência no mundo saha. Se esse devoto tentar se impor, apesar dos muitos ataques, o Rei Demônio emprega todos os recursos possíveis para tentar fazê-lo perder o controle. Plenamente ciente disso, o Buda Nitiren afirma: Mais de vinte anos se passaram desde que enfrentei essa situação e comecei a grande batalha. Em nenhum momento pensei em retroceder (Ibidem). Ou seja, a vida de Daishonin foi uma luta permanente contra as forças do Rei Demônio. O Kossen-rufu sempre vincula uma luta implacável entre o estado de Buda e as funções destrutivas inerentes à vida. Nota 17 pág. 32 A Soka Gakkai é a organização que herdou o verdadeiro espírito de Nitiren Daishonin. Como resultado, quanto mais nosso nobre movimento foi se expandindo, mais intensos foram os ataques do Rei Demônio e de outras forças negativas. Os três primeiros presidentes da Soka Gakkai travaram uma batalha incansável contra os três obstáculos e as quatro maldades e contra os três poderosos inimigos,18 e triunfaram sobre eles de forma absoluta. - 7 -

Reconhecer as influências negativas (TC p. 33) Ele [o Rei Demônio] está determinado a fazer os seguidores do Sutra de Lótus caírem no inferno; porém, quando fracassa, tenta enganá-los desviando-os para o Sutra Guirlanda de Flores, que se parece com o Sutra de Lótus. Essas ações foram conduzidas por Tu-shun, Chih-yen, Fa-tsang e Ch eng-kuan. Assim, Chia-hsiang e Seng-ch üan foram os maus companheiros que ardilosamente desviaram os seguidores do Sutra de Lótus a cair de volta nos sutras da Sabedoria. Do mesmo modo, Hsüan-tsang e Tz u-en levaram-nos ao Sutra dos Profundos Segredos, enquanto Shan-wu-wei, Chin-kang-chih, Pu-k ung, Kobo, Jikaku e Chisho persuadiram-nos a seguir o Sutra Mahavairochana. Bodhidharma e Hui-k o desviaram-nos para a escola Zen, enquanto Shan-tao e Honen induziram-nos a seguir o Sutra da Meditação. Em cada um dos casos, o rei demônio do sexto céu possuiu esses homens de sabedoria a fim de enganar as pessoas de bem. É isso que o Sutra de Lótus quer dizer quando afirma em seu quinto volume: Demônios maléficos se apossarão das pessoas. Tal como indicam as palavras: determinado a fazer os seguidores do Sutra de Lótus caí-rem no inferno, o Rei Demônio do Sexto Céu recorre a todos os meios para impedir que os seguidores do Sutra de Lótus atinjam o estado de Buda. Como exemplo disso, Daishonin cita os atos dos sacerdotes de diversas escolas budistas, afirmando que eles buscam gradualmente enganar os seguidores numa tentativa de afastá-los do Sutra de Lótus e de tudo que se assemelhe a ele. Nitiren Daishonin diz: Em cada um dos casos, o Rei Demônio do Sexto Céu possuiu esses homens de sabedoria a fim de enganar as pessoas de bem. A seguir, ele expõe uma longa lista de sacerdotes de alto escalão, respeitados pelas diversas escolas budistas da época. Como todos eles desviam os sinceros praticantes do caminho correto, ele esclarece que, na realidade, representam maus amigos ou maus mestres, e são o exemplo perfeito de pessoas governadas pelas funções do Rei Demônio. Explica que isso se refere à passagem do 13º capítulo do Sutra de Lótus, Devoção Encorajadora, quando diz: Demônios malignos se apossarão das pessoas (LS, cap. 13, p. 194). Visto que esses sacerdotes são respeitados pela sociedade, as pessoas não conseguem discernir a verdadeira natureza deles. Ao contrário, elas estimam esses indivíduos de comportamento errôneo e valorizam seus ensinos, deixando que o veneno penetre profundamente na vida delas, sem se dar conta e, como resultado, desviam a mente da verdade. Isso os fazem se afastar do Sutra de Lótus e inclusive a caluniá-lo. Este é o terrível resultado de uma sociedade cujos habitantes sucumbem às influências negativas. Em determinado momento, o juízo normal das pessoas se turva e a sociedade começa a debilitar-se. Porém, as pessoas não conseguem entender a causa disso. Ler notas 27 e 28 pág 34. O Sr. Toda, do mesmo modo, assumiu uma postura rígida com os maus sacerdotes e as outras pessoas que exerciam influência destrutiva, indivíduos que haviam sucumbido às funções do Rei Demônio do Sexto Céu. De todos eles, os que cometeram a falta mais grave foram os sacerdotes corruptos e decadentes da Nitiren Shoshu, aqueles que supostamente deveriam defender e manter o ensino de Nitiren Daishonin. Ele sempre alertava esses sacerdotes sem rodeios e os deixava saber claramente o que pensava deles. Por terem voltado as costas aos ensinos de Daishonin durante a Segunda Guerra Mundial e por terem insultado e abandonado o presidente Makiguti no momento mais difícil, o Sr. Toda os denunciou. Derrotar a escuridão fundamental com o poder da fé (TC p. 34) O grande demônio da escuridão fundamental pode até mesmo entrar nos corpos dos bodhisattvas que atingiram a iluminação quase perfeita e bloquear a possibilidade de eles atingirem a o benefício da perfeita iluminação do Sutra de Lótus. Que facilidade ele tem de obstruir a prática daqueles que estão nos estágios mais inferiores! Até este trecho, Nitiren Daishonin esclarece que os maus amigos ou as influências negativas que tentam destruir a fé das pessoas no Sutra de Lótus são personificados por homens de sabedoria dos quais os demônios malignos se apoderam, e que essas influências, na realidade, nada mais são que as funções do Rei Demônio do Sexto Céu. - 8 -

Mas se essas pessoas são sábias, como é que o Rei Demônio pode valer-se delas? A razão é simples: elas não são vencidas pela influência externa, mas pela interna. São vencidas pela natureza maléfica conhecida como escuridão fundamental, que lhes é inata ou inerente. Em outro escrito [ O Tratamento da Doença ], Nitiren Daishonin ressalta: A escuridão fundamental expressa-se como o Rei Demônio do Sexto Céu (WND, v. 1, p. 1113). Todas as pessoas possuem essa escuridão fundamental na vida. Nitiren Daishonin afirma que ela existe também na vida dos budas. Portanto, no caso dos bodhisattvas que se encontram no nível da iluminação quase perfeita, a escuridão fundamental de sua vida pode ativar a função do Rei Demônio e impedi-los de chegar ao estado da perfeita iluminação, ou estado de Buda. Se isso pode ocorrer com os bodhisattvas que estão no penúltimo estágio, quão mais expostos não estaríamos nós, pessoas comuns. O Rei Demônio do Sexto Céu é o ímpeto negativo que reside nas profundezas da vida das pessoas. É a negatividade ou a natureza destrutiva que dá origem ao desejo de controlar os demais, inclusive de tirarlhes a vida, que causa a destruição e a guerra. Para derrotar essa natureza maléfica, precisamos fazer que a natureza do Dharma ou a natureza fundamental da iluminação, que existe em nós junto com a escuridão fundamental, se manifeste. Para isso, é imprescindível continuarmos a nos empenhar na fé, praticando o Budismo Nitiren e compartilhando-o com os demais. Em uma de suas explanações, o presidente Toda comentou sobre o fato de no Gohonzon estar inscrito o nome do Rei Demônio do Sexto Céu: O Rei Demônio do Sexto Céu está representado no Gohonzon. Assim, quando oramos ao supremo objeto de devoção, o Rei Demônio obedece ao Gohonzon [à Lei de Nam-myoho-rengue-kyo]. O Rei Demônio ordenará aos líderes dessa força insidiosa que se detenham. O potencial originalmente iluminado do Rei Demônio se manifesta por meio do Gohonzon. De fato, todas as entidades [nele representadas] mostram os dignos atributos inatos quando são iluminados pelo Nam-myoho-rengue-kyo. Ele prosseguiu dizendo: O Rei Demônio do Sexto Céu então se converte pela primeira vez numa entidade que ajuda e beneficia as pessoas. Essas observações se relacionam com um profundo princípio que é a essência do Budismo Nitiren. No Registro dos Ensinos Orais consta: A palavra fé é a espada afiada com a qual se enfrenta e vence a escuridão ou ignorância fundamental (OTT, p. 119-120). Como a frase indica, o que nos permite vencer a escuridão fundamental é a espada afiada da fé. Isso denota perseverarmos e desafiarmos na fé por toda a nossa vida. Significa reconhecer as funções demoníacas tal como se apresentam, e fazer surgir constantemente a natureza fundamental da iluminação que existe em nosso interior. Mediante a fé que se aprofunda a cada dia, a cada mês, podemos erradicar de nossa vida, num nível essencial, as funções da escuridão ou da ignorância. Por isso é tão importante ter um mestre na fé que nos ofereça orientação correta. O Sr. Toda frequentemente me dizia: Se você é um verdadeiro discípulo, deve seguir meus passos até o fim, sem temer nenhuma adversidade. Não deve ser vencido jamais. Todos os dias tenho me empenhado e persistido, tal como meu mestre me ensinou, e tenho sido capaz de vencer todas as funções destrutivas. O espírito de mestre e discípulo é uma poderosa força motriz para vencer todo tipo de função negativa. Em contraste, os que perdem de vista essa postura e se esquecem da dívida de gratidão com o mestre, acabarão consumidos cada vez mais pela própria escuridão fundamental até se tornar um súdito dos seguidores do Rei Demônio. A postura de fé necessária para combater as funções maléficas é não temer a nada, haja o que houver; é negar-se a sucumbir à escuridão ou à negatividade. Com essa atitude, sem falta, poderemos vencer. Este é o segredo de uma vida de triunfo. - 9 -

Vencer os três obstáculos e as quatro maldades para atingir o estado de Buda (TC p. 37) O rei demônio se apossa dos corpos das esposas e dos filhos para que eles desviem seus maridos ou pais do caminho correto. Ele também se apossa do soberano a fim de ameaçar o devoto do Sutra de Lótus, ou possui os pais e mães, e os fazem repreender seus devotados filhos. Nitiren Daishonin orienta os irmão a discernir a verdadeira natureza dessas funções maléficas e jamais render-se a influência deles.(prepara-os) Neste trecho ele afirma que as funções do Rei Demônio também se manifestam sob a forma de oposição dos pais, cônjuges e filhos e, inclusive, das autoridades, com o intuito de impedir a prática dos que crêem no Sutra de Lótus. E que na verdade o pai deles, Yasumitsu, entrou no esquema de Ryokan que era a própria função do Rei Demônio do Sexto Céu, que tinha como propósito obstruir a fé dos discípulos de Nitiren Daishonin. A maldade estava ali bem diante deles, na pessoa mais próxima e influente, que era o pai. Era uma escolha entre a fé e a devoção filial. A verdadeira devoção filial. Ele afirma que, como filho, atingir o estado de Buda seguindo o supremo ensino budista e, desse modo, conduzir os pais à felicidade eterna é a verdadeira devoção filial Embora inicialmente possamos pensar que essa maldade exista num mundo externo, o Demônio do Sexto Céu é, na prática, a manifestação da natureza inerente na vida do ser humano. Os irmãos Ikegami mantiveram a fé exatamente como o mestre lhes ensinou, e por isso triunfaram de maneira esplêndida sobre todas as dificuldades e todos os obstáculos que se ergueram diante deles. Na pág. 37 da explanação: Hoje, enquanto o mundo se debate em crises econômicas sem precedentes, vemo-nos expostos a obstáculos de todos os tipos. Por essa razão, é imperativo que triunfemos em nosso coração e recitemos Daimoku constantemente durante esse processo. Quando estabelecermos a fé para superar obstáculos como a base de nossa vida, poderemos transformar definitivamente o negativo em algo positivo, de acordo com o princípio de transformar o veneno em remédio. Também poderemos, sem falta, transformar nosso carma, atingir o estado de Buda nesta existência e abrir mais e mais o caminho do Kossen-rufu. (Trecho que consta na parte final Carta aos Irmãos TC 505 / set 2010): A união é a chave para a vitória Vocês dois, irmãos, são como o eremita e o homem íntegro. Se um dos dois desistir no meio do caminho, ambos deixarão de atingir o estado de Buda. (...) Vocês duas, esposas, não devem guardar ressentimento mesmo que seus maridos venham a ofendê-las por causa da fé neste ensinamento. Se ambas se unirem para encorajar a fé de seus maridos, seguirão o mesmo caminho da filha do Rei Dragão e tornar-se-ão um modelo para as mulheres atingirem o estado de Buda na era maléfica dos Últimos Dias. Contanto que ajam dessa maneira, não importando o que aconteça, Nitiren pedirá aos dois sábios, aos dois reis celestiais, às dez filhas-demônio, a Sakyamuni e Muitos Tesouros para torná-las budas em cada uma das existências futuras. 1. Compartilhar o mesmo compromisso do mestre 2. Terem permanecido unidos Pois as funções malignas procuram criar divisões Somente uma força positiva e unida conseguiria derrotar essas funções malignas. Em outras palavras, a união representa uma fortaleza invencível que impede a entrada das funções malignas. 3. Nitiren Daishonin incentiva as esposas, dizendo-lhes que elas devem manter também uma fé corajosa - 10 -

Sensei afirma A fé das mulheres, com frequência, se mostra decisiva num momento crucial. Através das cartas enviadas aos irmãos Ikegami, podemos dizer que o apoio que as esposas deram aos maridos de acordo com a orientação de Daishonin teve um papel significativo no fato de o pai deles, Yasumitsu, ter se convertido ao ensinamento correto. Na pág. 37 da explanação: E. As dificuldades são provas da amenização do efeito cármico (TC p. 38) Essas passagens significam que nós, que agora acreditamos no correto ensino [do Sutra de Lótus], no passado cometemos o ato maléfico de perseguir seus praticantes e, como resultado, estamos destinados a cair em um terrível inferno no futuro. No entanto, os benefícios obtidos por meio da prática do correto ensino são tão imensos que ao enfrentarmos sofrimentos mais leves nesta existência, podemos mudar o carma de sofrer terrivelmente no futuro. Conforme o sutra afirma, as calúnias que cometemos no passado podem ser a causa de várias retribuições, tais como nascer em uma família pobre ou que mantém visões errôneas, ou ainda ser perseguido pelo soberano. Uma família que mantém visões errôneas significa aquela que calunia o correto ensino, e ser perseguido pelo soberano indica aquele que vive sob o poder de um governante maléfico. Estes são os dois sofrimentos com os quais vocês estão se confrontando agora. Esta frase deve ter levado muita esperança aos irmãos, pois mostra que através do ensino correto que eles estavam seguindo (Sutra de Lótus) e da prática correta, eles poderiam amenizar o efeito cármico. E ainda mudar o carma de sofrer terrivelmente no futuro Vimos que a causa de todo carma negativo está associada à descrença e ao desrespeito à Lei Mística ou seja calúnia à Lei. Sensei afirma: Se quisermos transformar nosso carma, é importante obtermos a clara compreensão da causalidade básica sobre o bem e o mal. Se Esse mal fundamental se origina da calúnia à Lei, e da descrença na iluminação de todas as pessoas O bem fundamental é exatamente o oposto; ou seja, consiste em praticar e propagar os ensinos do Sutra de Lótus, prezando a natureza de Buda das pessoas. Ou seja o bem fundamenal consiste no ato de fazer o chakubuku. Através do ensino correto (Sutra Lotus) podemos modificar a direção de nossa vida e romper o ciclo negativo da transmigração nos maus caminhos para adotar o ciclo positivo da transmigração no estado de Buda. As circunstâncias desfavoráveis, então, são oportunidades para transformar o carma. Dos oito tipos de retribuição descritos no sutra Parinirvana, Nitiren Daishonin cita dois, pois refletia a situação vivida pelos irmãos Ikegami. Que são os sofrimentos de (1) nascer numa família que mantém visões errôneas e (2) ser perseguido pelo soberano. Explica também que uma família que mantém visões errôneas é aquela que transgride o ensino correto enquanto ser perseguido pelo soberano significa viver sob domínio de um governante perverso. O último caso refere-se, especificamente, a nascer numa época em que o governante e a sociedade, juntos, perseguem o devoto do Sutra de Lótus. (TC p. 39) Ambos têm mantido sua fé no Sutra de Lótus; por essa razão, agora estão se libertando de seus atos malignos do passado. Por exemplo, as imperfeições do ferro ficam aparentes quando este é forjado. Quando uma rocha é submetida ao fogo, ela simplesmente se transforma em cinzas, mas o ouro se torna puro ouro. Nitiren Daishonin dá o exemplo do ferro que ao ser aquecido e martelado por várias vezes, as impurezas são removidas, adquirindo mais resistência. Com este exemplo ele incentiva os irmãos e esposas a manterem firmes na prática da fé, pois aqueles momentos de adversidades eram oportunidades para serem forjados. - 11 -

Daishonin explica, que os irmãos Ikegami estavam passando por tais adversidades, porque, em virtude da forte fé, eles tinham provocado a manifestação do carma acumulado no passado, e estavam transformando o carma negativo naquele momento. Com base nessa passagem, se enxergamos os fatos da perspectiva da transformação do carma ou da amenização do efeito cármico, as dificuldades adquirem um significado mais profundo. Passam a ser vistas como uma oportunidade de forjar, de aprimorar nossa fé e de elevar nosso estado de vida. O processo de confrontar e desafiar o carma nos permite fortalecer e polir a fé. Ou seja, quando nos vemos expostos ao inferno do carma é que revelamos o tipo de pessoa que somos. Se nossa postura for indecisa e dúbia, vamos nos reduzir a um montículo de cinzas, fácil de desmoronar. No entanto, se mantivermos uma determinação inquebrantável, seremos como o ouro puro e nossa vida se tornará cada vez mais resplandecente. Sem esse aprimoramento, mesmo as pessoas de capacidade e talento não têm como expressar o brilho máximo. O processo de Revolução Humana também é da mesma forma. Sensei afirma: Quando nos dedicamos de corpo e alma pelo Kossen-rufu, podemos transformar o carma negativo de existências passadas e fazer nossa vida reluzir como uma espada magnífica, imponente e indestrutível. Na Soka Gakkai o caminho de mestre e discípulo foi a base para seu desenvolvimento Toda Sensei aos 19 anos, escreveu: Devo forjar a mim mesmo para poder assumir a grande missão de contribuir com meu país e ser um líder do mundo; preciso polir minha vida para estar em condições de cumprir essa missão. (...) Não me deixarei intimidar pelas críticas ou pelo desdém de meus contemporâneos; o mais importante é atingir meu objetivo Ikeda Sensei também tinha 19 anos quando se encontrou com Toda Sensei ele se lançou a cumprir o mesmo juramento do seu mestre. Mesmo nas horas mais adversas, ele continuou a apoiar e a proteger seu mestre, suportando todo o peso das críticas impetuosas da sociedade. Sensei afirma que Foi uma honra passar por dificuldades ao lado dele. Forjar a vida em meio às adversidades é o caminho que conduz à vitória. Orava com todo o meu ser para que meu mestre, o mais rápido possível, pudesse liderar nosso movimento pelo Kossen-rufu como segundo presidente da Soka Gakkai. E me lancei a uma luta febril para realizar esse objetivo. Esses exemplos não são parte de uma história do passado, mas é para seguirmos o exemplo hoje em nossa luta atual. F. As divindades celestiais testam a nossa fé (TC p. 41) Esta provação, mais que qualquer outra, irá confirmar sua genuína fé, e as dez filhas demônios do Sutra de Lótus com certeza os protegerão. O demônio que apareceu diante do garoto Montanhas de Neve para testá-lo era, na verdade, Shakra. A pomba que foi salva pelo rei Shibi era o rei celestial Vaishravana. É até possível que as dez filhas demônios tenham possuído seus pais e os estejam atormentando a fim de testar sua fé. Na sequência, Nitiren Daishonin assegura aos irmãos Ikegami que a fé genuína por eles demonstrada lhes garantirá a proteção das divindades celestiais, que, no Sutra de Lótus, juraram proteger os praticantes desse sutra. Mas logo ele acrescenta que, muitas vezes, tais divindades procuram testar a fé das pessoas para verificar se é ou não verdadeira. Isso, Daishonin diz, assemelha-se ao episódio em que a divindade Shakra adotou a forma de um demônio para testar o espírito de procura do menino Montanhas de Neve, ou quando o rei celestial Vaishravana, sob a forma de uma pomba, põe à prova a benevolência do rei Shibi. Nota 41 pág.40 Fundamentando-se nesse princípio, Dai-sho-nin sugere que a provação dos irmãos o deserdamento do mais velho pelo pai por causa da prática budista provavelmente fora gerada pela função das dez - 12 -

filhas-demônio que estavam influenciando negativamente o pai para atormentá-los e testar-lhes a fé. Em outros escritos, o Buda Nitiren analisa esse princípio de que as funções universais criam obstáculos para testar a fé dos seguidores. Por exemplo, durante a Perseguição de Atsuhara,44 um grupo de camponeses seguidores de Daishonin foi submetido a cruel interrogatório do poderoso oficial Hei no Sae-mon,45 em virtude da fé que eles praticavam. Contudo, por um instante sequer, esses seguidores abandonaram suas crenças. Mas, mesmo enfrentando a perseguição das autoridades, continuaram a recitar o Nam-myoho-rengue-kyo intrepidamente. Assim que soube das notícias, Daishonin escreveu [a Nikko Shonin e a outros discípulos próximos] uma carta intitulada Resposta aos sábios : Estou certo de que as dez filhas-demônio devem ter se apoderado de Hei no Saemon, induzindo-o a testar a fé desses devotos do Sutra de Lótus. Isso se assemelha ao modo como o garoto Montanhas de Neve e o rei Shibi foram testados. [Ou talvez] à forma como um demônio maléfico se apoderou de Hei no Saemon (WND, v. 2, p. 831). Por que então divindades celestiais como as dez filhas-demônio, que são funções protetoras do Universo, teriam de valer-se de Hei no Saemon para testar a fé dos camponeses de Atsuhara? No Budismo, a causa para atingir a iluminação é a fé inabalável. Os obstáculos são vistos como uma consequência lógica da decisão de manter a fé no ensino correto, o Sutra de Lótus. Assim, o xis da questão é: diante das grandes dificuldades e contratempos, somos consumidos pelo medo e abandonamos a fé, ou nos munimos de coragem e continuamos a avançar? Se nossa determinação for fraca e abandonarmos a fé, significa que fomos vencidos pelos tormentos do Rei Demônio do Sexto Céu. Mas se triunfarmos sobre essas difíceis provações com firme determinação e mantivermos uma fé inabalável, conseguiremos perceber que também podemos sair vitoriosos de uma prova imposta pelas divindades celestiais. Em outras palavras, tudo depende de nosso coração ou de nossa decisão. A proteção das divindades celestiais, em essência, nada mais é que o poder de nossa própria fé. Daishonin cita com frequência em seus escritos a frase do Grande Mestre Miao-lo, da China: Quanto mais firme é a fé, maior é a proteção dos deuses. As funções universais, sem falta, protegerão os praticantes do Sutra de Lótus que possuem fé genuína. De fato, o que importa é o coração. Nossa fé, em última análise, é o que determina a vitória no futuro. Manter firme fé no momento decisivo (TC p. 43) Qualquer fraqueza na fé será a causa para o arrependimento. O veículo que capota logo à frente é um alerta para quem vem atrás. Se nossa fé ou determinação for fraca no momento decisivo, nos restará um eterno arrependimento. Quando enfrentamos obstáculos no curso da prática budista, na realidade, estamos diante de um momento de decisão capaz de mudar nossa vida, e de definir se abriremos as portas para atingir o estado de Buda eterno por meio da fé inabalável, ou se fecharemos o caminho para a felicidade como consequência de ter abandonado a fé. Sempre que estivermos diante de grandes obstáculos, devemos desafiar com intrépida postura, recordando esta passagem de Abertura dos olhos : Meus discípulos e eu, mesmo que ocorram vários obstáculos e maldades, desde que não se crie a dúvida no coração, atingiremos naturalmente o estado de Buda. Não duvidem dos benefícios do Sutra de Lótus, mesmo que não haja proteção dos céus. Não lamentem a ausência de segurança e tranquilidade na vida presente. Embora tenha ensinado dia e noite a meus discípulos, todos, criando a dúvida, abandonaram a fé. O que é costumeiro no tolo é esquecer nas horas cruciais o que prometera nas horas normais (END, v. 4, p. 209-210). - 13 -

A perpetuação da Soka Gakkai depende da aplicação dessa passagem na vida de seus integrantes. Se continuarmos avançando tendo essas palavras de Daishonin como ponto de referência, nossa fé resplandecerá com brilho indestrutível. Com base no espírito que essa frase ensina, todas as vezes que enfrentamos uma dificuldade, isso equivale às horas cruciais. Portanto, é fundamental termos esse tipo de fé intrépida que nos permita contra-atacar com coragem em momentos assim por exemplo, quando os três obstáculos e as quatro maldades investem contra nós, ou quando somos desafiados pelo nosso carma, ou então quando estamos engajados numa luta decisiva em prol do Kossen-rufu, em que é tudo ou nada. Devemos compreender que cada dia é uma oportunidade para aprender essa postura de fé, tomando como referência o exemplo de Nitiren Daishonin. Jamais devemos ser pessoas tolas que retrocedem no momento crucial. Se nossa fé for débil ou superficial, se agirmos como tolos, viveremos à deriva, como plantas aquáticas arrastadas pela correnteza, sem qualquer propósito fundamental. Os seres humanos são criaturas que sempre buscam um sentido para a vida. Por meio dessa busca eterna, é possível encontrar um significado infinitamente profundo para a sua existência. Os membros da Soka Gakkai podem aprofundar a fé e o sentido da vida de forma infinita, pois são especialistas na arte de viver e de ser feliz. Cerrem os dentes e jamais esmoreçam na fé (TC p. 44) Não obstante, cerrem seus lábios e jamais esmoreçam em sua fé. Sejam corajosos como Nitiren na ocasião em que ele agiu e advertiu Hei no Saemon-no-jo. Apesar de não seguirem o caminho da iluminação, os filhos do lorde Wada e do governador Wakasa, bem como os guerreiros sob o comando de Masakado e Sadato, lutaram até a morte a fim de preservarem sua honra. A morte vem para todos, ainda que tudo pareça estar normal. Por isso, jamais sejam covardes, ou tornar-se-ão alvos de zombarias. Daishonin não se cansa de encorajar os irmãos Ikegami, que passavam por dificuldades por conta da fé, e lhes diz: Não devem demonstrar nem sentir temor e Jamais esmoreçam na fé. Estabelecer um estado sereno de felicidade que nada pode destruir eis o propósito de nossa fé e prática budista. Assim, por meio do encorajamento, Daishonin solicita aos irmãos que considerem a luta como uma oportunidade, não só para polir e melhorar o caráter, mas também para se manterem imperturbáveis diante de qualquer obstáculo. O Budismo Nitiren é um ensino centrado na unicidade de mestre e discípulo. Se o mestre é um rei leão, os discípulos também são reis leões. Dessa forma, o mestre solenemente exorta os sucessores a observar e seguir o exemplo dele. Conforme indica a frase: Sejam corajosos como Nitiren na ocasião em que ele agiu e advertiu Hei no Saemon-no-jo, Daishonin instrui os irmãos a perseverar na fé e lutar destemidos com o mesmo espírito resoluto que ele demonstrou em todas as batalhas. Essa menção à conduta de Nitiren Daishonin perante Hei no Saemon se refere às duas advertências feitas pelo primeiro ao segundo, que era a figura política mais poderosa na época. Uma das advertências foi apresentada em decorrência da Perseguição de Tatsunokuti, em setembro de 1271, e a outra quando Daishonin foi perdoado de seu exílio na Ilha de Sado, em abril de 1274. Em Tatsunokuti, Daishonin declarou com forte convicção a Hei no Saemon: Nitiren é o pilar e a viga do Japão. Ao livrar-se de mim, estará derrubando o pilar da nação! (WND, v. 1, p. 579) Depois de regressar a Kamakura, vindo da Ilha de Sado, ele também disse claramente a Hei no Saemon: Pode ser que, por ter nascido dentro dos domínios do regente, eu deva mostrar-lhe obediência em minhas ações. Porém, jamais o seguirei em meu coração (Ibidem). Em particular, Daishonin referia-se ao regime autoritário do governo militar de Kamakura: embora fisicamente fosse obrigado a se submeter às ordens dos governantes, jamais poderiam forçá-lo à obediência espiritual, já que ele era o único soberano de suas convicções. Estas foram declarações resolutas, corajosas, sem o menor sinal de servilismo ou temor. Do mesmo modo, os discípulos que abraçam o coração de Daishonin e espelham a própria conduta nele nada têm a - 14 -